UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Alessandro Gaspar Ribeiro Governança Corporativa: vantagens na gestão de empresas brasileiras no mercado de ações. GUARUJÁ SP BRASIL Junho / 2009

ALESSANDRO GASPAR RIBEIRO GOVERNANÇA CORPORATIVA: VANTAGENS NA GESTÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS NO MERCADO DE AÇÕES. Monografia de Graduação apresentada à Universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração, sob a orientação do Prof. Dr. Rubens C. Ulbanere. GUARUJÁ 2009

Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento Técnico da Biblioteca da UNAERP Guarujá. - Universidade de Ribeirão Preto - R484g Ribeiro, Alessandro Gaspar Governança corporativa: vantagens na gestão de empresas brasileiras no mercado de ações / Alessandro Gaspar Ribeiro. Guarujá, 2009. 75f. Orientador: Prof. Dr. Rubens C. Ulbanere Monografia (conclusão de curso) Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP, Administração de Empresas. Guarujá, 2009. 1. Administração de empresas - Monografia. 2. Governança corporativa. 3. Gestão de empresas. I. Título. CDD: 658

Alessandro Gaspar Ribeiro GOVERNANÇA CORPORATIVA: VANTAGENS NA GESTÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS NO MERCADO DE AÇÕES. Monografia de Graduação apresentada à Universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração Curso, sob a orientação do Prof. Dr. Rubens C. Ulbanere. Este exemplar corresponde à redação final da monografia defendida e aprovada pela Banca Examinadora em / /. Banca: Prof. Orientador Dr. Rubens C. Ulbanere Prof. Convidado José Antonio Evangelista Prof. Convidado Jose Romanucci Neto Guarujá Brasil Junho / 2009

À minha amada esposa, por sua dedicação, força e amor. À minha linda mãe por vencer inúmeras circunstâncias para fazer com que eu chegasse até aqui. À minha irmã pelo incentivo e carinho.

Agradeço primeiramente à Deus, por fazer que este sonho se tornasse realidade, por ter me dado força e coragem nos momentos difíceis A minha Carolina por ser minha razão de nunca desistir dos sonhos, pelo imenso amor. A minha sogra e cunhada pelos inúmeros incentivos. Aos meus avós Washigton e Floraci pelo amor. Aos familiares e amigos pelo carinho e paciência e ao meu orientador, Prof. Dr. Rubens C. Ulbanere e ao Prof. José A. Evangelista, por serem um imenso exemplo a ser seguido.

Adquire a sabedoria, adquire a inteligência e não te esqueças e nem te aparte das palavras de minha boca. Não desampares a sabedoria, e ela te guardará; ama-a, e ela te conservará. A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo que possuis, adquire o conhecimento. PROVÉRBIOS 4:5-7

RESUMO A literatura mostra o desenvolvimento de empresas, o crescimento da competitividade do mercado, modelos de gestão mais complexos e que tragam um avanço nos resultados empresariais. A governança corporativa compõe a gestão empresarial com valores e normas organizacionais que atribuem às empresas a melhoria das operações, modos de gestão e estrutura organizacional. Este trabalho tem por objetivo identificar os conceitos relacionados à governança corporativa, através de modelos existentes de gestão e estrutura organizacional. Como segundo objetivo, caracterizar o mercado diferenciado de ações com empresas que adotaram em suas organizações os valores, normas e condutas aplicadas a governança corporativa. Aplicou-se a metodologia de pesquisa bibliografia descritiva, onde os materiais de referencia são livros, revistas, jornais, artigos e documentos relacionados com a temática desta pesquisa, como informações dos mercados da Bovespa. Pela metodologia aplicada há indícios das vantagens de adoção das boas práticas de governança corporativa com a sua influência nos resultados empresariais e nos mercados por elas inseridas. Através do destaque, influência e repercussão das características e valores empresariais adotados trazem maiores valores de segurança, sustentabilidade, gestão que resulta no incentivo e aquecimento do mercado para futuros investidores. Palavras-Chave: Governança Corporativa. Gestão. Credibilidade.

ABSTRACT The literature shows the development of companies, the growth of competitiveness of the market, models of management more complex and to bring a breakthrough in business results. The corporate governance comprises the business management, with organizational values and norms they attach to improving the business operations, modes of management and organizational structure. This study aims to identify the concepts related to corporate governance. As a second objective, to characterize the different market shares in companies that adopted in their organizations values, standards and conduct applied to corporate governance. Was applied research methodology descriptive literature, where the materials are reference books, magazines, newspapers, articles and documents related to the theme of this research, the information markets of Bovespa. For the methodology used is evidence of the benefits of adoption of good corporate governance with its influence in the results business and the markets they entered. Through focus, influence and impact of business characteristics and values adopted bring higher security, sustainability, management and incentive that results in heating of the market for future investors. Key-words: Corporate Governance. Management. Credibility.

SUMÁRIO 1. Apresentação... 12 1.1 Objetivos... 13 1.2 Materiais e Métodos... 13 1.2.1 Materiais... 14 1.2.2 Métodos... 14 2. Governança Corporativa... 15 2.1 Conceito e Conflito de Agência... 15 2.2 Evolução Histórica... 18 2.2.1 Evolução da Governança Corporativa no Mundo... 19 2.2.2 Evolução da Governança Corporativa no Brasil... 21 2.3 Modelos de Governança Corporativa... 23 3. Fundamentos e Princípios da Governança Corporativa... 26 3.1 Fundamentos da Governança Corporativa... 26 3.1.1 Conselho de Administração... 26 3.1.2 Auditoria Independente... 27 3.1.3 Conselho Fiscal... 27 3.2 Princípios da Governança Corporativa... 28 3.2.1 Fairness (Equidade)... 29

