DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO



Documentos relacionados
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO - DVA


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Palestra. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e Demonstração do Valor Adicionado (DVA) - Novas Normas Contábeis. Março 2012.

Comentários da prova SEFAZ-PI Disciplina: Contabilidade Geral Professor: Feliphe Araújo

ASPECTOS GERAIS NA ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DAS EMPRESAS

CNPJ / CET - BALANÇO PATRIMONIAL EM 31 DE MAIO DE 2015 (Em R$ Mil)

Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC. Renato Tognere Ferron

Contabilidade Financeira

Fundamentos Decifrados de Contabilidade

Vamos, então, à nossa aula de hoje! Demonstração de Fluxo de Caixa (2.ª parte) Método Indireto

ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL - REGRAS APLICÁVEIS PARA MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE

A seguir, a correção da prova de Contador da Prefeitura de Niterói. Não vislumbramos possibilidade de recursos.

Princípios Fundamentais Contabilidade

Unidade II CONTABILIDADE. Prof. Jean Cavaleiro

2.2 Resultado com mercadorias 2.3 Impostos que afetam as mercadorias 2.4 Critérios de avaliação do estoque

AGENTE E ESCRIVÃO DA POLICIA FEDERAL Disciplina: Contabilidade. Aula: 04 Prof.: Adelino Corrêa DATA: 26/10/ Operações com mercadoria

De acordo com a NBC TG16(R1), estoques, seu item número 9 define como os estoques devem ser mensurados, assim transcrito abaixo:

Prof. Walter Dominas

Básico Fiscal. Contabilidade Avançada. Módulo Exercícios de Apoio. Prof. Cláudio Cardoso

ATIVO IMOBILIZADO

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO REFERENTES AOS EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2011 E 2010 (Valores expressos em reais)

Fonte: Conceituação das variáveis (Dados a partir de Empresa):

10. Balanço Patrimonial Plano de Contas

Resolução da Prova de Contabilidade de Custos Professor Luciano Moura

As Demonstrações Contábeis para Pequenas e Médias Empresas (PMEs) NBC T Resolução 1255/09 do CFC

Vamos à prova: Analista Administrativo ANEEL 2006 ESAF

Sistema de contas. Capítulo 2 Sistema de contas

QUESTÕES POTENCIAIS DE PROVA TROPA DE ELITE CURSO AEP PROF. ALEXANDRE AMÉRICO

Plano de Contas Referencial da Secretaria da Receita Federal 1 de 32

FAPAN Faculdade de Agronegócio de Paraíso do Norte

ABERTURA DAS CONTAS DA PLANILHA DE RECLASSIFICAÇÃO DIGITAR TODOS OS VALORES POSITIVOS.

IBRACON NPC nº 25 - CONTABILIZAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONSTRIBUIÇÃO SOCIAL

Elementos Operacionais e Não Operacionais nas Demonstrações Contábeis

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE: IR DIFERIDO

EXEMPLO COMPLETO DO CÁLCULO DO FLUXO DE CAIXA COM BASE EM DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS

REGIMES CONTÁBEIS RECEITAS E DESPESAS

Inepar Telecomunicações S.A. Demonstrações Contábeis em 31 de dezembro de 2008 e 2007

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CEAP 5º CCN DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE JUNDIAÍ

Artigo para uso exclusivo do IPEC.RJ REGISTRO CONTÁBIL DAS SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTOS E O TRATAMENTO FISCAL E SOCIETÁRIO

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 07. Subvenção e Assistência Governamentais

JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

Serviço Funerário Bom Pastor Ltda ME Demonstrações contábeis findas em 31 de dezembro de 2014

PLANO DE CONTAS ATIVO - CONTAS DEVEDORAS PASSIVO - CONTAS CREDORAS DESPESAS - CONTAS DEVEDORAS RECEITAS - CONTAS CREDORAS APURAÇÃO DE RESULTADO

Demonstração dos Resultados

DVA Demonstração do Valor Adicionado

Dividendos a Receber A Ações de Controladas Cia B ,00

Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio de Janeiro NBC TG32 TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

Unidade II ESTRUTURA DAS. Prof. Me. Alexandre Saramelli

Instituto Odeon - Filial Demonstrações financeiras em 31 de dezembro de 2012 e relatório de revisão dos auditores independentes

Obrigações. Fornecedores Salários a pagar Impostos a recolher Patrimônio Líquido. Capital Social Reservas 30.

