PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA PHYTOPHTHORA RAMORUM WERRES, DE COCK & MAN IN'T VELD MORTE SÚBITA DOS CARVALHOS Estabelece as bases estratégicas e respetivas ações de prevenção e controlo do agente biótico nocivo Phytophthora ramorum no território nacional, definindo as entidades envolvidas na sua execução Fitossanidade Florestal Dezembro, Dezembro, 2013 2014 Carvalhos, castanheiro, faia, freixo
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Sumário executivo Este plano de contingência está em conformidade com os objetivos e linhas de atuação previstas no Programa Operacional de Sanidade Florestal (POSF), tem como principal objetivo o estabelecimento das bases estratégicas de atuação para prevenir a introdução e dispersão da morte súbita dos carvalhos no território nacional, instituindo um conjunto de ações de prospeção e amostragem dirigidas a este agente biótico nocivo, bem como ações de controlo e erradicação do mesmo, nos casos em que o agente biótico nocivo seja detetado precocemente, definindo também as várias entidades envolvidas em todas as fases do plano. 3
Coordenação: Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P. ICNF, I.P. Colaboração: Direção-Geral de Alimentação e Veterinária DGAV Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. INIAV, I.P. 4
ACRÓNIMOS e SIGLAS ANEFA ASAE DGAV DRAP FITO GASF GNR ICNF, I.P. INIAV, I.P. MFR OEPP OPF POSF SEPNA UE Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente Autoridade de Segurança Alimentar e Económica Direção-Geral de Alimentação e Veterinária Direção Regional de Agricultura e Pescas Sistema de Gestão de Informação de Fitossanidade Florestal Grupo de Acompanhamento de Sanidade Florestal Guarda Nacional Republicana Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P. Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. Materiais Florestais de Reprodução Organização Europeia e Mediterrânica para a Proteção das Plantas Organização de Produtores Florestais Programa Operacional de Sanidade Florestal Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente União Europeia 5
GLOSSÁRIO Agente biótico nocivo - Qualquer espécie, estirpe ou biótipo de agentes patogénicos, animais ou vegetais, parasitas nocivos para os vegetais ou produtos vegetais Cancro - Lesão necrótica muito visível numa árvore e relativamente localizada, manifestando-se principalmente ao nível da casca e do câmbio, traduzindo-se por uma depressão mais ou menos pronunciada. Diagnóstico - Conhecimento ou determinação de um agente biótico nocivo pela observação dos seus sintomas e sinais. Heterotálica - Refere a fungos. Gametângios masculinos e femininos ocorrerem em talos distintos (sexos separados). Hospedeiro - Organismo vivo que serve de alimento a um parasita. Monitorização - Procedimento, aplicado de forma contínua, que permite acompanhar a evolução temporal da população de um determinado agente biótico, com o objetivo de conhecer a dimensão do ataque e avaliar as suas consequências económicas no sentido de permitir a tomada de decisão. Plano de contingência - Plano de atuação dirigido à prevenção, deteção precoce e controlo dos agentes bióticos nocivos classificados como organismos de quarentena não existentes em Portugal. Praga - Qualquer espécie, estirpe ou biótipo de agentes patogénicos, animais ou vegetais, parasitas nocivos para os vegetais ou produtos vegetais. Prospeção - Procedimento que permite detetar a presença de um determinado agente biótico nocivo. Sinal - Presença de um agente biótico nocivo associado a determinados sintomas. Sintoma - Reação externa ou interna de uma planta, resultante da ação de um agente biótico nocivo. 6
Índice 1. Introdução 2. Objetivos 3. Caraterização da Phytophthora ramorum e sintomas associados 3.1. Taxonomia e sinonímia 3.2. Hospedeiros 3.3. Distribuição geográfica 3.4. Sintomas 3.5. Biologia e disseminação 4. Ações a desenvolver 4.1. Ações de prevenção 4.1.1. Ações de prospeção em Materiais Florestais de Reprodução 4.1.2. Ações de prospeção em povoamentos 4.1.3. Outras medidas de caráter preventivo 4.1.4. Inspeção à importação 4.2. Medidas de controlo e fiscalização 4.3. Informação, sensibilização e formação 4.3.1. Informação 4.3.2. Sensibilização 4.3.3. Formação 5. Entidades envolvidas 6. Controlo interno 7. Vigência do plano 8. Bibliografia 8 9 9 9 9 9 10 11 12 13 14 16 17 19 19 19 19 19 20 20 21 21 21 7
