ANAIS ANÁLISE DA EFICIÊNCIA PORTUÁRIA DA REGIÃO SUL DO BRASIL



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ANÁLISE DA EFICIÊNCIA PORTUÁRIA DA REGIÃO SUL DO BRASIL GABRIEL SPERANDIO MILAN ( gsmilan@ucs.br, gabmilan@terra.com.br ) UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL GUILHERME BERGMANN BORGES VIEIRA ( gbvieira@cpovo.net ) UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL ROBERTO BIRCH GONÇALVES ( rbgoncal@ucs.br ) UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL RESUMO O estudo avaliou comparativamente a eficiência dos terminais de contêineres dos portos da Região Sul do Brasil, utilizando-se o método da Análise Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis). Tal método é indicado para comparar a eficiência relativa de unidades de negócios utilizando diferentes inputs e outputs, ainda que estejam em diferentes unidades de medida, pois se trata de uma técnica não paramétrica. Considerou-se como inputs dados relativos a calado, extensão dos berços, capacidade estática e quantidade de gruas em cada terminal estudado e como outputs dados relativos à quantidade de navios, movimentação de contêineres e produtividade. A escolha das variáveis de input relacionadas à infraestrutura e de output associadas à operação foi baseada em estudos anteriores. A aplicação do método se mostrou adequada e os resultados obtidos podem ser utilizados para orientar o processo de tomada de decisão nos portos estudados. Palavras-chave: avaliação da eficiência, Data Envelopment Analysis (DEA), gestão portuária. 1. INTRODUÇÃO Desde tempos remotos, o mar se revela como um espaço de destaque no desenvolvimento da economia mundial, sendo os portos agentes facilitadores para tal desenvolvimento. A história portuária brasileira nos remete a 28/01/1808, data em que foi assinado, pelo Príncipe Regente Dom João de Portugal, o Decreto de Abertura dos Portos às nações amigas, o qual determinou, também, que todos os portos fossem administrados pelo Estado (SEP/PR, 2011). Passados muitos anos, um cenário de falta de investimentos, aliado ao crescimento do comércio, decorrente da globalização e da abertura de diversas economias, acabou gerando um déficit na infraestrutura portuária brasileira, o que vem influenciando sobremaneira a competitividade das organizações, principalmente no mercado externo. Além disso, é possível observar um mau uso da infraestrutura existente, o que justifica a importância da realização de estudos sobre eficiência e governança portuária no país, inclusive analisando-se casos de 1/12

portos bem sucedidos no exterior, no sentido de utilizá-los com benchmarking (MILAN; VIEIRA, 2011; VIEIRA et al., 2011; VIEIRA et al., 2013). A falta de investimentos em infraestrutura no Brasil causou um impacto negativo no desenvolvimento do setor portuário e os portos se tornaram pouco equipados e despreparados para atender às novas necessidades ou demandas do transporte marítimo e prover a necessária agilidade no manuseio de cargas, exigida pelos novos padrões internacionais. Atualmente, a grande maioria dos portos brasileiros possui terminais privados, os quais estão investindo para mudar esta realidade e colocar o Brasil em um novo patamar de eficiência e, principalmente, de qualidade dos serviços prestados. Neste sentido, é essencial que se pondere a respeito de alguns fatores relacionados com a eficiência portuária brasileira para identificar, comparativamente, os portos mais eficientes e orientar ações de melhoria no setor. Atualmente, o ambiente portuário da Região Sul do Brasil, em específico, é composto por sete portos, os quais estão localizados nas seguintes cidades (e estados): Paranaguá (PR), Itapoá (SC), São Francisco do Sul (SC), Itajaí (SC), Navegantes (SC), Imbituba (SC) e Rio Grande (RS). Alguns desses portos estão entre os mais importantes do Brasil na movimentação de cargas, tanto de exportação quanto de importação, e são de relevante importância para o desenvolvimento regional e nacional. Considerando, portanto, este contexto, o presente trabalho teve como objetivo geral analisar a eficiência dos portos da Região Sul do Brasil, por meio do