EXPERIÊNCIAS DE ALUNOS EM FORMAÇÃO INICIAL EM MATEMÁTICA: MONITORIAS E JOGOS CONTRIBUINDO PARA ALIAR TEORIA E PRÁTICA



Documentos relacionados
PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

JOGOS MATEMÁTICOS: EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

RECURSOS DIDÁTICOS E SUA UTILIZAÇÃO NO ENSINO DE MATEMÁTICA

A utilização de jogos no ensino da Matemática no Ensino Médio

Gabriela Zilioti, graduanda de Licenciatura e Bacharelado em Geografia na Universidade Estadual de Campinas.

O JOGO CONTRIBUINDO DE FORMA LÚDICA NO ENSINO DE MATEMÁTICA FINANCEIRA

DOENÇAS VIRAIS: UM DIÁLOGO SOBRE A AIDS NO PROEJA

ESTATÍSTICA BÁSICA NO CURSO DE TÉCNICO INTEGRADO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

XADREZ NAS ESCOLAS E PARA TODOS

DIA DA MATEMÁTICA O IMPACTO DO JOGO EM SALA DE AULA

INTERVENÇÕES ESPECÍFICAS DE MATEMÁTICA PARA ALUNOS DO PROEJA: DESCOBRINDO E SE REDESCOBRINDO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

ACESSIBILIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: EXPERIÊNCIA COM UM ALUNO CEGO DO CURSO DE GEOGRAFIA, A DISTÂNCIA

TRABALHANDO, O LIXO COM OS ALUNOS DO 7 ANO DA ESCOLA ESTADUAL AMÉRICO MARTINS ATRAVÉS DE CARTILHAS EDUCATIVAS

PLANO DE TRABALHO TÍTULO: PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA DAS CRIANÇAS

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE CAMPUS CAICÓ

PROFESSORES DE CIÊNCIAS E SUAS ATUAÇÕES PEDAGÓGICAS

QUANTO VALE O MEU DINHEIRO? EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PARA O CONSUMO.

Prefeitura Municipal de Santos

PERFIL MATEMÁTICO RELATO DE EXPERIÊNCIA. Resumo:

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

O USO DO TANGRAM EM SALA DE AULA: DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO MÉDIO

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E EDUCAÇÃO ESPECIAL: uma experiência de inclusão

A IMPORTÂNCIA DO USO DO LABORATÓRIO DE GEOMETRIA NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES

OFICINA DE JOGOS MATEMÁTICOS E MATERIAIS MANIPULÁVEIS

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE JOGOS E MATERIAIS MANIPULATIVOS NO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

OFICINA SOBRE PORCENTAGEM E SUAS APLICAÇÕES NO COTIDIANO: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA PIBIDIANA

PRÁTICAS LÚDICAS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA DO INFANTIL IV E V DA ESCOLA SIMÃO BARBOSA DE MERUOCA-CE

UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA MOODLE PARA O ENSINO DE MATRIZES E DETERMINANTES

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE DE LICENCIANDOS EM MATEMÁTICA

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NUMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA: DA TEORIA À PRÁTICA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID): UMA AVALIAÇÃO DA ESCOLA SOBRE SUAS CONTRIBUIÇÕES

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS DA EJA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

O MATERIAL DIDÁTICO PEÇAS RETANGULARES

OLIMPIADAS DE MATEMÁTICA E O DESPERTAR PELO PRAZER DE ESTUDAR MATEMÁTICA

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

O USO DE JOGOS DE CARTAS COMO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA

O JOGO COMO INSTRUMENTO FACILITADOR NO ENSINO DA MATEMÁTICA

ENSINO E APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, COM A UTILIZAÇÃO DE JOGOS DIDÁTICOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Luzinete André dos Santos LER, INTERPRETAR E PRATICAR A MATEMÁTICA

ESTADO DE SANTA CATARINA Secretaria de Estado da Educação Diretoria de Educação Básica e Profissional

COMUNIDADE AQUÁTICA: EXTENSÃO EM NATAÇÃO E ATENÇÃO AO DESEMPENHO ESCOLAR EM JATAÍ-GO.