1. Introdução Phytophthora ramorum Werres, de Cock & Man in't Vel vulgarmente conhecida como a morte súbita dos carvalhos é um agente biótico nocivo, parecido com um fungo, que consta atualmente da Lista A2 da Organização Europeia e Mediterrânica para a Proteção das Plantas (OEPP) devido aos danos que provoca não só em espécies florestais, mas também em espécies do sub-bosque, desequilibrando o ecossistema florestal. Nas espécies florestais, o género Quercus foi, até agora, o que demonstrou maior suscetibilidade a este agente biótico. Esta praga está regulamentada pelas Decisões da Comissão Europeia 2002/757/CE, de 19 de setembro e 2007/201/CE, de 27 de março, transpostas para o direito interno pela Portaria n.º 719/2007, de 11 de junho. Este agente biótico nocivo detetado em vários países da Europa em 2002, em viveiros de espécies ornamentais, não foi até ao momento descoberto em Portugal em espécies florestais, entendendo-se ser fundamental e adequado proceder à implementação de medidas preventivas que minimizem o risco da introdução e contaminação de povoamentos e, no caso da sua deteção precoce, permitam a execução de ações de erradicação, atempadas e eficazes. Os carvalhos são as espécies florestais mais importantes sob o ponto de vista económico-social, ambiental e paisagístico de Portugal. Com uma área mais limitada, o mesmo se pode dizer para o castanheiro, também ela espécie potencialmente hospedeira deste agente. Enquanto a economia e a estrutura social do sul do país está muito dependente do sobreiro e da azinheira, grande parte da região da terra fria transmontana está dependente do castanheiro. Os prejuízos causados por P. ramorum podem ser extremamente graves para o desenvolvimento regional, com impactos negativos ao nível da economia do país. Assim, e tendo em consideração a informação disponível, surge o presente plano de contingência para um período de 5 anos, que pretende atuar a diferentes níveis (figura 1), no sentido de evitar a disseminação deste agente biótico nocivo no nosso território. Este plano será revisto sempre que se justifique. Materiais florestais de reprodução Importação de espécies hospedeiras Níveis de atuação Povoamentos de espécies hospedeiras Figura 1 Níveis de atuação para prevenção e controlo do agente biótico nocivo P. ramorum. 8
2. Objetivos Este plano, após uma caraterização do agente biótico nocivo, determina as entidades e os procedimentos a seguir de forma a garantir os seus principais objetivos: Assegurar a deteção precoce desta praga; Garantir uma rápida e efetiva resposta com vista à sua erradicação, em caso de deteção precoce. 3. Caraterização do agente Phytophthora ramorum e sintomas associados 3.1 Taxonomia e sinonímia Espécie: Phytophthora ramorum Werres, de Cock & Man in't Vel Posição sistemática: Domínio: Eukaryota; Reino: Chromista; Divisão: Oomycota; Classe: Oomycetes; Ordem: Peronosporales; Família: Peronosporaceae; Género: Phytophthora. Nome vulgar: Morte súbita dos carvalhos. 3.2 Hospedeiros Este agente biótico nocivo tem um leque variado de espécies hospedeiras (130) que estão reunidas em 75 géneros e 37 famílias. As espécies que têm demonstrado maior suscetibilidade a este organismo e que mais preocupam a UE estão listadas na Decisão n.º 2007/201/CE, da Comissão, de 27 de Março que foi transposta pela portaria n.º 719/2007, de 11 de junho. Nas áreas florestais, as espécies mais sensíveis são: Acer pseudoplatanus L., Aesculus hippocastanum L., Arbutus unedo L., Castanea sativa Mill., Fagus sylvatica L., Fraxinus excelsior L., Laurus nobilis L., Nothofagus obliqua (Mirbel) Blume Pseudotsuga menziesii (Mirbel) Franco, Quercus spp. L. e Taxus spp. L. e as espécies de sub-coberto Calluna vulgaris (L.) Hull, Lonicera hispidula (Lindl.), e Rhododendron spp. L. 3.3 Distribuição geográfica Phytophthora ramorum aparece essencialmente em viveiros, no entanto, nos últimos anos tem causado estragos avultados nas regiões costeiras do centro e norte da Califórnia e do