UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu MESTRADO EM CIÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO



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Transcrição:

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu MESTRADO EM CIÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO Gleice Branco Silva INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA DE DANÇA NOS ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAS DOS IDOSOS São Paulo, 2012

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu MESTRADO EM CIÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO Gleice Branco Silva INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA DE DANÇA NOS ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAS DOS IDOSOS Pesquisa apresentada ao programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Ciências do Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Ciências do Envelhecimento. Orientador: Prof. Dr. Marcelo de Almeida Buriti São Paulo, 2012

Silva, Gleice Branco Influência de um programa de dança nos aspectos biopsicossociais dos idosos / Gleice Branco Silva. - São Paulo, 2012. 158 f. ; 30 cm Orientador: Marcelo de Almeida Buriti. Dissertação (mestrado) Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2012. 1. Idosos - Dança. 2. Medicina psicossomática. I. Buriti, Marcelo de Almeida. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do Envelhecimento. IV. Título Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878 CDD 618.97

DEDICATÓRIA Aos meus pais, Lourival Inácio e Maria Domingues que, com muito amor e sacrifício, tornaram possível meu sonho de ser professora e deram-me enorme incentivo na realização da dissertação de mestrado. Sei o quanto sofreram e lutaram para oferecer os meus estudos. Agradeço-os pelos bons exemplos, apoio constante e por demonstrarem por mim um amor inabalável.

AGRADECIMENTOS A Deus, por cada dia de minha vida. Por me dar saúde e disposição para buscar e concretizar os meus sonhos. Ao professor Marcelo Buriti que, com profissionalismo e dedicação auxiliou-me no desenvolvimento desta dissertação de mestrado. Ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ferraz de Vasconcelos-SP, Alfredo de Jesus, pela doação do espaço para realização desta pesquisa. Aos membros da banca examinadora, professoras Geraldina Porto Witter e Eliane Florêncio Gama. Às professoras de Língua Portuguesa, Cléo Neres, Elza Maria e Maria Lira pela revisão ortográfica. Agradeço a todos aqueles que estiveram presentes em minha caminhada, e em especial: Geovana Mellisa, Sueli, Nathaly, Danielle, Kilze, Débora, Elizete, Gleice Oliveira, Isabel, Silvana, Rosangela, Renata, Josiane Vieira e Bruna Tatiellen pelos proveitosos momentos de estudo e encontros juntas. À mestranda Emy Suelen, por todo o apoio relacionado à dança durante a pesquisa. Ao meu namorado, Hildon, pelo amor, paciência, carinho e incentivo nos meus momentos de desânimo, fundamentais na concretização do meu sonho. A todos os idosos participantes da pesquisa que, com seriedade e compromisso em relação ao trabalho, permitiram que o meu conhecimento pudesse ser expandido.

RESUMO Este trabalho tem por objetivos analisar e comparar a qualidade de vida de idosos de ambos os gêneros e a influência de um programa de dança nos domínios físico, psicológico, social e ambiental. Trata-se de um estudo de análise quali-quantitativo de delineamento quase experimental, do qual participaram 22 idosos de ambos os gêneros, com 60 anos ou mais, não praticantes regulares de atividades físicas sistematizadas, moradores do Alto Tietê, localizado no município de Ferraz de Vasconcelos, estado de São Paulo. Para avaliar a percepção subjetiva da qualidade de vida, utilizou-se o World Health Organization Quality of Life Questionnaire (WHOQOL-BREF) e o WHOQOL-OLD para aplicação em idosos. Aplicou-se os testes não paramétricos de Correlação de Spearman, bem como o teste Qui quadrado, para verificar se houve significância estatística. Em todas as análises, adotou-se nível de significância de p 0,05. O procedimento realizado nesta pesquisa envolveu a aplicação dos instrumentos citados, antes e após o período das aulas de dança que foram ministradas nos seguintes ritmos: Dança Recreativa, Bolero, Forró, Samba de Gafieira e Discoteca. Os dados foram organizados e tabulados para análise estatística. A amostra estudada foi constituída, predominantemente, por idosos com idade média de 66,45 anos, sendo 50% do gênero masculino e 50% do gênero feminino. Observou-se maior frequência de idosos com Ensino Fundamental incompleto (50%), religião católica (81,82%), casados (90,91%), todos com residência própria, com renda familiar de um a três salários mínimos mensais, de etnia branca, aposentados e cuja doença de maior destaque é a Hipertensão Arterial (41,67%), seguida de Diabetes (29,17%). O nível de atividade física ativo prevaleceu no total da amostra, ainda que as respostas obtidas caracterizem o perfil da população estudada como não praticante de nenhuma outra atividade física sistematizada e que os participantes nunca tenham praticado aulas de dança. A participação em sessões de aulas de dança apresentou melhora nos escores do Whoqol-Bref nos domínios Físico, Psicológico, Social e Ambiental em ambos os gêneros. Houve também melhora nos escores do Whoqol Old nas facetas Intimidade, Morte e Morrer, Participação Social, Atividades Passadas, Presentes e Futuras, Autonomia e Funcionamento do Sensório pré e pós-