A ORALIZAÇÃO COMO MANIFESTAÇÃO LITERÁRIA EM SALA DE AULA

AS RELAÇÕES DO ESTUDANTE COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO REGULAR INCLUSIVO

ESCOLAS PIBIDIANAS NO TEATRO

PROCESSO EDUCATIVO, DA SALA DE AULA À EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

PEDAGOGIA EM AÇÃO: O USO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COMO ELEMENTO INDISPENSÁVEL PARA A TRANSFORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO ENSINO DAS PROPRIEDADES DE POTÊNCIAS

IDENTIFICANDO AS DISCIPLINAS DE BAIXO RENDIMENTO NOS CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS AO ENSINO MÉDIO DO IF GOIANO - CÂMPUS URUTAÍ

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DE OFICINAS PEDAGÓGICAS NAS ESCOLAS DO CAMPO

DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA: REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO PIBID

LUTAS E BRIGAS: QUESTIONAMENTOS COM ALUNOS DA 6ª ANO DE UMA ESCOLA PELO PROJETO PIBID/UNIFEB DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1

A IMPORTANCIA DOS RECURSOS DIDÁTICOS NA AULA DE GEOGRAFIA

O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE JOGOS EM SALA DE AULA E DE UM OLHAR SENSÍVEL DO PROFESSOR

Bingo Químico em Braille.

A IMPORTÂNCIA DO PIBID NO CONTEXTO ENSINO APRENDIZAGEM REPORTADA POR ALUNOS DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO

CURSO: EDUCAR PARA TRANSFORMAR. Fundação Carmelitana Mário Palmério Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

CONSTRUÇÃO DE QUADRINHOS ATRELADOS A EPISÓDIOS HISTÓRICOS PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA RESUMO

ENSINO DE CIÊNCIAS PARA SURDOS UMA INVESTIGAÇÃO COM PROFESSORES E INTÉRPRETES DE LIBRAS.

SUPERVISOR DARLAN B. OLIVEIRA

MANUAL DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO ADMINISTRAÇÃO

PRAZER NA LEITURA: UMA QUESTÃO DE APRESENTAÇÃO / DESPERTANDO O PRAZER NA LEITURA EM JOVENS DO ENSINO MÉDIO

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO. Prof. Msc Milene Silva

As músicas do meu Brasil : o trabalho com atividades de apreciação musical significativa em sala de aula

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Introdução. São João del Rei 10 de Janeiro de 2012 Página 1

Projeto em Capacitação ao Atendimento de Educação Especial

O ORIGAMI: MUITO MAIS QUE SIMPLES DOBRADURAS

Copos e trava-línguas: materiais sonoros para a composição na aula de música

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

PROVA BRASIL E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Palavras-Chave: docência, alfabetização, letramento.

HORTA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA CONSCIÊNCIA PLANETÁRIA

O USO DE JOGOS DE CARTAS COMO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NOS ANOS INICIAIS: UMA PERSPECTIVA INTERGERACIONAL

PROJETOS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: DO PLANEJAMENTO À AÇÃO.

ANÁLISE DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DE XINGUARA, PARÁ SOBRE O ENSINO DE FRAÇÕES

II MOSTRA CULTURAL E CIENTÍFICA LÉO KOHLER 50 ANOS CONSTRUINDO HISTÓRIA

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

Estatística à Distância: uma experiência

Pedagogia Estácio FAMAP

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

O LÚDICO: SUA IMPORTÂNCIA NO ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

O JOGO DE XADREZ COMO RECURSO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGEM ESCOLAR DE ALUNOS DO 6º ANO

A MATEMÁTICA NO CARTÃO DE CRÉDITO

CARTA ABERTA EM DEFESA DO PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA

ISSN TRILHA PITAGÓRICA

O ESTUDO DE CIÊNCIAS NATURAIS ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA RESUMO

ANEXO II EDITAL Nº 80/2013/PIBID/UFG PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - PIBID

