QUALIDADE DE VIDA SAÚDE PRODUTIVIDADE



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Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade física adaptada e saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira QUALIDADE DE VIDA SAÚDE PRODUTIVIDADE Uma política voltada para a qualidade de vida está baseada na premissa de que, para onde for a mente, o corpo irá atrás. Ela reconhece o papel que a saúde representa na vida das pessoas. Os programas de qualidade de vida e promoção da saúde nos locais de trabalho estão se tornando parte integrante da cultura das organizações. Nos últimos cinco anos, o tema qualidade de vida tem sido fortemente discutido, tanto do ponto de vista empresarial como do individual e do comunitário. Dados estatísticos mostram a importante contribuição e o forte impacto que esses programas têm causado. É inegável, que principalmente do ponto de vista individual, existe uma consciência mais clara deste tema. Hoje, vemos com frequencia nos veículos de comunicação temas relativos a alimentação adequada, sedentarismo, equilíbrio pessoal, gerenciamento de tempo, estresse, saúde cardiovascular, meio ambiente, relacionamento saudável, etc. As pessoas estão mais atentas ao próprio estilo de viver e questionam mais a qualidade de sua vida. Sabemos que a boa saúde é fortemente influenciada pelo estilo de vida, e este afeta diretamente nossa qualidade de vida. Apesar da amplitude do conceito, viver com qualidade de vida é saber manter o equilíbrio no dia-a-dia, procurando sempre melhorar o processo de interiorização de hábitos saudáveis, aumentando a capacidade de enfrentar pressões e dissabores e 1

vivendo mais consciente e harmônico em relação ao meio ambiente, às pessoas e a si próprio. Baseado nestas noções, pode-se dizer que saúde é o resultado do gerenciamento adequado das áreas física, emocional, social, profissional, intelectual e espiritual. Cada uma destas áreas contribui de modo importante para a formação da saúde total, podendo ser abordada a partir de diferentes enfoques. O estilo de vida que levamos é o principal responsável por atingirmos os 70 anos do modo mais saudável possível. Ele representa 50% dos fatores envolvido neste objetivo. Os outros 50% estão divididos entre meio ambiente (20%), hereditariedade (20%), condições de assistência médica (10%). Isso mostra que saúde e qualidade de vida dependem principalmente da capacidade individual de gerenciamento dos hábitos do dia-a-dia. O que isto representa para as empresas? Nesta década, muitos desafios se apresentam para o mundo empresarial, e dois deles parecem ser universais quanto à sua natureza. O primeiro destes desafios está relacionado à necessidade de uma força de trabalho saudável, motivada e preparada para a extrema competição atualmente existente. O segundo desafio é a capacidade de a empresa responder à demanda de seus funcionários em relação a uma melhor qualidade de vida. Estas duas variáveis estão profundamente interligadas, e isto faz com que as empresas comecem a pensar cada vez mais na implantação de programas de Qualidade de Vida. Podemos afirmar que as primeira décadas do século 21 estarão voltadas para altas tecnologias que permitirão grandes resultados, com desenvolvimento cada vez maior da integração empregao-empregador e modificações sócio-culturais importantes no ambiente empresarial. O campo de interesse das organizações está representado por: produtividade, competitividade, qualidade, contenção de custos e treinamento. Todos estão, de certa forma, interligados aos seres humanos. 2