3.2.2 Disclosure (Transparência)... 30 3.2.3 Accontability (Prestação de Contas)... 31 3.2.4 Compliance (Conformidade)... 32 3.3 Ética e Responsabilidade Social... 32 4. Implementação da Governança Corporativa... 34 4.1 Conselho Fiscal... 35 4.1.1 Boa Atuação dos Conselheiros Fiscais... 36 4.1.2 Competências... 37 4.1.2.1 Função Fiscalizadora... 37 4.1.2.2 Documentos e Relatórios... 38 4.1.2.3 Objeto Social... 38 4.1.2.4 Gestão... 39 4.1.2.5 Decisões de Gerenciamento e Riscos... 39 4.1.2.6 Demonstrações Financeiras e Relatórios... 39 4.2 Estatutos da Governança... 40 4.3 Gerenciamento de Riscos... 42 4.4 Sustentabilidade para as Empresas... 45 4.4.1 Sustentabilidade nas definições institucionais... 46 4.4.2 Sustentabilidade e as operações... 47 4.4.3 Metas e Acompanhamento de Resultados... 48

4.4.4 Recompensa... 48 4.4.5 Sustentabilidade na Governança Corporativa... 49 4.5 Conselho de Administração... 49 4.5.1 Missão do Conselho de Administração... 49 4.5.2 Competência do Conselho de Administração... 50 4.5.3 Deveres do Conselho de Administração... 52 4.5.4 Presidente do Conselho de Administração... 52 5. Bovespa: Governança Corporativa, Mercados e Vantagens.... 54 5.1 Novo Mercado... 54 5.2 Nível 2... 61 5.3 Nível 1... 64 5.4 Diferenciações entre os Segmentos... 68 5.5 Bovespa Mais... 69 6. Considerações Finais... 70 Referências... 72

LISTA DE QUADROS 1 - Modelos de Governança Corporativa no Mundo... 24 2 - Empresas que estão inseridas no Novo Mercado... 57 3 - Empresas que estão inseridas no Nível 2... 64 4 - Empresas que estão inseridas no Nível 1... 66 5 - Diferenciação entre os segmentos... 68 6 - Empresa que está inserida na Bovespa Mais... 69

1. Apresentação Diante da competitividade e do dinamismo dos negócios, aumenta-se os desafios da administração em termos de diversidade das organizações e a complexidade do ambiente dos negócios, onde a mudança é um aspecto constante (CHIAVENATO, 2000, p.102). As empresas necessitam criar modelos de gestão que possibilitem o melhor resultado, o aprimoramento de suas operações com o objetivo de obterem maior vantagem competitiva. Conforme Carvalho apud Porter (2007) o reconhecimento e a administração dos elos produzem uma fonte sustentável de vantagem competitiva. A expansão de empresas e com o mercado em crescimento contínuo, a busca dos acionistas pela diferenciação, destaque e obter o reconhecimento no mercado, empresas agregam a gestão da governança corporativa aos valores de sua cultura organizacional, visando a melhoria das operações, com métodos de controle e de gestão, possibilitando um aumento em seus resultados. Conforme Costa e Almeida (2002), para que a governança corporativa agregue valor, é necessário que seja integrado à Cadeia de Valor da Organização por meio de elos que tragam sintonia à estratégia da organização. O conselho de administração, a ética, a responsabilidade social e a transparência são os elos que sustentam a Governança Corporativa. A Governança Corporativa sugere à sociedade empresarial uma gestão baseada em conceitos éticos de transparência, igualdade, respeitos aos sócios e colaboradores em todos os níveis da estrutura societária. (CARVALHO, 2007, p.41) A evolução das empresas familiares nos dias de hoje é de fácil percepção a qualquer pessoa, basta olhar as empresas como Grupo Votorantin ou o Grupo Gerdau, a adoção de melhores e mais modernas práticas de gestão se tornou não mais um diferencial e sim

uma obrigação para quem deseja continuar competitivo no atual mercado (SCARDUA, 2007). 13 Na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (BOVESPA), empresas necessitam utilizar das boas práticas de governança corporativa para se inserirem no mercado de ações e negociar seus títulos mobiliários, com o objetivo de aumentarem sua rentabilidade. O sucesso das organizações dependerá da sua capacidade de ler e interpretar a realidade externa, rastrear as mudanças e transformações, identificar oportunidade ao seu redor para responder pronto e adequadamente a elas (CHIAVENATO, 2000, p. 100). 1.1 Objetivos Este trabalho de pesquisa tem como objetivo principal, identificar como a gestão da governança corporativa influencia nos resultados para empresas que atuam em mercado de ações, através de modelos existentes de gestão e estrutura organizacional. Como segundo objetivo, caracterizar o mercado diferenciado de ações com empresas que adotaram em suas organizações a gestão da governança corporativa. 1.2 Materiais e Métodos O presente trabalho de pesquisa desenvolve-se através da metodologia aplicada aos trabalhos acadêmicos pelas normas da Universidade de Ribeirão Preto e normas padronizadas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Este trabalho é caracterizado por uma pesquisa bibliográfica descritiva, onde na pesquisa descritiva o objeto da pesquisa é descrito e não sofre interferência do pesquisador, e sendo utilizado como base de pesquisa artigos, livros, revistas, teses e sites especializados sobre o tema proposto.

1.2.1 Materiais 14 Durante a elaboração da pesquisa foram utilizados materiais que trazem inúmeras informações sobre o tema e que conceitue as bases necessárias para a realização da pesquisa. Foram utilizados como base: livros, artigos, jornais, teses, revistas e sites sobre o tema trabalhado. Os cadernos de governança corporativa de gestão e estrutura do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, que traz informações da utilização e implementação da governança corporativa nas empresas. As características informadas do mercado de ações são dados de documentos utilizados do site da Bolsa de Valores do Estado de São Paulo. A estruturação e desenvolvimento do trabalho de pesquisa foram realizados através de um computador pessoal, com processador Pentium 4, utilizando-se do programa Microsoft Word 2003 e baseados na normas ABNT e da Unaerp. 1.2.2 Métodos Conforme Barros e Lehfeld (2000), na pesquisa descritiva o objeto da pesquisa é descrito e não sofre interferência do pesquisador. No intuito de fornecem dados que passam a definir melhor o problema. Demonstrar mudanças de fenômenos comportamentais, definir e analisar os fatos e variáveis. Pesquisa bibliográfica compreende o levantamento de informações que influenciam o tema proposto neste. O presente trabalho traz na metodologia informações dos conceitos de governança, modelos e atualidades conforme a própria delimitação do tema. De modo, que traga maior esclarecimento e desenvolvimento de entendimento por todos independente do nível de conhecimento sobre o assunto.

