MAPEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO, EM AMBIENTE SIG, COMO SUBSÍDIO AO ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DA APA DE GUAIBIM



Documentos relacionados
DISTRIBUIÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA POR DOMÍNIOS GEOMORFOLÓGICOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO JOÃO - RIO DE JANEIRO

METODOLOGIA PARA O GEORREFERENCIAMENTO DE ILHAS COSTEIRAS COMO SUBSÍDIO AO MONITORAMENTO AMBIENTAL

Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, novembro 2014

Município de Colíder MT

LEVANTAMENTO E MONITORAMENTO DOS RECURSOS FLORESTAIS DOS TABULEIROS COSTEIROS DO NORDESTE DO BRASIL*

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2016

. a d iza r to u a ia p ó C II

Diagnóstico da Área de Preservação Permanente (APP) do Açude Grande no Município de Cajazeiras PB.

USO DE GEOPROCESSAMENTO NA DELIMITAÇÃO DE CONFLITOS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DO RIO VERÊ, MUNICÍPIO DE VERÊ PR.

USO E COBERTURA DAS TERRAS NA ÁREA DE ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA DE TOMBOS (MG)

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM TRECHOS DO ARROIO CANDÓI, LARANJEIRAS DO SUL, REGIÃO CENTRAL DO ESTADO DO PARANÁ

Compartimentação geomorfológica da folha SF-23-V-A

7. o ANO FUNDAMENTAL. Prof. a Andreza Xavier Prof. o Walace Vinente

DEFINIÇÃO DE ÁREAS POTENCIAIS AO RISCO DE DESLIGAMENTO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO DEVIDO A INCÊNDIOS - PLANEJAMENTO E CRITÉRIOS DE MANUTENÇÃO

OCUPAÇÕES IRREGULARES E IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS NA REGIÃO NOROESTE DE GOIÂNIA

EIXO 02 Uso sustentável das áreas protegidas

A necessidade do profissional em projetos de recuperação de áreas degradadas

SENSORIAMENTO REMOTO NO USO DO SOLO

VI FUNDAMENTOS DE GEOPROCESSAMENTO E SUAS APLICAÇÕES ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

Avaliação da ocupação e uso do solo na Região Metropolitana de Goiânia GO.

EXPANSÃO DO CULTIVO DO EUCALIPTO EM ÁREAS DE MATA ATLÂNTICA NA MICRORREGIÃO DE PORTO SEGURO, BAHIA, BRASIL

INDUSTRIALIZAÇÃO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP: UMA ANÁLISE DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO DISTRITO INDUSTRIAL DO CHÁCARAS REUNIDAS

O TERRITÓRIO BRASILEIRO. 6. Fronteiras Terrestres

ANÁLISE COMPARATIVA DAS DERIVAÇÕES ANTROPOGÊNICAS EM ÁREAS DE MANGUEZAIS EM ARACAJU-SE. Geisedrielly Castro dos Santos¹

Termo de Referência para Elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) TR GERAL

AVALIAÇÃO DO USO DA TERRA NO PROJETO DE ASSENTAMENTO CHE GUEVARA, MIMOSO DO SUL, ESPÍRITO SANTO

ArcPlan S/S Ltda. Fone: Al. Joaquim Eugênio de Lima, 696 cj 73.

TERMO DE REFERENCIA PARA COMPILAÇÃO E MAPEAMENTO DE IMOVEIS RURAIS

Questão 13 Questão 14

Proposta de Criação da Floresta Estadual José Zago. Consulta Pública

SISTEMA DE SAÚDE E EXPANSÃO URBANA: ANÁLISE E MAPEAMENTO DO MUNICÍPIO DE LEME/SP

Brasília, 28 de novembro de O que é o PPCerrado:

CENTRO DE ESTUDOS PSICOPEDAGÓGICOS DE MACEIÓ PROFª. MÔNICA GUIMARÃES GEOGRAFIA - 7º ANO

IDENTIFICAÇÃO DE TERRAÇOS FLUVIAIS NO RIO ITAPICURU (BA) POR MEIO DE DIFERENTES PRODUTOS DE SENSORES REMOTOS

SEMINÁRIO NACIONAL de GERENCIAMENTO COSTEIRO Brasília, 04 de novembro de 2014.

Data: ABN. Cafés especiais do Brasil consolidam novos mercados

Questão 11. Questão 12. Resposta. Resposta. O mapa e os blocos-diagramas ilustram um dos grandes problemas do mundo moderno.