intervenção da dança em ambos os gêneros, que apresentou valor alto do escore total. Com relação à qualidade de vida, os percentuais foram maiores no gênero feminino, mostrando que a dança influencia mais positivamente este gênero, uma vez que as mulheres apresentaram-se mais satisfeitas com a saúde após a prática da dança. O bem-estar proporcionado pelas aulas de dança pode ser percebido positivamente com o aumento da autoestima e, consequentemente, na melhoria da qualidade de vida dos idosos participantes. Estudos posteriores poderão utilizar os dados obtidos nesta pesquisa para outras investigações que sejam sugeridas pelos achados deste estudo. Palavras-chave: Ritmo, Envelhecimento, Bem estar biopsicossocial. ABSTRACT This work aims to analyze and compare the quality of life of elderly of both genders and influence of a dance program in the physical, psychological, social and environmental. This is a study of qualitative and quantitative analysis of a quasiexperimental, attended by 22 seniors of both genders, aged 60 or older, not regular practitioners of regular physical activity, residents of Alto Tietê, located in the municipality of Ferraz de Vasconcelos, state of São Paulo. To evaluate the subjective perception of quality of life, we used the World Health Organization Quality of Life Questionnaire (WHOQOL-BREF) and WHOQOL-OLD for use in elderly. We applied the nonparametric Spearman rank correlation and the chi-square test, to see if there was statistical significance. In all analyzes, we adopted a significance level of p 0,05. The procedure performed in this study involved the application of the tools mentioned before and after the period of dance lessons that were taught in the following rhythms: Recreational Dance, Bolero, Forro, Samba Gafieira and Disco. Data were organized and tabulated for statistical analysis. The study sample consisted predominantly of older adults with an average age of 66.45 years, 50% male and 50% female. It was observed more frequently in elderly people with primary education (50%), Catholic (81.82%), married (90.91%), all with their own home, with family incomes of one to three minimum wages per month, Caucasians,

and retirees whose disease is the most prominent Hypertension (41.67%), followed by diabetes (29.17%). The level of physical activity "active" prevailed in the total sample, although the responses characterize the profile of the study population as not practicing any other physical activity that participants systematically and have never practiced dance lessons. Participation in sessions of dance classes showed improvement in scores on the WHOQOL-Bref domains in Physical, Psychological, Social and Environmental in both genders. There was also improvement in the scores of the WHOQOL Old facets "Intimacy", "Death and Dying", "Social Participation", "Activities Past, Presents and Future", "Autonomy" and "Sensorimotor Functioning of" pre-and post-intervention Dance in both genders, which showed high value of the total score. Regarding quality of life, the percentages were higher in females, showing that more positively influences this dance genre, since women were more satisfied with their health after dance practice. The welfare provided by dance lessons can be perceived positively with increasing self-esteem and consequently improving the quality of life of elderly participants. Further studies may use data obtained from this research to other investigations that are suggested by the findings. Keywords: Rhythm, Aging, Wellness biopsychosocial.