2. Governança Corporativa 15 2.1 Conceito e Conflito de Agência Conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2009), Governança Corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar o seu acesso ao capital, e contribuir para a sua perenidade. Conforme a Comissão de Valores Mobiliários (CVM, 2009), o conceito de governança corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade melhorar o desempenho de uma companhia e proteger todas as partes interessadas, como os investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital. Conforme La Porta et al. (2000), governança corporativa é o conjunto de mecanismos que protegem os investidores externos da apropriação pelos internos (gestores e acionistas controladores). De acordo com Jensen (2001), o conceito de que a Governança Corporativa é a estrutura de controle de alto nível, que consiste dos direitos de decisão de conselho de administração e do direito executivo, e dos procedimentos para alterálos, do tamanho e composição do conselho de administração e da compensação e posse de ações dos gestores e conselheiros. Governança Corporativa é o sistema que assegura aos sóciosproprietários o governo estratégico da empresa e a efetiva monitoração da diretória executiva. A relação entre propriedade e gestão se dá através do conselho de administração, auditoria independente e o conselho fiscal, instrumentos fundamentais para o exercício do controle (SILVA, 2007, p.6).

16 Segundo Rodrigues apud Wright, Kroll e Parnell (2003), refere-se a governança corporativa como um sistema de gestão o qual as estratégias da empresa são monitoradas pelo conselho de Administração para garantir a efetividade da administração e um maior retorno para os acionistas, zelando pelos direitos dos sócios minoritários, principalmente após ocorrer escândalos financeiros. A governança corporativa pode ser vista como um conjunto de mecanismos que visam a aumentar a probabilidade dos fornecedores de recursos garantirem para si o retorno sobre o seu investimento. O risco de os recursos dos investidores não serem bem empregados ou serem desviados decorre fundamentalmente da existência de uma situação de separação entre propriedade e controle, onde as pessoas que fornecem o capital não participam diretamente das decisões corporativas. Esta situação ocorre nas maiorias das grandes organizações, onde os gestores, executivos profissionais em companhia com estrutura de propriedade pulverizada ou acionistas controladores em companhias com estrutura de propriedade concentrada, não carregam todo o ônus financeiro das suas decisões. A minimização dos prejuízos causados pelos conflitos de interesse entre os tomadores de decisão e fornecedores de recursos depende de presença de um conjunto de mecanismos internos e externos que alinhem os interesses dos gestores aos de todos os acionistas. A este conjunto de mecanismos de incentivo e controle dá-se o nome de governança corporativa (SILVEIRA, 2004, p.12-13). O sistema de governança corporativa tem como objetivo principal minimizar os conflitos existentes entre os atores responsáveis pela administração, controladores e acionistas por meio do monitoramento compartilhado (VICTÓRIA, 2007). Conforme Neto (2002), a governança corporativa está relacionada à gestão de uma organização, sua relação com os acionistas (shareholders) e demais partes interessadas (stakeholders): clientes, funcionários, fornecedores, comunidade, entre outros. Sua essência está baseada em mecanismo de solução para o conflito de

agência, decorrente da assimetria informacional e conflito de interesses das partes envolvidas. 17 As dificuldades e conflitos entre proprietários e os executivos não é algo recente, conforme Bianchi apud Smith (2005), que relata que a preocupação ou o ponto de vista dos executivos pode ser diferente ao dos proprietários, já que os proprietários possuem uma preocupação maior pelos valores investidos e aplicados nos negócios, sendo que o dinheiro pertence a eles. Já os executivos possuem a forma de gestão, onde a preocupação e a vigilância não seriam utilizadas como aos proprietários. Assim como forma de redução deste conflito os gestores têm que absorver a cultura organizacional com os objetivos da empresa, missão e valores para que esta possível defasagem não ocorra em larga escala. O conflito de agência surge quando o titular da propriedade delega ao administrador o poder de decisão de sua propriedade, o que acarreta o surgimento do desalinhamento entre ambos, decorrentes da materialização de dois axiomas: a inexistência de agentes perfeitos e a impossibilidade de se elaborarem contratos completos. Essa situação demanda a criação de mecanismos eficientes, representados por sistemas de monitoramento e de incentivos, a fim de assegurar o alinhamento da atuação do administrador aos interesses do proprietário (JUNIOR, 2005). Conforme RABELO e SILVEIRA (1999, p.7), um sistema eficiente de governança deverá, portanto, elaborar mecanismos especializados de incentivos, salvaguardas e resolução de conflitos que possam promover a continuidade dos relacionamentos comerciais que são eficientes na ausência de oportunismo auto-interessado, relacionamentos estes que, de outro modo poderiam romper-se sob regras de contratualidade exclusivamente de mercado. Conforme o Banco Itaú Unibanco (2009), a consolidação dos princípios e práticas da governança corporativa através da Itaú Holding, descreve que a Governança Corporativa envolve a direção e o monitoramento dos relacionamentos entre a Companhia, o Conselho de Administração, a Diretoria, os Comitês

