65) Sobre o crime de homicídio, segundo o Direito Penal Militar, analise as afirmações a seguir. l Comete crime militar de homicídio o soldado PM da ativa que mata outro soldado PM da ativa, em plena via pública, no momento em que ambos estavam de folga. ll Comete crime comum de homicídio o soldado PM da ativa e de folga que mata outro soldado PM da reserva, em plena via pública. lll Comete crime militar de homicídio o soldado PM da ativa e de serviço que mata civil, em plena via pública, por ato de imperícia. lv Comete crime comum de homicídio o soldado PM da ativa e de serviço que mata civil, na modalidade dolosa, em plena via pública. A sequência correta, de cima para baixo, é: A V - V - F - F B V - V - V - V C V - F - V - F D F - V - F - F E F - F - F - F 1- A questão é clara. Trata-se de marcação em sequência das alternativas com V (para as verdadeiras ou corretas) e F (para as falsas ou incorretas). 2 - No mérito as razões de recurso são inéptas, pois o candidato parece confundir crime comum com crime culposo. Em todo caso, a afirmativa IV está resguardada pelo Parágrafo único do art. 9º do Código Penal Militar, acrescentado pela Lei 9.299/1996: Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum. DECISÃO DA BANCA ELABORADORA: MANTER A QUESTÃO.
66) Segundo o Direito Penal Militar, assinale a alternativa que contenha somente crimes propriamente militares. A Desrespeito a superior; motim; deserção. B Furto de uso; dormir em serviço; corrupção passiva. C Lesões corporais; homicídio; corrupção passiva. D Embriaguez em serviço; pederastia; oposição à ordem de sentinela. E Reunião ilícita; desobediência; desacato a militar. 1. A alternativa A está correta, pois TODOS os crimes citados são propriamente militares, haja vista que só podem ser praticados por militares. 2. O enunciado pregava segundo o Direito Penal Militar.... Logo, a resposta somente poderia ser dada nesse parâmetro, pois a questão versava especificamente sobre o direito penal militar, e não sobre o direito penal comum. Portanto, não se pode acrescentar à compreensão da questão o crime previsto no art. 354 do Código Penal comum, que aliás, tem nomen iuris diverso ( motim de presos ), e cuja versão no CPM recebe ainda outro nomen iuris, ( amotinamento, previsto no art. 182). 3. Por fim, o crime de oposição a ordem de sentinela, previsto no art. Art. 164 do CPM, não é propriamente militar, pois pode ser praticado em tese por qualquer pessoa, seja militar ou civil. DECISÃO DA BANCA ELABORADORA: MANTER A QUESTÃO.
67) Com relação aos crimes contra a liberdade previstos no Código Penal Militar, analise as afirmações a seguir. l Se dois militares masculinos mantém relações sexuais quando ambos estão de folga, em estabelecimento particular, cometem crime militar de pederastia. ll A pena em abstrato para o crime militar de estupro é mais leve que o crime de estupro previsto no Código Penal comum. lll Desafiar outro militar para duelo, embora o duelo não se realize, é classificado como crime militar de rixa. lv O Código Penal Militar prevê o crime de corrupção de menores. Estão corretas somente as afirmações: A I - II - III B I - III - IV C II - III D II - IV E III - IV 1. De fato, houve erro material no enunciado da questão ao ser transcrita a expressão crimes contra a liberdade. Entretanto, tal fato não é suficiente para invalidá-la. Primeiro, porque não se indagou na questão, o conceito de crimes contra a liberdade. Segundo, porque as respostas possíveis também não dependiam do conceito de crimes contra a liberdade. As assertivas puderam ser analisadas pelos candidatos uma de cada vez, isoladamente, autonomamente, separadamente. Veja-se cada assertiva: I - Se dois militares masculinos mantém relações sexuais quando ambos estão de folga, em estabelecimento particular, cometem crime militar de pederastia. II - A pena em abstrato para o crime militar de estupro é mais leve que o crime de estupro previsto no Código Penal comum. III - Desafiar outro militar para duelo, embora o duelo não se realize, é classificado como crime militar de rixa. IV - O Código Penal Militar prevê o crime de corrupção de menores. Por outro lado, as assertivas propostas estão perfeitamente compreensíveis, aptas para a solução dos candidatos.