A empresa moderna deve, cada vez mais, valorizar seus funcionários, possibilitar autonomia de decisões, descentralizar, considerar os valores pessoais dos indivíduos para atingir uma performance que permita excelentes resultados. A performance não está ligada somente ao mercado, ao produto, à organização ou à competência individual. O que representa o grande fator de sucesso é o comportamento das pessoas. Quando se fala em qualidade total nota-se clara relação desta com a qualidade de vida. A integração destes dois conceitos faz com que o caminho para o sucesso empresarial esteja centrado, cada vez mais, no agente deste processo: o homem. O novo modelo empresarial do século 21 está baseado em indivíduos saudáveis, dentro de organizações saudáveis, que respeitam e contribuem para uma comunidade e meio ambiente saudáveis. Pessoas saudáveis representam negócios saudáveis, com melhores lucros e maior retorno do investimento. O grande capital da empresa é representado por pessoas capazes, aptas, sadias, equilibradas, criativas, íntegras e motivadas.. Os conceitos atualmente são bastante dinâmicos, e saúde corporativa significa a soma das áreas assistencial, ocupacional, preventiva e de promoção de saúde. A empresa, além de tratar as doenças, deve promover a saúde de seus funcionários. O objetivo principal é conscientizar os indivíduos, por meio de processos educativos, da necessidade de serem capazes de gerenciar seu estilo de vida, tornando-o mais saudável, feliz e produtivo, independente do meio em que vivem ou atuam. É bastante possível alcançar esse objetivo por meio da implantação de programas de Qualidade de vida e promoção de saúde, cujos benefícios são: melhor saúde e estilo de vida; melhor disposição geral; melhor educação nutricional; menores riscos cardíacos. Benefícios para o indivíduo - maior resistência ao estresse - maior estabilidade emocional - maior motivação 3

- maior eficiência no trabalho - melhor auto-imagem - melhor relacionamento Benefícios para as empresas - força de trabalho mais saudável - menor absenteísmo/rotatividade - menor número de acidentes - menor custo de saúde assistencial - maior produtividade - melhor imagem - melhor ambiente de trabalho No Brasil, os programas de qualidade de vida e promoção de saúde têm despertado grande interesse nos últimos quatro anos. As empresas percebem que a qualidade de vida de seus funcionários está diretamente ligada á maior produtividade. Há dez anos, falar em qualidade de vida no meio empresarial não passava de utopia. Hoje, o quadro mudou, e a organização que não considerar este conceito em seus objetivos ficará para trás em muito pouco tempo. Cada vez mais as empresas que desejarem sobreviver e perpetuar-se deverão investir nas pessoas. Ter uma cultura saudável, valorizando seu capital humano, faz parte da empresa moderna. As razões que justificam a implantação de um programa de qualidade de vida e promoção de saúde no local de trabalho atendem, simultaneamente, aos interesses tanto do empregado como do empregador. Para o funcionário, as razões são óbvias: uma vida melhor e provavelmente mais longa, com melhor saúde física e, principalmente, mais feliz. Este estado de maior felicidade 4

advém não apenas do fato de o indivíduo sentir-se mais bem-disposto e com maior vigor físico, mas sobretudo e principalmente, da sensação de bem-estar interior decorrente da melhoria das relações pessoais que mantém no trabalho, além do fato de passar a vivenciar o trabalho não como tortura e fonte de dissabores, mas como algo prazerosa e desejável. A importância do trabalho para o bem-estar e a saúde das pessoas fica clara ao lembrarmos que é trabalhando que passamos a maior parte de nossa vida enquanto estamos acordados; é no trabalho, ou por meio dele, que realizamos grande parte de nossas aspirações. Compreensível é, pois, o papel relevante do trabalho em nossa vida e o reflexo do restante dela sobre a qualidade do trabalho e o desempenho profissional. Ora, aceita a relevância do trabalho sobre a vida, aceita-se também, implicitamente, a importância de se desvincular o trabalho das noções de castigo e tortura. A instituição de programas de promoção de saúde no interior das empresas contribui, decisivamente, para que o trabalhador passe a gostar do trabalho e passe, por extensão, a vestir a camisa da empresa. Os benefícios para as empresas advindos deste novo estado de espírito de seus empregados são tão óbvios que quase dispensam argumentação. O acirramento crescente da competitividade empresarial e as rápidas e profundas mudanças que se processam no mundo em que ora vivemos têm exigido das empresas marcada capacidade de adaptação às novas realidades com as quais se defrontam e de adequação à necessidade de alcançar a tão celebrada qualidade total. Procurando alcança-la, as corporações mais modernas vêm percebendo a importância de obter algo que as diferencie das concorrentes. Vêm percebendo, também, que este diferencial nâo pode se limitar à introdução de inovações tecnológicas. Estas estão, via de regra, ao alcance de quem possa pagar por elas. Até mesmo o surrado slogan de que o maio capital da empresa são as pessoas que nela trabalham vem sofrendo novo enfoque. Até há pouco tempo a frase encerrava, 5

