Composição da ictiofauna das bacias hidrográficas do Rio Grande do Norte, Brasil



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Transcrição:

ARTIGO DE REVISÃO DOI: http://dx.doi.org/10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v4n1p126-131 Composição da ictiofauna das bacias hidrográficas do Rio Grande do Norte, Brasil 1 1 1 2 Wallace Silva do Nascimento, Nirlei Hirachy Costa Barros, Andréa Soares de Araújo, Liliane de Lima Gurgel, Bhaskara 3 4 5 6 Canan, Wagner Franco Molina, Ricardo S. Rosa, Sathyabama Chellappa 1. Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Av. Salgado Filho, 3000, Lagoa Nova, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, CEP 59.072-970. E-mail: wallacesnbio@hotmail.com, nirleyhirachy@hotmail.com, andreaaraujo@unifap.br 2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Campus Macau, Rua das Margaridas, 300, COHAB. CEP: 59500-000, Brasil. E-mail: liliane.gurgel@ifrn.edu.br 3. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, SENAI DR-RN, Av. Prudente de Morais, 1571, Tirol, Natal, RN. CEP: 59.020-505, Brasil. E-mail: meioambiente@rn.senai.br 4. Departamento de Biologia Celular e Genética, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Av. Salgado Filho, 3000, Lagoa Nova, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, CEP 59.072-970, Brasil. Email: molinawf@yahoo.com.br 5. Departamento de Sistemática e Ecologia, Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Universidade Federal da Paraíba. Cidade Universitária, CEP: 58059-900, João Pessoa, Paraíba, Brasil. E-mail: rsrosa@dse.ufpb.br 6. Departamento de Oceanografia e Limnologia, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Via costeira Senador Dinarte Medeiros de Mariz, Mãe Luiza, s/n, 59014-002, Natal, RN, Brasil. E-mail:chellappa.sathyabama63@gmail.com RESUMO: Aqui é apresentado um extenso levantamento atualizado da composição das espécies de peixes de água doce das bacias hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte. A compilação foi realizada a partir de levantamentos préviose dados da literatura sobre o registro das espécies, reportadas no período de 1982 a 2013. Foram identificadas 51 espécies, distribuídas em dezordens (Cypriniformes, Characiformes, Perciformes, Siluriformes, Synbranchiformes, Cyprinodontiformes, Gymnotiformes, Gasterosteiformes, Pleuronectiformes e Elopiformes) e 25 famílias (Characidae, Curimatidae, Anostomidae, Prochilodontidae, Erythrinidae, Crenuchidae, Cichlidae, Sciaenidae, Eleotridae, Gobiidae, Mugilidae, Gerreidae, Centropomidae, Auchenipteridae, Heptapteridae, Loricariidae, Callichthydae, Synbranchidae, Cyprinidae, Poeciliidade, Rivulidae, Gymnotidae, Syngnathidae, Achiridae e Megalopidae). Um total de 32espécies são autóctones, nove são alóctonese dezque também habitam ambientes marinhos/estuarinos. Dentre as ordens encontradas, Characiformesfoi a mais representativacom 42% do total de espécies, seguida porperciformes 30%, Siluriformes 12% e Cyprinodontiformes 8%. A família mais representativa foi Characidae com 24%, seguida por Cichlidae com 14% das espécies. O levantamento apresentado,embora preliminar, possibilita o reconhecimento da fauna íctica local e a extensão de ocorrência de espécies introduzidas, contribuindo para futuros planos de manejo desta fauna. Palavras-chave: ictiofauna, recursos pesqueiros das águas interiores, espécies introduzidas, semi-árido. Composition