III-084 - PROPOSTA DE PLANO UNIFICADO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTÍVEIS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

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Transcrição:

III-084 - PROPOSTA DE PLANO UNIFICADO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTÍVEIS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Larisse Brunoro Grecco (1) Graduanda em Tecnologia em Saneamento Ambiental pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo - CEFETES. Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo UFES. Silvia Regina Krüger Macedo Graduanda em Tecnologia em Saneamento Ambiental pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo - CEFETES. Pós-graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo UFES. Elsa Maria da Silva Barreto Engenheira Química pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Fernanda Aparecida Veronez Engenheira Civil e Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Professora do Curso Superior de Tecnologia em Saneamento Ambiental CEFETES. Endereço (1) : Rua Lisboa,102 Araçás Vila Velha ES CEP 29103-220 Brasil Tel/Fax: (027) 3339-1203 e-mail: larissebg@click21.com.br RESUMO A recente diversificação das atividades realizadas em estabelecimentos revendedores de combustíveis no Brasil propiciou uma alteração nos tipos e quantidade de resíduos gerados. Além de resíduos sólidos oleosos, passou-se a ter grande parte de resíduos com potencial de recuperação, muitas vezes não aproveitados. Este trabalho tem por objetivo apresentar uma Proposta de Plano de Gerenciamento de Resíduos para postos revendedores do Estado do Espírito Santo, baseado nos princípios dos 4 R s (Repensar, reduzir, reutilizar e reciclar) e nos aspectos legais vigentes. Por meio de pesquisa de campo, verificou-se a situação atual do gerenciamento de resíduos neste setor e estimou-se o quantitativo de resíduos gerados. PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos, Gerenciamento de resíduos, Postos Revendedores, Legislação. INTRODUÇÃO Quando o automóvel surgiu, a comercialização dos produtos derivados do petróleo era realizada de forma rudimentar em farmácias e armazéns. Em seguida, vieram bombas junto às guias das calçadas e posteriormente os postos revendedores, instalações apropriadas para a revenda de combustível e outros serviços (FERREIRA, 1999). O desenvolvimento sócio-econômico das últimas décadas refletiu-se na diversificação dos tipos de resíduos gerados nesses estabelecimentos, bem como no aumento da geração dos mesmos, indicando a necessidade de regulamentação dessas atividades. Esta se concretizou com a publicação da Resolução CONAMA n 273, de 29 de novembro de 2000, a qual estabelece que toda instalação e sistema de armazenamento de derivados de petróleo e outros combustíveis configuram-se como empreendimentos potencialmente ou parcialmente poluidores e geradores de acidentes ambientais. Essa resolução também regulamentou o licenciamento prévio para a localização, construção, instalação, modificação, ampliação e operação de postos revendedores, postos de abastecimento, instalações de sistemas retalhistas e postos flutuantes de combustíveis, e, dentre esses a adequada destinação dos resíduos gerados pelos estabelecimentos. Em função do atendimento a tal resolução, surge a necessidade da criação de um plano de gerenciamento de resíduos que descreva os corretos procedimentos de Segregação, Acondicionamento, Coleta, Transporte, Armazenamento, Comercialização, Tratamento e/ou Destinação Final desses resíduos, que atenda aos postos ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1