sul do Oregon na conhecida faixa de nevoeiro de verão, que tem condições climatéricas consideradas favoráveis para o desenvolvimento deste agente biótico nocivo, nomeadamente, temperaturas amenas rondando os 20 C e humidade prolongada. Nesta área, a pseudotsuga e carvalhos autóctones foram os mais suscetíveis ao agente biótico P. ramorum. Este agente biótico nocivo foi detetado em viveiro em vários países europeus. Até ao momento em áreas florestais apenas foi detetada no Reino Unido, na Irlanda e na Holanda. O Reino Unido em 2009 e a Irlanda em 2012 declararam focos de P. ramorum em 2 coníferas do mesmo género (Larix kaempferi (Lam.) Carr. e Larix decidua P. Mill), apesar destas espécies não constarem das espécies consideradas mais sensíveis a este agente biótico nocivo. 9
3.4 Sintomas Os sintomas deste agente biótico nocivo são muitos e variados, podendo ser encontrados tanto em árvores adultas como em plantas de viveiro. Ao contrário de outras Phytophthora, não ataca as raízes mas o sim tronco e as partes aéreas do hospedeiro como rebentos e folhas. Ainda que os indícios não possam ser especificamente associados a este agente biótico nocivo, cuja deteção apenas pode ser confirmada através de análise laboratorial, apresentam-se alguns sintomas que, potencialmente, poderão indiciar a sua presença (figuras 2 e 3). O agente biótico P. ramorum pode exibir 4 tipos de sintomas em função das partes afetadas e das espécies hospedeiras: Folhas e ramos novos infetados com várias formas de descoloração; Escorrimentos escuros no tronco, provenientes de uma zona descolorada (cancro do tronco); Murchidão dos gomos e rebentos; Morte súbita dos carvalhos; Os períodos mais adequados para a observação dos sintomas são a primavera e o outono. Infeção em folhas de Quercus ilex L. Infeção em folhas de Taxus baccata L. Infeção em folhas de Rhododendron spp. Figura 2 Sintomas de infeção associados à presença de P. ramorum em folhas. 10
Infeção em rebentos de Rhododendron spp. Infeção em rebento de Abies sp. Infeção em rebento de Pseudotsuga menziesii (Mirb) Franco Exsudação em tronco de Quercus spp. Cancro em tronco de Quercus agrifolia Nee Infeção em tronco de Quercus rubra L. Figura 3 Sintomas de infeção associados à presença de Phytophthora ramorum em rebentos e tronco. Fotografias retiradas de: Joseph O'Brien, USDA Forest Service, Bugwood.org e http://www.invasive.org/browse/detail.cfm?imgnum=5038043 http://www.forestry.gov.uk/forestry/infd-672lgh http://www.forestry.gov.uk/pramorum http://photos.eppo.org/index.php/image/2531-phytra-06/hits/7-pests http://www.fera.defra.gov.uk/plants/planthealth/treehealth/chelsea2013/images/horse%20chestnut%20leaf%20miner%20- %20Crown%20Copyright%20Fera.jpg 3.5 Biologia e disseminação As condições necessárias para o crescimento da praga P. ramorum são humidade as- sociada a uma temperatura que ronda os 20 C, com um mínimo de 2 C e um máximo de 30 C. É um organismo bem adequado para um clima frio-temperado. Ainda que o agente biótico nocivo P. ramorum seja uma espécie heterotálica, a formação de oósporos (esporos sexuados) não foi detetada na natureza. A multiplicação é feita através de dois tipos de esporos assexuados, zoósporos (libertados dos esporângios) e clamidósporos, que sob condições moderadas de humidade e temperatura são produzidos nas folhas ou gomos infetados. Os zoósporos, transportados por água ou vento, após pousarem nas folhas e gomos de espécies sensíveis, em zonas onde a água se acumula, germinam e penetram nos tecidos dos hospedeiros através de aberturas naturais e feridas, sendo responsáveis por novas infeções. Os clamidósporos são os esporos de sobrevivência, têm uma parede celular espessa e podem sobreviver no solo durante meses. Em condições adequadas germinam, produzem novas hifas e logo que o ambiente seja favorável, desenvolve-se rapidamente novo ciclo assexuado do agente biótico nocivo. 11