ANÁLISE E APLICAÇÃO DOS ÍNDICES DE LIQUIDEZ APLICADOS AS EMPRESAS EM GERAL COM BASE EM SEUS EMONSTRATIVOS CONTÁBEIS

Demonstrações Financeiras Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração - ABM

IBRACON NPC nº 20 - DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

Curso: Ciências Contábeis. Disciplina: ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Entrega dia 30 de Novembro

No concurso de São Paulo, o assunto aparece no item 27 do programa de Contabilidade:

Contabilidade Avançada Fluxos de Caixa DFC

Empresa de Transmissão do Alto Uruguai S.A. Demonstrativo das mutações do ativo imobilizado em 31 de dezembro de 2011

ITG 1000 ITG 1000 MODELO CONTÁBIL PARA MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE MODELO CONTÁBIL PARA MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

1º CASO Cia. INVESTIDORA S.A.

1 Demonstrações Obrigatórias - Lei das S/A x Pronunciamentos Técnicos CPC

Contabilidade Avançada Apresentação das Demonstrações Contábeis

DELIBERAÇÃO CVM Nº 547, DE 13 DE AGOSTO DE 2008

Parecer da Auditoria Independente

RESOLUÇÃO CFC N.º 1.409/12. Aprova a ITG 2002 Entidade sem Finalidade de Lucros.

ITR - Informações Trimestrais - 30/06/ CEMEPE INVESTIMENTOS SA Versão : 1. Composição do Capital 1. Balanço Patrimonial Ativo 2

Naquele artigo, de maneira elucidativa, como de costume, o Vale ministrou que:

2ª edição Ampliada e Revisada. Capítulo 10 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

CAPÍTULO 5 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS - DLPA LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS

Boletim. Contabilidade Internacional. Manual de Procedimentos

Resolução. ALTERNATIVA: c. Comentário

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Contas. Osni Moura Ribeiro ; Contabilidade Fundamental 1, Editora Saraiva- ISBN

Contabilidade Geral e Avançada Correção da Prova AFRFB 2009 Gabarito 1 Parte 1 Prof. Moraes Junior CONTABILIDADE GERAL E AVANÇADA

Sumário. 1 Introdução. Demonstrações Contábeis Decifradas. Aprendendo Teoria

INVESTCO S.A. PROPOSTA DA ADMINISTRAÇÃO

Relatório dos auditores independentes. Demonstrações contábeis Em 31 de dezembro de 2014 e 2013

Análise Financeira. Universidade do Porto Faculdade de Engenharia Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Economia e Gestão

Adoção e Aplicação da IFRS

1 Apresentação do Problema

Prof. Fernando Oliveira Boechat

2ª edição Ampliada e Revisada. Capítulo 8 Demonstração do Resultado do Exercício

CONTABILIDADE GERAL. Adquira esta e outras aulas em CONCURSO PÚBLICO PARA TÉCNICO DA RECEITA FEDERAL

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Contabilidade Geral - Teoria e Exercícios Curso Regular Prof. Moraes Junior Aula 10 Demonstração do Fluxo de Caixa. Conteúdo

Contabilidade Empresarial e Comercial ETEC GUARACY. Prof. Procópio 2º CONTAB Aula - 8

TEXTO INTEGRAL DA INSTRUÇÃO CVM Nº 247, DE 27 DE MARÇO DE 1996, COM AS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELAS INSTRUÇÕES CVM Nº 269/97, 285/98, 464/08 E

PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 17, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1989.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS REVISÃO CPC Nº. 2. Pronunciamento Técnico PME Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas e Glossário de Termos

Pronunciamentos Contábeis (CPCs): esquematizados, resumidos e anotados. CPC 03 Demonstração dos Fluxos de Caixa

GTD PARTICIPAÇÕES S.A.