método da Análise Envoltória de Dados (AED ou Data Envelopment Analysis DEA). Para tanto, foram estabelecidos, ainda, os seguintes objetivos específicos: (i) caracterizar os portos estudados; (ii) selecionar os dados e as informações para a correta escolha de variáveis de input e de output a serem utilizadas para a AED (DEA); (iii) analisar a eficiência dos portos com base na AED (DEA); e (iv) avaliar os resultados obtidos, indicando direcionamentos para o aumento da eficiência dos portos estudados. É oportuno ressaltar que a justificativa da pesquisa se baseia, essencialmente, em três dimensões: (i) para o ambiente portuário, como base e parecer independente, é importante analisar a eficiência portuária regional; (ii) para o ambiente externo, também, pois poderá contribuir para o desenvolvimento e tomada de decisões tanto em nível político (governamental) quanto no âmbito privado para organizações focadas em operações que envolvam ou se utilizem do universo portuário em questão; e (iii) além disso, para o meio acadêmico, uma vez que o estudo poderá servir de referência para pesquisas futuras. 2. EMBASAMENTO TEÓRICO 2.1 Produtividade, Eficiência e Eficácia e os Portos: Principais Conceitos Em um mundo cada vez mais focado em resultados, não se fala somente em produzir, mas sim em produzir bem. Neste horizonte, devem ser considerados fundamentalmente os conceitos de produtividade, eficiência e eficácia. De acordo com Coelli, Rao e Battese (1999), a produtividade é a razão entre dois fatores, ou seja, o que foi produzido e o que foi gasto ou consumido. Conforme o relatório publicado pela CEPAL Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL, 2006), a busca pela produtividade pode trazer muitas vantagens, como, por exemplo: a otimização de recursos, os quais geralmente são escassos; a identificação de unidades de 2/12

negócio mais produtivas, indicando prioridades; a definição de estratégias e ações, que repercutem na necessidade de investimentos a fim de aumentar a produtividade; o redirecionamento de uma unidade de negócios, quando esta é ou está ineficiente; e a definição do nível de investimento exigido para incrementar a produção de uma forma global. Sabe-se, portanto, que as vantagens são inúmeras quando se trabalha na busca pela produtividade, porém, geralmente é possível se lidar com alguns limitadores, mas não com todos, principalmente ao mesmo tempo. Por exemplo, dentro de uma indústria, mesmo ao se adotar uma série de ações para aumentar a produtividade, podemos não obter um adequado nível de produtividade, de qualidade ou de satisfação dos clientes. Assim sendo, deve-se considerar, também, a eficácia ou o grau de atendimento às especificações internas ou às expectativas externas (de mercado) (JURAN; DE FEO, 2010; KOTLER; KELLER, 2012). A eficácia, então, está ligada ao que é produzido, não levando em conta os inputs fatores que contribuem para a produção do produto e/ou do serviço (SOARES DE MELLO et al., 2005). Assim sendo, pode-se dizer que a eficácia é um elemento importante para a análise do desempenho, mas, quando avaliada isoladamente, não é o elemento mais adequado, pois desconsidera os dados de entrada (inputs). É neste ponto que entra a eficiência. Segundo Pearson (1993), a eficiência é a medida de proximidade entre o que foi produzido e a quantidade de referência. Rios e Maçada (2006), por sua vez, considerando a lógica da Análise Envoltória de Dados (AED ou DEA), afirmam que a eficiência deve ser resultante da comparação entre os produtos (outputs) observados e os máximos produtos alcançáveis para os recursos utilizados (inputs). De qualquer forma, seja qual for a abordagem utilizada, a eficiência é um elemento relevante para orientar melhorias que permitam a redução de custos, perdas e desperdícios e o aumento da competitividade. E a AED (DEA) é uma ferramenta útil para a análise da eficiência relativa, dado um grupo de unidades produtivas em análise. Cabe destacar que os portos fazem parte de um sistema de transporte, com funções de deslocar pessoas e mercadorias. Consoante isso, Collyer (2008) define porto como uma fronteira nacional aberta, um