basicamente, a preocupação com o nível de treinamento e o grau de competência dos empregados. Não havia maior preocupação com o ser humano atrás do profissional. Hoje, as grandes e modernas corporações do Primeiro Mundo, e de forma incipiente também por aqui, preocupam-se com o engajamento emocional do indivíduo, sua satisfação interior, a percepção que venha a Ter de fazer parte de algo que sente como também seu, e pelo qual se sinta igualmente responsável. Se consideradas as quinhentas maiores empresas listadas pela revista Fortune, observase progressiva redução da taxa média de lucratividade à medida que aumenta a taxa de custos com assistência médica. Se projetadas para o futuro (se nada for feito), as duas linhas irão se cruzar dentro de aproximadamente cinco anos, significando que os custos médios serão iguais aos lucros; depois desse ponto, excederão os lucros. A instituição de um programa de promoção de saúde se afigura, então, como algo capaz de atender às duas pontas da questão: por um lado, ao motivar os funcionários, tende a aumentar a produtividade e, portanto, a taxa média de lucratividade. Por outro, reduz os custos com assistência médica. Como ilustração considere-se que, com seu programa Live for Life, a Johnson & Johnson, de NJ, EUA, conseguiu um redução de 378 dólares por empregado/ano em seus custos de assistência médica. Além do que é economizado com assistência médica, há que se levar em conta, também. O prejuízo representado pelas horas de trabalho perdidas em decorrência das faltas e dos afastamentos por razões de doença. O programa da Johnson & Johnson logrou reduzir o absenteísmo em 18%, ao passo que a Dupont, obteve redução de 14% de suas faltas por doença em 41 locais onde implantou um programa de promoção de saúde, contra apenas 5,8% em 19 locais onde o programa não foi instituído. Outra vantagem, mais difícil de mensurar, refere-se à perda, geralmente precoce e inesperada, de quadros importantes para a empresa. São pessoas que, como regra, levam 6

anos sendo treinadas e preparadas, inclusive para assimilarem a filosofia de trabalho da empresa e que repentinamente são ceifadas, ou incapacitadas, pelo infarto do miocárdio. Relembre-se de que o infarto costuma acometer as pessoas, em especial os indivívduos do sexo masculino, quando estão vivendo a conjunção, benéfica para elas e para a empresa, de preparo e experiência aliados a bom estado de capacidade física e intelectual. Substituí-las em médio prazo exige tempo e dinheiro; a curto prazo, pode ser catastrófico para a empresa. A promoção da saúde das pessoas depende de fatores ligados a elas mesmas, à adoção de hábitos saudáveis de vida no plano individual, mas, também das condições ambientais nas quais estão inseridas, em especial no local de trabalho. Os padrões individuais de comportamento perdem força e tendem a ser abandonados se não receberem do ambiente reforço e estímulo. Somente quando o meio em que vive for fonte de suporte e apoio, o indivíduo conseguirá manter, ao longo da vida, hábitos saudáveis. A RELAÇÃO CUSTO BENEFÍCIO A atual situação econômica está forçando as empresas a tomarem algumas decisões difíceis. Com a demanda aumentada de seus funcionários, as organizações estão rapidamente percebendo a relação vital existente entre a saúde de seus colaboradores e a produtividade. Em virtude disso, muitas delas adotaram um novo comportamento no que se refere à saúde dos empregados. As empresas americanas começaram a atuar de modo muito superficial na prevenção de doenças e promoção de saúde no final da década de 70, quando se defrontaram com alarmantes aumentos nos custos de assistência médica e seguros de saúde. Estes custos causaram um forte impacto nas empresas, diminuindo a margem de negociação dos benefícios e originando uma sobrecarga financeira em numerosas corporações. 7