Professor conteudista: Hildebrando Oliveira

CONTABILIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS AO PIS E COFINS

CONTABILIDADE INTERMEDIÁRIA II

PROPOSTA PARA TRATAMENTO DA RECEITA FINANCEIRA NA ANÁLISE DOS RESULTADOS

Unidade II AVALIAÇÃO DE EMPRESAS. Prof. Rubens Pardini

6/8/2012. Contabilidade Intermediária. Aula 1 Apuração do Resultado do Exercício. Objetivos. Objetivos. Profa. Ma. Simone Maria Menezes Dias

Cada prova possuirá 20 (vinte) questões objetivas e 1 (uma) questão discursiva. A prova terá duração de 2 (duas) horas, com início às 9h.

a base de cálculo do PIS/Pasep, visto não existir expressa previsão legal de exclusão ou isenção. LÍCIA MARIA ALENCAR SOBRINHO Chefe da Divisão

Transcrição:

Olá, pessoal! Hoje trago uma aula sobre a Demonstração do Valor Adicionado DVA, que foi recentemente tornada obrigatória para as companhias abertas pela Lei 11.638/07, que incluiu o inciso V ao art. 176 da Lei 6.404/76. Com certeza essa demonstração será objeto de cobrança nos próximos concursos públicos e, por isso, devemos estar atentos para os principais pontos desse assunto. Boa aula a todos! DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO A Demonstração do Valor Adicionado DVA tem a função de identificar e divulgar o valor da riqueza gerada por uma entidade e como essa riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente, para a sua geração. Segundo a NBC T 3.7 Demonstração do Valor Adicionado (Resolução CFC 1.010/2005), a DVA é destinada a evidenciar, de forma concisa, os dados e as informações do valor da riqueza gerada pela entidade em determinado período e a sua distribuição. As informações devem ser extraídas da contabilidade e os valores informados devem ter como base o princípio contábil da competência. O valor adicionado (ou valor agregado) constitui-se das receitas obtidas pela empresa em razão de suas atividades deduzidas dos custos dos bens e serviços adquiridos de terceiros para a geração dessas receitas. É, portanto, o quanto a entidade contribuiu para a formação do Produto Interno Bruto PIB do país. O valor adicionado demonstra a contribuição da empresa para a geração de riqueza da economia, resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção. A DVA evidencia os aspectos econômico e social do valor adicionado. Sob a ótica econômica, expressa o desempenho da entidade na geração da riqueza e a sua eficiência na utilização dos fatores de produção, comparando os valores de saída com os valores de entrada. Sob o ponto de vista social, demonstra a forma de distribuição da riqueza gerada: a participação dos empregados, do governo, dos agentes financiadores e dos acionistas, além da parcela retida pela empresa. Trata-se, desse modo, de uma importante fonte de informações, à medida que apresenta elementos que permitem a análise do desempenho econômico da empresa, evidenciando a geração de riqueza, bem como dos efeitos sociais oriundos da distribuição dessa riqueza. Assim, o valor adicionado representa a remuneração dos esforços desenvolvidos para a criação da riqueza da companhia, tais como os trabalhadores, que fornecem a mãode-obra, os investidores e acionistas, que fornecem o capital, os financiadores, que emprestam os recursos, e o governo, que fornece os serviços públicos e a infraestrutura sócio-econômica. A DVA evidencia não só a origem dessa riqueza, mas também a destinação de suas parcelas aos agentes que contribuíram para sua formação. A CVM já vinha incentivando e apoiando a divulgação voluntária da DVA. Atualmente essa demonstração é obrigatória para as companhias abertas, segundo o art. 176, V, da Lei 6.404/76, incluído pela Lei 11.638/07, que modificou também o artigo 188 da Lei das S.A. O artigo 188, II, reza hoje que a DVA indicará, no mínimo, o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída. Apresentamos a seguir um exemplo de DVA baseado no modelo sugerido pela Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras da USP FIPECAFI/USP, tendo em vista, ainda, o disposto na NBC T 3.7 Demonstração do Valor Adicionado (Resolução CFC 1.010/2005). É uma boa referência a ser adotada www.editoraferreira.com.br - 1 - Luciano Oliveira