Este agente biótico nocivo pode ser encontrado no solo, até uma profundidade de 15 centímetros, na matéria orgânica em decomposição. Até ao momento, os habitats afetados com P.ramorum, numa escala relativamente grande, são os das florestas perenifólias do litoral da Califórnia e as de Larix spp. da Grã-Bretanha, Gales e República da Irlanda. No Reino Unido (Grã-Bretanha e Gales) foi demonstrado que a incidência do agente biótico nocivo P. ramorum em ambientes seminaturais foi aumentando à medida que a precipitação aumentava e a latitude diminuía. A utilização de modelos com base nas condições climatéricas considera que na Europa as zonas litorais ocidentais são as mais vulneráveis ao agente biótico nocivo P. ramorum. A dispersão do agente biótico nocivo P. ramorum pode ocorrer a curtas e médias distâncias de forma natural ou a longas distâncias de forma artificial (tabela 1). Tabela 1 Formas de disseminação do agente biótico nocivo. Natural Artificial Através do vento húmido, correntes de ar, chuva, cursos de água e água de rega, que espalha os esporos. A dispersão dos esporos libertados através do vento húmido, pode ser muito rápida, indo depositar-se e infetar os hospedeiros. A deslocação de folhas infetadas através do vento é também uma forma de dispersão a nível local. Através da circulação de plantas de viveiro, principalmente ornamentais, normalmente associada à dispersão a grandes distâncias. O transporte de solo/substrato pelos pneus de carros ou solas de sapatos de caminhantes a partir de locais onde a praga já existe, associado ou não a espécies hospedeiras, onde possa existir folhada ou outro material infetado, pode ser também uma via de dispersão do agente biótico nocivo, uma vez que pode conter as estruturas que produzem os esporos. 3. Ações a desenvolver As ações a desenvolver no âmbito deste Plano de Contingência enquadram estrategicamente 3 grandes áreas (figura 4), cuja implementação está sob responsabilidade das autoridades nacionais em matéria de fitossanidade florestal, no caso o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF, I.P.) com a colaboração da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV, I.P.), podendo, caso seja considerado necessário, serem envolvidas outras entidades, designadamente, entidades representantes do setor, laboratórios e outras com responsabilidades na fiscalização e controlo. 12
Sensibilização e Formação Prevenção Controlo Figura 4 Áreas de atuação consideradas no plano de contingência. 3.1. Ações de prevenção As ações incluídas nesta área (figura 5) incidem sobretudo na prospeção, no sentido de avaliar a situação de Portugal quanto à presença deste agente biótico nocivo, através da observação de sintomas em materiais florestais de reprodução, árvores, no subcoberto (arbustos e herbáceas) e ainda sobre a atividade de inspeção fitossanitária dirigida às importações, a conduzir fundamentalmente pelas entidades da administração pública, designadamente ICNF, I.P., e DGAV. Definem-se ainda um conjunto de ações, tanto gerais como especificas, a serem aplicadas por todas as entidades com atividade relacionada com a produção, circulação e comercialização das espécies suscetíveis à P. ramorum. As épocas do ano mais favoráveis para se reconhecerem os sintomas de P. ramorum são a primavera e o outono, pelo que a prospeção nos povoamentos deve ser feita nesta altura. Tendo em consideração o ambiente criado pelos viveiros, a época de prospeção é mais flexível, podendo estender-se ao longo do ano. 13
Prospeção Materiais Florestais de Reprodução Povoamentos Arbustos e herbáceas do subcoberto Outras Medidas Preventivas Gerais Específicas Inspeção Fitossanitária Importação Figura 5 Ações de prevenção. 3.1.1. Ações de prospeção em Materiais Florestais de Reprodução (MFR) A prospeção em MFR, da responsabilidade do ICNF, I.P., deverá incidir nos operadores económicos que, no território continental, produzam ou comercializem plantas das espécies hospedeiras, devendo ser implementados os procedimentos indicados na figura 6. No que se refere à prospeção regular dos MFR das espécies hospedeiras, a efetuar em todos os fornecedores identificados, sejam os MFR produzidos em território nacional ou os adquiridos em outros Estados-Membros, o número mínimo de plantas a inspecionar, através de observação visual dos sintomas, será determinado em função da dimensão do lote (tabela 2). Figura 6 Procedimentos para prospeção de Materiais Florestais de Reprodução (MFR). 14