of the fish fauna of the hydrographic basins of Rio Grande do Norte, Brazil ABSTRACT: The objective of thisstudy was to conduct a surveyon thecomposition of the freshwater fishspecies found in the hydrographic basinsof the State ofriogrande do Norte.Information was obtainedfrom the compilation of all freshwater fish speciescollected in the Stateof RioGrande do Norte during the periodof 1982 to 2013, andby reviewingdata fromscientific papers.fifty one fish speciesare listed, distributed in ten orders (Elopiformes, Cypriniformes, Characiformes, Siluriformes, Gymnotiformes, Cyprinodontiformes, Gasterosteiformes, Synbranchiformes, Perciformes e Pleuronectiformes) and 25 families (Characidae, Curimatidae, Anostomidae, Prochilodontidae, Erythrinidae, Crenuchidae, Cichlidae, Sciaenidae, Eleotridae, Gobiidae, Mugilidae, Gerreidae, Centropomidae, Auchenipteridae, Heptapteridae, Loricariidae, Callichthydae, Synbranchidae, Cyprinidae, Poeciliidade, Rivulidae, Gymnotidae, Syngnathidae, Achiridae e Megalopidae), out of which 32 are native fish species, six are introduced, three are exotic and 10 are of marine origin. The order Characiformes was more representative with 42%, followed by Perciformes with 30%, Siluriformes 12% and Cyprinodontiformes 8%. The most representative family was Characidae with 24% followed by the family Cichlidae with 14% of the species. The results of this work can enrich the knowledge of the fish fauna and provide basic data for elaborating a management planto promote the sustainable use of fishery stocks and conservation of fish species of the hydrographic basins of the Rio Grande do Norte. Keywords: freshwater fish fauna, fishery resource of inland waters, hydrographic basins, Rio Grande do Norte. 1. Introdução As bacias hidrográficas sob o domínio do bioma Caatinga apresentam características peculiares, como regime intermitente e sazonal de seus rios, reflexo direto das precipitações escassas e irregulares, associadas à alta taxa de evaporação hídrica (AB' SABER, 1995; LEAL et al., 2003). Estes fatores exercem importante papel na organização e funcionalidade dos ecossistemas aquáticos. Neste cenário a ictiofauna nas bacias hidrográficas do semiárido brasileiro representa o resultado de processos adaptativos às peculiares condições bióticas e abióticas desta região, modelada por processos antrópicos recentes, sobretudo alterações ambientais e de programas governamentais de erradicação e introdução de espécies. Estas ações antrópicas sistematizadas levaram à exclusão de elementos autóctones da fauna original, através de processos de competição e predação (MOLINA et al., 1996; ROSA, 2004; ROSA et al., 2005). Na caatinga, a ictiofauna dos rios, açudes, lagos e e das poças temporárias apesar de incluir algum nível de diversidade é comparativamente menor em relação aos demais biomas brasileiros. Todavia, há necessidade de informações pormenorizadas quanto à diversidade, ao endemismo e à distribuição da ictiofauna nesse tipo de ecossistema (ROSA et al., 2005; CHELLAPPA et al., 2009; CHELLAPPA et al., 2011; NASCIMENTO et al., 2011). Com grande parte de suas áreas em regiões semiáridas o estado do Rio Grande do Norte é drenado por sete bacias hidrográficas principais, sendo elas Piranhas-Assu, Trairi, Ceará- Mirim, Potengi, Jacu, Apodi-Mossoró e Curimataú. Estes sistemas são formados por rios perenes, principalmente localizados na região litorânea