SUMÁRIO Introdução... 01 Conceitos sobre Envelhecimento... 03 Qualidade de Vida... 06 Atividade Física e Envelhecimento... 07 Características da Dança... 11 Aspectos metodológicos e pedagógicos na dança... 23 Característica da música... 27 Objetivos... 32 Método... 33 Participantes... 33 Material... 35 Procedimentos... 38 Resultados e Discussão... 46 Considerações Finais... 81 Referências... 83 Anexos... 103

ÍNDICE DE TABELA Tabela 1: Qualidade de vida dos idosos praticantes de dança pré e pós... 49 Tabela 2: Satisfação com a própria saúde em idosos praticantes de dança... 53 Tabela 3: Análise das facetas da qualidade de vida dos idosos Whoqol Bref... 56 Tabela 4: Escores dos domínios da qualidade de vida do gênero masculino... 60 Tabela 5: Escores dos domínios da qualidade de vida do gênero feminino... 64 Tabela 6: Escores das facetas da qualidade de vida Whoqol Old... 69 Tabela 7: Escores das facetas da qualidade de vida gênero masculino... 71 Tabela 8: Escores das facetas da qualidade de vida gênero feminino... 76

Introdução Desde as últimas décadas do século passado, o Brasil se depara com um declínio rápido e acentuado da fecundidade, fenômeno sem precedentes na sua história, e que se sobressai mesmo em comparação com outros países, desenvolvidos ou em desenvolvimento. Como aconteceu na maioria destes países, esse declínio, combinado com a queda da mortalidade, acarretou um processo de envelhecimento populacional e de aumento da longevidade da população. Apesar de o processo de envelhecimento não estar, necessariamente, relacionado a doenças e incapacidades, as doenças crônico-degenerativas são frequentemente encontradas entre os idosos (Alves, Leimann, Vasconcelos, Fonseca, Lebrão & Laurenti 2007). Mesmo com o avanço das tecnologias, a tendência é termos idosos portadores de doenças crônicas, como Diabetes e Hipertensão. Quando não devidamente controladas, essas patologias ocasionam sequelas que podem desencadear a incapacidade funcional. Neste caso, o comprometimento da capacidade funcional pode não só afetar a família, a comunidade como a própria vida do idoso, por levá-lo à deterioração da habilidade de se manter independente, contribuindo para a diminuição da sua qualidade de vida, bem-estar e, muitas vezes, ocasionando a morte (Alves et al. 2007). Diante deste princípio, o envelhecimento está associado a uma variedade de limitações físicas e psicológicas, de forma que ações aparentemente fáceis de serem realizadas, que poderiam contribuir para melhorar a qualidade de vida dos idosos, tornam-se muito difíceis de serem executadas. Nas últimas décadas, muitas intervenções de atividade física para idosos têm sido desenvolvidas e estudos têm comprovado que intervenções baseadas em atividades constituídas por grupos podem atingir altas taxas de participação e contribuir para que se adote, em curto prazo, maior grau de desenvolvimento de suas capacidades físicas (Opdenacker, Boen, Coorrevits & Delecluse 2008). Por esse motivo, a prática de atividade física vem sendo citada como um dos componentes mais importantes para a boa qualidade de vida na sociedade atual. Mulheres e homens vêm demonstrando uma enorme preocupação na busca de objetivos que enveredam pelos caminhos do prazer, da satisfação e do bem-estar. 1

