AVALIANDO A LEITURA EM SOFTWARES EDUCATIVOS 1



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Transcrição:

263 AVALIANDO A LEITURA EM SOFTWARES EDUCATIVOS 1 Ana Cristina Barbosa da Silva UPE/UFPE 2 Tendo em vista que atualmente muitas práticas pedagógicas contemplam a utilização de recursos tecnológicos computacionais, surge a necessidade de pesquisar como os softwares educativos voltados para o ensino e a aprendizagem de língua portuguesa estão trabalhando as habilidades de leitura e compreensão textual. Portanto, foi este o propósito desta pesquisa. Para tanto, considerou-se a perspectiva teórica da análise dialógica do discurso, ou seja, o ponto de vista bakhtiniano da realização do discurso, o qual traz a afirmativa que o sentido do texto constitui-se no acontecimento dialógico. O discurso se realiza em um contexto o qual é uma arena de conflitos, onde diferentes valores se afrontam, desenvolvidos a partir das diferentes posições sociais que os sujeitos ocupam e das diferentes vozes presentes no discurso. Partindo desta perspectiva, esta pesquisa analisou alguns softwares educativos, considerando-os como um suporte que traz em si a manifestação discursiva, determinando-a, de certa forma, e possibilitando a interação entre o produtor, o usuário, o discurso e o suporte através da interface do software, questões que serão contempladas nas abordagens que se seguem. No entanto, não se pode esquecer que esses softwares trazem consigo uma funcionalidade: são elaborados para o ensino e a aprendizagem da língua portuguesa neste caso, serão analisados apenas os aspectos da leitura e da compreensão textual. Sendo assim, foi considerada a concepção de língua, também bakhtiniana, sociointeracional, o que significa dizer que os discursos proferidos nos softwares serão analisados tendo em vista as práticas sociais discursivas e a perspectiva do letramento. Desta forma, ainda se faz necessário, por se tratar de softwares educativos de um site educacional, analisar e compreender melhor o contexto em que esses softwares estão inseridos. Por isso, vale esboçar, brevemente, a relação que se estabelece entre os softwares e o próprio site, com os recursos que este disponibiliza, sua forma de organização e funcionalidade. 1 O ambiente dos softwares Segundo Kress (apud BEZERRA, 2007ª), dentre outras características da web, duas influenciam a natureza dos textos: a multimodalidade e o hipertexto. Este possibilita o leitor escolher a sua própria forma de leitura, através dos links, não permitindo, portanto, que haja apenas uma maneira de ler o texto e uma hierarquia de importância no cominho a ser percorrido no momento da leitura (pelo menos pré-estabelecido pelo autor do gênero textual). A web tem como principal interface os sites e a porta de entrada do site é a homepage, que, segundo Bezerra (2007ª), consiste no gênero virtual que introduz outros gêneros virtuais. No que diz respeito ao propósito comunicativo da homepage, há a análise bidimensional trazida por Askehave & Nielsen (apud BEZERRA, 2007ª): no modo de leitura que leva esse gênero a ser encarado como texto, acontecendo a leitura tradicional e no modo de navegação, tendo a homepage como um meio, o caminho pelo qual o leitor percorre o site. No modo de leitura o propósito comunicativo primeiro da homepage é introduzir/apresentar o site, tendo como secundários os propósitos de criar ou consolidar a imagem do proprietário do site e apresentar notícias. Nesse modo, para a realização dos propósitos comunicativos, a homepage traz consigo os moves. No modo de navegação, possibilita-se o acesso ao website, permitindo o leitor passear pelo site, mas sem uma pré-determinação de grau de importância de navegação. É o próprio leitor que determina a sua estratégia de navegação através dos links. 1 Agradeço ao Profº Dr. Benedito Bezerra UPE, pela leitura crítica e sugestões feitas para este trabalho e ao mestrando Aguinaldo Souza pelas sugestões e discussão diante das dúvidas. Assumo todas as responsabilidades por possíveis lacunas no trabalho. 2 Doutoranda do Centro de Educação da UFPE.