e rios temporários, que secam durante a estiagem e retornam ao nível normal no período de chuvas, o que ocorre em numerosos rios do sertão. A maioria desses rios apresentam algum nível de represamento visando a criação de açudes. Ao longo do tempo, a fauna íctica do Rio Grande do Norte foi investigada sob diferentes abordagens, tais como levantamentos faunísticos (GURGEL et al., 1983; VIEIRA et al., 1989; CANAN; VIEIRA, 1991; ALMEIDA et al., 1993; ALMEIDA, 2000), aspectos da dinâmica populacional (GURGEL et al., 1991; CANAN et al., 1997; CHELLAPPA et al., 2003a; 2003b; MEDEIROS et al., 2003; 2004; GURGEL et al., 2011, 2012; BARROS et al., 2011; MONTENEGRO et al., 2011; 2012; BARROS, 2012; SILVA FILHO et al., 2012; ARAÚJO et al., 2012a, 2012b, 2013; NASCIMENTO et al., 2013), entre estes, abrangendo aspectos ecológicos e ictiofaunísticos em açudes (BUENO et al., 2006; CHELLAPPA et al., 2009), lagoas (MORAIS et al., 2012)e entre diferentes bacias hidrográficas locais (CHELLAPPA et al., 2011; NASCIMENTO et al., 2011; ARAÚJO et al., 2012). ISSN 2179-5746 Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons Attribution 4.0 Internacional Macapá, v. 4, n. 1, p. 126-131, 2014 Disponível em http://periodicos.unifap.br/index.php/biota Submetido em 27 de Janeiro de 2014 / Aceito em 11 de Março de 2014

Apesar do considerável grau de informações ecológicas disponíveis para algumas espécies de peixes de água doce do Rio Grande do Norte, uma compilação da diversidade ictica de águas interiores ainda se faz necessária. Diante disto aqui é apresentada uma listagem atualizada da composição das espécies de peixes presentes nas bacias hidrográficas do Rio Grande do Norte. 2. Material e métodos Local de estudo O Estado do Rio Grande do Norte encontra-se inserido na Região Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental, situado entre as coordenadas 4 49'53'' e 6 58'57 latitude sul, e os meridianos de 35 58'03 e 38 36'12. Dentre dezesseis bacias hidrográficas na área abrangida, sete são de maior relevância: Piranhas-Assu, Apodi-Mossoró, Trairi, Ceará-Mirim, Potengi, Jacu, e Curimataú. Estas bacias hidrográficas são constituídas, em sua maioria, por rios que têm um caráter intermitente, que secam completamente no período de estiagem. As duas maiores bacias, do Apodi-Mossoró e do Piranhas-Assu, juntas concentram 90% das reservas hídricas do Rio Grande do Norte. Nas bacias hidrográficas existem diferentes ecossistemas aquáticos, tais como, rios, riachos, açudes, reservatórios, lagos, lagoas e poças temporários (Figura 1). O clima é tropical no litoral e no oeste e predominantemente semiárido no centro do estado. Loricariidae, Callichthydae, Synbranchidae, Cyprinidae, Poeciliidade, Rivulidae, Gymnotidae, Syngnathidae, Achiridae e Megalopidae). A lista sistemática das espécies de peixes encontradas nas bacias hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte, é apresentada na Tabela 1, em ordem sistemática de ordens e famílias, segundo a classificação de NELSON (2006). Das 51 espécies de peixes encontradas 32 (64%) são nativas, seis(12%) são alóctones, três (6%) são exóticas e 10 (18%) também tem ocorrência em ambientes marinhos, adentrando em ambientes de água doce, como rios e lagoas costeiras. A ordem Characiformes foi mais representativa com 41%, seguida por Perciformes (29%), Siluriformes (12%) e Cyprinodontiformes (8%) (Figura 2). A família mais representativa