Esta atividade pode ser considerada uma estratégia eficaz dentro desse contexto, pois envolve o bem-estar físico, psicológico, emocional e social, relacionados à manutenção da autonomia e dignidade, fatores positivos na redução dos riscos de morbimortalidade em várias doenças crônicas, o que resulta em uma ampliação da qualidade de vida (Monteirom, Monteiro, Oliveira, Jesus, Bueno & Oliveira 2007). Isso se justifica pelas características variadas, que proporcionam ao idoso um cuidado com o corpo, a mente e também com as relações sociais, favorecendo o processo da autoestima, uma vez que, na maioria dos casos, essa atividade é realizada em grupo. Sendo assim, a dança é considerada como atividade física significativa para mediar de forma satisfatória na qualidade de vida e, sobretudo, na saúde das pessoas na fase do envelhecimento (Veras, 1995). Nessa fase da vida, como atividade física, a dança tem o objetivo de trabalhar o físico, o psicológico, o ambiental e também o social que, no processo de envelhecimento, são afetados por vários fatores relacionados ao tempo, porque a arte de envelhecer com sucesso requer um planejamento cuidadoso e uma compreensão realista das mudanças. A dança aumenta a possibilidade de socialização do idoso, estimulando sentimentos de confiança, igualdade, apoio mútuo, o que permite aos praticantes melhora nas disposições física e mental, na flexibilidade, na postura corporal, na força e na resistência muscular, reduzindo tensões e dores, propiciando, assim, o bem-estar social. Além disso, as atividades físicas realizadas com música podem criar um ambiente agradável. Dessa maneira, pode ser um parâmetro adequado para permitir que os indivíduos permaneçam em atividade (Miranda & Godeli, 2003). A propósito, a dança pode trazer muitos benefícios (em relação à saúde e melhoria na qualidade de vida) e pode minimizar os efeitos deletérios causados pelo envelhecimento, possibilitando a aquisição de novas habilidades motoras, auxiliando na melhora das capacidades coordenativa e motoras (Coelho, Quadros-Junior & Gobbi, 2008), além de ter grande aceitação por parte das pessoas idosas (Leal & Haas, 2006). Portanto, iniciativas que envolvem questões como integração social e qualidade de vida, podem gerar benefícios e comportamentos que favorecem uma 2

velhice mais autônoma (Gerez, Velardi, Camara & Miranda, 2010). As intervenções planejadas e estruturadas poderão reduzir a incapacidade funcional da população idosa, nas mais diversas estratégias, seja de prevenção, seja de tratamento, para retardar os efeitos deletérios do envelhecimento, respeitando o indivíduo nas suas diferentes características. Nesse sentido, a compreensão, os levantamentos e as discussões atuais sobre envelhecimento, atividade física, qualidade de vida e dança se fazem necessárias para o entendimento e a promoção da saúde em suas várias vertentes, bem como são de extrema importância para a implantação de programas de exercícios físicos eficazes, que possam contribuir de maneira significativa para que essa população incorpore a atividade física em seu cotidiano e passe a desfrutar de uma vida mais saudável. Busca-se por meio dessa atividade tornar a prática de exercícios físicos regulares, tornando-a instrumento de papel fundamental na promoção de saúde durante o processo de envelhecimento, com vista a uma trajetória ativa e saudável, na tentativa de resgatar o direito do idoso ao bem-estar biológico, psicológico e social. CONCEITOS SOBRE O ENVELHECIMENTO Devido ao aumento da expectativa de vida, muitos países convivem hoje com um incremento gradativo do número de indivíduos idosos. Tal afirmativa também se aplica ao Brasil, visto que indicadores publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) demonstram que a população brasileira com idade superior a 80 anos aumentou em mais de 86% na última década. As projeções indicam que, em 2050, a população idosa será de 1,9 milhão de pessoas, montante equivalente à população infantil de 0 a 14 anos de idade. É inevitável falar a respeito do idoso sem mencionar a intensa evolução demográfica vivenciada nas últimas quatro décadas, podendo afirmar que o fenômeno do envelhecimento populacional é uma realidade mundial, sendo comum tanto em países desenvolvidos como entre os que estão em desenvolvimento, a exemplo do Brasil. 3