Em conclusão, a análise das assertivas acima não dependeram do conceito do que são crimes contra a liberdade segundo o Código Penal Militar, e assim, não houve delimitação ou restrição capaz de influir na solução da questão. 2. A assertiva II está correta. A pena em abstrato para o crime militar de estupro é mais leve que o crime de estupro previsto no Código Penal comum. O crime militar previsto no art. 232 do CPM tem pena de reclusão, de três a oito anos, sem prejuízo da correspondente à violência. Enquanto o crime comum de estupro, previsto no art. 213 do CP, tem pena de reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos, com a redação da Lei 8.072/1990 (a pena foi mantida também pela nova lei 12.015/2009). DECISÃO DA BANCA ELABORADORA: MANTER A QUESTÃO
68) Segundo o Código Penal Militar, analise as afirmações a seguir. l O militar que ingere bebida alcoólica em seu serviço de plantão comete crime militar. ll Major PM que ofende a dignidade de Capitão PM, ambos de serviço, comete crime de desacato a superior. lll É crime de motim reunirem-se militares assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior. lv Caracteriza o crime de exercício de comércio por oficial, o oficial da ativa comerciar ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade comercial, dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou cotista em sociedade anônima, ou por cotas de responsabilidade limitada. Está(ão) correta(s) somente a(s) afirmação (ões): A l - III - IV B li - III C II - III - IV D III E IlI - lv De fato, o CPM prevê: Embriaguez em serviço. Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Entretanto, a lei penal militar é clara: o crime tem consumação quando o sujeito embriagar-se ou apresentar-se embriagado. Logo, a mera ingestão de bebidas poderá caracterizar transgressão disciplinar, mas nunca crime militar. Isso porque a lei penal militar não pode admitir interpretação extensiva para punir, com base na teoria dos tipos penais fechados. Assim, embora um militar de plantão possa ingerir uma lata de cerveja, se não estiver configurada e provada a embriaguez, não haverá crime, mas o fato em si poderá ensejar punição administrativa disciplinar. DECISÃO DA BANCA ELABORADORA: MANTER A QUESTÃO.
69) De acordo com o Direito Processual Penal Militar, assinale a alternativa correta. A Escabinato é uma forma de prisão processual. B Escabinato é a denominação que a doutrina dá aos Conselhos de Justiça instituídos pelo Código de Processo Penal Militar. C Escabinato é um tipo de estabelecimento de cumprimento de penas para militares. D Escabinato é forma especial de intervenção de terceiros prevista no Código de Processo Penal Militar. E O antigo instituto do escabinato não tem previsão no Código de Processo Penal Militar vigente. 1. Quando o enunciado diz de acordo com o Direito Processual Penal Militar, significa que o candidato tem que responder a questão de acordo com o a ciência do direito, que abrange não somente a lei em sua literalidade, mas também a lei interpretada pela doutrina e a jurisprudência. Isso porque o Bacharel em Direito não pode ser um mero repositório mental de leis, mas também um conhecedor da lei vista pela doutrina e jurisprudência, o que poderá demonstrar seu conhecimento acumulado e raciocínio jurídico. 2. O termo escabinato é afeto ao direito processual penal militar brasileiro. Está previsto no Código de Processo Penal Militar através dos Conselhos de Justiça. Segundo Paulo Tadeu Rodrigues Rosa, os Conselhos de Justiça são conforme mencionado anteriormente o 1 º grau de jurisdição da Justiça Militar, Federal e Estadual. Segundo a doutrina, os Conselhos de Justiça são órgãos colegiados constituídos por civis e militares. A constituição mista deste colegiado recebe o nome de escabinato. Segundo Roberto Menna Barreto de Assumpção, "escabinato diz-se dos órgãos colegiados mistos formados na Justiça Militar, por integrantes das Forças Armadas e bacharéis, quatro oficiais e um Juiz Auditor nos Conselhos Permanentes e Especiais de 1 º grau. Dez oficiais generais do último posto da carreira, três advogados, um membro do MPM e um Juiz Auditor, no STM" (ASSUMPÇÃO, Roberto Menna Barreto. Direito Penal e Processual Penal Militar Teoria Essencial do Crime Doutrina e Jurisprudência Justiça Militar da União. Rio de Janeiro: Editora Destaque, 1998, p. 20) (in Justiça Militar: participação das praças no escabinato, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3529, disponível em 20/08/2009. Grifou-se) DECISÃO DA BANCA ELABORADORA: MANTER A QUESTÃO.