foi Characidae com 24% das espécies, seguida por Cichlidae com 14% (Figura 3). Vieira (2002) no primeiro levantamento da ictiofauna de água doce do Estado do Rio Grande do Norte, também encontrou um padrão de diversidade semelhante onde em um conjunto de 36 espécies, distribuídas em oito ordens e 20 famílias revelou uma maior representatividade de Characiformes. Da mesma forma, Nascimento et al. (2011) encontraram um conjunto taxonômico similar para a ictiofauna na bacia Piranhas Assú, onde foram listadas 22 espécies, pertencente a quatro ordens e 11 famílias. Figura 2. Frequência absoluta de famílias e espécies por ordem da ictiofauna do Estado do Rio Grande do Norte. Figura 1. Bacias hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil (IDEC, 1978). Coleta de dados A compilação das espécies de peixes de água doce no Estado do Rio Grande foi determinada a partir de dados da literatura, dissertações e teses referentes ao período de 1982 a 2013 (GURGEL et al., 1983; VIEIRA et al., 1989; CANAN; VIEIRA, 1991; ALMEIDA et al., 1993; ALMEIDA, 2000; VIEIRA, 2002; MEDEIROS et al., 2003; 2004; ROSA et al., 2005; CHELLAPPA et al., 2009; CHELLAPPA et al., 2011; NASCIMENTO et al., 2011; ARAÚJO et al., 2012; 2013). Os dados abrangeram ainda algumas espécies de peixes marinhos que adentram no curso inferior dos rios e lagoas costeiras. As espécies foram classificadas quanto a origem em autóctones (espécies nativas da bacia hidrográfica), alóctones (espécies introduzidas de outras bacias hidrográficas do Brasil), e exóticas (espécies com origem de outros continentes),e quanto ao ambiente em espécies estritamente dulcícolas ou com ocorrência estuarina e marinha, adentrando nos corpos de água doce durante algum período da vida (ROSA et al, 2005; CHELLAPPA et al. 2011). 3. Resultados e Discussão Foram listadas 51 espécies (Anexo 1) de peixes distribuídas em dez ordens (Elopiformes, Cypriniformes, Characiformes, Silurifor mes, Gymnotifor mes, Cyprinodontifor mes, Gasterosteiformes, Synbranchiformes, Perciformes e Pleuronectiformes) e 25 famílias (Characidae, Curimatidae, Anostomidae, Prochilodontidae, Erythrinidae, Crenuchidae, Cichlidae, Sciaenidae, Eleotridae, Gobiidae, Mugilidae, Gerreidae, Centropomidae, Auchenipteridae, Heptapteridae, Figura 3. Frequência absoluta de espécies por família da ictiofauna do Estado do Rio Grande do Norte. A maior diversidade de Characiformes observada possivelmente se deve à ampla distribuição histórica de suas espécies nas bacias hidrográficas brasileiras, a alta diversidade de espécies nesta ordem que compõe a maioria das espécies de peixes de águas interiores do Brasil, e a um grande predomínio de espécies de pequeno porte capazes de sobreviver em condições oligotróficas e concluir seu ciclo de vida em ambientes lênticos, refletindo uma situação descrita para os rios, lagos e lagoas neotropicais (LOWE-MCCONNELL, 1999; BRITSKI, 1972; ARAÚJO; SANTOS, 2001; ORSI et al., 2002; CHELLAPPA et al., 2005). Dentro da Ordem Perciformes, destaca-se a família Cichlidae, a segunda numericamente mais representativa na região 127