entreposto dinâmico de mercadorias, em que se realizam atividades (aduaneiras, alfandegárias, comerciais, sanitárias, tributárias, imigratórias, etc.). Trata-se de uma espécie de portão de entrada e de saída de riquezas, um local de abrigo para embarcações, fonte de suprimentos das atividades offshore, um ponto estratégico para a segurança das nações e, sobretudo, o mais importante elo da cadeia logística global (COLLYER, 2008). Em relação aos portos, a eficiência pode ser notada ao se levar em consideração aspectos diversos, mas necessariamente interligados, objetivando melhorar a performance. Sob o ponto de vista da distribuição de cargas globais, a eficiência é melhorada tanto pela adequação da infraestrutura quanto pelo aprimoramento da organização e do gerenciamento interno. Neste sentido, Notteboom e Rodrigue (2005) abordam a conteinerização, o SCM Supply Chain Management e a configuração do interior do porto como aspectos fundamentais que contribuem para uma maior eficiência e eficácia portuária. Além disso, é importante considerar que a eficiência portuária, especificamente, reflete-se na capacidade competitiva de uma região e, por extensão, de um país, sendo necessárias políticas governamentais compatíveis e uma forte atenção empresarial para que isso aconteça. 3/12

2.2 Análise Envoltória de Dados (AED ou Data Envelopment Analysis DEA): Aplicações no Setor Portuário O método da AED (DEA) se baseia em programação matemática e possibilita análises comparativas entre várias unidades produtivas, denominadas Decision Making Units (DMUs), inclusive, no contexto de unidades prestadoras de serviços. Seu surgimento se caracterizou como uma evolução dos métodos tradicionais de medição da eficiência das unidades produtivas. Cabe salientar, entretanto, que a AED (DEA) vai além do cálculo da eficiência, permitindo a identificação da ineficiência e a fundamentação para o desenvolvimento de planos de ações aplicáveis às DMUs ineficientes. Para Charnes, Cooper e Rhodes (1978), formuladores e desenvolvedores da AED (DEA), este método está embasado em uma programação matemática pela qual a medida da eficiência é resultante da razão da soma ponderada dos dados de saída (outputs) pelos dados de entrada (inputs). Yun, Nakayama e Tanino (2004) comentam que a AED (DEA) possui algumas características relevantes, tais como: (i) pode ser aplicada para medir diversos inputs e diversos outputs sem que sejam determinados pesos aos mesmos; (ii) pode ser utilizada na medição da eficiência a partir de dados empíricos, mesmo que não se conheça a função produção; e (iii) os tomadores de decisão (gestores) podem incorporar suas preferências ao modelo de AED (DEA). Outros autores defendem que a AED (DEA) serve para apoio na tomada de decisão multicritério, procurando modelar a complexidade da realidade (ESTELLITA LINS; ÂNGULO-MEZA, 2000). Já Cook e Zhu (2005) definem a AED (DEA) como um modelo para avaliar o desempenho de entidades nas quais se podem converter as várias entradas (inputs) em várias saídas (outputs). Além disso, Thanassoulis, Boussofiane e Dyson (1996) visualizam a AED (DEA) como uma abordagem não paramétrica para estimar o máximo de produção para os dados de entrada (inputs) ou valores mínimos necessários de entrada para uma certa produção (outputs). A AED (DEA) viabiliza a análise comparativa de processos em escalas diferentes com o auxílio da fronteira de produção, possibilitando a hierarquização dos processos segundo um critério de desempenho previamente definido (NOVAES, 1996). No setor portuário, foram realizados diversos estudos utilizando a AED (DEA). Martínez-Budría et al. (1999) analisaram a eficiência de 26 portos espanhóis utilizando tal método. Pela complexidade e variedade de tamanho (porte) dos portos, os mesmos foram divididos em três grupos a fim de que fosse possível alcançar resultados conclusivos. Tongzon (2001), por sua vez, mediu a performance de quatro portos australianos, além de outros doze portos internacionais, em 1996. Seu estudo demonstrou que a técnica da AED (DEA) é útil e adequada para a medição da eficiência em terminais de contêineres. Outros países com