revendedores, adequando-os às normas ambientais vigentes, tendo como principais objetivos a não geração, a redução na geração, o reuso, a reciclagem e a minimização do volume desses resíduos na destinação final. Com o objetivo de estabelecer Diretrizes para um Plano de Gerenciamento para os Postos filiados, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado (SINDIPOSTOS-ES) tem se mobilizado, desde 2003, por meio da contratação de profissionais da área de Meio Ambiente e do estabelecimento de parcerias, tal qual a firmada com o CEFETES para a realização deste trabalho. Dessa forma, o sindicato visa atuar na questão ambiental, orientando seus filiados e buscando soluções simplificadas, como no caso do gerenciamento de resíduos. Este trabalho propõe a Implantação de Plano Unificado de gerenciamento de resíduos para os postos revendedores de combustíveis, tendo como base os postos filiados ao Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Espírito Santo (SINDIPOSTOS-ES). MATERIAIS E MÉTODOS Com o objetivo de facilitar a elaboração do presente trabalho, foi consolidada uma parceria com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Espírito Santo (SINDIPOSTOS-ES), instituição que agrega atualmente 426 associados dos 576 postos revendedores de combustíveis existentes no estado. Após a identificação dos estabelecimentos que participariam da pesquisa, seguiu-se a fase de levantamento de dados. Para tal, elaborou-se um questionário quali-quantitativo contemplando questões para obtenção de informações como quantidade de resíduos gerados em cada setor administrativo, troca de óleo, lavagem de veículos, borracharia, loja de conveniência ou lanchonete - e formas empregadas de tratamento, coleta e destinação final dos mesmos. Os questionários, juntamente com lista de instrução de preenchimento e uma tabela com exemplos de materiais recicláveis, foram enviados, via Correios, a todos os estabelecimentos, fixando-se um prazo 90 dias para sua devolução. O material também foi disponibilizado no site do sindicato. Com a finalidade de orientar os proprietários dos postos quanto à importância do trabalho bem como do correto preenchimento do questionário, foram realizadas reuniões em cinco municípios do estado, localizados em regiões estratégicas: Cachoeiro do Itapemirim e Venda Nova do Imigrante (15/09/04), Colatina e Linhares (23/09/04) e Vitória (30/09/04). Fazendo o uso de multimídia e com duração aproximada de quarenta minutos, procurou-se, nestas reuniões, estimular a participação de todos os envolvidos. Foram abordados, em linguagem simples e de fácil compreensão, os objetivos e a importância da realização do trabalho, os aspectos legais e as vantagens do gerenciamento de resíduos, apresentação e forma de aplicação do questionário, orientações quanto ao preenchimento, descrições dos principais resíduos, instruções para segregação adequada e Política dos 4 R s: Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Após cada reunião também foram disponibilizados endereço eletrônico e telefones de contato para eventuais esclarecimentos. Além disso, os proprietários e/ou funcionários dos postos presentes nos encontros foram posteriormente contatados a fim de incentivá-los na resposta. Foram realizadas 16 (dezesseis) visitas técnicas em postos da Grande Vitória, nos dias 28 de outubro de 2004, e 11, 12 e 13 de janeiro de 2005. Estes postos foram escolhidos segundo critérios de localização e diversificação dos serviços oferecidos, sendo 2 (dois) em Vila Velha, 6 (seis) em Vitória, (3) três em Cariacica, 3 (três) em Viana e 2 (dois) na Serra. Estas visitas foram previamente agendadas pelo SINDIPOSTOS-ES, o qual também disponibilizou veículo e um de seus funcionários. O acompanhamento do funcionário foi de suma importância, tendo em vista a sua atuação como facilitador do contato entre as partes. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2

RESULTADOS Ao fim do prazo estipulado para devolução dos questionários, foram recebidas 43 unidades, o que representa 10% do quantitativo de postos do Estado. Nas reuniões realizadas compareceu um total de 100 representantes. A baixa aceitação dos questionários aponta para a necessidade da implementação de programas de educação ambiental que ampliem a percepção dos mesmos, questão esta, continuamente discutida e trabalhada no âmbito do sindicato. A partir dos dados obtidos por meio da aplicação dos questionários, foi possível indicar a atual situação do gerenciamento de resíduos nos postos revendedores. Os resultados obtidos foram tabulados com o objetivo de estimar o percentual de estabelecimentos que gerenciam seus resíduos de maneira adequada. Figura 1. 90% 80% 84% 79% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 40% 42% 28% 19% 14% 18% 18% 10% 0% 5% 5% 2% 5% 2% 2% 2% 4% 0% 4% Lâmpadas Fluorescentes Pilhas e Baterias Lixo Comum Papel Plástico Vidro Metal Alumínio Borracha Pneus Usados Embalagens Plásticas de Óleo Lubrificante Embalagens Metálicas de Óleo Lubrificante Embalagens Plásticas de Cera Embalagens Metálicas de Cera Embalagens de shampoo Óleo Usado Filtros de Ar Filtros de Combustível Filtros de Óleo Figura 1 Percentual de estabelecimentos que gerenciam adequadamente seus resíduos Para esta classificação considerou-se como apropriadas as seguintes formas de gerenciamento: Para Resíduos Perigosos, tais como embalagens plásticas e metálicas de óleo lubrificante, filtros de combustível e de óleo e lâmpadas fluorescentes: Destinação em aterro industrial licenciado, recolhimento por empresa particular e armazenamento temporário; Para resíduos passíveis de reciclagem, como plástico, alumínio e embalagens de shampoo: Recolhimento pela prefeitura tipo coleta seletiva, recolhimento por catadores e Reutilização; No caso do lixo comum, recolhimento pela prefeitura. Em meio aos resíduos estudados, o óleo lubrificante usado destaca-se por ter um grande percentual de destinação correta (Figura 2). Dentre os 10% de estabelecimentos, que responderam aos questionários, em 79% o óleo é recolhido por empresa particular licenciada e encaminhado ao rerrefino. Essa situação se deve a aplicação das instruções contidas nas portarias 125 e 127/99 da ANP e nas diretrizes estabelecidas na Resolução CONAMA 09/93 que considera que a reciclagem é o instrumento prioritário para a gestão ambiental e preconiza que todo o óleo lubrificante usado ou contaminado seja, obrigatoriamente, recolhido e tenha uma destinação adequada, de forma a não afetar negativamente o meio ambiente. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3