264 O site educativo aqui pesquisado apresenta sua homepage à qual todos os usuários da web podem ter acesso, bem como às páginas enciona tes de cada link com diversas opções de navegação para os usuários, no caso, os educadores de diversas áreas de ensino e os outros profissionais da área, pais e alunos. No entanto, para navegação nas páginas com os conteúdos e serviços propriamente ditos, os usuários devem ter uma senha e um login, pois o site é privado e a instituição de ensino que desejar trabalhar com o site deve pagar pelo acesso. O que mostra que o hipertexto não garante acessibilidade ilimitada, como algumas vezes foi defendido. As opções de links levam os usuários às páginas de notícias comentadas, entrevista interativa, links para cada nível de ensino: infantil, fundamental e médio tanto na barra de ferramenta como no centro do rosto da homepage. Estes links trazem consigo imagens relacionadas ao contexto escolar. Aparecem também outros links, com imagens, um direcionado para explicação do que se trata o portal, outro para uso dos professores, outro para os pais e por fim um relacionado a como se conveniar ao portal. A homepage ainda conta com uma barra, à esquerda, de links relacionados aos serviços em geral que o site presta ao usuário da educação e que, colocando o cursor sobre eles, aparecem outros links. Nesses links alguns apontam para páginas de livre acesso e outros a páginas de acesso restrito. Figura 1: Homepage do portal educativo Em algumas páginas se tem acesso à central de projetos 3, conteúdos e ferramentas que são contemplados no site para cada nível de ensino, esse acesso não é restrito aos usuários conveniados. No que se refere às páginas do site, vale mencionar que em cada nível de ensino com o qual o site trabalha há uma página específica 4. No fundamental II aparece um link, às vezes mais de um, com o nome de conteúdo multimídia, que é o que interessa para esta pesquisa. Clicando nesse link, que é de acesso restrito, o usuário entrará na página em que poderá acessar seu e-mail, a sua agenda, mural escolar e um comunicador, neste o usuário poderá entrar em contato com os amigos da Comunidade do portal. Estes itens estão localizados na parte de cima da página e logo abaixo aparece a barra de ferramentas acadêmicas, que pode ser ocultada, com os seguintes itens: portfólio da turma, administrador de escolas, login alunos LAB, diário das minhas turmas. Ainda nessa página aparecem várias opções de links que, por serem em grande quantidade e não serem objetos desta pesquisa, não serão mencionados. Nessa página também se encontram os links dos níveis de ensino, no entanto, para a realização deste trabalho a navegação prosseguiu para a página de 5ª a 8ª séries. Lá encontra-se o link conteúdo multimídia que dá acesso à página nomeada de Conteúdo Multimídia, trazendo os links do fundamental 1 e 2 e médio com suas respectivas disciplinas. Outras opções de links também aparecem, mas não se faz necessário enciona-las. Então, para chegar ao conteúdo clica-se na disciplina Língua Portuguesa e se tem acesso à lista de conteúdos dessa disciplina. Esses conteúdos estão inseridos nos softwares lá disponibilizados. 3 Não será especificado em qual link se apresenta cada item e atividade aqui mencionados. 4 A pesquisa se ateve à página do ensino fundamental II.

265 2 Falando sobre suporte Uma vez que o software aqui está sendo tratado como suporte, faz-se necessário explanar um pouco sobre esse assunto e quais questões subjazem a ele. De acordo com Marcuschi (2003), o suporte é um portador do texto mas não no sentido de um meio de transporte ou veículo, nem como um suporte estático e sim como um locus no qual o texto se fixa e que tem repercussão sobre o gênero que suporta. (...) um lócus físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como textos (p.7, 8). Para o autor o suporte firma ou apresenta o texto para que se tenha acesso a ele, no entanto, o suporte não deve ser confundido com o contexto, a situação, o canal em si, nem com a natureza do serviço prestado. Além do mais o suporte não é neutro e o gênero não fica indiferente a ele (p.9). Seguindo a idéia do autor, pode-se asseverar que o gênero é sempre identificado na relação com o suporte e o texto é um processo e um produto que se realiza na relação com todos os aspectos do funcionamento da língua: situado, envolve produtores, receptores e condições de produção e recepção específicas bem como envolve aspectos lingüísticos, sociais e cognitivos. Ainda sugere que se trate o suporte considerando o domínio discursivo, formação discursiva, gênero e tipo textual. No que se refere à relação dos suportes textuais com a leitura, aqueles exercem influência também no modo da leitura pois dependendo do suporte a relação do leitor com o texto será diferente, o que significa que o leitor não opera da mesma forma com os textos em suportes diferentes, mas isso não significa ainda que os suportes veiculem conteúdos diversos para os mesmos textos. O suporte não muda o conteúdo, mas nossa relação com ele, não só por permitir anotações, mas por manter um contato diferenciado com ele (MARCUSCHI, 2003, p.26) Souza et al (2006a, p.83-84) também asseguram que o gênero é identificado na relação com o suporte e que este dá ao gênero uma expressividade