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID ESPANHOL

Avaliação-Pibid-Metas

PROJETO MEDIAR Matemática, uma Experiência Divertida com ARte

5 Considerações finais

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

O ENSINO DE QUÍMICA ORGÂNICA ATRAVÉS DE JOGOS LÚDICOS RESUMO

RELATÓRIO DE TRABALHO DOCENTE SETEMBRO DE 2012 EREM - LICEU DE ARTES E OFÍCIOS

O ENSINO DA FORMAÇÃO DE IMAGENS EM LENTES ESFÉRICAS COM BASE NO ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DA LUNETA DE GALILEO

A PRÁTICA DE JOGOS PARA A INTERIORIZAÇÃO DOS NOMES DE CAPITAIS E ESTADOS DO BRASIL NO ENSINO FUNDAMENTAL II

DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA NA ESCOLA OSVALDO DA COSTA E SILVA: ALGUMAS CAUSAS E POSSÍVESIS SOLUÇÕES

Transcrição:

EXPERIÊNCIAS DE ALUNOS EM FORMAÇÃO INICIAL EM MATEMÁTICA: MONITORIAS E JOGOS CONTRIBUINDO PARA ALIAR TEORIA E PRÁTICA Adriana Andrade Bastos Aluna da Especialização em Docência na Educação Técnica, Profissional e Tecnológica e Supervisora Bolsista do projeto PIBID na Escola. Bianca Peixoto Gottfried Acadêmica do curso de Licenciatura em Física e Bolsista de Iniciação Científica Instituto Federal Farroupilha-Câmpus São Borja Mara Motta Acadêmica do curso de Licenciatura em Matemática e Bolsista PIBIB Instituto Federal Farroupilha-Câmpus São Borja Resumo: O presente projeto de iniciação à docência para alunos de cursos de licenciatura em Matemática, financiado pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), foi desenvolvido em uma Escola Pública Estadual de periferia, com alunos de classe social baixa, que não possuem acesso a bens como livros, jogos e computadores, a não ser os da própria escola. Durante três meses, acompanhamos oito turmas do ensino fundamental, entre o sexto ano e oitava série, como monitores e constatamos várias dificuldades no aprendizado dos alunos. A participação no projeto nos mostrou uma realidade inesperada, que o problema estende-se desde o conhecimento prévio do aluno do Ensino Fundamental até a falta de motivação, o que é necessário para o desenvolvimento de qualquer atividade de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, este trabalho mostrará resultado das propostas desenvolvidas nas referidas turmas, apontando dificuldades e possíveis aspectos a serem melhorados. Palavras-chave: Educação; Ensino Fundamental; PIBID. Introdução O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um projeto que visa o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores

para a educação básica. Os projetos para este programa devem promover a inserção dos acadêmicos de licenciatura em matemática no contexto das escolas públicas, desde o início da sua formação acadêmica, para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas com orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola. O relatório apresenta a experiência vivida pelos alunos da Licenciatura em Matemática do Instituto Federal Farroupilha (IF Farroupilha), Câmpus São Borja, em uma escola da Rede Pública Estadual. Os alunos da licenciatura envolvidos neste trabalho estão atualmente cursando o terceiro semestre do curso de Licenciatura em Matemática. A apresentação deste relato de experiência segue nas próximas linhas da seguinte forma: preparação para iniciarmos o projeto; narração sobre a recepção do projeto pelos alunos; monitorias realizadas pelos alunos da iniciação em docência. Finalmente, as considerações finais que apresentam nossos olhares e percepções sobre os três meses de atividades desenvolvidas durante o segundo semestre de 2012, assim como as perspectivas para as próximas etapas do projeto. Preparação para as atividades Em julho de 2012, participamos de um processo seletivo, através de um questionário e de entrevistas, que foram realizadas pelos coordenadores do curso de Licenciatura em Matemática e do projeto PIBID, para sermos bolsistas do referido projeto. Nessa seleção, foram selecionados dez alunos do curso de Licenciatura em Matemática, baseados em critérios de disponibilidade e perspectiva como docente. Feita a seleção, iniciamos as reuniões para organizar a metodologia e os materiais que seriam utilizados em sala de aula, além de dividir os dez bolsistas selecionados em dois grupos de cinco alunos para atender duas escolas da cidade, previamente selecionadas, com base nas notas do IDEB (Índice do Desenvolvimento da Educação Básica), sendo que ambas possuem baixos índices de desenvolvimento.