Não especificado 9% 79% 7% 5% Recolhimento pela Prefeitura junto com lixo comum Recolhimento por empresa particular Outros Figura 2 Destinação do óleo lubrificante usado Quanto ao alumínio, 42% dos estabelecimentos indicaram destinações relacionadas à reciclagem deste material, o que se justifica pelo alto valor comercial do mesmo e pela grande atração que exerce sobre os catadores de materiais recicláveis. Outro resíduo com considerável índice de reaproveitamento (40%) foi o papel, que além de ser recolhido por catadores, também é facilmente reutilizado nos estabelecimentos. As percentagens dos demais resíduos passíveis de reutilização ou reciclagem, como vidro (14%) e metal (19%), indicam que o potencial de recuperação destes materiais é desperdiçado, uma vez que são, em sua maioria, misturados ao lixo comum, quando poderiam ser comercializados, doados a catadores ou reutilizados. Os resíduos perigosos, por sua vez, apesar de oferecerem maiores riscos à saúde pública e ao meio ambiente, são os que apresentam as menores taxas de gerenciamento apropriado. Em sua grande parte, são misturados ao lixo comum e coletados pelos serviços de limpeza pública dos municípios, contaminando os demais resíduos e determinando formas de tratamento/disposição final mais elaboradas e dispendiosas. Os filtros de combustível, por exemplo, não recebem destinação correta em nenhum dos estabelecimentos pesquisados. No trabalho de campo por meio das visitas realizadas in loco, foi possível comprovar os dados acima apresentados, verificar o gerenciamento inadequado dos resíduos gerados nos postos revendedores e constatar o descumprimento da legislação ambiental vigente. Conforme demonstrado na figura 3, foram identificados problemas como o acondicionamento inadequado de resíduos que poderiam ser reutilizados ou reciclados, ausência de processos de segregação e coleta seletiva e, principalmente, a falta de conhecimento pelos funcionários e proprietários com relação ao gerenciamento dos resíduos gerados no seu estabelecimento. Em alguns casos, por falta de informação quanto ao correto tratamento ou disposição final, a alternativa encontrada nos estabelecimentos é o armazenamento temporário de alguns resíduos, o que novamente indica a necessidade da realização de programas de educação ambiental voltadas para este público. Figura 3 Problemas identificados durante as visitas aos postos Diante deste quadro, reforça-se a necessidade de estabelecer para os resíduos, desse segmento, atividades de gerenciamento organizadas e controladas de modo a evitar danos à saúde e ao meio ambiente, respaldada em princípios de educação ambiental e que aplique soluções técnicas e ambientalmente corretas, baseadas nos princípios da não geração de resíduos e na minimização da geração de resíduos. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4