Nos chamados países desenvolvidos existe uma preocupação em programar uma estrutura voltada às necessidades deste contingente populacional em diversos aspectos (saúde, lazer, trabalho etc.) de modo a garantir a continuidade da participação social do idoso, de maneira ativa, durante o maior tempo possível. Por outro lado, nos países em desenvolvimento, esta ainda é uma realidade distante. A população idosa encontra-se em meio ao descaso e desamparo, seja pela falta de estrutura física, social ou de conscientização de grande parcela da população (Rocha, Carneiro & Costa Jr, 2011). Ao longo do século XX, é inegável o crescimento da população idosa nas estatísticas demográficas brasileiras. Todo ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população, a maior parte com doenças crônicas e alguns com limitações funcionais. A expectativa média de vida do brasileiro se amplia de tal forma que grande parte da população atual alcançará a velhice (Veras, 2007). Decorrentes do envelhecimento, as alterações orgânicas, somadas aos abusos, ao desuso e às condições de vida, impõem comprometimentos típicos desta fase da vida. Geralmente, sob o aspecto da saúde, essas condições são geralmente marcadas por curso crônico, incapacitante dependente de cuidados especializados e alto custo, caracterizando o processo de transição epidemiológica que ocorre em conjunto com as transformações demográficas, sociais, econômicas, psicológicas e culturais (Borges, Bretas, Silvana & Barbosa, 2008). Alguns fatores, como característica de personalidade, competência, estilo de vida e apoio social influenciam para melhor qualidade de vida na velhice (Neri, 2002). É relevante para a saúde física, psicológica e social estimular e propiciar condições de exercícios e atividade física aos idosos. Isso implica orientar a sociedade e o próprio idoso, em particular, quanto à importância de levar uma vida ativa (Buriti & Macedo, 2011). De acordo com Corrêa (1996), durante o processo de envelhecimento, o estilo de vida tem um papel fundamental na promoção de saúde e na qualidade. Os idosos desejam manter contatos sociais, mas são prejudicados pelas barreiras físicas e sociais impostas pela idade. O afastamento das atividades, a falta de trocas sociais, a redução do contato faz com que a pessoa dissocie-se da sociedade e a sociedade 4

dissocie-se da pessoa. Este afastamento social é mútuo e adaptativo, e faz parte do distanciamento emocional. Sendo assim, os limitados recursos da velhice causam uma diminuição na amplitude das relações sociais. Diante da realidade inquestionável das transformações demográficas iniciadas no último século e que nos faz observar uma população cada vez mais envelhecida, evidencia-se a importância de garantir aos idosos não só uma sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida (Vecchia, Ruiz, Bocchi & Corrente, 2005). De acordo com Moreira (1995), a revolução industrial exacerbou a velocidade com o aparecimento da produção em série para lucro imediato, das indústrias químicas e das alterações nos meios de comunicação. O modo de viver, as músicas, a forma de dançar e o padrão de rendimento nos esportes são executados com velocidade. As alterações fisiológicas são naturais, porém, a falta de autonomia de movimentos amiúde é gerada pela história de vida inativa. O idoso não acompanha a velocidade imposta pela sociedade, o que torna um empecilho a sua participação como ser social. O processo de envelhecimento pode acarretar a perda do papel social do idoso, pois nesta fase, muitos deles já não trabalham e seus filhos já estão criados, o que pode levar a um sentimento de inutilidade e solidão. Com isto, é importante a busca de recursos que ajudem o idoso a resgatar a percepção de suas potencialidades, sendo que atividades que exercitam o corpo e a mente podem auxiliar o idoso para que não se sinta desmotivado, inútil ou incapaz (Alencar, Mendes, Jorge & Guimarães, 2008). Assim, há uma necessidade em saber distinguir entre as mudanças correspondentes aos efeitos naturais do processo de envelhecimento, chamado de senescência e as alterações provocadas por diversas doenças que podem acometer os idosos, configurando o processo de senilidade (Passarelli, 1997). A presente proposta envolve a questão da dança como atividade física e do processo de envelhecimento, assuntos amplamente debatidos pelo aumento da população idosa tanto no cenário nacional como no mundial, pelas incidências de doenças derivadas do sedentarismo. Desta forma, ambas as questões são de suma importância para a saúde pública. 5