Tabela 2 Número mínimo de plantas a serem observadas visualmente. Número mínimo de plantas a serem inspecionadas visualmente para assegurar a deteção do do agente biótico nocivo (Adaptado de OEPP, 2006) Número de plantas (lote) Número de plantas (observadas) <1.000 Todas 1.001-2.000 1.500 2.001-5.000 2.000 5.001-10.000 3.000 10.001-20.000 3.500 20.001-50.000 4.000 50.001-100.000 4.100 >100.000 4.200 Sempre que se observem os sintomas anteriormente descritos, devem recolher-se amostras de material vegetal, água ou solo/substrato para realização de análises de forma a confirmar a presença do agente biótico nocivo. O material vegetal sintomático deve ser recolhido em cada lote, sendo representativo da quantidade de material sintomático observado. Para a colheita de amostras de água e de solo/substrato, devem seguir-se os procedimentos estabelecidos pelo ICNF, I.P. ou pelo(s) laboratório(s) (figura 7). O processo de análise das amostras em laboratório deve iniciar-se o mais rapidamente possível. No momento da recolha das amostras, deve ser preenchida uma ficha de amostragem, sendo as amostras entregues no laboratório pelo ICNF, I.P. 15
Observação visual dos sintomas Recolha de amostras em material sintomático, abrangendo as zonas de interseção entre os tecidos vivos e os necrosados Folhas Gomos Ramos necrosados Cancros do tronco Dimensão da amostra Lotes com mais de 1000 plantas: 60 plantas por amostra Lotes com menos de 1000 plantas: 25 plantas por amostra Acondicionamento das amostras Plantas e substratos: em sacos de plástico fechados, guardados no frio (2-8 C ) se necessário, e identificados com numeração própria Água:em garrafas de plástico, normalmente entregues pelo laboratório Entregar no laboratório no prazo de 48 h Figura 7 Procedimentos para recolha de amostras em Materiais Florestais de Reprodução (MFR). 3.1.2. Ações de prospeção em povoamentos As ações de prospeção são conduzidas pelo ICNF, I.P., nas áreas e situações em que as espécies hospedeiras se encontram inseridas em contexto florestal, sem prejuízo de poderem ser igualmente desenvolvidas por outras entidades, designadamente Municípios e Direções Regionais de Agricultura e Pescas, em situações de contexto ornamental, nomeadamente arruamentos, parques e jardins públicos. Nos povoamentos em contexto florestal é importante prospetar também as espécies hospedeiras do estrato arbustivo. 16
Malha 2 km x 2 km coincidente com a malha do IFN Circunferência com raio de 10 km à volta dos fornecedores de MFR Nos primeiros 5 km tem que se fazer, pelo menos, 20 pontos, sempre que possível Os povoamentos, das espécies hospedeiras, inscritos no RNMB têm de ser prospetados Figura 8 Procedimentos de prospeção em Povoamentos. 3.1.3. Outras medidas de caráter preventivo Outras medidas preventivas, tanto de caráter geral como específicas, que visam evitar a entrada e dispersão em Portugal do agente biótico nocivo Phytophthora ramorum, podem ser aplicadas através da circulação de MFR, material lenhoso e de pessoas. Estas medidas aplicam-se ao material vegetal, às instalações, ao pessoal e ao manuseamento de materiais, equipamentos e maquinaria que estejam em contato com plantas ou material lenhoso das espécies hospedeiras, devendo ser aplicadas pelas entidades que tenham intervenção na produção e comercialização de espécies hospedeiras. Alguns destes procedimentos devem ser seguidos por caminhantes e condutores de veículos ao saírem de áreas florestais que possam estar contaminadas. Procedimentos gerais Como procedimentos de caráter geral (figura 9), consideram-se mais relevantes os relacionados com a prospeção regular do material vegetal suscetível e consequente comunicação aos serviços oficiais com competência na área da fitossanidade florestal, das situações em que se detetem sintomas indiciadores da presença do agente biótico nocivo, no sentido da realização de análises e obtenção de diagnóstico preciso quanto à presença do agente biótico nocivo. São ainda consideradas medidas preventivas de caráter geral, as relacionadas com a desinfeção dos equipamentos e materiais que tenham estado em contato com material vegetal sintomático e ainda com a possível utilização de material vegetal menos suscetível ao agente biótico nocivo. 17