Diversos estudos mostraram que o pleno estado de saúde é função de quatro grandes categorias de fatores, a biologia humana, a organização de assistência médica, o meio ambiente e o estilo de vida. As discussões posteriores sobre a importância relativa das quatro tiveram um notável impacto na percepção das prioridades. Foram estabelecidas áreas prioritárias incluindo redução de tabagismo, redução do consumo de álcool e drogas, dieta, nutrição, condicionamento físico e exercícios e gerenciamento do estresse. Outras prioridades foram incluídas nos serviços de prevenção e proteção à saúde. Vários critérios têm sido usados pelas organizações para se estabelecerem prioridades na promoção da saúde e prevenção de doenças. Quando as empresas consideram suas própria necessidade, recursos e benefício potenciais, diferentes prioridades tendem a ser estabelecidas. Como por exemplo, quando são considerados custos ligados a absenteísmo, baixa produtividade e lesões de trabalho, os programas em torno de ingestão de álcool recebem alta prioridade e os de atividade física e saúde mental tronam-se secundários. Quando o interesse dos funcionários e a imagem da empresa são os assuntos importante, programas de atividade física e instalações para a prática de exercícios recebem tratamento especial. Reconhece-se que a qualidade da força de trabalho de uma empresa é um elemento crítico que determina seu contínuo progresso social e econômico. É também óbvio que as empresas têm como objetivo atrair e reter funcionários de alta qualidade, os quais devem ser bastante capazes do ponto de vista técnico e, ao mesmo tempo, possuir um estilo de vida salutar, que lhes permita Ter melhor saúde e ser mais produtivos. Em virtude disso, grandes investimentos começam a ser feitos no campo da promoção da saúde no EUA. Também lá, uma outra preocupação são os custos com assistência médica. 8

Em 1992, os custos representaram 14% do PIB, o equivalente a 817 milhões de dólares. Em 1994, o custo já ultrapassava 1 trilhão. Nos próximos anos, o aumento projetado é de 12 a 13% ao ano. Em 2030 corresponderá a 28% do PIB. Estes altos custos consomem um percentual muito grande do lucro líquido das empresas. Em 1992, eram da ordem de 42%; em 199, de 48,3 do lucro líquido; estima-se em 60% o percentual para o ano 2000 Isso indica que, com o aumento constante da taxa de custos de assistência médica e a diminuição da taxa de lucratividade, na primeira década do século 21 os custos médicos das quinhentas maiores empresas americanas equivalerão a seus lucros. Só estas razões fazem com que adquira significado máximo o investimento em programas de promoção da saúde e qualidade de vida que visem deter o aumento progressivo de custos. Hoje sabemos que quanto maior o número de fatores de risco presentes em meio a uma população, maior o seu custo de saúde. Sabemos também que, quando consideramos isoladamente indivíduos portadores de fatores de risco, estes implicam custos diferente entre si, mas sempre bem maiores que os relativos a indivíduos isentos desse fatores ALGUNS EXEMPLOS FUMANTES apresentam 40% maior taxa de absenteísmo 9