Nas reuniões seguintes montamos, juntamente com as coordenadoras e professora supervisora do projeto na escola, o cronograma de atividades a ser realizado no período entre agosto de 2012 e agosto de 2013. Definidas as tarefas, começamos a confecção do material a ser utilizado. Optamos por começar com jogos que envolvessem tabuada básica, para que pudéssemos ter uma base do nível de conhecimento matemático dos alunos, sendo a aplicação dos jogos feita em todas as turmas, uma a uma, não levando em consideração a idade e a série dos alunos, possibilitando-nos, com esse contato inicial, fazer um planejamento das aulas seguintes. Segundo Lara (2003), os jogos possibilitam desenvolver nos alunos concentração, várias habilidades, o espírito criativo e curioso, companheirismo, e, como consequência, autoconfiança e autoestima. O trabalho dos jogos iniciou com as seguintes propostas: Tabuada Mágica: - Cartolina gessada - E.V.A - Cola - Canetão preto - Régua - Borrachinhas de atilho - Tesoura O processo de montagem desse jogo é simples. Recortamos 40 quadrados de 20x20 cm, e 81 quadradinhos de 1x1 cm de E.V.A. para cada cartela, totalizando 3240 quadradinhos. Riscamos as cartelas em dez linhas e dez colunas, numerando de um a nove a primeira coluna e a primeira linha. No restante dos quadrados foram colados os quadrinhos de E.V.A. Com duas borrachinhas, uma colocada na linha e outra na coluna, conseguimos encontrar o resultado da multiplicação contando o número de quadrinhos que ficam na parte interior do quadro que era montado pelas borrachinhas. Exemplo: 4 vezes 4, com as borrachas uma na linha número 4, e outra na coluna número 4, seriam contados 16 quadrinhos de E.V.A. Bingo da multiplicação:

- Cartolina - Canetão - Régua - Tesoura - Grãos de milho Para confeccionar essa atividade, recortamos cartelas de 18x18 cm, riscando cada uma de 6 em 6 cm, formando nove quadrados, em que seriam escritos os resultados da tabuada aleatoriamente. Confeccionamos ainda as multiplicações de um a nove para que fossem sorteadas no momento do jogo. Com todo o material pronto começamos as atividades em sala de aula. Decidimos iniciar as nossas atividades na escola através de jogos, para que as crianças se sentissem atraídas e motivadas com a nossa proposta de trabalho no desenvolvimento do raciocínio lógico deles, posto que a Matemática ainda é tida como um dos tópicos no Ensino Fundamental e Médio onde os educandos apresentam mais dificuldades, e um dos nossos objetivos é desmistificar o conceito de que uma aula de matemática torne-se de certa forma monótona. Os Parâmetros Curriculares Nacionais enfatizam que a participação em jogos de grupo também representa uma conquista cognitiva, emocional moral e social para a criança e um estímulo para o desenvolvimento lógico (BRASIL, 1997, p.49). Em cada turma, permanecemos um período de 50min, aplicando os jogos. Fomos muito bem recebidos em todas as turmas, mas mesmo assim notamos as dificuldades dos alunos para a resolução de multiplicações básicas. Alguns momentos:

Apresentamos aos alunos a tabuada mágica ensinando-os como utilizála. Eles ficaram maravilhados com a facilidade de encontrarem o resultado de forma tão simples e direta. Logo após, jogamos o bingo da multiplicação, sorteávamos uma multiplicação e deixávamos que eles encontrassem o resultado, podendo consultar a tabuada mágica quando não soubessem o resultado, e verificassem ainda, se em sua cartela teria o resultado da multiplicação sorteada. Alguns minutos depois corrigíamos o resultado. Isso foi realizado até que algum dos participantes do jogo completasse a cartela. A premiação era feita com pirulitos e chocolates, o que divertia e chamava a atenção do aluno como que o conquistando aos poucos. Monitorias Percebemos,, através da brincadeira que o nosso trabalho não seria tão fácil, pois os alunos apresentaram muitas dificuldades no raciocínio lógico, na concentração, assim como na abstração. Ao nos depararmos com essa realidade, concluímos que estávamos diante de um grande desafio, mostrar a eles que é possível desfrutar dos ensinamentos de matemática associados ao cotidiano e situações da vida prática. Em reunião com a professora supervisora do projeto na escola, foi decidido que além de levarmos a Matemática de uma forma diferente, mostrando-lhes que ela é essencial para o entendimento do mundo em que vivemos. Diante da problemática observada nas séries, iríamos, uma vez por semana, atender em cada turma, em horários extracurriculares, auxiliando nas