18 estatutários, a Auditoria Independente, o Conselho Fiscal, os seus Acionistas e o Mercado. As boas práticas de Governança Corporativa agregam valor à sociedade, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua perenidade. Conforme o Banco Bradesco (2009), a Governança Corporativa é a forma como as sociedades são geridas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente, conselho fiscal e demais partes interessadas. Sob esse prisma, o Bradesco vem aperfeiçoando, a cada dia, seu sistema de gestão, com o objetivo de estar sempre em linha com as Melhores Práticas de Governança Corporativa, agindo com transparência e respeito para com seus acionistas e levando o efeito a prestação de contas e a responsabilidade corporativa, procurando integrar os aspectos econômicofinanceiros, sociais e ambientais. Conforme o Banco do Brasil (2009), Governança corporativa é um conceito de gestão das organizações que abrange assuntos relativos ao poder de controle e de direção de uma empresa, bem como às formas e esferas de seu exercício e aos diversos interesses de natureza empresarial, envolvendo os relacionamentos entre acionistas e cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. Ao adotar boas práticas de governança corporativa, o Banco do Brasil demonstra que sua administração se compromete com a transparência, a prestação de contas, a eqüidade e a responsabilidade socioambiental, suportadas pela utilização de ferramentas de monitoramento que alinham o comportamento dos executivos ao interesse dos acionistas e da Sociedade. 2.2 Evolução Histórica A governança corporativa teve seu inicio na primeira metade dos anos 90, em um movimento iniciado principalmente nos Estados Unidos, onde os acionistas

19 despertaram para a necessidade de implementação regras que os salvaguardassem dos abusos da diretoria executivas em suas empresas, da inércia de conselhos de administração e das omissões das auditorias externas, conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC. 2.2.1 Evolução da Governança Corporativa no Mundo No ano de 1992, publica-se o Relatório Cadbury que é considerado o primeiro código de boas práticas de governança corporativa. Este código surgiu como resposta aos escândalos que surgiram no mercado financeiro e corporativo na Inglaterra no final dos anos de 1980. O Relatório Cadbury foi elaborado por uma comissão orientada por Sir Adrian Cadbury, onde logo após se iniciou a publicação de outros códigos em diversos paises. No mesmo ano a General Motors divulga suas Diretrizes de Governança Corporativa (IBGC, 2009). No ano de 1994, a Calpers (Califórnia Public Employees Retirement System) desenvolveu uma pesquisa onde constatou que mais da metade das 300 maiores companhia dos EUA já tinham desenvolvimento manuais próprios de governança corporativa. Em 1995, publica-se o Relatório Vienot, onde marca o tema Governança corporativa na França. No ano de 1997, a Federação Japonesa das Organizações Econômicas publica o relatório de recomendações sobre a governança corporativa. Na Alemanha é criado Neuer Markt (novo mercado) da Bolsa de Frankfurt. Em 1998 o Comitê de Governança Corporativa estabelecido pelo Fórum de Governança Corporativa do Japão, elabora Os Princípios de Governança Corporativa Uma Visão Japonesa, onde este documento baseou-se no relatório britânico Combined Code que foi emitido no mesmo ano pelo Comitê Hampel. No mesmo ano, a OCDE Organisation for Economic Co-operation and Development (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) cria o Grupo Consultivo do Setor Empresarial de Governança Corporativa. (IBGC, 2009).

20 No ano de 1999 o grupo de governança corporativa da OCDE divulga Os Princípios da Governança Corporativa, contendo as diretrizes e as recomendações das boas práticas de governança corporativa. No ano 2000, o Banco Mundial e Mckinsey elaboraram um estudo que concluiu que os investidores estão dispostos a pagar cerca de 18% a 28% a mais por empresas que atuam com a governança corporativa (OCDE,2004). Em novembro de 2001 o mundo recebe o impacto da informação sobre os problemas da empresa Enrom com fraudes contábeis. Logo após encadeia-se a preocupação com legitimidade e veracidade das demonstrações apresentadas e diversas empresas norte-americanas são obrigadas a refazer suas demonstrações financeiras, assim, a empresa de auditoria Arthur Andersen encerra sua atividade, após da acusação de obstrução de trabalhos da justiça. (IBGC, 2009) Em 2002, o congresso norte-americano aprova no mês de julho a lei Sarbanes-Oxley (SOX) em resposta aos escândalos das diversas empresas como a Tyco, Worldcom, Enrom. Em agosto, a SEC (Securities and Exchange Commission) edita normas complementares de governança e a Bolsa de Valores de Nova York aprova pré-requisitos de governança corporativa para listagem de empresas. (IBGC). Conforme GARCIA (2005 p.23), a Lei Sarbanes-Osley foi a resposta aos abusos praticados que o congresso norte-americano, impondo padrões elevados de governança corporativa, e severas punições para seu descumprimento, principalmente para administradores e auditores de empresas. Conforme JUNIOR apud MALIENI (2005), a promulgação da Lei Sarbanes-Oxley (SOX) em 2002 normatizou, de maneira muito objetiva, os procedimentos e controles necessários ao cumprimento da legislação no tocante às obrigações fiscais e tributárias. Além disso, o autor esclarece que um dos objetivos principais da Sarbanes-Oxley foi formalizar a autoridade dos executivos de empresas de capital aberto sobre as demonstrações financeiras, não apenas para a Bolsa de Valores Americana, mas sim para a

21 comunidade financeira e, principalmente para os acionistas. Sua implantação tem dois focos de atuação: conformidade dos atos às leis vigentes e elevação da qualidade do sistema de controles internos. No ano de 2003 a Nasdaq (Sistema Eletrônico de Cotação da Associação Nacional de Intermediários de Valores) anuncia normas semelhantes à Bolsa de Nova York. Em dezembro, ocorre um escândalo corporativo na Parmalat, sendo o primeiro de muitos problemas de governança corporativa com grandes empresas da Europa Continental. Na Inglaterra, é lançado o Higgs Report, que traz recomendações sobre o papel dos conselheiros externos. É lançado também o Revised Combined Code, uma revisão do código de governança britânico. As empresas do país passam a ser sujeitas à regra do "comply or explain" (pratique ou explique), sendo obrigadas a divulgar de forma clara as eventuais práticas de governança não adequadas às recomendações do código do país. Na Alemanha, é lançado o código de governança corporativo, sendo de forma similar ao comply or explain (IBGC, 2009). Em 2004 é criado pela OCDE por recomendações da Quinta Mesa Redonda de Governança Corporativa da América Latina, o circuito de Companhias. No ano seguinte a OCDE lança o documento contendo diretrizes de boa governança para empresas de controle estatal. Em 2006 mais um escândalo é anunciado 130 empresas norte-americanas são acusadas de manipular datas de concessão de planos de ações dos seus executivos, visando aumentar os seus ganhos pessoais, que resultou na demissão de mais de 50 CEOs e conselheiros.(ibgc, 2009). 2.2.2 Evolução da Governança Corporativa no Brasil. No ano de 1995, é fundado o Instituto de Conselheiros de Administração (IBCA), atualmente Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). No ano seguinte o IBCA inicia debates sobre o tema Governança Corporativa e o