determinada a qual se refere à forma do suporte e ao gênero suportado. Desse modo, falando sobre os gêneros digitais, a linguagem contida nos gêneros virtuais está diretamente relacionada ao suporte. Mudando-se o suporte, muda-se o gênero; o suporte é fator determinante para o estilo, e quando há estilo, há gênero. Os gêneros são enunciados sóciocomunicativos definidos pelo suporte através de composição e estilo. Souza e Carvalho (2006b) afirmam que o suporte, na escrita virtual, não é a tela do computador, conforme vem afirmando alguns teóricos, já que mudando o suporte muda também o gênero suportado, pois o suporte condiciona o gênero. Assim os autores lembram o que já afirmava Marcuschi (2003): o suporte não pode ser confundido com nenhum desses aspectos: o contexto, a situação, o canal e a natureza do serviço prestado. O software é um suporte por dar característica de estilo ao gênero virtual, já que o estilo é fator determinante do gênero, segundo Bakhtin (2003). Contrariando aqueles que tomam o software como serviço, Souza e Carvalho (2006b) concebem-no como suporte 5 de uma escrita virtual e esboçam as seguintes características do software (p.3): Função principal: dar característica de estilo ao gênero Comporta por funcionalidade Molda os gêneros Base hipertextual Criado com base em modelos anteriores de experiência do sujeito E assim de acordo com a relação que se estabeleça com o software, este se constituirá em um artefato intelectual (para quem o cria) ou em uma ferramenta que auxiliará na execução de determinadas tarefas (para quem o utiliza). Então, estudar um suporte virtual, estudar sua natureza 5 Em trabalhos recentes os autores passaram a adotar a nomenclatura não mais de suporte, mas de organismo, uma vez que considera o software um suporte atípico.

266 (IHC 6 ) é estudar sua relação com os objetos semióticos. É estudar os moldes que subjazem e tornam o diálogo mediado por computador um artefato sócio-interacional (SOUZA E CARVALHO, 2006b, p.5). Portanto, o uso do software prever a interação entre sujeitos sócio-historicamente constituídos mediada por signos e é nessa relação que se estabelecerá a construção de sentidos. Por modificar a relação com o gênero, o suporte modifica também o modo de produção e recepção do texto. Mas essa relação é mediada, como mencionado, por signos que constituem a interface do software. É a interface que leva o sujeito a caminhos cognitivos singulares que precisam ser mais bem compreendidos, para que possamos responder, por exemplo, a seguinte pergunta: como um sujeito se localiza em um ambiente virtual? É notório que existe uma relação estreita entre o meio físico e visual da escrita e o espaço de vinculação. Isto não significa que a tela determine o espaço, mas que o software determine (SOUZA E CARVALHO, 2006b, p. 9). A organização gráfica do software, além de outros aspectos, contempla cores, menus, ícones, signos os quais colaboram na construção do sentido. Souza e Carvalho (2007, p. 8) concebe a interface do software como uma coleção de signos que serão interpretados pelos usuários. Os sujeitos envolvidos com a elaboração da interface e com o conteúdo do software têm em vista a melhoria da comunicação. Assim todos os signos utilizados na interface para a elaboração do software consistem em ser uma expressão que conduza o usuário a ativar interpretantes e que o faça utilizar o sistema computacional de forma intuitiva. Outra característica do software que merece ser mencionada é sua natureza hipermidiática e hipertextual. Hipermidiático porque aporta diferentes mídias: imagens paradas e em movimento, animações, sons, vídeos. Hipertextual por conter textos que se ligam a outros textos a partir de hiperlinks. Os hiperlinks estão relacionados com a hipermídia. 3 O software no ambiente web Após ter exposto algumas das características dos softwares, constata-se que os conteúdos multimídias presentes na página lista de conteúdos de Língua Portuguesa do portal investigado são softwares, pois suportam as atividades de leitura e compreensão textual. Pode-se dizer que são softwares porque dão características aos gêneros suportados, gêneros estes da esfera do discurso pedagógico tais como: a explicação textual, os exercícios escolares, a redação, instruções para produção textual, conforme afirma Marcuschi (2003) se referindo aos gêneros nos livros didáticos. Além do mais, esses suportes comportam por funcionalidade: neste caso, função de ensino e aprendizagem; moldam os gêneros: estes estão de acordo com a interface dos softwares; tem base hipertextual e é criado com base em modelos anteriores de experiência do sujeito, características apontadas por Souza e Carvalho (2006b). Nesta perspectiva, na página lista de conteúdos de Língua Portuguesa são apresentadas duas páginas que contêm ao todo 27 softwares, os quais aparecem com seus respectivos temas e uma descrição dos conteúdos abordados. Para cada tema aparecem imagens diferentes identificando-o. Ao lado da descrição dos conteúdos têm-se alguns ícones que correspondem aos recursos multimídias utilizados no software. A seguir será exibida a primeira página com os softwares pelo fato da página ultrapassar o tamanho da tela, não foi possível apresentá-la na íntegra. 6 IHC: Interação Humano Computador.