para a elaboração dessa demonstração, cuja forma exata de apresentação será ainda, certamente, objeto de regulamentação mais detalhada por parte da CVM. DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO: DESCRIÇÃO VALOR (R$) A GERAÇÃO DO VALOR ADICIONADO 1 RECEITAS 12.700 1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços (inclui tributos) 12.000 1.2 Provisão p/ devedores duvidosos Reversão/(Constituição) (300) 1.3 Resultados não-operacionais 1.000 2 INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui tributos) (9.000) 2.1 Custo das mercadorias, produtos e serviços vendidos (5.000) 2.2 Matérias-primas e insumos consumidos (1.000) 2.3 Materiais, energia, serviços de terceiros etc. (3.000) 2.4 (Perda)/Recuperação de valores ativos - 3 VALOR ADICIONADO BRUTO (1 2) 3.700 4 RETENÇÕES (700) 4.1 Depreciação, amortização e exaustão (700) 5 VALOR ADICIONADO LÍQUIDO (3 4) 3.000 6 VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 2.000 6.1 Resultado de equivalência patrimonial e dividendos 1.200 6.2 Receitas financeiras (juros, aluguéis etc.) 800 7 VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5 + 6) 5.000 B DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 8 DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (7 = 8) 5.000 8.1 Remuneração do trabalho (pessoal e encargos) 1.700 8.2 Remuneração do governo (impostos, taxas e contribuições) 1.300 8.3 Remuneração do capital de terceiros (juros, aluguéis etc.) 500 8.4 Remuneração dos acionistas (juros s/ cap. próprio e dividendos) 1.000 8.5 Remuneração retida (lucros retidos/prejuízo do exercício) 500 Nesse modelo de DVA, parte-se das receitas brutas, subtraindo-se, a seguir, o valor dos bens adquiridos de terceiros que foi incorporado ao produto final alienado ou ao serviço prestado, para que se conheça o valor efetivamente agregado pela companhia. Note-se que a depreciação, a amortização e a exaustão de ativos devem ser subtraídas do valor adicionado bruto para se calcular o valor adicionado líquido, não sendo classificadas como retenções do lucro do período. O item 1.1 (vendas de mercadorias, produtos e serviços) inclui os valores do ICMS, IPI e demais tributos incidentes sobre essas receitas, ou seja, corresponde à receita bruta ou ao faturamento bruto. Devem ser deduzidas as devoluções de vendas, bem como os abatimentos e os descontos incondicionais concedidos, se houver. O item 1.2 (provisão p/ devedores duvidosos) inclui os valores referente à contabilização da provisão, representando valores positivos na baixa ou reversão e negativos na constituição. As receitas não-operacionais (item 1.3) representa os valores considerados fora das atividades principais da empresa, tais como ganhos ou perdas na baixa de imobilizados, de investimentos etc. O item 2.1 (custo das mercadorias, produtos e serviços vendidos) não inclui os gastos com pessoal próprio, que serão evidenciados somente no item 8.1 da demonstração (remuneração do trabalho). O item 2.2 considera as matérias-primas e demais insumos incluídos no custo das mercadorias e dos produtos vendidos. O item 2.3 (materiais, energia, serviços de terceiros etc.) engloba os valores relativos a aquisições e pagamentos feitos a terceiros. Nesses três itens deverão ser considerados todos os tributos incluídos nas aquisições, recuperáveis ou não. A Perda/Recuperação de valores www.editoraferreira.com.br - 2 - Luciano Oliveira

ativos (item 2.4) inclui valores referentes a perdas de ativos, como as relativas à realização de estoques ou investimentos ou à variação do valor de mercado. Se, no período, o valor líquido for positivo, ele deverá ser somado. As retenções do item 4.1 (depreciação, amortização e exaustão) incluem as despesas contabilizadas no período. O item 6.1 (resultado de equivalência patrimonial e dividendos) abrange também os valores recebidos como dividendos relativos a investimentos avaliados pelo custo. O resultado da equivalência poderá representar receita ou despesa; no segundo caso, deverá ser informado entre parênteses (valor negativo). O item 6.2 (receitas financeiras) inclui as receitas financeiras independentemente de sua origem. Rigorosamente falando, os ganhos de equivalência patrimonial e os dividendos não representam geração de valor adicionado, mas transferências de riqueza criadas pelas sociedades investidas. Do mesmo modo, as receitas financeiras são transferências de parcelas da riqueza criada por terceiros, resultantes da aplicação do capital da entidade nos seus empreendimentos. A remuneração do trabalho (ou dos agentes colaboradores), expressa no item 8.1, engloba os encargos com salários, comissões, honorários da diretoria, férias, 13.º salário, FGTS, alimentação, transporte, participações nos lucros etc., apropriados ao custo do produto ou resultado do período. Não inclui encargos previdenciários ou com entidades do Sistema S (contribuições corporativas), que são considerados remuneração do governo. Além das contribuições previdenciárias e corporativas, o item 8.2 (remuneração do governo) abrange as demais espécies tributárias, como o imposto de renda, a contribuição social s/ lucro líquido CSLL e todos os demais impostos, taxas e contribuições devidas ao Poder Público federal, estadual e municipal. Os valores relativos aos tributos recuperáveis (ex: ICMS e IPI) deverão ser considerados como os valores devidos ou já reconhecidos aos cofres públicos, representando a diferença entre os impostos incidentes sobre as vendas e os valores considerados dentro do item 2 (insumos adquiridos de terceiros). Os tributos que não forem pagos em decorrência de incentivos fiscais devem ser apresentados como redução desse item. A remuneração do capital de terceiros (ou dos agentes financiadores), disposta no item 8.3, considera as despesas financeiras e as de juros relativas a quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos junto à instituições financeiras, entidades do grupo ou outras e os aluguéis (incluindo as despesas com leasing) pagos ou creditados a terceiros, exceto para entidades financeiras classificáveis no item 2. O item 8.4 (remuneração dos acionistas) inclui os valores pagos ou creditados aos acionistas, a título de juros sobre o capital próprio ou dividendos. Os juros sobre o capital próprio contabilizados como reserva deverão constar do item 8.5. O item 8.5 (remuneração retida) abarca os lucros do período retidos pela entidade, destinados às reservas de lucros. De acordo com a NBC T 3.7, a entidade deve ainda acrescentar ou detalhar outras linhas na DVA, quando o montante e a natureza de um item ou o somatório de itens similares forem de tal magnitude que a apresentação em separado ajuda na apresentação mais adequada dessa demonstração. Vejamos outro exemplo. Seja elaborar a DVA da companhia X com base na demonstração do Resultado do Exercício DRE abaixo (valores em R$): www.editoraferreira.com.br - 3 - Luciano Oliveira