portos e terminais de contêineres reconhecidos mundialmente também foram estudados. É o caso dos portos de Portugal (BARROS, 2005), africanos (BARROS, 2012) e dos Estados Unidos, Inglaterra, Austrália e outros países que foram alvos das análises de eficiência de Valentine e Gray (2001). Segmentando estes portos entre privados e públicos, a pesquisa buscou verificar se algum tipo específico de administração e estrutura organizacional leva os portos a serem mais eficientes. Na ocasião, foram estudados 21 terminais de contêineres que faziam parte da lista dos 100 melhores, conforme a revista Cargo Systems de 1999. Foram escolhidos como inputs o tamanho dos berços de atracação e o total de investimentos e os outputs foram o número total de contêineres e a quantidade total 4/12

de toneladas movimentadas. O resultado fez com que o autor sugerisse uma quantidade maior de inputs na equação, pois outros dados seriam relevantes a serem considerados no estudo, uma vez que os dados apresentados mostraram apenas que a estrutura organizacional poderia ser incorporada em um modelo conceitual portuário. De forma mais abrangente, pode-se definir a AED (DEA) como sendo um método não paramétrico que serve para avaliar a eficiência comparativa de entidades (DMUs) responsáveis pela realização de operações semelhantes com múltiplos dados de entrada (inputs) e de saída (outputs), com o objetivo de modelar a realidade atual. Para a compreensão da técnica, é importante ter definidos os fatores de escala e a chamada fronteira de produção ligada à eficiência. Os fatores de escala são as respostas da produção ao aumento da quantidade de recursos (inputs), sendo que podem ser divididas em constantes e variáveis. Quando a quantidade de recursos (inputs) aumenta ou diminui proporcionalmente à quantidade de produtos (outputs), esses fatores são denominados constantes. Já os fatores de escala variáveis podem ser crescentes ou decrescentes. Os fatores de escala crescentes ocorrem quando o aumento dos recursos (inputs) gera um aumento mais que proporcional dos produtos (outputs). Quando estes acréscimos de recursos (inputs) geram um acréscimo menos que proporcional de produtos (outputs), chama-se de fator de escala decrescente (SOUSA JUNIOR, 2010). O método pode ser analisado utilizando dois modelos principais. O Modelo CCR, criado por Charnes, Cooper e Rhodes (1978), que trabalha com um constante retorno à escala de produção, ou seja, alterações promovidas nos recursos (inputs) provocam alterações proporcionais nos produtos (outputs). E O Modelo BCC, criado por Banker, Charnes e Cooper (1984), que prevê retornos variáveis, não levando em consideração a proporcionalidade entre os recursos (inputs) e os produtos (outputs). Desse modo, o Modelo BCC considera a possibilidade de rendimentos crescentes ou decrescentes na escala na fronteira eficiente, obrigando que esta seja convexa. Como dito anteriormente, os estudos sobre a eficiência portuária com aplicação da AED (DEA) podem utilizar diferentes modelos (BCC ou CCR, por exemplo, orientados a inputs ou a outputs) e variados dados de entrada e saída. A Figura 1 apresenta alguns exemplos recentes de aplicações do método no setor portuário, desenvolvidos em diversos países e regiões, inclusive no Brasil, e considerando diversos inputs e outputs. Figura 1: Exemplos de estudos utilizando o DEA no setor portuário Autores Inputs Outputs Amostras Hung, Lu e Wang (2010) Sharma e Yu (2010) Número de berços, área do terminal em m², número de guindastes do cais (ship-shore container gantry) e comprimento do cais em metros Área do terminal em m², comprimento do cais em metros, número de guindastes (cranes), número de guindastes de transferência (transfer cranes), número de empilhadeiras de alcance (reach stacker), e número de equipamentos de movimentação de contêineres (straddle carriers) Movimentação anual em TEUs Movimentação anual em TEUs 31 portos da Ásia 70 portos de contêineres 5/12