267 Figura 2: primeira página do conteúdo de Língua Portuguesa Para esta pesquisa foram escolhidos apenas dois softwares para análise das atividades de leitura e compreensão textual. Os softwares selecionados foram: charge e texto jornalístico interpretação. No entanto, antes de explicitar os resultados das análises, vale mencionar que os softwares analisados pertencem ao domínio discursivo, termo utilizado por Marcuschi (2003), pedagógico o que significa que as atividades propostas, as enunciações presentes nesse material (o software) vão sofrer influência desse domínio, da esfera de atividade humana, na concepção bakhtiniana. Mesmo se tratando de um ambiente virtual, as enunciações vão trazer as marcas da esfera a que pertencem, a esfera pedagógica, e, sendo inserido no ambiente da web, sendo suportadas pelo software, as enunciações vão sofrer influências desse ambiente (esfera) e desse suporte. Segundo Bakhtin (2003:297), cada enunciado é pleno de ecos e ressonâncias de outros enunciados com os quais está ligado pela identidade da esfera de comunicação discursiva. Cada enunciado deve ser visto antes de tudo como uma resposta aos enunciados precedentes de um determinado campo (...). Araújo (2005) lembra que a esfera de comunicação é o espaço de práticas de comunicação humanas e essas práticas fazem surgir novos gêneros discursivos que organizam a comunicação entre os indivíduos e trazem as marcas da esfera. Portanto, no que se refere aos gêneros da web, todos trazem consigo as marcas desta esfera. Por isso, os softwares investigados trazem consigo as marcas da esfera pedagógica e da web, e os seus enunciados vão também sofrer influência dessas esferas e do suporte. Nesta perspectiva, verificou-se que os softwares desta pesquisa, que estão inseridos no portal educativo, trazem o discurso pedagógico e são marcados também pela forma de funcionamento dessa esfera. Percebe-se que a forma de sua organização, a temática, a descrição e a abordagem dos conteúdos estão condizentes com o que já acontece nas atividades humanas da esfera pedagógica. Quanto à esfera da web, os softwares em questão apresentam características hipermidiáticas e hipertextual, trazendo uma interface que possibilita aos usuários, alunos e professores, interagirem com os conteúdos, contemplando diversas multimídias como cores, imagens, além da hipertextualidade com a presença de links que remetem os usuários a outros textos verbais. 4 Analisando os softwares O software de Charge Esse software traz a descrição do conteúdo e a imagem da capa da seguinte maneira: Trata-se de uma atividade na qual o aluno deve interpretar as charges e as letras de música para responder às questões.