22 Conselheiros de Administração, sendo um evento público realizado no Museu da Arte Moderna. Em 1997 é aprovada a Lei 9.457 que reformula a Lei das Sociedades Anônimas ( Lei 6.404/76). A Lei 9.457 revoga o Tag Along de 100% para ordinaristas, sendo esta decisão um retrocesso para os acionistas minoritários. Em 1998 é lançado o primeiro fundo voltado para Governança Corporativa o Dynamo Puma, no programa de Valor e Liquidez do BNDESPar. No ano seguinte o IBCA passa a denominar-se como IBGC (Instituo Brasileiro de Governança Corporativa). E o mesmo lança o primeiro código de governança corporativa, o O Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Em novembro de 2000, o IBGC realiza o 1º Congresso Brasileiro de Governança Corporativa, em comemoração ao 5º aniversário do Instituto, com a intenção de tornar conhecido os conceitos e práticas de governança. Em dezembro do mesmo ano a Bovespa Bolsa de Valores do Estado de São Paulo, lança oficialmente os segmentos diferenciados para empresas que adotaram as boas práticas de governança corporativa: Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado. No ano de 2001 a Bovespa cria o IGC Índice de Governança Corporativa com o objetivo é medir o desempenho de uma carteira composta por ações de empresas que apresentam bons níveis de governança. No mesmo ano, é reformada a lei das SAs sendo promulgada a Lei 10.303/2001, que apresenta avanços de certa forma tímidos em comparativo ao projeto inicial. (IBGC, 2009) Em Junho de 2002 a CVM Comissão de Valores Mobiliários lança a cartilha Recomendações da CVM sobre a Governança Corporativa, voltada para companhias abertas. As empresas CCR e Sabesp ingressam pioneiramente no Novo Mercado. Em 2003 é lançada a pesquisa Panorama Atual de Governança Corporativa, objeto de parceria entre o IBGC e a Booz Allen Hamilton. E também no mesmo ano, é realizado a 1º edição do Prêmio IBGC de Monografias.

23 No ano de 2004, é retomado o movimento de ofertas públicas iniciais (IPOs) com a listagem da Natura no Novo Mercado. As grandes maiorias das empresas listadas ingressam diretamente no Novo Mercado, segmento mais avançado de governança corporativa da Bovespa. Em 2005 é realizada a oferta de ações da primeira companhia de capital amplamente disperso (Lojas Renner), uma inovação no modelo brasileiro de governança corporativa O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa completa 10 anos e lança o livro Uma década de Governança Corporativa História do IBGC, marcos e lições de experiências e realiza também a 1º edição do Prêmio IBGC de Governança Corporativa. No ano de 2006 a Bovespa amplia as regras para os níveis diferenciados de listagem. É realizado a 1º edição do Prêmio IBGC/Itaú de Jornalismo. Neste mesmo ano, um caso de insider trading ocorrido durante a tentativa pioneira da aquisição da Perdigão pela Sadia, que causou uma grande repercussão no mercado, aumentando a atenção do órgão regulador em operações similares.(ibgc, 2009) Conforme Wikipédia (2009), Insider trading é a negociação de valores mobiliários de certa companhia motivada pelo conhecimento de uma informação que ainda não é de conhecimento do público. Normalmente essas informações são obtidas por um funcionário ou um dirigente da própria empresa, que ao divulgar para pessoas determinadas, onde é visado a obtenção de compensação financeira. 2.3 Modelos de Governança Corporativa Conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2009), a governança corporativa pode ser dividida em dois sistemas de gestão: Outsider System e Insider System.

24 Outsider System é um modelo de governança corporativa onde os acionistas são mais pulverizados e estão tipicamente fora do comando diário das operações da companhia. Este sistema de governança é mais conhecido por governança corporativa anglo-saxão proveniente dos Estados Unidos e Reino Unido. As principais características deste modelo são: - Estrutura de propriedade dispersa nas grandes empresas; - Papel importante do mercado de ações na economia; - Ativismo e grande porte dos investidores institucionais; - Foco na maximização do retorno para os acionistas (shareholders). Insider System é um modelo de governança corporativa onde os grandes acionistas estão diretamente no comando das operações diárias da empresa seja pessoalmente ou por intermédio de pessoas de sua confiança. Este sistema de governança é mais conhecido por governança corporativa Nipo-germânico proveniente do Japão, Alemanha e países da Europa continental. As principais características deste modelo são: - Estrutura de propriedade mais concentrada; - Presença de conglomerados industriais-financeiros; - Baixo ativismo e menor porte dos investidores institucionais; - Reconhecimento mais explícito e sistemático de outros stakeholders nãofinanceiros, principalmente funcionários. Quadro 1: Modelos de Governança Corporativa no Mundo. Sistema Anglo-saxão 1. Participação acionária pulverizada (outsider system). 2. Estrutura de controle externo empresas com grande número de acionistas, estruturas de controle diluídas. Sistema Nipo-germânico 1. Maior concentração acionária (insider system). 2. Estrutura de controle interno pequeno grupo de acionistas detém o maior parte das ações, estruturas de poder concentradas. Continua

