Juventude e EJA: uma compreensão desses sujeitos no município de Vitória/ES



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Transcrição:

UFES/CE/PPGE PROGRAMA DE PESQUISA OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Juventude e EJA: uma compreensão desses sujeitos no município de Vitória/ES Eliane Saiter Zorzal Orientação: Profª. Drª. Edna Castro de Oliveira

Historicamente no país, há a separação entre as pesquisas de juventude e EJA, dessa forma, as publicações nas áreas também sempre foram feitas separadamente. Eliane Ribeiro (UERJ) referência hoje da pesquisa em EJA e Juventude.

Observatório de Educação (OBEDUC/CAPES-INEP) Edital: 49/2012 Projeto de pesquisa: Desafios da educação de jovens adultos integrada à educação profissional: identidades dos sujeitos, currículo integrado, mundo do trabalho e ambientes/mídias virtuais. Rede de pesquisa: PPGs: Universidade de Goiás (UFG), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Universidade de Brasília (UnB). Coordenação: Profa. Dra. Maria Margarida Machado da UFG.

EJA: EJA do município de Vitória como campo empírico de nossas análises. É uma conquista da sociedade brasileira, sua concepção como direito humano vem acontecendo de forma gradativa a partir da Constituição Federal de 1988. Como entendemos os estudantes que compõem as salas de aula? São sujeitos que, a parir de diferentes trajetórias, constituem-se como sujeitos históricos. Além do pertencimento às camadas populares e outros aspectos que contribuem na diversificação desse público. Categoria Sujeito em Paulo Freire (2011): Educação como prática de liberdade HOMEM-SUJEITO

Resgatando as discussões sobre juventude na EJA Ano de 2000: Carlos Roberto Jamil Cury (UFMG), então conselheiro do CNE, redigiu o Parecer CNE/CEB 11/2000 que Instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais Para a EJA. Ano de 2008: Regina Vinhaes Gracindo (UnB), redige o Parecer CNE/CEB 23/2008 que se dispôs à revisão daquele Parecer Algumas questões se evidenciavam como passíveis de reorientação, entre elas a discussão sobre a idade mínima de entrada e permanência na EJA. Em articulação com a SECAD/MEC forma projetadas três audiências e alguns documentos foram disparados para ajudar a pensar as discussões (Fórum de EJA). Nessas audiências, as discussões sobre a idade mínima sempre foi uma das mais polêmicas. Essa questão retorna para audiência no CNE em 2009, momento em que é aprovada a idade mínima de 18 anos para o ingresso na EJA.

2010- No debate da CONAE, a proposta de idade mínima é derrubada, trazendo a nosso ver consequentes desafios para a EJA. A partir desse momento, foi considerada para os cursos de EJA e para os exames de conclusão de EJA a idade de 15 anos. Desafios.

Passamos a entender a instituição não somente como um espaço, mas como uma teia de relacionamentos humanos, e para isso mudamos o foco da pesquisa Assim, a afirmação de já conhecer a escola Admardo precisou ser redefinida no decorrer do processo de construção do objeto, uma vez que a condição de pesquisadora instaura um olhar distinto daquele de quem apenas transita nos espaços.

Uma pesquisa em andamento com o objetivo geral de: Analisar aspectos das diferentes formas de diálogo praticadas nas relações entre estudantes jovens e profissionais do ensino no contexto da EJA. Objetivo com esse trabalho trazer as relações entre estudantes e professores, tendo em vista a EJA como um lugar de ocupação desses sujeitos.

Campo problemático: Para a construção do nosso problema de pesquisa, buscamos em Saviani (1980) a elucidação do que podemos tomar como um real problema de pesquisa. Problema x questão Assim, uma questão em si não caracteriza o problema, nem mesmo aquela cuja resposta é desconhecida; mas uma questão cuja resposta se desconhece e se necessita conhecer, eis aí um problema (SAVIANI, 1908, p.21) Estamos então diante de um problema: quais tem sido os principais desafios encontrados nas relações com os estudantes com idades entre 15 e 17 anos, uma vez que a escola e muitos professores desconhecem que são esses sujeitos? Estamos assim diante de um impasse.

De acordo com Abad (2003 e 2003a), a condição juvenil, hoje, se faz reconhecida e validada graças a três fatores: 1- O período da juventude tem se alargado. 2- A sociedade atual tem encontrado dificuldades para proporcionar um trânsito linear, simétrico e ordenado da juventude pelo circuito família escola trabalho/emprego no mundo adulto. 3- A forte influência dos meios de comunicação tem provocado a emergência de novas formas de aldeia global

Marília Sposito (2000) Produção de estado conhecimento sobre o tema juventude em um artigo intitulado Juventude, pesquisa e educação. José Machado Pais (1993) Aponta duas correntes para a análise sociológica da juventude: a geracional e a classista.