Observação Visual de Sintomas Comunicação ao ICNF, I.P. Utilização de Materiais Florestais de Reprodução Outras Medidas Regular e Periódica Deteção de Sintomas Provenientes de locais não infetados Desinfeção de equipamentos Ao Material Vegetal suscetível Receção de Material vegetal proveniente de outros Países Menos suscetíveis ao fungo Luta cultural Figura 9 Procedimentos gerais de prospeção. Procedimentos específicos Os procedimentos específicos (figura 10) são dirigidos essencialmente para os MFR, por serem a principal via de entrada do agente biótico nocivo em Portugal. Plantas Observar atentamente todas as plantas que sejam adquiridas a outros países da UE, em particular dos que já estão identificados como tendo a Praga. Verificar todos os documentos que acompanham as plantas e verificar a sua origem. Materiais e equipamentos Desinfetar com álcool ou outros desinfetantes à base de amónio quaternário, todos os materiais e ferramentas de pequena dimensão, sempre que mude de lote de semente ou de plantas; Desinfetar o material e as ferramentas com lixívia ao 10% (imersão por um período mínimo de 2 min. enxaguando de seguida com água para eliminar restos de lixívia); Desinfetar as instalações e os equipamentos de sementeira após cada nova sementeira. Contentores Usar contentores preferencialmente não reutilizáveis; No caso de utilizar contentores reutilizáveis: Proceder à sua lavagem minuciosa, antes de novas utilizações, para eliminar todos os restos orgânicos; Mergulhar os contentores 5 minutos em lixívia a 20% ou produto a base de amónio quaternário, enxaguando de seguida com água para eliminar restos de lixívia; ou Mergulhar em água quente a 85 C durante 30 segundos. 18 Figura 10 Procedimentos específicos de prevenção para minimizar o risco de entrada de P. ramorum.
4.1.4. Inspeção à importação Seguir os procedimentos legais estabelecidos para a importação de material vegetal, nomeadamente no que se refere ao material destinado à plantação, partes de vegetais e madeira proveniente de qualquer país terceiro. Se forem observados sintomas do agente biótico nocivo no material importado, devem recolherse amostras para análise laboratorial. 3.2. Medidas de controlo e fiscalização Se for confirmada a ocorrência de um foco do agente biótico, devem ser tomadas as seguintes medidas: O material vegetal infetado, o substrato e os resíduos vegetais devem ser retirados e queimados o mais próximo possível do local onde o agente foi detetado, para evitar a sua disseminação; quando não for possível queimar o material no local e seja necessário proceder ao seu transporte para outro local, aquele deve ser colocado em sacos de plástico bem fechados ou em camião fechado e queimados ou enterrados sempre que possível no próprio dia; As instalações onde for confirmada a presença do agente biótico nocivo devem ser desinfetadas periodicamente, até se conseguir erradicar o agente biótico nocivo; As ferramentas devem ser desinfetadas sempre que forem utilizadas; No caso dos viveiros, evitar ao máximo a movimentação de pessoal e maquinaria dentro do viveiro, junto dos lotes com espécies hospedeiras. Sempre que entrem em contato com lotes infetados a maquinaria e os veículos devem ser desinfetados. 3.3. Informação, sensibilização e formação A disponibilização de informação sobre o agente biótico nocivo e respetivos procedimentos de prevenção e controlo, bem como a realização de ações de sensibilização dirigidas a operadores económicos e a proprietários florestais e a formação de técnicos e inspetores fitossanitários, são essenciais para minimizar os riscos de entrada e dispersão deste agente biótico nocivo em Portugal. 4.3.1.Informação A informação a disponibilizar deverá atingir o maior número possível de interessados, podendo ser disponibilizada em formato digital, designadamente através das seguintes vias: Portal institucional do ICNF, I.P. e de outras entidades públicas (DGAV, INIAV, I.P.) e privadas (OPF, ANEFA) que pretendam associar-se a esta divulgação; Correio eletrónico, com envio de informação relevante aos fornecedores de MFR e a outros operadores económicos; Em suporte de papel, através do envio de informação relevante aos fornecedores de MFR. 4.3.2.Sensibilização Devem realizar-se ações de sensibilização sobre a biologia do agente biótico nocivo, respetiva sintomatologia e medidas preventivas, direcionadas para técnicos, operadores económicos e proprietários florestais das regiões com maior ocupação com as espécies hospedeiras, onde 19