Tabela 1. Espécies de peixes de ocorrência em águas interiores do Estado do Rio Grande do Norte, distribuídas por família. AU=Autóctones; AL=Alóctones;EX = Exóticas; Mar=espéciescom ocorrência marinha/estuarina que adentram a água doce. O r d e m N o m e co m u m O ri g e m B a c ia O rd em E lo p i fo rm e s Fa m íl ia M e g a l o p id a e M e g a lo p s a t la n tic u s V a le n cie n n e s, 1 8 4 7 C a m u r u p im M A R II O rd em C y p ri n i fo rm e s Fa m íl ia C y p rin i d a e C y p r in u s ca r p io Lin n a e u s, 1 7 5 8 C a r p a co m u m E X II O rd em C h a ra c ifo rm e s Fa m íl ia C h a ra c id a e A s ty a n a x b im a cu la t u s Lin n a e u s, 1 7 5 8 La m b a ri d o r a b o a m a re lo A U I,II, III,IV,V,V I,V II,V III,IX A s ty a n a x fa s cia t u s C u v ie r, 1 8 1 9 L a m b a ri d o r a b o v e r m e lh o A U I,II,V I H e m ig r a m m u s m a r g in a t u s E llis, 1 9 1 1 P ia b a A U I,I II,V,V I,V II, IX M o e n k h a u s ia d ich r o u ra K n e r, 1 8 5 8 P ia b a A U II M e t y n n is r o o se v e lt i E ig e n m a n n, 1 9 1 5 T a p a cá A U V,V I IX P y g o c e n t r u s n a t t e r e ri K n e r, 1 8 5 8 P ira n h a - v e r m e lh a A U II S e rr a s a lm u s b ra n d t ii Lü tk e n, 1 8 7 5 P ira m b e b a A U II S e rr a s a lm u s sp ilo p le u ra K n e r, 1 8 5 8 P ira m b e b a A U I, II S e rr a p in n u s h e t e r o d o n E ig e n m a n n, 1 9 1 5 P ia b a A U V I S e rr a p in n u s p ia b a Lu e t k e n, 1 8 7 4 P ira n h a A U I,II,V,V I,V II T rip o r t h e u s a n g u la tu s S p ix & A g a ss iz, 1 8 2 9 S a r d in h a A U II C o lo s so m a m a cr o p o m u m C u v ie r, 1 8 1 6 T a m b a q u i A L II Fa m íl ia C u ri m a ti d a e P se c t ro g a s te r r h o m b o id e s E ig e n m a n n & E ig e n m a n n, 1 8 8 9 B ra n q u in h a A U II S te in d a ch n e r in a n o t o n o t a M ir a n d a R ib e iro, 1 9 3 7 S a g u ir u A U I,II,IV,IX Fa m íl ia A n o s t o m i d a e Le p o r in u s p ia u F o w le r, 1 9 4 1 P ia u A U I,II,V II,IX Le p o r in u s m e la n o p le u r a G ü n t h e r, 1 8 6 4 P ia u A U I Le p o r in u s sp. P ia u A L II Fa m íl ia P ro ch il o d o n ti d a e P ro c h ilo d u s b r e v is S t e in d a c h n e r, 1 8 7 5 C u r im a t ã A U I,II,V I Fa m íl ia E ry t h ry n i d a e H o p lia s m a la b a r icu s B lo ch, 1 7 9 4 T r a ír a A U I,II,III,V,V I,V II,V III,IX E ry t h r in u s e r y t h rin u s S ch n e id e r, 1 8 0 1 T r a ír a A U I Fa m íl ia C re n u ch id a e C h a r a cid iu m b im a cu la tu m F o w le r,1 9 4 1 - A U III,V III,I X O rd em S il u r if o r m es Fa m íl ia A u ch en ip te r id a e T ra c h e ly o p t e r u s g a le a t u s Lin n a e u s, 1 7 6 6 C a n g a t i A U I,II,III,V I,V II,V III,IX Fa m íl ia H e p ta p t er id a e P im e lo d e lla g r a cilis V a le n cie n n e s, 1 8 3 5 N iq u im A U I,II Fa m íl ia L o ri ca ri id a e H y p o s t o m u s p u sa r u m S t a rk s, 1 9 1 3 C a s cu d o A U I,II Lo r ica r iich t h y s d e r b y i F o w le r, 1 9 1 5 C a s cu d o A U I P se u da n cis tr u s p a p a ria e F o w le r, 1 9 4 1 C a s cu d o b a r b u d o A U II Fa m íl ia C a l li c h th y d a e H o p lo s t e rn u m lit to r a le H a n c o k, 1 8 2 8 T a m o a t á A U V I,IX O rd em G y m n o t if o rm e s Fa m íl ia G y m n o t i d a e G y m n o tu s ca r a p o Lin n a e u s, 1 7 5 8 S a ra p ó A U V,IX O rd em C y p ri n o d o n t if o r m es Fa m íl ia P o e c il i id a e P o e cilia v iv ip a ra B lo ch & S ch n e id e r, 1 8 0 1 B a r rig u d in h o A U I,II,II I,IV,V,V I,V II,IX Fa m íl ia R iv u l id a e H y p s e lo b ia s a n te n o ri C o st a, 2 0 0 6 - A U I C y n o le b ia s m ic ro p h th a lm u s C o st a & B r a s il, 1 9 9 5 - A U I O rd