268 Figura 3: Capa no interior do software charge Ao clicar no link que dá acesso a outra página do software, têm-se logo as atividades de leitura e interpretação do texto. Na primeira atividade aparecem duas charges para o aluno responder às seguintes questões: O que você precisa saber para entender estas charges? A que conhecimento estas charges estão relacionadas? Esta charge se refere ao vazamento de óleo que ocorreu em algumas praias. Esta charge se refere à venda de empresas públicas às grandes empresas privadas estrangeiras. Ao analisar a primeira questão de compreensão textual, percebe-se que não há a exploração dos recursos lingüísticos e das imagens para levar o aluno a inferir e construir sentidos para as charges em questão, utilizando-se, portanto, de uma pergunta muito geral e que pode remeter o aluno a várias respostas. No que diz respeito à segunda questão, pode-se concluir que está muito próxima da primeira, mas se se pensar que esta pergunta está relacionada ao acontecimento social a que elas se referem, o aluno pode logo chegar a conclusão de que tem a ver com o que a atividade já traz como explicações. Estas, então, já seriam as respostas. Na atividade posterior, tem-se a seguinte afirmação, Angeli, referindo-se à corrupção, utilizou, na charge abaixo, ironicamente as palavras discriminação, segregação, crime, absurdo, e mal para a sociedade. Observe a charge e tente responder às questões. Que outras palavras têm a mesma formação de CORRUPTÓDROMO? (logo abaixo aparece uma caixinha interativa de sugestão que o aluno deve digitar sua resposta e em seguida clicar na palavra sugestão que aparecerá um quadro ao lado com várias palavras como sugestão de resposta)

269 Nesta atividade, não há abordagem sobre as especificidades do gênero em questão, a charge, nem a reflexão sobre as práticas sociais nas quais o gênero circula. Além do mais, as relações entre as idéias do texto também não foram consideradas tampouco a relação da linguagem verbal com a não verbal, o que demonstra que o texto não é tomado como prática social mas apenas para servir de pretexto para o trabalho com a compreensão textual, de maneira descontextualizada. O que se pode perceber é que houve a preocupação com o significado da palavra no texto, fazendo relação com outras do dia-a-dia, mas não foi além disso nesta questão. Em seguida, outras questões são levantadas a partir do texto, como as abaixo expostas: Há solução para a corrupção? Justifique sua resposta baseando-se na charge. (outra caixinha interativa para o aluno digitar sua resposta e comparar) Ainda nessa atividade aparecem transcritas essas expressões da charge e a seguinte questão: Isso é crime! Dá processo! No Brasil, estão em andamento muitos processos por crimes políticos. Normalmente, qual o resultado desses processos? (aparece uma caixinha não interativa para se digitar a resposta) Nesta questão, percebe-se a preocupação de se obter do estudante sua opinião a respeito de algo, o que possibilita respostas diversas, deixando os alunos utilizarem a sua criatividade de usuário da língua. Aqui não aparece a caixinha com resposta, deixando os alunos mais à vontade. Percebe-se que há a extrapolação das informações contidas no texto e a consideração dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema, atividade pertinente para o desenvolvimento de habilidades leitoras. A última atividade diz respeito às letras de duas músicas, cujas questões relacionadas a elas são as seguintes: Leia com atenção as letras das músicas e observe as suas características. Qual o tema de cada uma? De que maneira os temas são expostos? As duas questões, de acordo com a organização da atividade, devem ser respondidas considerando as alternativas que seguem as perguntas. As alternativas devem ser marcadas de acordo com a numeração 1, para o primeiro texto, e 2, para o segundo texto. Essa marcação é interativa, pois o usuário vai buscar o número ao lado de uma figura, que, por sua vez, está ao lado do texto. Percebe-se nesta atividade que houve a preocupação de solicitar do aluno a apreensão dos sentidos gerais a partir de generalização de informações de diferentes partes do texto. Além disso, as questões estão relacionadas ao desenvolvimento de leitura autônoma pelo aluno através da elaboração de inferências a partir de pistas que levam à leitura de subentendidos do texto. As questões ainda estão ligadas à identificação de informações explícitas, pois as perguntas levam o aluno a localizá-las no texto. Esse tipo de atividade é muito importante para a formação de leitores proficientes, mas ainda está separada da prática social da leitura, pois não há uma reflexão sobre o gênero nem sobre sua circulação no cotidiano. Nenhuma das atividades contém a abordagem das especificidades de cada gênero que está sendo exposto nem a inclusão deles como prática social inseridos em esferas de atividade humana. Apesar do enunciado chamar a atenção para as características dos textos, em momento algum há a reflexão sobre as músicas e as charges enquanto gênero, nem aprofunda a discussão sobre as temáticas em evidência. Texto jornalístico interpretação A estrutura de organização dos softwares é igual, conforme já mencionado. O que diverge é o quantitativo de recursos multimídia utilizados e a diversidade de atividade, o que vai influenciar nos