25 3. Alta Liquidez 3. Baixa Liquidez. 4. Criação de valor voltada para os acionistas (shareholders). 4. Buscam equilíbrio entre o interesse dos acionistas e outros grupos interessados na empresa (stakeholders). 5. Exige um nível elevado de transparência. 5. Nível de transparência pouco acima do legal. 6. Estrutura de capital controle por equity, 6. Estrutura de capital controle por debt predomina empresas financiadas com destacam-se empresa financiadas por meio recursos dos acionistas (capital próprio). de empréstimos e financiamentos por credores. 7. O mercado de capitais ativo e 7. Mercado de capitais menos líquidos e desenvolvido é responsável pelo desenvolvidos, os investidores institucionais monitoramento da administração de não têm papel ativo. empresas. 8. O conflito de interesse ocorre entre 8. O conflito da agência ocorre entre administração e acionistas. acionistas controladores e acionistas minoritários. Fonte: VICTÓRIA (2007).

3. Fundamentos e Princípios da Governança Corporativa. 26 3.1 Fundamentos de Governança Corporativa Conforme SILVA (2007), a governança corporativa é um sistema de gestão que propicia o controle estratégico da empresa, através das relações entre o conselho de administração, auditoria independente e o conselho fiscal. 3.1.1 Conselho de Administração Conforme BIANCHI (2005), diz respeito ao conselho de administração, que independentemente de sua forma societária e de ser companhia aberta ou fechada, toda sociedade deve ter um conselho de administração eleito pelos sócios, sem perder de vista todas as demais partes interessadas (stakeholders), o objeto social e a sustentabilidade da sociedade a longo prazo. Na gestão da organização, o executivo principal deve prestar contas ao conselho de administração e é responsável pela execução das diretrizes por esses fixados. Seu dever de lealdade é para com a sociedade. Cada um dos diretores é pessoalmente responsável por suas atribuições na gestão e deve prestar contas disso ao executivo principal e, sempre que solicitado, ao conselho de administração, aos sócios e demais envolvidos, na presença do executivo principal. Quanto maior a organização, maior o número de gestores. Dessa forma, o principal executivo precisa de um órgão dentro da empresa que garanta a transparência dos negócios. Os controles internos devem ser determinados pelo conselho de administração, pela diretoria ou por outras pessoas da companhia, sempre levando em consideração, além da eficácia operacional e da confiabilidade dos relatórios financeiros, também o cumprimento de leis e regulamentos aos quais está submetida à organização. Conforme JUNIOR (2005), cabe ao Conselho de Administração a definição das diretrizes estratégicas e de algumas diretrizes específicas, geralmente ligadas à

otimização do processo de supervisão. A Diretoria Executiva deve implementar as ações diretas necessárias para o cumprimento dessas diretrizes. 27 3.1.2 Auditoria Independente No que tange à auditoria independente, o código evidencia que toda sociedade deve ter auditoria independente, pois se trata de um agente de governança corporativa de grande importância para todas as partes interessadas, uma vez que sua atribuição básica é verificar se as demonstrações financeiras refletem adequadamente a realidade da sociedade (BIANCHI, 2005). A função da auditoria independente é proporcionar à alta administração a segurança de que os relatórios contábeis refletem com propriedade aquilo que ocorreu na organização sob o ponto de vista operacional. De forma geral, as atividades da auditoria deveriam ser independentes, inclusive do responsável pela área de controladoria, isto é, a auditoria deveria trabalhar isoladamente. Conforme Rodrigues (2003), a auditoria independente é considerada um importante agente de governança corporativa em função da sua atribuição básica de verificar as demonstrações contábeis e emitir opinião sobre sua adequação à realidade da empresa. Principais dispositivos: - Definição das competências da Auditoria Independente; - Definição do plano anual dos trabalhos, do prazo e do acordo de honorários; - Restrições quanto à prestação concomitante de serviços de auditoria independente e consultoria; - Definição do escopo de relacionamento a ser mantido com os proprietários, o conselho de administração, o conselho fiscal e o comitê de auditoria; - Definição do escopo de relacionamento com o executivo principal e a diretoria; - Elaboração de uma declaração anual de independência. 3.1.3 Conselho Fiscal O conselho fiscal é parte integrante do sistema de governança das

28 organizações brasileiras, é um órgão não-obrigatório que tem como objetivos fiscalizar os atos da administração, opinar sobre determinadas questões e dar informações aos sócios. Deve ser visto como uma das ferramentas que visam agregar valor à sociedade, agindo como um controle independente para os sócios (BIANCHI, 2005). Conforme RODRIGUES (2003), o conselho fiscal funciona como um controle independente para os proprietários com o objetivo de zelar pelos interesses dos acionistas majoritários e minoritários. Principais dispositivos: - Definição das competências do conselho fiscal; - Definição do escopo de relacionamento a ser mantido com os proprietários, o conselho de administração, o executivo principal e a diretoria; - Definição do escopo de relacionamento a ser mantido com os auditores independentes. 3.2 Princípios de Governança Corporativa É possível afirmar que os fundamentos da governança corporativa estão alinhados com os valores fundamentais, consagrados pela Constituição Federal de 1988. Princípios como dignidade da pessoa humana e valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são perseguidos pelos ideais das boas práticas de governança corporativa (CARVALHO, 2007). De acordo com LODI (2000, p.19), a governança corporativa está sustentada por quatro pilares, onde são representados seus princípios fundamentais, que são: - Fairness: senso de justiça e de equidade para com os acionistas minoritários contra as ações transgressoras dos gestores e acionistas majoritários; - Disclosure: usualmente chamada de transparência, esta usada nos dados e registros contábeis sem duvidas e relatórios entregues em prazos combinados;