71) Segundo o Código de Processo Penal Militar, analise as afirmações a seguir. l O Diretor de Apoio Logístico e Finanças da PM exerce a polícia judiciária militar. ll Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando, as atribuições de polícia judiciária militar podem ser delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado. lll Compete à polícia judiciária militar representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão temporária e da insanidade mental do indiciado. lv O inquérito policial militar é instaurado mediante portaria do Oficial Corregedor da Organização Militar. Estão corretas somente as afirmações: A l - li B l - II - III C li - III D II - III - IV E III - IV Diz o Código de Processo Penal Militar- CPPM: Exercício da polícia judiciária militar. Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos têrmos do art. 8º, pelas seguintes autoridades, conforme as respectivas jurisdições: a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território nacional e fora dêle, em relação às fôrças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país estrangeiro; b) pelo chefe do Estado-Maior das Fôrças Armadas, em relação a entidades que, por disposição legal, estejam sob sua jurisdição; c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, fôrças e unidades que lhes são subordinados; d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, fôrças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando; e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos territórios; f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados; g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de fôrças, unidades ou navios (Sic. Grifou-se). Por sua vez diz também o CPPM: Aplicação à Justiça Militar Estadual. Art. 6º Obedecerão às normas processuais previstas neste Código, no que forem aplicáveis, salvo quanto à organização de Justiça, aos recursos e à execução de sentença, os processos da Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares. Dessarte, o art. 6º dá guarida à aplicação do CPPM à todas as autoridades policiais militares das Corporações Militares Estaduais. Portanto, negar vigência aos arts. 6º e 7º, implicaria em negar vigência ao próprio CPPM no âmbito da Polícia Militar. É estampado que em todo o art. 7º do CPPM, não se fala em Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros Militar. Entretanto, todos os Inquéritos Policiais Militares são instaurados por portarias emanadas das autoridades policiais militares correspondentes às das Forças Armadas previstas no art. 7º. Vale dizer ainda que não se trata de mero emprego de analogia ou de interpretação analógica, mas de aplicação da lei nos termos do art. 6º do CPPM. Em conclusão, o Diretor de Apoio Logístico e Finanças, titular de órgão de diretoria da Polícia Militar, com base no art. 7º, g, do CPPM, pode e exercer a polícia judiciária militar no âmbito de suas atribuições. DECISÃO DA BANCA ELABORADORA: MANTER A QUESTÃO
74) Sobre a prisão por crime militar (Código de Processo Penal Militar), marque com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas. ( ) O emprego de algemas deve ser evitado desde que não haja perigo de fuga ou de agressão da parte do preso, e de modo algum será permitido nos presos que tem direito a prisão especial, como os Oficiais da Polícia Militar. ( ) O recurso ao uso de armas só se justifica quando absolutamente necessário para vencer a resistência ou proteger a incolumidade do executor da prisão ou a de auxiliar seu. ( ) Quando a prisão em flagrante for efetuada em lugar não sujeito à administração militar, o auto poderá ser lavrado por autoridade civil, ou pela autoridade militar do lugar mais próximo daquele em que ocorrer a prisão. ( ) Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for insubmisso, desertor, ou seja, encontrado em flagrante delito militar. A sequência correta, de cima para baixo, é: A V - V - F - F B F - F - F - F C V - F - V - F D F - V - F - V E V - V - V - V 1. A afirmativa I é válida, porque prevista no art. 234, 1º, do CPPM: o emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga ou de agressão da parte do preso, e de modo algum será permitido, nos presos a que se refere o art. 242. Por sua vez, o art. 242 do CPPM, que trata da prisão especial, diz: Serão recolhidos a quartel ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão, antes de condenação irrecorrível: (...) f) os oficiais das Forças Armadas, das Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares, inclusive os da reserva, remunerada ou não, e os reformados. Nesse sentido, os dispositivos em comento são válidos, pois foram recepcionados pela Constituição da República, assim como foi também a prisão especial. Ademais, tais dispositivos além de não afrontarem o verbete da Súmula Vinculante nº 11, dizem respeito a procedimentos processuais e policiais ligados a crimes militares, e não a crimes comuns, o que de forma alguma desrespeita o princípio da isonomia. 2. A afirmativa II está prevista literalmente no art. 234, 2º, do CPPM, não havendo reparo a fazer: O recurso ao uso de armas só se justifica quando absolutamente necessário para vencer a resistência ou proteger a incolumidade do executor da prisão ou a de auxiliar seu. Obviamente que tal dispositivo se refere ao uso de armas nos procedimentos investigatórios e processuais previstos no CPPM, sem afastar o uso de armas nos casos previstos no Estatuto do Desarmamento.
3. A afirmativa IV também está correta, pois a inserção da palavra militar não desnatura a questão. Máxime porque o CPPM também adotou os princípios da prisão facultativa e da prisão obrigatória. DECISÃO DA BANCA ELABORADORA: MANTER A QUESTÃO.