Com base no levantamento bibliográfico realizado e na consulta da legislação vigente, foi elaborada uma proposta de plano unificado de gerenciamento de resíduos para Postos Revendedores de Combustíveis do Estado do Espírito Santo, que pode ser tomado como diretriz na elaboração de planos individuais, sendo necessárias apenas algumas adaptações em função das particularidades de cada estabelecimento. Foram definidos as etapas e os itens necessários à preparação do referido plano. O profissional responsável deverá ser de nível superior e estar devidamente registrado em conselho profissional. 1. Primeira Etapa: Identificação do gestor Nesta etapa deverá ser realizada a caracterização do empreendimento, contendo informações como razão social do estabelecimento, nome fantasia, CNPJ, telefone e fax dos representantes legais e pessoas de contato. É necessário informar sobre as licenças obtidas sejam elas municipais estaduais ou federais, como o alvará de funcionamento, a licença de operação e o certificado da Agência Nacional de Petróleo (ANP). 1.1. Localização A localização do estabelecimento será informada através do endereço completo e da planta baixa de localização e de implantação da área física e circunvizinhança. 1.2. Descrição das instalações e grau de risco As instalações do estabelecimento deverão ser descritas com especificação dos fatores de risco sanitário e ambiental dos resíduos gerados em cada atividade. 1.3. Descrição dos recursos técnicos Neste item, deverão ser identificados os equipamentos disponíveis, número de profissionais envolvidos e qualificação dos mesmos. Será apresentada a população fixa composta por funcionários diretos e indiretos (prestadores de serviço) e a população flutuante (clientes, prestadores de serviços eventuais, acompanhantes, entre outros) com identificação da sazonalidade. 2. Segunda Etapa: Descrição das operações desenvolvidas Todas as atividades realizadas no estabelecimento deverão ser detalhadamente descritas, citando os produtos utilizados e/ou comercializados. 2.1. Fluxograma Deve-se apresentar fluxograma que contemple todas as atividades e serviços realizados no estabelecimento. Preferencialmente este fluxograma deve apresentar os resíduos originados de cada atividade (descritos na terceira etapa). Ver exemplo (Figura 4). 3. Terceira Etapa: Diagnóstico Situacional 3.1. Identificação dos locais de geração de resíduos Faz-se necessária a identificação de todos os resíduos produzidos no posto, bem como dos respectivos pontos de geração. 3.2. Quantitativo de resíduos sólidos Após a identificação deve-se efetuar levantamento do quantitativo de resíduos sólidos gerados por unidade geradora e classificá-los de acordo com a legislação sanitária e ambiental. No caso de estabelecimentos que ainda não operam, deve-se proceder a um pré-levantamento que pode ser baseado em empreendimentos similares. Este levantamento dará suporte a determinação de onde serão localizados e quais serão os tipos (tamanhos) de contenedores utilizados em cada local. 3.3. Atuais procedimentos de gerenciamento de resíduos sólidos Caso o empreendimento já esteja operando, deverão ser descritos os atuais procedimentos de gerenciamento de resíduos quanto à segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5

Abastecimento Abastecimento Verificação de fluidos (óleo, óleo de freios, água) Materiais impregnados com óleo e graxa, papel, plástico, metal, vidro e lixo comum Setor Administrativo Serviços de escritório Papel, plástico, pilhas e baterias, lâmpada e lixo comum Loja de conveniência Lanchonete Restaurante Comercialização de produtos Alumínio, plástico, vidro, papel, e lixo comum ATIVIDADES Lavagem de veículos Interna Externa Resíduos Gerados Materiais impregnados com óleo e graxa, embalagens plásticas e metálicas de cera, embalagens plásticas de Shampoo, plástico, papel e lixo comum Borracharia Troca de pneus, câmaras, diversos Materiais impregnados com óleo e graxa, borracha, pneus, papel, plástico e lixo comum Troca de óleo Troca de Óleo Troca de filtros (ar, combustível, óleo) Verificação de fluidos (óleo, óleo de freios, água) Materiais impregnados com óleo e graxa, filtros de ar, de óleo, de combustível, embalagens plásticas e metálicas de óleo lubrificante, óleo usado, papel, plástico, vidro e lixo comum Figura 4 Fluxograma proposto para descrição das atividades e serviços 4. Quarta Etapa: Ações para o gerenciamento de resíduos sólidos Nesta etapa, serão apresentados os procedimentos apropriados para a adequação do gerenciamento de resíduos no estabelecimento. 4.1. Segregação Deverá ser especificada a forma de separação dos resíduos, levando em consideração a compatibilidade e a classificação dos mesmos segundo a NBR 10004 (ABNT, 2004). ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6