Lozano, Villa e Canca (2011) Barros (2012) Niavis e Tsekeris (2012) Wanke (2013) Bichou (2013) Yuen, Zhang e Cheung (2013) Trujillo, González e Jiménez (2013) Fonte: Elaborada pelos autores. Área do terminal em m², comprimento do cais em metros, número de guindastes (cranes) e número de rebocadores (tugs) Área total do terminal em m², comprimento do cais em metros e número de trabalhadores Comprimento do cais em metros, número de berços e número de guindastes (cranes) Número de berços, área do armazém em m² e área do pátio em m² Área total do terminal em m², comprimento do cais em metros, número de portões (gates), número de guindastes de cais e pátio, equipamentos de movimentação de carga, esteiras, caminhões, tratores e outros veículos internos Área do terminal em m², comprimento do cais em metros, número de berços, número de guindastes de cais e número de guindastes de pátio Área total do terminal em m, berços em metros e número de guindastes Movimentação anual em TEUs, tráfego de cargas em toneladas/ ano e número de navios por ano Movimentação anual em TEUs, granéis sólidos em toneladas, granéis líquidos em toneladas e número de dias para a movimentação da carga Movimentação anual em TEUs Movimentação anual em TEUs e rendimento anual dos granéis sólidos em tonelada Movimentação anual em TEUs Movimentação anual em TEUs Movimentação anual em TEUs Portos espanhóis Portos africanos 30 portos do sudeste da Europa 27 portos brasileiros 420 terminais de contêineres Portos chineses Portos africanos 3. MÉTODO DE PESQUISA Nesta seção, são descritos os procedimentos metodológicos utilizados neste trabalho, abordando os seguintes aspectos: amostra; modelo de AED (DEA) utilizado, variáveis consideradas e plano de coleta de dados. No presente estudo, foram considerados sete terminais de contêineres de sete portos da Região Sul do Brasil, localizados nas cidades (e estados) de Paranaguá (PR), Itapoá (SC), São Francisco do Sul (SC), Itajaí (SC), Navegantes (SC), Imbituba (SC) e Rio Grande (RS). Quanto ao modelo de AED (DEA) utilizado, considerou-se o Modelo CCR (CHARNES; COOPER; RHODES, 1978), o qual é o modelo mais conhecido e utilizado (SOUSA JUNIOR, 2010). O CCR é um modelo utilizado quando existe uma relação entre inputs e outputs com escalas constantes. Foi o primeiro modelo de AED (DEA) desenvolvido e passou a ser chamado assim depois que Charnes, Cooper e Rodhes (1978) o apresentaram. O modelo CCR pode ser estruturado supondo DMUs utilizando i inputs para produzir o 6/12

outputs. O CCR pode ser orientado tanto a inputs quanto a outputs. No presente estudo, foi considerada a orientação a inputs. A seleção de variáveis se deu para um único tipo de carga, o contêiner. Foram selecionadas variáveis de input relacionadas à infraestrutura e variáveis de output associadas à operação. As seguintes variáveis foram consideradas como inputs: calado (em metros), extensão do berço (em metros), capacidade estática (em TEUs Twenty Feet or Equivalent Unit, unidade de vinte pés ou equivalente) e número de guindastes (portainers). Já os outputs considerados foram os seguintes: navios (quantidade), movimentação (em TEUs) e produtividade no cais (unid/h). Para a seleção das variáveis, foi utilizada como referência a literatura da área, especialmente o estudo de Sousa Junior (2010) principalmente por ter sido desenvolvido no Brasil (na Região Nordeste), de forma metódica, e por refletir significativamente as recomendações encontradas na literatura da área. No que diz respeito ao plano de coleta de dados, trabalhou-se exclusivamente com dados secundários, disponíveis no sistema Desempenho Portuário da ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários e complementados por informações obtidas junto aos portos estudados. 