Vendas Brutas 10.000 (-) ICMS (1.700) (-) PIS/COFINS (300) (=) Vendas Líquidas 8.000 (-) CMV (5.000) (=) Lucro Bruto 3.000 (-) Despesas Operacionais: (1.500) - Salários (600) - Previdência Social (400) - Depreciação (300) - Energia Elétrica (100) - Juros Passivos (100) (+) Juros Ativos 200 (+) Receita de Dividendos 300 (=) Lucro Operacional 2.000 (+) Ganho de Capital 200 (=) Lucro antes do IR/CSLL 2.200 (-) IR/CSLL (700) (=) Lucro Líquido 1.500 Do total do lucro líquido, foram distribuídos R$ 700 aos acionistas. Com base nas informações acima, a DVA da Cia. X seria a seguinte: DESCRIÇÃO VALOR (R$) A GERAÇÃO DO VALOR ADICIONADO 1 RECEITAS 10.200 1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços (inclui tributos) 10.000 1.2 Provisão p/ devedores duvidosos Reversão/(Constituição) - 1.3 Resultados não-operacionais 200 2 INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui tributos) (5.100) 2.1 Custo das mercadorias, produtos e serviços vendidos (5.000) 2.2 Matérias-primas e insumos consumidos - 2.3 Materiais, energia, serviços de terceiros etc. (100) 2.4 (Perda)/Recuperação de valores ativos - 3 VALOR ADICIONADO BRUTO (1 2) 5.100 4 RETENÇÕES (300) 4.1 Depreciação, amortização e exaustão (300) 5 VALOR ADICIONADO LÍQUIDO (3 4) 4.800 6 VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 500 6.1 Resultado de equivalência patrimonial e dividendos 300 6.2 Receitas financeiras (juros, aluguéis etc.) 200 7 VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5 + 6) 5.300 B DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 8 DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (7 = 8) 5.300 8.1 Remuneração do trabalho (pessoal e encargos) 600 8.2 Remuneração do governo (impostos, taxas e contribuições) 3.100 8.3 Remuneração do capital de terceiros (juros, aluguéis etc.) 100 8.4 Remuneração dos acionistas (juros s/ cap. próprio e dividendos) 700 8.5 Remuneração retida (lucros retidos/prejuízo do exercício) 800 Veja que, na parte A da demonstração (geração do valor adicionado), são deduzidas apenas as despesas que não se destinam a nenhum agente que contribui para a formação da riqueza agregada. Já as despesas que representam valores transferidos a tais agentes aparecem na parte B do demonstrativo (distribuição do valor adicionado). www.editoraferreira.com.br - 4 - Luciano Oliveira