Análise da qualidade de imagens Landsat-1-MSS entre os anos de 1972 e 1975 para o bioma Cerrado

Ocupação do Território

MINISTÉRIO DO TURISMO SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS DE TURISMO DEPARTAMENTO DE PRODUTOS E DESTINOS

MONITORAMENTO INDEPENDENTE DA COBERTURA VEGETAL NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA VERACEL NO EXTREMO SUL DA BAHIA

Regionalização Brasileira

Jornal Brasileiro de Indústrias da Biomassa Biomassa Florestal no Estado de Goiás

Ferramentas de sensoriamento remoto e SIG aplicadas ao novo Código Florestal

COLÉGIO NOSSA SENHORA DA PIEDADE. Programa de Recuperação Paralela. 3ª Etapa Ano: 7º Turma: 7.1

Figura 1 Classificação Supervisionada. Fonte: o próprio autor

3. Material e Métodos

Prof. Charles Alessandro Mendes de Castro

Módulo fiscal em Hectares

1ª Circular XXXI Encontro Estadual de Geografia. Professor, o Bacharel e o Estudante: diferentes ações, as mesmas geografias?

Atlas ambiental do município de Itanhaém Capítulo 6 - Conservação ambiental

CONFLITO DE COBERTURA DE TERRAS EM REGIÃO DE FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL, EM RELAÇÃO À APLICAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL EM VIGOR 1

O GEOPROCESSAMENTO E O PLANEJAMENTO TERRITORIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ESCOLAS ESTADUAIS EM CAMPINA GRANDE-PB

REQUERIMENTO DE INDICAÇÃO Nº, DE 2011 (Da Sra. Deputada Fátima Bezerra e outros)

CAPÍTULO 4 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Análise dos Indicadores de Sustentabilidade na Cidade de Serafina Corrêa - RS

CONTEÚDO E HABILIDADES APRENDER A APRENDER APRENDER A APRENDER FAZENDO E APRENDENDO GEOGRAFIA. Aula 23.2 Conteúdo. Região Nordeste

ANEXO II: Resumo do Projeto

A região Nordeste e seus aspectos econômicos e sociais. As atividades econômicas

O Enfrentamento à Vulnerabilidade Costeira de Pernambuco

PROGRAMA ESTADUAL DE GERENCIAMENTO COSTEIRO RELAÇÃO DE PÚBLICAÇÕES

Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações de Pesca por Satélite

LEI Nº 8.349, DE 17 DE JULHO DE 2003

Itinerários Culturais do Mercosul

DESMATAMENTO EM ÁREAS PROTEGIDAS DA CAATINGA

Juliana Aurea Uber, Leonardo José Cordeiro Santos. Introdução

PERFIL EMPREENDEDOR DOS APICULTORES DO MUNICIPIO DE PRUDENTÓPOLIS

Figura 1: Localização geográfica da área de estudo com a composição colorida do sensor TM (R3, G2 e B1).

Programa Ambiental: 1º Ciclo de Palestras Uso sustentável dos recursos naturais

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO

Geografia. Textos complementares

SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE SEMA DEPARTAMENTO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS E GESTAO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DEMUC

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO. Prof. Dr. Israel Marinho Pereira

MAPEAMENTO DIGITAL E MONITORAMENTO DAS ÁREAS DE MANGUES DO LITORAL FLUMINENSE, ATRAVÉS DE TECNOLOGIAS DIGITAIS DE GEOPROCESSAMENTO E ANÁLISE ESPACIAL

Parque Natural Municipal da Restinga de Maricá

2- (0,5) O acúmulo de lixo é um grave problema dos ambientes urbanos. Sobre o lixo responda: a) Quais são os principais destino do lixo?

CADASTRO DE METADADOS POR SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE BANCO DE DADOS GEOGRÁFICO (SGBD) EM SIG PARA UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PORTARIA INTERSETORIAL SDM/FATMA Nº 01, de 05/11/2002

GESTÃO AMBIENTAL. Zoneamento Ambiental. Espaços Territoriais especialmente protegidos ... Camila Regina Eberle

EXERCÍCIOS DE REVISÃO - CAP. 04-7ºS ANOS

CONTEXTO linha do tempo

Anais III Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Aracaju/SE, 25 a 27 de outubro de 2006

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

A FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO PROJETO DE LEI Nº 506, DE 2008: A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO DECRETA:

As atividades econômicas realizadas pelas pessoas costumam ser agrupadas em três setores.