Camacho (2004)- No artigo Invisibilidade da juventude na vida escolar concorda com Pais, nos leva a refletir sobre uma possível fragmentação visão que nós temos dos educandos. Diante desse quadro, é preciso que as propostas pedagógicas sejam pensadas para aquele que é jovem e aluno. (...) os sujeitos focalizados, além de alunos, são acima de tudo, jovens. A ideia de jovem é construída social e culturalmente e, portanto, muda conforme o contexto histórico, social, econômico e cultural. Não se pode conceber pois, uma juventude, mas juventudes (CAMACHO, 2004, p.330)

LEVI e SCHMITT (1996) aponta a juventude do seu ponto de vista histórico-cultural, ou seja tem como objetivo trazer a juventude em suas especificidade, sem concebê-la como uma idade igual às outras. A juventude como construção social em nenhum lugar, em nenhum momento da história, poderia se caracterizar segundo critérios exclusivamente biológicos ou jurídicos. Ela é sempre investida de outros valores e outros símbolos. (LEVI, SCHIMITT, 1996, p.14

Método x Metodologia Dimensão tomada por mim sobre o método a ser utilizado nesta pesquisa. Gatti (2007) afirma que as pesquisas na área da educação, e sobretudo na EJA, tem dedicado ênfase à metodologia dos trabalhos, deixando de lado discussões e reflexões sobre os métodos de pesquisa. Para Lakatos e Marconi (1991) o método precisa ser entendido como método de abordagem e a metodologia como método de procedimento, ou seja, a etapa mais concreta da pesquisa. Para nós método se tornou o caminho epistemológico que iremos seguir.

Método epistemológico do OBEDUC: Materialismo histórico e dialético

A base material me dá condições para compreender a historicidade do meu objeto de pesquisa, para além de somente citá-lo nos nossos textos.

Base teórica Discutindo a relação: diálogo e juventude O ponto de partida para se discutir as relações nesse trabalho, ganha sentido a partir das considerações sobre a categoria diálogo, ponto de partida aqui sugerido; Para tal tomamos a abordagem de Paulo Freire, intelectual que se faz pertinente por sua abordagem teórica e pela expressão de sua filosofia político educacional no campo da EJA.

Tomamos Oliveira (1996) qualquer aproximação que se queira realizar no sentido de compreender a obra de Paulo Freire, precisa ser feita antes de tudo pela compreensão de sua filosofia do diálogo, sendo assim: O diálogo (...) passa a ser visto como condição indispensável para que o indivíduo torne-se mais humano, uma vez que seu desenvolvimento pleno como pessoa só é possível na interação com o Tu, através da vida em comunidade (OLIVEIRA, 1996, p.7). Entendemos diálogo como condição humana, o que constitui o ser humano. Freire não trata o que chamamos da categoria diálogo como uma saída para escapulir de possíveis confrontos e discussões, o diálogo é visto por Freire por um método de investigação pedagógica, que assegure o processo dialético por trás do processo de ensino e aprendizagem, dessa forma, a dicotomia educador-sujeito e educando-objeto é superada, através do estabelecimento de relações pedagógicas OLIVEIRA (1984)

Ainda na discussão sobre dialogicidade, nos questionamos sobre as posturas pedagógicas na forma como lidamos com a juventude na EJA. Para Freire (1985) o diálogo com a juventude se dá na busca pelo conteúdo programático, quando o educador, frente a um educando, numa relação dialógica, pergunta em torno do que vai dialogar com esses sujeitos O primeiro pesquisador, na sala de aula, é o professor que investiga seus próprios alunos. Esta é uma tarefa básica na sala de aula libertadora. (FREIRE, 1986, p. 21)

Nessa perspectiva de pensar a postura de um professor frente ao estudante, dentro de um processo que se direcione para uma relação de diálogo, Freire (1986) adverte para os motivos de possível desinteresse de um estudante pelo ato de estudar, e para isso os sinaliza para o que ele chama de rigor: (...) rigor é um desejo de saber, uma busca de resposta, um método crítico de aprender, Talvez o rigor seja também uma forma de comunicação que provoca o outro a participar, ou inclui o outro numa busca ativa. Quem sabe essa não seja a razão pela qual tanta educação formal nas alas de aula não consiga motivar os estudantes. Os estudantes são excluídos da busca, da atividade do rigor. (FREIRE, 1986, p.14)

Por onde temos caminhado? Aprofundamento no materialismo histórico e dialético Busca por uma abordagem mais antropológica para esse trabalho, tendo em vista que o objetivo de analisar as relações passa pelo campo das sutilezas, das tensões, dos pequenos embates, do que ocorre nos corredores da escola, nos intervalos... Do que acontece também nos momentos de descontração entre estudantes e professores...

Contribuição do trabalho Se torna relevante pelo enfoque que lança sobre a temática da juventude na EJA, pela perspectiva e pela lupa que coloca em aspectos específicos dessas relações.

Nesse momento: Observação participante em duas turmas de segundo segmento da Escola de EJA Admardo, no Centro de Vitória (Prédio Pólo Americano) Diário de campo, entrevistas e questionários. Interlocução constante com a escola; Participação nas atividades, gestão e ações de modo geral da escola.

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