em G a s t er o s t ei fo rm e s Fa m íl ia S y n g n a t h i d a e O o s t e t h u s lin e a t u s K a u p, 1 8 5 6 P e ix e ca ch im b o M A R IX O rd em S y n b ra n c h i fo rm e s Fa m íl ia S y n b ra n ch id a e S y n b ra n ch u s m a r m o ra tu s B lo ch, 1 7 9 5 M u s su m A U I,I I,IX O rd em P er ci fo rm e s Fa m íl ia C ic h l i d a e A s tr o n o t u s o ce lla t u s A g a s s iz, 1 8 3 1 A p a ia r i A L II,V II,IX *Bacias Hidrográficas: I - Bacia do rio Apodi / Mossoró; II - Bacia do rio Piranhas / Açú; II - Bacia do rio Boqueirão; IV - Bacia do rio Punaú; V - Bacia do rio Maxaranguape; VI - Bacia do rio Ceará-Mirim; VII - Bacia do rio Doce; VIII - Bacia do Rio Potengi; IX- Bacia do rio Pirangí. esta diversidade decorre de ação antrópica tendo em vista que a maioria das espécies são exóticas ou alóctones. Dentre estas, destaca-se a tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus que constitui espécie dominante em muitos açudes e reservatórios do Nordeste do Brasil e que ainda hoje continua sendo introduzida em novos ambientes. Os programas de 'peixamento' do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS) tiveram início na década de 30 com o objetivo de aumentar a produção pesqueira do semiárido brasileiro, e foram responsáveis pela introdução de 42 espécies de peixes e crustáceos de outras bacias hidrográficas ou exóticos (LEÃO et al., 2011). Somente algumas dessas espécies conseguiram se adaptar às condições ambientais da região e estabeleceram populações viáveis nos ambientes naturais da Caatinga (GURGEL; OLIVEIRA, 1987; CHELLAPPA et al., 2003a; 2003b). Acarpa comum, Cyprinus carpio e o tambaqui, Colossoma macropomum apesar de reportados para o Rio Grande do Norte são bastante raros, e aparentemente não parecem ter estabelecido populações viáveis (ROSA et al., 2005). O primeiro relato temporal da ação de um predador exógeno na comunidade íctica nativa no Nordeste, ocorreu no Estado do Rio Grande do Norte. Molina et al. (1996) acompanharam e documentaram a extinção de várias populações nativas de peixes, 128

em especial Metynnis roosevelti, de forma extremamente rápida após a introdução Cichla ocellaris na lagoa Redonda.Em outros países, esta espécie também havia se mostrado danosa à ictiofauna nativa, como no lago Gatún, no Panamá (ZARAT; PAINE, 1973). De fato, os efeitos das introduções são perenes e muitas vezes irreversíveis, ocasionando uma mudança total na estrutura da comunidade, como ocorreu com a introdução da espécie predadora perca do Nilo, no Lago Vitória na África oriental (GOPHEN et al., 1995). Outros impactos ecológicos associados à competição ou mudanças ambientais também foram identificados, como aqueles provocados pela introdução da tilápia do Nilo no açude Marechal Dutra, durante 1971 a 2000 (MENESCAL et al., 2000) resultando emmudanças significativas na estrutura da comunidade de espécies nativas, sobre tudo Prochilodus brevis, Leporinus sp. e Hoplias malabaricus. Além desta espécie exóticaalgumas espécies predadoras também foram introduzidas neste açude, tais como, Plagioscion squamosissimus, Astronotus ocellatus e Cichla monoculus. Além da introdução de espécies, oprograma de erradicação de piranhas conduzido pelo DNOCS através do uso de ictiotóxicos, contribuiu para a alteração da composição ou extinções locais da ictiofauna do Nordeste do Brasil.As espécies conhecidas vulgarmente como piranhassão