Secretaria do Meio Ambiente

Agricultura de Baixo Carbono e Desmatamento Evitado para Reduzir a Pobreza no Brasil BR-X1028. TERMOS DE REFERÊNCIA: Consultor de bioma (Amazônia)

CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO ECOSSISTEMA MANGUEZAL NA COSTA LESTE DE SALINAS DA MARGARIDA-BAHIA

Tatiana Marchetti Panza 1 & Davis Gruber Sansolo 2

DOMÍNIO DOS MARES DE MORROS

Palavras chaves Diagnóstico, fitofisionomia, uso da terra. Introdução

Projeto de Fortalecimento e Intercâmbio de Mosaicos de Áreas Protegidas na Mata Atlântica

Áreas da cidade passíveis de alagamento pela elevação do nível do mar

25 ANOS. depesquisaseinovaçõesgeoespaciaisparaaagriculturaeambiente.

NOTAS TÉCNICAS DO BANCO DE DADOS DO ATLAS DIGITAL GEOAMBIENTAL VALE DO PEIXE BRAVO

15- Representação Cartográfica - Estudos Temáticos a partir de imagens de Sensoriamento Remoto

DESMATAMENTO DA MATA CILIAR DO RIO SANTO ESTEVÃO EM WANDERLÂNDIA-TO

Palavras-chave: Arborização; inventário ambiental; manejo; patrimônio arbóreo; radiofreqüência

Transcrição:

MAPEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO, EM AMBIENTE SIG, COMO SUBSÍDIO AO ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DA APA DE GUAIBIM Landuse mapping using GIS as support of ecological-economic zoning of the APA Guaibim Elfany Reis do Nascimento Lopes 1 Gil Marcelo Reuss Strenzel 2 1 Universidade Estadual de Santa Cruz Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais. Ilhéus, Bahia. elfanyl@hotmail.com 2 Universidade Estadual de Santa Cruz Docente vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais. Ilhéus, Bahia. gmreuss@gmail.com RESUMO A elaboração do zoneamento de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentado deve considerar as atividades consolidadas, uma vez que, por ter caráter sustentável, permite a ocupação humana, uma economia ativa e a exploração sustentável dos recursos naturais em seu território. Este trabalho teve por objetivo identificar e descrever o uso e ocupação do solo na APA de Guaibim, com auxílio de um Sistema de Informações Geográficas (SIG), visando subsidiar a elaboração de uma proposta de zoneamento ecológico-econômico. O mapeamento do uso do solo foi realizado a partir de imagem satélite Repideye, em ambiente SIG com o software ArcGis 10.1. O mapeamento foi realizado por interpretação visual da imagem e edição de arquivos vetoriais para delimitar os usos observados na APA em escala 1:5000. No mapeamento gerado, foi possível identificar as seguintes classes de usos do solo: área agrícola (22,75%), área comercial municipal (0,07%), área degradada (0,89%), área industrial (7,95%), área urbana (1,39%), orla marítima (0,07%), faixa de praia (0,74%) e vegetação (66,14%). As maiores áreas estão cobertas por vegetação (8 ha) e área agrícola (3 ha). O uso do SIG foi importante para reunir o conhecimento e possibilitar a sobreposição de dados capazes de revelar o padrão de uso e ocupação do solo na APA de Guaibim, sendo utilizado para delimitar critérios que serão integrados, com o uso de pesos para definir prioridades relativas à conservação e ao desenvolvimento da APA, utilizando-se das técnicas de análise multicriterio e muitobjetivo, que indicarão as áreas para o estabelecimento das zonas de manejo. Palavras chaves: SIG, Uso e ocupação do solo, Unidades de Conservação, APA de Guaibim ABSTRACT The zoning of a Sustainable Use Protected Area should take in account the consolidated activities. Thus, the human occupation, an active economy and the sustainable exploitation of natural resources could be developed in their territory. Our work aims to identify and describe the landuse on Guaibim Protected Area using a Geographic Information System (GIS), in order to support a proposal for an Ecological-Economic Zoning. The landuse mapping was carried out from satellite image Repideye acquired in 2009 with ArcGIS software. The maps was prepared by visual interpretation of imagery and vector editing, in order to delimit the landuses observed at 1:5000 scale. The laduse map identified the following landuse classes: agriculture (22.75 % ), commercial area (0.07 % ), degraded area (0.89 % ),