270 objetivos a serem alcançados na utilização do software. Veja-se a descrição com o objetivo da atividade objetivo este subentendido em seguida, a capa e o enunciado da atividade: O quanto você sabe sobre textos jornalísticos. Descubra isso lendo os textos e as charges e respondendo às questões. Figura 4: Capa no interior do software texto jornalístico interpretação Os trechos seguintes foram retirados do jornal Folha de S. Paulo. Observe que eles tratam do mesmo assunto, porém com linhas diferentes de pensamento. Em que aspectos os dois textos se diferenciam? Subsequente ao enunciado acima, dois trechos de textos são expostos tendo como cabeçalho Opinião, mas cada texto tem os seguintes títulos: Justiça no pedágio e É hora de baixar as tarifas respectivamente. Ao final de cada trecho aparecem os nomes dos autores, suas idades, profissões, quais cargos ocupam e quais já ocuparam, demonstrando ao leitor o grau de influência que cada autor exerce em seus textos e aos leitores. Um exerce cargo público, em ministério e já exerceu a prefeitura e o outro presidente e ex-diretor de órgãos relacionados ao transporte. Após os quadros dos textos, é exposto um quadro de observações explicando o referente de um dos pronomes que aparece em um dos textos (ela), o significado das palavras abusivos, proliferam e mentor, levando o leitor a refletir sobre os significados das palavras no contexto, mas não indo além disso. As perguntas de interpretação textual vêm logo em seguida tendo como enunciado: Responda às questões abaixo para entender melhor os trechos de textos jornalísticos. Qual o assunto abordado nos trechos de Justiça no pedágio e É hora de baixar a tarifa? (logo abaixo aparece uma caixinha não interativa para se digitar a resposta) Eliseu Padilha posiciona-se a favor ou contra o pedágio? Qual o principal argumento para sustentar esse posicionamento? (aparece uma caixinha interativa para se digitar a resposta e depois comparar) Romeu Nercy Luft posiciona-se a favor ou contra o pedágio? Qual o principal argumento apresentado para sustentar esse posicionamento? (outra caixinha interativa para se digitar a resposta e depois comparar) Como as referências dos autores dos textos justificam o posicionamento de cada um? (aparece uma caixinha não interativa para se digitar a resposta)

271 A partir do exposto verifica-se que as questões propostas nesta atividade não levam explicitamente o aluno a refletir sobre as especificidade do gênero em questão tampouco a refletir sobre as práticas sociais em que circulam. Além do mais não propiciam explicitar o que o aluno já sabe sobre o gênero, conforme afirma o primeiro comentário tecido no início do software, mas apenas a identificar o tema, a apreender o sentido geral do texto, a compreender e articular as idéias do texto no que se refere à argumentação e as justificativas, a elaboração de inferências a partir de pistas que levam a subentendidos do texto. Passando-se à atividade seguinte, constata-se que mais uma vez o gênero não é explorado no intuito de levar o aluno a entendê-lo melhor, para saber lidar com ele nas práticas sociais de leitura e escrita. De acordo com Dolz et al (2004) os procedimentos de ensino devem preparar os alunos para dominar sua língua nas situações mais diversas da vida cotidiana, oferecendo-lhes instrumentos precisos, imediatamente eficazes, para melhorar suas capacidades de escrever e de falar (p. 110). Isso é proporcionado pelo simples fato de que o objeto de trabalho que funda o procedimento, ou seja, o gênero, é a forma que assume, necessariamente, toda comunicação, seja qual for a modalidade utilizada (p. 112). Veja-se o enunciado e as questões da atividade a seguir a charge não será disponibilizada aqui: Ao ler ou ouvir um texto, investigue os sentidos que esse pode ter. Estas charges manipulam a linguagem com vistas a obter dubiedade, e assim, criticar certas posições do governo. Pense sobre os diferentes sentidos das manchetes. Como se consegue isso? Esta atividade não vai além do que está descrito acima e contempla o gênero textual charge que se configura como um gênero da esfera discursiva jornalística, condizendo com a temática do software. No entanto, não há uma abordagem consistente sobre o gênero nem instiga o aluno a refletir sobre o que aparece no texto, tornando a atividade uma abordagem superficial. A atividade posterior inicia-se da seguinte forma: ABRAM OS OLHOS, APUREM OS OUVIDOS! - Você acredita em tudo que ouve ou lê? - Quando seu horóscopo aconselha não sair de casa, qual sua atitude? - Ainda existe censura? Após esse seguimento de questões, o qual tem ao lado um boneco mostrando as orelhas para a escuta, aparece um trecho do texto falando sobre censura e ao final é exposta a fonte. Responda às questões abaixo para entender melhor o texto acima. Que informação do trecho justifica o uso da expressão caos total? (caixinha interativa para se digitar a resposta e comparar) (...) era uma coisa incrível porque fomos nos exaurindo. Qual foi o motivo da exaustão? (caixinha interativa para se digitar a resposta e comparar) Compare as frases e escreva a diferença de sentido entre elas. Éramos discriminados em tudo, tudo. Éramos descriminados em tudo, tudo. (duas caixinhas interativas para se digitar as respostas e comparar) Nesta atividade as questões limitam-se à identificação das informações explícitas a partir da localização no texto e identificação do significado de palavra a partir do contexto. Mais uma vez não há um trabalho consistente com o gênero textual tampouco a abordagem da esfera em questão, a jornalística.