25% maiores despesas com saúde 114% maior o tempo de internação SEDENTÁRIOS apresentam 36% maiores despesas com saúde 54% maior tempo de internação OBESOS apresentam 8% maiores as despesas com saúde 85% maior o tempo de internação Estes dados demonstram com objetividade o prejuízo que uma empresa pode Ter, se em seu quadro de funcionários houver um grande número de indivíduos com características não saudáveis presentes. Dados estatísticos relativos aos EUA -Doenças relacionadas ao tabagismo custam ao sistema de assistência médica mais de 65 bilhões de dólares e 350 mil vidas anualmente. -Doenças coronarianas atingem aproximadamente 7 milhões de americanos; são responsáveis por 1,5 milhão de ataques cardíacos e 500 mil mortes por ano. -O número de procedimentos cirúrgicos para colocação de marcapasso, realizados a cada ano, é de aproximadamente 300 mil, ao custo de 30 mil cada. -Um único tratamento de pulmão custa 29 mil dólares. -Um transplante de fígado por cirrose alcoólica pode custar aproximadamente 250 mil. O impacto econômico destes fatores se faz sentir de modo bastante claro em áreas como produtividade, absenteísmo e custos de assistência médica. 10

As empresas têm sentido que vale a pena o investimento, pois o retorno é sentido de modo claro. RESULTADOS DA APLICAÇÃO DE PROGRAMAS DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA SOBRE: A PRODUTIVIDADE (componente da performance e não um sinônimo dela. Está associada a nível de energia, capacidade de trabalhar mais, capacidade de trabalhar com mais eficiência e comprometimento com a empresa). Resultados por empresa NASA 12,5 de aumento na produtividade (maior eficiência no final do dia) UNION PACIFIC 75% dos participantes atingiram um nível mais alto de concentração no trabalho CANADIAN LIFE 47% dos participantes mais alertas, com melhor relacionamento no trabalho e sentindose melhor na função que exercem. O ABSENTEÍSMO (Está diretamente ligado à baixa produtividade e custos adicionais de contratação e treinamento. As causas mais frequentes do absenteísmo relacionam-se a comportamentos e hábitos não saudáveis) MESA PETROLEUM Taxa de absenteísmo 50% mais baixa 11

GENERAL MILLS 19% de redução de absenteísmo entre os participantes DUPONT Redução de 14% no absenteísmo NORTHERN 2 dias menos de absenteísmo e menos 1 visita ao médico por ano. OS CUSTOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA DUPONT Em 3 anos, economia de 1,6 milhão de dólares no primeiro ano; 1,5 no segundo; 3 milhões de dólares no terceiro ano GENERAL ELETRIC 38% de redução em custos de assistência médica (período de 18 meses) COORS COMPANY Economia de 1,4 milhões de dólares em 3 anos Todos os dados mostram inúmeras vantagens que as empresas podem obter investindo em programas de promoção da saúde e qualidade de vida. 12

Ainda que as evidências dos benefícios a longo prazo da maioria dos programas estejam ainda sendo analisados, efeitos bastante promissores têm sido notados. Informações mais efetivas, melhor avaliação dos processos e maior incorporação dos conceitos à filosofia administrativa e estrutura das empresas demonstrarão, certamente, resultados ainda mais vantajosos. É preciso salientar que os programas não devem Ter como metas apenas o aumento da produtividade e a diminuição dos custos de assistência médica, é importante que seu impacto seja sentido em todas as dimensões da vida. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA (principal) SILVA, M. D.; MARCHI, R. Saúde e qualidade de vida no trabalho. Best Seller. São Paulo. 1997 OUTRAS REFERÊNCIAS HEALTH PROMOTION GOES TO WORK. Programs with na impact. Office of disease prevention and health promotion. US Department of health and human services. Washingtaon DC, 1993 HEARTH AT WORK American heart association progran. Dallas, 1993. 13

LUCE, B.; SCHWEITZER, S. The economic cost of smoking induced ilness. Research on smoking behavior. US Department of health and human services. Washingtaon DC, 1997. PAFFENBARGER, R. et al. Physical activity. All cause mortality and longevity of College Alumini. Journal of Medicine, 314(10)L605-23. New England, 1986. PROJETO SAÚDE ESTUDO SOBRE ESTILO DE VIDA. Levantamento de pesquisas de marketing Ltda./ Ministério da Saúde/ Divisão Nacional de Doenças Crônico-Degenerativas. Brasília, 1988. TRICE, H. Drugs abuse at the work place. Rocwille, Maryland, 1980. 14