4.2. Acondicionamento Características dos contenedores Deverão ser especificadas características como o tipo de material e o volume de armazenagem dos contêineres. Identificação empregada Apresentar a identificação utilizada nos contenedores, a qual deve ser adequada a legislação e ao tipo de resíduo. Distribuição Descrever a alocação dos contenedores em cada unidade geradora e a quantidade empregada. Esta distribuição deve ser preferencialmente visualizada em planta, apresentando o local de cada contenedor conjuntamente com o fluxo do resíduo (rota de coleta). Armazenamento Descrição das áreas de armazenamento intermediário (caso existam). Será necessário apresentar sistema de higienização do local, capacidade de armazenamento ideal, freqüência de coleta e condições de ventilação adequadas. Esta descrição deve ser preferencialmente visualizada em planta, apresentando o local de cada armazenamento conjuntamente com o fluxo do resíduo (rota de coleta). 4.3. Coleta Especificação do meio de transporte e Freqüência da coleta Deverão ser informados os dias e horários em que se realiza a coleta dos resíduos no estabelecimento. Layout da rota de coleta interna e externa. Estabelecer o percurso de coleta interna e externa (preferencialmente em planta) a ser desenvolvido, especificando as empresas responsáveis pelo transporte de cada resíduo com suas respectivas licenças ambientais. 4.4. Tratamento e/ou destinação final Deverão ser descritos todos os métodos de tratamento e disposição final dos resíduos, de acordo com sua classificação, bem como as empresas responsáveis por estes serviços, referenciando as respectivas licenças ambientais das mesmas. 5. Programas de treinamento e educação ambiental Independente da situação do empreendimento deverá ser elaborado e implementado um Programa de Educação Ambiental com objetivo de preparar os colaboradores para a implantação do Plano de Gerenciamento. No caso da utilização de Sistema unificado de Gestão de Resíduos, poderá ser elaborado, no âmbito do SINDICATO, um Programa macro com ações específicas para cada especificidade locacional. 6. Mecanismos de controle e avaliação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos Deverão ser adotados Indicadores Ambientais com o objetivo de monitorar durante e após a implantação do Plano de Gerenciamento. Sugerimos a criação de formas de registros e de monitoramento das ações previstas no plano, como planilhas de acompanhamento e inspeção, indicadores de controle, gráficos entre outros. 7. Cronograma de implantação O cronograma de implantação deve contemplar todas as etapas de implantação do Plano: aquisição de equipamentos e realização de obras, capacitação e desenvolvimento de pessoal, implementação do plano, monitoramento e ações corretivas. CONCLUSÕES Com base no trabalho realizado, concluiu-se que: ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7

O gerenciamento atual dos resíduos na maior parte dos estabelecimentos ocorre de forma incorreta e não planejada. Resíduos com potencial de recuperação e comercialização deixam de ser reaproveitados e muitas vezes, não se considera a periculosidade oferecida por diversos resíduos que são gerenciados como resíduos comuns. Há necessidade de se realizar uma campanha de esclarecimento junto aos proprietários e funcionários de postos revendedores de combustíveis do Espírito Santo, visando alertá-los sobre os agravos que o gerenciamento inadequado dos resíduos trazem ao meio ambiente e à população. Há demanda de estudos similares ao presente trabalho, que ofereçam instrumentos facilitadores para a implantação de planos de gerenciamento de resíduos em estabelecimentos deste setor. Espera-se, com os resultados obtidos dar subsídios para a elaboração de um Plano Unificado de Gerenciamento de Resíduos para os Postos Revendedores de Combustíveis. De forma a incentivar o cumprimento das disposições legais e prevenir os riscos do gerenciamento inadequado dos resíduos de postos, recomenda-se: Criação de convênios entre os estabelecimentos de uma mesma região e empresas responsáveis por serviços como transporte, tratamento e destinação final de resíduos, a fim de se obter com um quantitativo maior de resíduos custos menores na realização destes serviços. Idealização de um selo para premiar os geradores ambientalmente corretos, no intuito de informar a população sobre os estabelecimentos que promovem um gerenciamento adequado dos resíduos. Assim, os geradores se conscientizarão, mesmo que indiretamente, da importância do gerenciamento correto, uma vez que o selo poderá funcionar como um marketing ambiental do estabelecimento. AGRADECIMENTOS Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo - CEFETES. Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Espírito Santo (SINDIPOSTOS-ES). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10.004: Resíduos Sólidos Classificação. Rio de Janeiro, 2004. 2. FERREIRA, R. N. Na Trilha do Sucesso Uma história da Revenda de Combustíveis. Brasília: Quick Printer, 1999. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8