4. PRINCIPAIS RESULTADOS Os portos e terminais que operam contêineres na Região Sul do Brasil e que foram considerados no estudo são os seguintes: (i) TCP Terminal de Contêineres de Paranaguá, no Porto de Paranaguá (PR); (ii) Terminal de Contêineres de Itapoá, no Porto de Itapoá (SC); (iii) TESC Terminal Santa Catarina, no Porto de São Francisco do Sul (SC); (iv) APM Terminal Itajaí, no Porto de Itajaí (SC); (v) Portonave, no Porto de Navegantes (SC); (vi) TECON Terminal de Contêineres Imbituba, no Porto de Imbituba (SC); e (vii) TECON Terminal de Contêineres de Rio Grande, no Porto de Rio Grande (RS). Para a AED (DEA), as variáveis consideradas como inputs e outputs já foram apresentadas na seção anterior. Os dados coletados para cada porto, acerca de cada variável, são apresentados na Tabela 1. Tabela 1: Dados de input e output para cada porto estudado Portos Terminais Calado (m) Berços (m) Inputs Capac. (TEUs) Portainers (unid) Navios (un) Outputs Mov. (TEUs) Paranaguá TCP 12,3 564 28.000 4 830 396.933 35 Itapoá Itapoá 16,0 630 10.000 4 112 23.928 54 S. Fco. do Sul TESC 12,0 603 3.000 1 318 120.750 40 Itajaí APM 11,4 535 14.000 2 434 258.262 77 Navegantes Portonave 11,0 900 20.000 3 619 350.529 60 Imbituba Tecon Imbituba 11,0 660 7.444 2 186 11.537 40 Rio Grande Tecon Rio Grande 14,5 900 30.000 6 854 382.933 49 Fonte: Dados disponibilizados pela ANTAQ e dos portos estudados. Prod. (mph) 7/12

Conforme se observa na Tabela 1, os terminais TCP Paranaguá e TECON Rio Grande dos portos de Paranaguá (PR) e de Rio Grande (RS), respectivamente, apresentaram a maior quantidade de contêineres movimentados, seguidos dos terminais Portonave (Navegantes em SC) e APM (Itajaí em SC). Quanto à produtividade (mph) dos contêineres (portainers), percebe-se que o terminal de Itajaí (SC) registra a maior produtividade (77 mph), sendo seguido por Navegantes (60 mph) e Itapoá (54 mph), ambos de SC. Observa-se que o TECON Rio Grande apresentou uma maior disponibilidade de equipamentos para movimentação de contêineres (portainers), mas não conseguiu registrar uma produtividade superior aos seus concorrentes Itajaí, Navegantes e Itapoá. A Tabela 2 apresenta os resultados da AED (DEA). Na média, os portos da Região Sul apresentam um elevado grau de eficiência (92,9%). Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC), Itajaí (SC) e Navegantes (SC) são os portos mais eficientes (100%). O porto de Rio Grande (RS) aparece a seguir, com uma eficiência relativa de 93,90%. Já os portos de Itapoá (SC) e Imbituba (SC) apresentam uma eficiência menor, de 80,70% e 75,40%, respectivamente. Tabela 2: Eficiência relativa dos portos Portos da Região Sul Analisados Eficiência Relativa dos Portos (em %) Paranaguá (PR) 100 Itapoá (SC) 80,70 São Francisco do Sul (SC) 100 Itajaí (SC) 100 Navegantes (SC) 100 Imbituba (SC) 75,40 Rio Grande (RS) 93,90 Média dos Portos da Região Sul 92,90 Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados provenientes da pesquisa. No que se refere às referências de eficiência (peers), percebe-se que o porto de Itajaí (SC) é referência para Itapoá (SC) e Imbituba (SC), enquanto o porto de São Francisco do Sul (SC) é referência para Itapoá (SC), Imbituba (SC) e Rio Grande (RS) (vide Figura 2). Figura 2: Lista de referências Portos da Região Sul Analisados Referências (Peers) Paranaguá Paranaguá Itapoá Itajaí e São Francisco do Sul São Francisco do Sul São Francisco do Sul Itajaí Itajaí Navegantes Navegantes Imbituba Itajaí e São Francisco do Sul Rio Grande São Francisco do Sul, Paranaguá e Navegantes Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados provenientes da pesquisa. 8/12

Quanto às metas de desempenho de outputs de todos os portos, de acordo com percebe-se na Tabela 3 que, considerados os inputs existentes, os portos de Itapoá (SC) e Imbituba (SC) deveriam apresentar um maior número de navios atendidos, bem como uma maior movimentação de contêineres (portainers). Já o porto de Rio Grande (RS) deveria apenas aumentar ligeiramente a sua movimentação de contêineres (portainers). Tabela 3: Resumo das metas de outputs Portos da Região Sul Analisados Navios (un) Movimentação (TEUs) Produtividade (mph) Real Meta Real Meta Real Meta Paranaguá 830 830 396.933 396.933 35 35 Itapoá 112 342 23.928 175.627 54 54 São Francisco do Sul 318 318 120.750 120.750 40 40 Itajaí 434 434 258.262 258.262 77 77 Navegantes 619 619 350.529 350.529 60 60 Imbituba 186 261 11.537 128.940 40 40 Rio Grande 854 854 382.933 426.046 49 49 Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados provenientes da pesquisa. Quanto às metas de desempenho de inputs de cada porto, verifica-se, na Tabela 4, que os portos de Itapoá (SC), Imbituba (SC) e Rio Grande (RS) apresentam uma folga na extensão de berços e na capacidade estática, considerando os dados de saída (outputs) existentes. Tabela 4: Resumo das metas de inputs Portos da Região Sul Analisados Calado (m) Berço (m) Capac. (TEUs) Portainers (un) Real Meta Real Meta Real Meta Real Meta Paranaguá 12,3 12,3 564 564 28.000 28.000 4 4 Itapoá 16,0 10,5 630 508 10.000 8.068 4 1 São Francisco do Sul 12,0 12,0 603 603 3.000 3.000 1 1 Itajaí 11,4 11,4 535 535 14.000 14.000 2 2 Navegantes 11,0 11,0 900 900 20.000 20.000 3 3 Imbituba 11,0 8,3 660 404 7.444 5.609 2 1 Rio Grande 14,5 13,6 900 764 30.000 28.163 6 4 Fonte: Elaborada pelos autores com base nos dados provenientes da pesquisa. O mesmo foi observado para o input calado, mas, dadas as características do setor e o aumento no tamanho (porte) dos navios, poderia não ser viável em termos operacionais a redução do mesmo. No que se refere a esta folga observada, deve-se considerar, ainda, a necessidade de antecipação dos investimentos em infraestrutura portuária, associada a um planejamento de longo prazo voltado a uma movimentação futura projetada, o que também é 9/12

característico do setor. Portanto, certo grau de folga pode ser considerado normal ou, até mesmo, algo estrategicamente desejável neste setor. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho apresentou, de certa forma, as principais características dos portos da Região Sul do Brasil e resultantes da Análise Envoltória de Dados (AED ou Data Envelopment Analysis DEA). Com a seleção das variáveis utilizadas no modelo e a coleta de dados dos portos, foi elaborado um modelo de AED, o Modelo CCR orientado a inputs, e foram apresentados os índices de eficiência, as referências (peers) e as metas de inputs e de outputs de cada porto da Região Sul do país. Os resultados indicam que os portos da Região Sul apresentam uma eficiência relativa média de 92,60%, sendo que os portos de Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC), Itajaí (SC) e Navegantes (SC) são os mais eficientes (100%), enquanto que os portos de Rio Grande (RS) (este com uma eficiência relativa muito boa, porém, não plena, na ordem de 93,90%), Itapoá (SC) e Imbituba (SC) apresentam uma eficiência relativa menor (80,70% e 75,40%, respectivamente). Os portos menos eficientes localizados na região foram, portanto, os portos de Itapoá (SC) e Imbituba (SC). No entanto, é imperioso ressaltar algumas particularidades destes dois portos. Itapoá (SC) possui uma infraestrutura moderna, devido a investimentos expressivos terem sido concretizados recentemente, porém, tais investimentos ainda não repercutiram efetivamente em melhorias de desempenho ou na eficiência portuária. O mesmo pode ser dito do porto de Imbituba (SC), que recebeu recentemente investimentos em novos equipamentos e berços, mas como no caso do porto de Itapoá (SC), tais investimentos ainda não geraram um aumento proporcional na movimentação de cargas e ganhos em eficiência. Os resultados encontrados comprovam a aplicabilidade da Análise Envoltória de Dados (AED ou Data Envelopment Analysis DEA), reforçam a importância de se analisar a eficiência portuária e sugerem a necessidade de um contínuo acompanhamento da mesma na região estudada, no sentido de direcionar políticas públicas ao setor e estratégias, ações e novos investimentos para a iniciativa privada, também envolvida na busca por maior produtividade, eficiência e eficácia dos portos brasileiros. REFERÊNCIAS BANKER, R. D.; CHARNES, A. COOPER, W. W. Models for estimation of technical and scale inefficiencies in data envelopment analysis. Management Sciences, v. 30, p. 1.078-1.092, 1984. BARROS, C. P. Decomposing growth in Portuguese seaports: a frontier cost approach. Maritime Economics & Logistics, v. 7, n. 1, p. 297-315, 2005. BARROS, C. P. Productivity assessment of African seaports. African Development Review, v. 24, n. 1, p.67-78, 2012. BICHOU, K. An empirical study of the impacts of operating and market conditions on container-port efficiency and benchmarking. Research in Transportation Economics, v. 42, n. 1, p. 28-37, 2013. 10/12

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