Essa é uma diferença fundamental da DVA em relação à DRE, que considera as parcelas de terceiros (capitalistas, empregados, governo) como despesas ou custos, pois, do ponto de vista dos proprietários, esses valores representam redução do lucro e, conseqüentemente, da parcela que cabe a cada proprietário. A DRE e a DVA, portanto, são demonstrações que se complementam. Na verdade, os fornecedores de insumos também geraram riqueza quando os produziram, mas os valores a eles referentes são deduzidos, na parte A da DVA (item 2 insumos adquiridos de terceiros), para que o valor adicionado apresentado na demonstração represente apenas a parcela da riqueza efetivamente gerada pela entidade. Após esta pequena teoria, vamos aos nossos exercícios, para melhor fixação da matéria. EXERCÍCIOS: 1) (Técnico de Contabilidade/Petrobrás/2007/CESPE) A DVA é destinada a evidenciar, no âmbito da empresa e em termos macroeconômicos, o valor por ela agregado e sua distribuição aos beneficiários da renda nacional. 2) (Analista/SEGER-ES/2007/CESPE) Na elaboração da DVA, as informações devem ser obtidas fora da contabilidade da empresa, e os valores informados devem ter como base o conceito de caixa, e não o de competência. 3) (Contador/Petrobrás/2007/CESPE) O valor dos insumos adquiridos de terceiros, tais como materiais, energia e água, deve ser apresentado na DVA pelo valor total, sem dedução de PIS, COFINS e outros tributos. 4) (Contador/Petrobrás/2007/CESPE) O valor adicionado bruto, um dos itens de totalização da DVA, deve contemplar a depreciação, a amortização e a exaustão do período. 5) (Contador/Petrobrás/2007/CESPE) O resultado de equivalência patrimonial apresentado na DVA desconsidera os valores recebidos como dividendos dos investimentos avaliados pelo método de custo. Tal fato ocorre porque o valor recebido a título de dividendos aumenta o ativo circulante e não aumenta o ativo permanente correspondente a investimentos. 6) A Demonstração do Valor Adicionado fornece uma visão abrangente sobre a real capacidade de uma empresa produzir riqueza e sobre a forma como distribui essa riqueza entre os diversos fatores de produção (trabalho, capital próprio, capital de terceiros e governo). 7) (Contador/Petrobrás/2007/CESPE) As despesas com funcionários fazem parte da distribuição do valor agregado, e o valor da receita considerado para a elaboração da DVA deve ser idêntico ao do faturamento bruto divulgado na DRE. 8) (Contador/Petrobrás/2007/CESPE) Os juros sobre capital próprio contabilizados como reserva devem ser evidenciados na DVA no item relativo a lucros retidos. 9) (Auditor Fiscal/Receita Federal/2000/ESAF adaptada) São demonstrativos divulgados pelas companhias abertas no Brasil e que devem ser, obrigatoriamente, objeto da opinião de auditores independentes, de acordo com a legislação societária: www.editoraferreira.com.br - 5 - Luciano Oliveira

Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Fluxo de Caixa. DRE da Companhia W (R$ mil): Vendas Brutas 2.000 (-) Devoluções de Vendas (200) (-) ICMS s/ Vendas (400) (=) Vendas Líquidas 1.400 (-) CMV (700) (=) Lucro Bruto 700 (-) Despesas Operacionais Adm./Gerais (300) - Depreciação (30) - Salários (100) - Encargos previdenciários (70) - Luz e água (20) - Serviços de terceiros (30) - IPTU (50) (-) Juros Passivos (20) (+) Juros Ativos 40 (=) Lucro Operacional 420 (+) Vendas do Imobilizado 150 (-) Custo do Imobilizado Vendido (70) (=) Lucro antes IR/CSLL 500 (-) IR/CSLL (150) (=) Lucro depois IR/CSLL 350 (-) Debêntures (40) (-) Empregados (30) (=) Lucro Líquido 280 Com base nas informações acima, julgue os itens a seguir. 10) O valor adicionado bruto da Companhia W foi R$ 1.130. 11) As parcelas do valor adicionado que ficaram em poder dos sócios e dos empregados foram, respectivamente, de R$ 280 e R$ 130. 12) O valor adicionado apropriado pelo governo foi de R$ 670. Gabarito: 1C 2E 3C 4E 5E 6C 7C 8C 9C 10C 11C 12C Bem, pessoal, por hoje é só. Espero que tenham gostado. Bons estudos a todos e sucesso nos concursos públicos. Grande abraço! Luciano Oliveira. www.editoraferreira.com.br - 6 - Luciano Oliveira