dúvidas existentes em relação aos conteúdos ministrados pelas professoras de cada série. A partir de então, nos foram passados os conteúdos que estavam sendo vistos em cada série e turma. Uma vez por semana, nos reuníamos no laboratório de Matemática do Instituto Federal Farroupilha para a elaboração do planejamento das aulas de reforço. Para os sextos anos e sextas séries as aulas eram ministradas na própria escola, pois se tratavam de crianças entre 10 e 12 anos. Já as sétimas e oitavas séries dirigiam-se para o Câmpus, local em que participavam das aulas de reforço. Todos os alunos envolvidos no projeto, e que necessitavam dirigir-se à instituição, deviam apresentar autorização dos pais. O momento inicial da monitoria iniciava com um diálogo descontraído com os alunos, o que nos ajudou a ter mais proximidade com eles. Questões como as notas dos alunos, quais dificuldades eram mais constantes e quais perspectivas teriam com as aulas de reforço propostas pelos alunos-monitores. A grande maioria dos estudantes era bem receptiva, e alguns alunos mais desinibidos falavam sobre as dificuldades da turma com relação à Matemática expondo ideias para que essas dificuldades fossem sanadas. Assim, começamos a introduzir nosso planejamento do conteúdo, com o objetivo de elucidar as dúvidas que os alunos viessem a ter. Foi feita uma breve retomada do conteúdo, sendo em seguida criada uma problematização em cima da matéria para criar uma investigação, desenvolvendo a capacidade de raciocínio dos alunos e também os ajudando a assimilar o conteúdo. Com os sextos anos e sextas séries, percebemos que as dúvidas que pensamos que iriam ser discutidas e esclarecidas com explicações lógicas, palpáveis e práticas não eram assim tão simples, pois não se tratavam apenas de dúvidas em relação a um conteúdo específico, e sim, dúvidas sobre tudo que havia sido trabalhado desde o início do ano letivo. Quanto mais nos aprofundamos em conhecer as dificuldades dos alunos, mais dúvidas surgiam a respeito dos conteúdos, evidenciando cada vez mais o grande desafio que tínhamos pela frente. Com as demais turmas não foi muito diferente. Nas sétimas séries, as dúvidas, tornaram-se maiores, pois a cada série elas se acumulam, além de

percebermos também que o entusiasmo e a vontade de aprender diminuíam significativamente. Foi então que nos deparamos com mais um obstáculo a ser superado, o de melhorar a parte motivacional destes alunos. Nas turmas de oitava série, a realidade de conhecimento que encontramos também não foi satisfatória, levando-nos a trabalhar paralelamente conteúdos de séries anteriores como fatoração, divisão, multiplicação, regra de sinais, entre outros. Porém, uma pequena parte da turma demonstrava que dominava regularmente bem o conteúdo, apesar de ser visível a dificuldade em cálculos ou conceitos um pouco mais complexos. Nas reuniões semanais, discutíamos sobre o que era visto em sala de aula, e apesar do nosso esforço em tentar motivá-los evidenciava-se a nossa pouca evolução neste quesito. A maioria dos alunos não se manifestava em relação as nossas monitorias. Os poucos que faziam eram os mesmos que demonstraram uma melhora no conhecimento, pois eram os mais participativos e com melhor entusiasmo, o que nos levou a observar que alguns deles são mais interessados que os outros e que nosso trabalho começava encontrar um rumo satisfatório. Considerações Finais A realidade com que nos deparamos nesta escola, evidenciando inúmeras dificuldades, é inerente à profissão de professor, nos mostrando que nem tudo é fácil e que teremos um longo e árduo caminho em nossas formações e posteriormente na nossa caminhada. De setembro a dezembro de 2012, percebemos em nossas monitorias que uma parte dos alunos saiu de sala de aula compreendendo significantemente a matéria apresentada pelos monitores. Tivemos, ainda, pouco contato com as professoras de matemática das turmas durante as monitorias, pois trabalhávamos em turno inverso. Este contato a que nos referimos com os professores das turmas é de vital importância para que possamos direcionar nosso trabalho para futuras atividades. Percebemos que os alunos apresentam muitas dificuldades, dessa