será distribuído material informativo, nomeadamente folhetos com informação sobre o agente biótico nocivo. 4.3.3.Formação As ações de formação devem ser dirigidas a técnicos e a inspetores fitossanitários, no sentido de melhorar o seu conhecimento sobre o comportamento e ação deste agente biótico nocivo. 4. Entidades envolvidas A operacionalização das ações previstas pode ser efetuada por diversas entidades (figura 11), públicas e privadas, sendo a sua coordenação da responsabilidade do ICNF, I.P. e da DGAV. Coordenação DGAV ICNF, I.P. Ações de prospeção Outras medidas de carater preventivo Ações de Controlo Ações de Inspeção e fiscalização Informação, sensibilização e formação ICNF, I.P. ICNF, I.P. ICNF, I.P. ICNF, I.P. DGAV DRAP DRAP Agentes do setor Agentes do setor DGAV ASAE DGAV Municipios DGAV GNR - SEPNA INIAV, I.P. Figura 11 Entidades envolvidas na implementação do plano de contingência. Toda a informação recolhida no âmbito da aplicação do presente plano de contingência será registada no Sistema de Gestão de Informação de Fitossanidade Florestal (FITO), gerido e coordenado pelo ICNF, I.P. A operacionalização das ações previstas no presente plano deve ser acompanhada e avaliada pelo Grupo de acompanhamento de sanidade florestal (GASF) previsto no âmbito do POSF, o qual deve reunir semestralmente, no sentido de avaliar a eficácia das ações desenvolvidas e apresentar, no final de cada ano, um relatório referente à execução do plano. 20
5. Controlo Interno No sentido de avaliar e acompanhar as ações de prospeção estabelecidas, 10% dos locais inspecionados (fornecedores, áreas produtoras de semente, etc.) serão objeto de controlo interno desenvolvido pelos serviços centrais do ICNF, I.P. 6. Vigência do plano O presente plano de contingência tem um período de vigência de cinco anos, 2015-2020, podendo ser revisto sempre que se justifique. 7. Bibliografia 1-APHIS - National Plant Board, Phytophthora ramorum - Regulatory Working Group Reports, Working Group Co- Chairs, Gray Haun, National Plant Board, Prakash Hebbar, USDA-APHIS-PPQ, January, 2011. 2-Bragança, H. Phytophthora ramorum. INIAV. Viseu. Lisboa. Apresentação em Powerpoint. (2013). 3- Diário da República. Portaria n.º 719/2007.(11/06);1.ªsérie; pag. (111). Lisboa. (2007). 4- European and Mediterranean Plant Protection Organization (2007): https://www.eppo.int/quarantine/alert_list/fungi/phytra.htm 5 DEFRA - Phytophthora ramorum - A Practical Guide for Established Parks& Gardens, Amenity Landscape and Woodland Areas.(2008): www.defra.gov.uk 6-- DEFRA - A threat to our woodlands, heathlands and historic gardens, Phytophthora ramorum. Plant Disease Fact Sheet. Forestry Comission. www.defra.gov.uk 7- J. M. Davidson, et al,- Sudden Oak Death and Associated Diseases Caused by Phytophthora ramorum, Plant Health Progress, Plant Management Network. This article is in the public domain. Accepted for publication 6 June 2003. Published 7 July 2003. http://www.plantmanagementnetwork.org/pub/php/diagnosticguide/2003/sod/ 8- Matteo M. Garbelotto, et al, Non-oak native plants are main hosts for sudden oak death pathogen in California, California Agriculture 57(1):18-23. DOI: 10.3733/ca.v057n01p18. January-March 2003. http://californiaagriculture.ucanr.edu/landingpage.cfm?article=ca.v057n01p18&fulltext=yes 9- Mundo Vestibular - Redação Mundo Vestibular (2008). http://www.mundovestibular.com.br/articles/3473/1/fungos---reino-fungi/paacutegina1.html 10-Poimala, A. & Lilja, A. NOBANIS Invasive Alien Species Fact Sheet Phytophthora ramorum. Online Database of the European Network on Invasive Alien Species NOBANIS www.nobanis.org, (2013): Date of access 11/04/2014. 11- Sansford,C., Inman,A. PEST RISK ANALYSIS for Phytophthora ramorum (Summary) (2009): http://rapra.fera.defra.gov.uk/summary_pra_26feb09.pdf 21