- Accontability: é a responsabilidade da prestação de contas por parte dos que tomam as decisões do negocio; 29 - Compliance: é a segurança, a obediência, compromisso e resguardo nas lei e regimes do país. A aplicação desses princípios está diretamente ligada à conduta dos gestores e diretores da sociedade empresária. O papel desempenhado dos gestores e diretores no exercício de suas funções atrelado a regras de conduta ou restrições como estatuto social, contrato social, código de ética, que está internamente construído na empresa como valor e cultura organizacional, assim, trazendo o melhor desempenho destes que por sua vez trazem a dignidade para que a companhia seja respeitada juridicamente e administrativamente, para que ela realize suas funções no desenvolvimento sócio econômico do seu país (CARVALHO, 2007). A sociedade de capital aberto é o berço da governança corporativa tendo em vista que foi em função desta que se desenvolveram praticas de governança com o objetivo muito definido de inibir os abusos praticados pelos gestores de algumas empresas. Do mesmo modo, a aplicação dessas práticas de governança corporativa na sociedade limitada é recente e merece a atenção dos especialistas e doutores da área. Que do mesmo modo que ocorre nas empresas limitas também é fato das sociedades anônimas, onde a legislação e a doutrina permitem as mesmas práticas utilizadas na sociedade limitada (CARVALHO, 2007). 3.2.1 Fairness (Equidade) Em uma sociedade social onde existem vários sócios ou acionistas sempre haverá a prevalência da vontade de um, minoritários e, detrimento dos demais minoritários, no entanto toda sociedade será afetada com a decisão tomada por na maioria das vezes, um pequeno grupo privilegiado aos preceitos de democracia orienta da discussão entre a maioria e minoria. Conforme CARVALHO (2007), a vontade geral é algo que transcende que está acima das vontades individuais não como somatório, nem repositório de

30 vontades, mas como conjunção de interesse nem só com isso, não se está a falar de humanidade, mas de consumo base na idéia de maioria. O consumo da maioria é diferencial. A maioria é atingir quando se faz valer o direito de participação de todos. Para a empresa que adotam as boas práticas de governança é obrigatória a participação de representantes de minoritários em assembléia e reuniões societárias, assegurando o equilíbrio entre partes. Aos clientes da minoria devem ser protegidos e sempre que possível devem ser preparados aos direitos dos majoritários para que haja uma justa distribuição do poder e de controle de atividade empresarial. As principais recomendações da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE para a América Latina no que diz, a respeito à equidade são: proteção de minoritários, direito de preferência, equidade em mudanças de controle, participação efetiva em assembléias, exercício exeqüível do voto, explicitações da de direitos, comunicação de acordos com acionistas, operação com ações de empresas e emprego eficaz de arbitragem privada. (ANDRADE e ROSSETTI, 2004) 3.2.2 Disclosure (Transparência) O principio da transparência ou disclosure como é originalmente chamado, difundidos pelos preceitos da governança corporativa encontra relativo respaldo na legislação pátria. A Transparência é a principal ferramenta dos acionistas minoritários contra eventuais fraudes corporativas. Esse princípio quando bem aplicado, exige do administrador ou da diretoria transparência total as necessidades de informação dos sócios ou acionistas minotários, bem como de todos os interessados e envolvidos no desenvolvimento da atividade, conselho de administração e fiscal auditoria independente, funcionários, fornecedores, clientes de toda comunidade em geral. Além da questão legal do dever de informar ressaltamos a questão social da transparência. Hoje através do balanço social, as empresas podem informar as

31 quais atividades estão sendo voltadas á atender aos interesses sócio-ambientais. Balanço social é um meio das transparências ás atividades corporativas através de um levantamento das principais indicadores de desempenho econômico, social e ambiental da empresa. Além disso, é um instrumento que amplia o dialogo com todos os públicos com os quais a empresa se relaciona: acionistas, consumidores e clientes, comunidade, funcionários, fornecedores, governo, organizações, não governamentais, mercado financeiros e sociedade em geral, conforme (CARVALHO, 2007). 3.2.3 Accontability (Prestação de Contas) Conforme Andrade e Rossetti (2004), accontability ou prestação responsável de contas corresponde a um importante valor da boa governança corporativa representa uma forma de controle imposta por exigência externas. É a exigência de padrões contábeis rigorosos na preparação da demonstração da situação patrimonial das companhias dos resultados das suas operações. A falta de clareza e responsabilidade nas prestações de contas das sociedades de capital aberta britânicas por responsável pela criação do comitê Cadbury, um dos mais importantes marcos construtivos da governança corporativa e exemplo do código de melhoria práticas. Hoje visando proteção aos investidores, os mercados de capitais padrões internacionais de contabilidade para demonstrações financeiras conhecidas pela sigla GAAP Generally Accepted Acciounting Principles. Entre as recomendações da Organização de Cooperação e desenvolvimento Econômico OCDE seguido dos valores da prestação responsável de contas destaca-se a emissão de relatórios anuais de desempenho a auditoria externas independente. Conforme Carvalho (2007), na sociedade limitada, o artigo 1188 do código civil diz que o balanço patrimonial deverá exprimir com facilidade e clareza a

32 situação real da empresa, ou seja, o responsável pela gestão e escrituração das atividades empresariais tem a dever de prestar contas aos demais sócio de maneira clara e fiel á real situação da empresa. 3.2.4 Compliance (Conformidade) Conforme Carvalho (2007), o principio de compliance vão além dos dever de cumprir as determinações legais do país em que atua as sociedades empresárias. A instituição ou empresa quando da tomada de decisões, deve pondera o atendimento de outros interesses, como dos fornecedores, clientes da comunidade onde atua. Deve se preocupar com questões gerais, como por exemplo, o engajamento em programas sociais e educativos de interesses geral da comunidade. Conforme WIKIPÉDIA (2009), o termo Compliance tem origem no verbo em inglês to comply, que significa agir de acordo com uma regra, um comando ou um pedido. No âmbito institucional e corporativo, Compliance é o conjunto de disciplinas para fazer cumprir as normas legais e regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da instituição ou empresa, bem como evitar, detectar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer. Compliance é muito presente em instituições e empresas do mercado financeiro, mas tem se estendido para as mais diversas organizações privadas e governamentais, especialmente aquelas que estão sujeitas a forte regulamentação e controle. Através das atividades de Compliance, qualquer possível desvio em relação a política de investimento dos produtos é identificado e evitado. Assim, os investidores têm a segurança de que suas aplicações serão geridas segundo as diretrizes estabelecidas. 3.3 Ética e Responsabilidade Social Conforme SILVA apud CARROL (2007), a ética empresarial é desenvolvida através de uma serie de normas, padrões e expectativas de comportamento para atender os diversos públicos com as quais a empresa se relaciona e que considera a