forma, tanto as atividades com jogos e as monitorias podem contribuir para uma melhora do entendimento matemático. Sabemos que a disciplina de Matemática quanto trabalhada não só teoricamente, mas de forma teórico-prática, possibilita que o aluno entenda melhor os saberes matemáticos. Pimenta (2002) traz que é indissociável a relação entre teoria e prática, colocando que uma complementa a outra. Maria da Graça Nicoletti Mizukami (2001) em relação ao papel da teoria nos apresenta o seguinte: O papel da teoria é, muitas vezes limitado. Para alguns aspectos do fenômeno educativo, a explicação das relações envolvidas pode não ser suficientemente desenvolvida ou abrangente, e sua incompletude pode, inclusive, servir de guia ou fornecer elementos para reflexão. Não há teoria que, por sua própria natureza, fins e prioridades, seja elaborada e resista às mudanças sociais, filosóficas, psicológicas, pelo menos do ponto de vista do ser humano que a examina, a utiliza e participa do mundo que o cerca. (Mizukami, 2001, p.106) Dessa forma, é imprescindível perceber que uma depende da outra e que atividades como jogos matemáticos e monitorias agregam mais significado aos conceitos trabalhados na sala de aula. Percebe-se também que os alunos precisam enxergar de maneira mais significativa e aliada a sua realidade o que está sendo ensinado, para que a partir de então possam visualizar, elaborar e raciocinar de forma lógica sobre o problema apresentado, dentro desta visão é necessário direcionar nossos planejamentos, a fim de atingir os alunos, tocando-os de maneira que eles desenvolvam os conhecimentos matemáticos de forma mais atraente. Os PCN s (1997) sobre o ensino da Matemática atribuem papéis distintos ao mesmo: um é o Formativo, que ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio dedutivo, e o outro é o instrumental, pois a matemática é uma ferramenta que serve para a vida cotidiana e para muitas tarefas específicas em quase todas as atividades humanas. Dessa forma, é possível entendê-la de maneira que possibilite interpretações e habilidades que possam vir agregadas a melhorar aspectos do cotidiano dos nossos alunos. Vale salientar que vários são os fatores que precisam ser considerados em nossos planejamentos, como: alunos inclusos nas classes regulares, vários alunos com Déficit Intelectual (DI) ou dificuldade na aprendizagem e Dislexia. Outros fatores são que a grande maioria dos pais não acompanha a vida

escolar dos filhos. Além disso, o perfil dos alunos varia conforme sua individualidade. Alguns alunos demonstram agitação, outros, apatia ou pouca iniciativa. Há também casos de alunos com dificuldades de relacionamento (aluno X aluno aluno X professor). Nesse sentido, as atividades pedagógicas precisam atender as peculiaridades de cada aluno, mesmo na totalidade e na heterogeneidade. Então, a formação inicial e o PIBID nos permitem aos poucos mostrar que precisamos estar cientes das inúmeras dificuldades que enfrentaremos e que estas serão muitas, mas não impossíveis. Agradecimentos Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo fomento desse projeto, assim como a Escola, em nome de sua diretora, por ter auxiliado e aceitado participar do mesmo. Referências BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. LARA, Isabel Cristina Machado de. Jogando com a matemática de 5ª a 8ª série. São Paulo. MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 2001. PIMENTA, Selma Garrido. O Estágio na formação de professores: unidade teoria e prática? 5ª ed. São Paulo, 2002