industry (7.95 % ), urban area (1.39 % ), coast (0.07 % ), beaches (0.74 %) and native vegetation (66.14 %) % ). The biggest areas is cover by vegetation (8 ha) and agriculture (3 ha). The use of GIS has been important to gather the knowledge and enable data overlay in order to reveal landuse patterns. Such information will be used to define spatial criteria for a multicriteria analysis aiming support the zoning plan for Guaibim Protected Area. Key words: GIS, Landuse, Protected Areas, Guaibim Protected Area 1. INTRODUÇÃO O processo de ocupação do território encontra-se determinado por fatores sociais e naturais, o qual resulta em conseqüências sobre os sistemas ecológicos, e produz efeitos na paisagem, que precisam ser compreendidos (AMARAL & RIOS, 2012). Analisar o uso e a ocupação do solo, segundo Santos (2004), permite diagnosticar o nível de apropriação da sociedade sobre os diferentes espaços e ao mesmo tempo, serve como importante ferramenta na identificação de padrões de degradação e obtenção de informações dos meios biofísicos e socioeconômicos, auxiliando a gestão do território. O mapeamento do uso e ocupação do solo também é, em si, fundamental para a compreensão dos padrões de organização do espaço e requer uma constante atualização de seus registros para que suas tendências possam ser analisadas (ROSA, 2009). Em Unidades de Conservação de Uso Sustentável (UCUS), a compreensão da ocupação do espaço é essencial na prevenção da exploração dos recursos de forma desordenada. No caso das Áreas de Proteção Ambiental (APAs), esses estudos são ainda mais necessários, já que esta categoria permite a ocupação humana, uma economia ativa e a exploração sustentável dos recursos. Na maioria das APAs litorâneas, o turismo se configura como uma das causas de ocupação e demanda dos recursos naturais. Para OLIVEIRA & STIPP (2007) o turismo nestas áreas, se configura como um modelo global de fuga dos grandes centros urbanos para lugares naturais, intensificando os problemas ambientais nestas áreas. No litoral sul baiano, a área costeira do município de Valença encontra-se inserida na Área de Proteção Ambiental de Guaibim (APA de Guaibim), e integrada ao Plano Nacional e Estadual de Gerenciamento Costeiro. A área possui histórico de ocupação desde o período colonial pela Capitania de Ilhéus em 1534, articulando a região com o recôncavo e com Salvador (BAHIA, 2010). A sua exploração e ocupação foi sendo moldada pelo crescimento municipal com forte expressão agrícola na produção de mandioca, café, cana-de-açúcar, cacau e pimenta do reino. Ao longo de sua história recente, vem sendo utilizada para o turismo, fato que contribuiu para a criação da respectiva APA em 1992 e sua ampliação em 2007. O presente estudo teve como objetivo identificar e descrever o uso e ocupação do solo na APA de Guaibim APA de Guaibim. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Área de estudo A APA de Guaibim encontra-se inserida no distrito de Guaibim, no município de Valença, Bahia (13º01 41 S e 38º56 30 W). Criada pelo Decreto estadual 1.164/1992 e ampliada por Decreto municipal 424/2007 para uma área de aproximadamente 13.000 ha. Ela é delimitada a oeste pela rodovia estadual BA 001, a nordeste pelo rio Jequiriçá, a sudeste pelo rio dos Reis, ao sul pelo canal de Taperoá e foz do rio Una e a Leste pelo Oceano Atlântico (Figura 1). O clima na região é do tipo As, segundo a classificação de Köppen (1948), com predominância de verão quente e seco e inverno chuvoso. A economia do distrito de Guaibim caracteriza-se pela existência de um centro comercial, um complexo hoteleiro, uma empresa de carcinicultura, o Aeroporto de Valença e o Terminal Atracadouro do Bom Jardim.