classificadas em dois grupos, sendo o primeiro formado pelas piranhas verdadeiras, mais agressivas, englobando as espécies do gênero Pygocentrus, P. piraya, P. nattereri, P. ternetzi e P. niger, e o segundo, podendo englobar até outras 25 espécies, denominadas pirambebas, constituído por peixes menos agressivos do gênero Serrasalmus (BRITSKI, 1972; BRAGA, 1976; MACHADO-ALLISON; GARCIA, 1986), que na bacia em questão inclui as espécies S. spilopleura e S. brandtii. A primeira citação de serrasalmídeos para o Rio Grande do Norte refere-se ao estudo de Lamartine (1944), o qual faz referência ao comportamento agressivo destas espécies. Magalhães et al. (1990) estudaram S. brandtii no rio Piranhas-Açu, Pendências e Raposo e Gurgel (2001) analisaram a população de S. spilopleura na lagoa de Extremoz. Outros estudos ictiofaunísticos identificaram estas espécies no Rio Grande do Norte (GURGEL et al., 1983). Entre as espécies encontradas em ambientes dulcícolas com ambivalência com ambientes marinhos e estuarinos foram identificadas Awaous tajassica, Dormitator maculatus, Eleotris pisonis, Oostethus lineatus, Trinectes paulistanus, Diapterus rhombeus, Centropomus parallelus, Centropomus undecimalis e Mugil curema. Notadamente suas ocorrências abrangem rios costeiros e próximo à foz de rios. Entre as espécies foram observados duas espécies de peixes anuais, Hypsolebias antenori e Cynolebias microphthalmus (Rivulidae), endêmicos da região semi-árida dos Estados do Rio Grande do Norte e Ceará (COSTA, 2002; NASCIMENTO et al., 2012). No Nordeste do Brasil a maior diversidade da família Rivulidae se encontra na bacia do São Francisco, com 24 espécies. Hypsolebias antenori foi coletada pela primeira vez em 1945, no Ceará (COSTA, 2002). Este estudo traz um número significativo de espécies. A bacia do São Francisco tem cerca de 244 de espécies listadas e para o bioma catinga são listadas 240. O levantamento apresentado, embora preliminar, possibilita o reconhecimento da fauna íctica local e a extensão de ocorrência de espécies introduzidas, contribuindo para futuros planos de manejo desta fauna. 5. Agradecimentos Os autores agradecem ao Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil (CNPq/MCT) pela concessão de bolsas de pesquisa e de suporte financeiro à pesquisa, e todos que colaboraram de maneira a tornar possível a realização deste trabalho. 6. Referências Bibliográficas AB'SABER, A. N. The Caatinga Domain. In: MONTEIRO, S.; KAZ, L. (eds.). Caatinga-Setão, Sertanejos. Rio de Janeiro, Editora Livro arte, pp. 47-55. 1995. ALMEIDA, R. G. Caracterização ictiofaunística dos grandes açudes do semi-árido do Rio Grande do Norte (bacia do Piranhas/Açu). In: II Simpósio Brasileiro sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável do semi-árido, Mossoró-RN. II Simpósio Brasileiro sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável do semi-árido. Mossoró-RN : Coleção Mossoroense, v. 1135, p. 269-275, 2000. ALMEIDA, R. G., SOARES, L. H.; EUFRÁSIO, M. M. Lagoa do Piató: Peixes e pesca. Coleção Vale do Açu/, Coleção Humanas e Letras, Natal, CCHLA, UFRN, p.84, 1993. ARAÚJO, A. 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7. Anexos Anexo1. Espécies de peixes de água doce encontradas nas bacias hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil (Fotografias: Nascimento, W. S.; Barros, N.H.C.;Gurgel, L.L.; Araújo,A.S.; Rosa, R.S. e FishBase.org). 131