272 Considerações finais O portal educativo aqui investigado tem um potencial muito alto de possibilitar a interatividade entre seus produtores, usuários, textos, softwares e suas interfaces. As páginas do portal apresentam recursos de multimídia e hipertexto bem diversificados e os signos utilizados nas suas interfaces promovem a dialogicidade entre si e com o usuário. A homepage oferece ao usuário caminhos diversos para a navegação e grande explicitação sobre o que se pode encontrar naquele ambiente virtual, facilitando a decisão do leitor virtual de prosseguir a sua leitura conforme seus interesses, neste caso, o professor que vai desenvolver um trabalho pedagógico e os alunos inseridos nesse processo de ensino e aprendizagem. Quanto aos softwares investigados, esses também oferecem recursos hipermidiáticos, hipertextuais vários, e contêm uma organização que instiga os seus usuários a prosseguirem sua empreitada de navegação pelas páginas desse material, cujo propósito é de ensino e aprendizagem da língua portuguesa através de suas atividades. No entanto, verificou-se que, no que se refere às atividades desenvolvidas, estas não contemplam uma abordagem sociointeracional de linguagem, um ensino da língua considerando as esferas comunicativas, os gêneros textuais para estudo, os seus suportes, as circunstâncias de uso da língua e os interactantes. Todos esses aspectos passaram despercebidos por quem elaborou o software, pois o que se pode constatar é que os textos vêm como pretexto para leitura e compreensão, com questões gerais, e o trabalho com o significado das palavras. Referências ARAÚJO, J. C. A conversa na Web: o estudo da transmutação em um gênero textual. In: MARCUSCHI, L. A. & XAVIER, A. C. (Orgs.). Hipertexto & Gêneros digitais: novas formas de construção do sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. BAKHTIN, Mikhail Mikpailobitch. Estética de criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003. BAKHTIN, Mikhail Mikpailobitch. Marxismo e Filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2002. BEZERRA, Benedito G. Gêneros introdutórios mediados pela web: o caso da homepage. In: ARAÚJO, J. C. (org). Internet & ensino: novos gêneros, outros deságios. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007a. DOLZ, J. et al. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SHNEUWLY, B. e DOLZ, J. Os gêneros orais e escritos na escola. São Paulo: Mercado de Letras, 2004. MARCUSCHI, Luiz Antônio. A questão do suporte dos gêneros textuais. Recife: UFPE/CNPQ, 2003. SOUZA, A. G.; CARVALHO, E. P. M & SANTOS, G.P. Influências do suporte na escrita em ambientes virtuais e no dia-a-dia escolar: uma análise comparativa entre alunos da escola pública e da escola privada. In: Anais da XX Jornada de Estudos Linguísticos do Nordeste GELNE, UFPB: João Pessoa, 2006a. SOUZA, A. G.; & CARVALHO, E. P. M. Uma noção de suporte virtual. In: Hipertextus Revista Digital - Volume 1. NEHTE, UFPE Recife PE, 2006b. Disponível em: http://www.hipertextus.net/volume1.html. Acesso em: 11-01-09. O Signo: no Suporte e no Gênero Virtual In: Letra Magna. Ano 04- n.07, 2007. Disponível em: www.souza.pro.br/signos.pdf. Acesso em 07-01-09.