Fig. 1 - Localização da APA de Guaibim, Valença, Bahia. 2.2 Mapeamento do Uso do solo O mapeamento do uso do solo foi realizado a partir da imagem satélite Repideye obtida em 2009 e tratada em ambiente SIG. A imagem foi importada para o software ArcGis 10.1 e sobreposta ao arquivo vetorial com o limite da APA. Este, por sua vez, foi elaborado a partir dos limites definidos em seu decreto de ampliação. Posteriormente, o mapeamento foi realizado por interpretação visual da imagem e edição de vetores em ambiente SIG. Com estes procedimentos, os usos observados na APA foram mapeados em escala 1:5000. O mapeamento extrapolou o limite da APA, a fim de identificar as atividades existentes no entorno da unidade de conservação. A interpretação foi validada por observações em campo entre janeiro e fevereiro de 2014, demarcadas com auxílio de GPS e câmera digital, para checagem e melhor caracterização dos usos e dos limites entre as classes da área de estudo. O mapa foi elaborado empregando-se coordenadas UTM, fuso 24L, datum WGS24. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A figura 2 apresenta o uso e ocupação na APA de Guaibim e a tabela 1 revela a área ocupada pelas nove classes de usos mapeadas, excetuando as atividades do entorno e a hidrografia. Observou-se um predomínio maior de vegetação composta por restinga, manguezal, brejos e floresta ombrófila densa (67,22%), seguido da área agrícola (22,96%) e da área industrial (8,02%). SANTOS & OLIVEIRA (2013) e KAUANO et al. (2012) ao realizarem o mapeamento de uso e ocupação do solo em áreas de proteção ambiental, identificaram atividades semelhantes à deste estudo, dentre elas, as maiores classes de uso identificadas, a vegetação florestal e de restinga e as áreas agrícolas. TABELA 1 - CLASSES DE USO DA APA DE GUAIBIM E SUAS RESPECTIVAS ÁREAS. CLASSE ÁREA (HA) ÁREA (%) Vegetação 8379,82 67,22 Área agrícola 2861,94 22,96 Área industrial 999,57 8,02 Área degradada 112,28 0,90 Faixa de praia 93,55 0,75 Área urbana 17,51 0,14 Orla marítima 1 0,01 Área comercial municipal 1 0,01

Fig. 2 - Mapeamento do uso e ocupação da APA de Guaibim, Valença, Bahia. As atividades agrícolas, categorizada como a segunda maior classe de ocupação no distrito de Guaibim, e caracteriza-se pela existência de áreas de cultivos de acácia (Acacia cyanophylla Lindley), dendê (Elaeis guineensis Jacq.), coco (Cocos nucifera L.) e cajú (Anacardium occidentalle L.) associadas às áreas de pastagens. O dendê (E.guineensis) tido como uma espécie exótica apresenta-se disperso ao longo da comunidade arbórea, compondo um elemento da paisagem. É na verdade, um bom exemplo de espécie exótica bem sucedida, fruto do seu cultivo que resultou na dispersão em ambientes naturais. Para