33 sua legitimidade, verdade e justiça nos acordos com seus direitos morais ou suas expectativas. De outro modo, os valores de um determinado grupo ou de uma organização diferem entre si, e a partir daí este grupo elabora os códigos de éticas para serem seguidos. Os códigos de ética empresarial não só formaliza compromissos éticos da empresa, como também constituem uma importante ferramenta de comunicação desses valores e práticas para seus stakeholders. Assim, eles exprimem os motivos que os norteiam com a atividade da organização e suas expectativa com relação ao comportamento de seus funcionários e à qualidade das relações estabelecidas com as partes interessadas. Porém observa-se que o código de ética é uma necessidade que conduz todos os valores e condutas da empresa, que por sua vez pode agregar valor às relações com seus parceiros, funcionários, clientes e outros públicos. Segundo Moreira (1999), a ética empresarial poder ser compreendida como um valor da organização que a assegura sua sobrevivência, sua historia, sua reputação, e consequentemente seus bons resultados. A ética é o comportamento da empresa quando a ação em conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder ditos pela coletividade. A responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que uma empresa ou entidade deve ter com a sociedade, expresso por meio de atos e atitude que refletem positivamente, ou seja, que a empresa faça o seu papel especifico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela. Deste modo a organização assume obrigações de caráter moral, além dos estabelecidos em lei, mesmo que não diretamente vinculadas as suas atividades, mas que possam constituir para o desenvolvimento sustentável dos povos. Assim, numa visão expandida responsabilidade é toda e qualquer ação quem possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida na sociedade (ASLHEY, 2003). Conforme CHIAVENATO (2004), a responsabilidade social significa a atuação responsável dos seus membros, as atividades de beneficência e os compromissos da organização com a sociedade em geral e de forma intensa com aqueles grupos ou partes da sociedade com a qual está mais em contato. A responsabilidade está voltada para a atitude e comportamento da organização em face das exigências sociais da sociedade e, conseqüência das suas atitudes.

4. Implementação da Governança Corporativa. 34 O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC é uma organização exclusivamente dedicada à promoção da governança corporativa no Brasil e o principal fomentador das práticas e discussões sobre o tema no país, tendo alcançado o reconhecimento nacional e internacional. Fundado em 27 de novembro de 1995, o IBGC uma sociedade civil de âmbito nacional, sem fins lucrativos tem o propósito de "ser a principal referência nacional em governança corporativa; desenvolver e difundir os melhores conceitos e práticas no Brasil, contribuindo para o melhor desempenho das organizações e, conseqüentemente, para uma sociedade mais justa, responsável e transparente. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBGC, em comemoração aos 10 anos de sua fundação, completados em 2005, lançou a série de publicações denominada Cadernos de Governança. O objetivo desta iniciativa é trazer ao mercado informações práticas que contribuam para o processo da governança e auxiliem conselheiros e administradores a desempenhar melhor as suas funções, contribuindo para aprimorar o funcionamento do mercado, gerar maior confiança dos investidores e, conseqüentemente, propiciar maior fluidez de recursos para as empresas. Os Cadernos de Governança estão divididos em três séries: - Documentos Legais de Governança; - Documentos sobre Estruturas e Processos de Governança; - Temas Especiais de Governança. Dentro destes das series e temática, o Instituto publicou cadernos específicos de orientação sobre os temas: - Conselho Fiscal; - Estatutos; - Gerenciamento de Riscos; - Sustentabilidade para as Empresas; - Conselho de Administração;

4.1 Conselho Fiscal. 35 Conforme o IBGC A. (2007), o conselho fiscal é um órgão fiscalizador independente da diretoria e do conselho de administração, que busca, através dos princípios da transparência, eqüidade e prestação de contas, contribuir para o melhor desempenho da organização. Pode servir como instrumento legal de implementação de uma política ativa de boas práticas de governança corporativa direcionada especialmente para a transparência e controle dos atos internos da companhia, quando o órgão e os seus membros atenderem a requisitos e regras de funcionamento que assegurem a efetividade de sua atuação e, especialmente, sua independência. Os limites de atuação e a sintonia entre o conselho fiscal e o comitê de auditoria do conselho de administração devem ser sempre levados em conta na estruturação do comitê, considerando o tamanho da organização e a realidade brasileira, mas sempre procurando preservar a identidade e a independência entre esses órgãos. O Conselho Fiscal tem como fundamento: o direito assegurado ao acionista de fiscalizar a gestão dos negócios sociais por intermédio do conselho fiscal, valendo-se, este último, do exame de quaisquer documentos da companhia e suas controladas e coligadas. A finalidade de assegurar aos proprietários que a sociedade atenda aos seus objetivos explicitados no contrato/estatuto social, dentro dos princípios da ética, eqüidade e transparência; proteger o patrimônio e a rentabilidade dos acionistas; e proporcionar maior segurança aos fornecedores de recursos para tomar decisões de alocação de capital. A atuação do conselho fiscal se dá pelo entendimento dos negócios, por opiniões, por recomendações, pela elaboração de pareceres, pela fiscalização das contas e atos da administração, assim como pelo recebimento de denúncias. Benefícios da existência de um conselho fiscal para os acionistas: - É órgão independente da administração, em decorrência da lei; - É uma instância de conforto para os administradores; - Contribui para o valor da empresa por meio do monitoramento dos processos de