TOVAR et al. (2013) o levantamento da atividade agrícola em um mapeamento, auxilia na compreensão da influência das espécies exóticas sobre a vegetação natural. A compreensão urbano-espacial se configura como outro aspecto fundamental do levantamento de uso e ocupação. A área urbana do Guaibim encontra-se ocupada por uma vila, qualificada por uma ocupação desordenada, com estabelecimentos comerciais e rede hoteleira adjacente à faixa de praia. Embora a ocupação em termos territoriais seja ainda pequena (1,39%), o crescimento da área urbana nos próximos anos, pode se configurar como potencial problema, fruto da alta vocação da APA para o turismo, que intensifica o crescimento imobiliário. PANIZZA et al. (2009) apresenta semelhante ideia, ao argumentar que as áreas litorâneas respondem a uma lógica do turismo e especulação imobiliária e que a expansão urbana influenciada pela atividade turística tem acarretado uma ocupação desordenada, acentuando os problemas ambientais e os conflitos socioespaciais em áreas de preservação ambiental. A instalação de uma orla marítima ao longo da praia de Guaibim, também foi favorecida pelo turismo, com barracas de praias, que mantêm os serviços turísticos ao longo da praia e recebem os turistas, em especial do sul, sudeste e centro-oeste do Brasil no período de alta temporada. A área industrial se caracteriza pela instalação da empresa de carcinicultura Valenca da Bahia Maricultura S/A, dispondo de grandes tanques de criação de camarão e fábrica de beneficiamento, instalada próxima a rede hidrográfica da APA, o que, supõe o fato da proximidade auxiliar no manejo dos tanques e possível despejo de dejetos. A área comercial municipal encontra-se caracterizada pelo Aeroporto de Valença, com vôos particulares e comercias entre Valença, Salvador e Campinas, bem como pelo Atracadouro Bom Jardim, via alternativa para embarque em direção a APA de Tinharé-Boipeba que abriga praias com alta vocação turística dentre elas, o Morro de São Paulo e Boipeba. Além dessa ocupação, foi observadas áreas em vários estágios de degradação e solo exposto, resultante provavelmente da supressão de vegetação e da retirada de solo, classificados geologicamente como sedimentos mesozóicos, terraços arenosos pleistocênicos e holocênico. O entorno da APA apresenta atividades de uso semelhantes (vegetação, cultivos de dendê e pastagens, área urbana e áreas degradadas) e são em geral uma continuidade das atividades, que ultrapassam os limites da APA. No que concerne a uma lógica de uso e ocupação, observou-se que a APA de Guaibim se configura pela sucessão de seus diferentes usos ao longo do tempo, moldado pela lógica do desenvolvimento local instituído, transposto desde a produção agrícola até o turismo nos dias atuais. O mesmo foi observado para a APA de Serra do Baturité (CE) onde NASCIMENTO et al. (2010) relata a existência de uma influencia pela conjuntura econômica em diferentes escalas temporais. Considerando os efeitos das mudanças temporais, mapear as atividades existentes, torna-se importante para o monitoramento na mudança de paisagem e segundo TOVAR et al., (2013), deve ser estimulado como ferramenta de gestão para identificar áreas ameaçadas e traçar estratégias de desenvolvimento alternativo. 4. CONCLUSÃO O uso do SIG foi necessário para reunir o conhecimento e possibilitar a sobreposição de dados capazes de revelar o padrão de uso e ocupação do solo na APA de Guaibim, contribuindo assim, na redução do tempo em campo durante a pesquisa. O mapeamento realizado permitiu identificar a dinâmica de ocupação da APA de Guaibim de forma detalhada, revelando maior ocupação da área vegetacional na APA de Guaibim, ainda que se tenha observado uma ocupação urbana desordenada e a realização de atividades agrícolas próximas à cobertura vegetal em questão. O mapa produzido neste estudo será utilizado para delimitar critérios que serão integrados a partir de pesos de prioridades visando a conservação e o desenvolvimento da referida APA, utilizando-se das técnicas de análise multicriterio e muitobjetivo, para indicar as áreas e suas respectivas zonas de manejo durante a elaboração de uma proposta de zoneamento ecológico-econômico. AGRADECIMENTOS À Superintendência de Estudos Acadêmicos e Sociais da Bahia (SEI/BA) pela disponibilização da imagem satélite e à Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia pelo financiamento da pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, M. B.; RIOS, S. A. Geoprocessamento: mapeamento do uso e ocupação do solo no alto curso do Rio Piedade. Revista de geografia física, v.2, p.1-8. 2012.

BAHIA. Plano Desenvolvimento Territorial Sustentável. Baixo Sul da Bahia. Disponivel em <http://sit.mda.gov.br/download/ptdrs/ptdrs_qua_territorio021.pdf.> Acesso: 15 maio 2014. BAHIA. Decreto nº 1.164, de 11 de maio de 1992. Dispõe sobre a criação da Área de Proteção Ambiental de Guaibim, no Município de Valença e dá outras providências. OLIVEIRA, J. G. R.; STIPP, N. A. F. Os efeitos da ocupação e do uso do solo em uma unidade de conservação: potenciais e impactos do Parque Estadual Vila Velha (PR). Terra Plural, v.1, n.2, p.99-110. 2007. PANIZZA, E. C.; ROCHA, Y. T.; DANTAS, A. O litoral brasileiro: exploração, ocupação e preservação um estudo comparativo entre regiões litorâneas dos estados de São Paulo e Rio Grande do Norte. Revista RA E GA, v.17, p.7-16. 2009. ROSA, R. Introdução ao sensoriamento remoto. Uberlândia, EDUFU, 2009. 136p. SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. 184p. São Paulo, Oficina de textos, 2004. 184p. TOVAR, C.; SEIJMONSBERGEN, A. C.; DUIVENVOORDEN, J. F. Monitoring land use and land cover change in mountain regions: an example in the Jalca grasslands of the Peruvian Andes. Landscape and Urban Planning, v.112, p.40 49. 2013. VALENÇA. Decreto nº 424, de 08 de maio de 2007. Dispõe sobre a reestruturação da Área de Proteção Ambiental de Guaibim, no Município de Valença e dá outras providências.