QUALIDADE DE VIDA De acordo com o grupo da Organização Mundial da Saúde (OMS), a qualidade de vida pode ser definida como a percepção que o indivíduo tem sobre sua posição na vida, inter-relacionando com a cultura no qual está inserido, bem como a inter-relação dos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (Whoqol Group, 1998). Diante da realidade inquestionável das transformações demográficas, que demonstram uma população cada vez mais envelhecida, nota-se a importância de proporcionar aos idosos não só uma longevidade maior, mas também uma melhor qualidade nos anos que estão vivendo. A autoestima, o bem-estar pessoal, o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o estado pessoal da saúde, valores culturais, valores éticos, religião, atividades laborais, atividades da vida diária e o ambiente em que se vive também relacionam significativamente com o conceito de qualidade de vida (Vecchia et al., 2005). Estudar a importância da atividade física na trajetória de envelhecimento do ser humano configura-se na descrição da qualidade das condições de vida, levando em consideração fatores como saúde, bem-estar físico, psicológico, emocional, mental e expectativa de vida. Envolve também elementos não relacionados, como a família, amigos, emprego ou outras circunstâncias (Oliveira, Pivoto & Vianna, 2009). É um fenômeno sujeito a múltiplas influências que, para ser determinado, depende de variáveis de domínio psicológico, físico e social. Esse conceito é determinado pela autoestima e bem-estar pessoal, sendo bastante subjetivo, dependendo do nível sócio-cultural, da faixa etária e das aspirações do indivíduo (Néri, 2000; Vecchia et al, 2005). Na velhice, a qualidade de vida pode ser entendida como uma avaliação multidimensional referenciada a critérios socionormativos e intrapessoais a respeito das relações passadas, atuais e prospectivas entre o idoso e o seu meio ambiente (Parente, 2006). O processo de envelhecimento engloba muito mais do que as mudanças físicas do corpo. Aspectos 6

emocionais, cognitivos e sociais também contribuem para a configuração de uma velhice bem sucedida, normal ou patológica (Vitola & Argemon, 2002). Conclui-se que a qualidade de vida pode ser considerada como um conceito amplo, complexo e subjetivo, que varia de indivíduo para indivíduo, e pode modificar com o passar do tempo. Desta forma, indivíduos jovens podem priorizar os aspectos relacionados ao trabalho e às finanças, ao passo que os idosos julgariam a saúde e a mobilidade como fatores importantes para a qualidade de sua vida (Irigaray & Trentini, 2009) Segundo Miranda (2001) para os diversos profissionais que atuam com idosos é extremamente importante compreender que condições permitem contribuir para a qualidade de vida na velhice, devendo elaborar e estruturar possíveis intervenções que favoreçam o bem-estar e a satisfação, por meio do entendimento do processo de envelhecimento e dos limites para o desenvolvimento humano. ATIVIDADE FÍSICA E ENVELHECIMENTO Durante os últimos quarenta anos, estudos experimentais e clínicos têm indicado que o baixo nível de atividade física é um fator importante no desenvolvimento de doenças degenerativas que afetam a qualidade de vida do ser humano. Não se pode pensar em prevenir ou minimizar os efeitos do envelhecimento, sem que, além das medidas gerais de saúde se inclua a atividade física (Matsudo, Matsuo & Neto 2000). Por isso, os benefícios ao idoso, adquiridos por meio da prática regular de exercícios físicos, transcendem os aspectos fisiológicos e contemplam o ser humano em sua globalidade, atendendo também as suas necessidades sociais e psicológicas (Corazza, 2001). O programa de exercícios para idosos deve proporcionar benefícios em relação às capacidades motoras que apoiam a realização das atividades da vida diária, melhorando a capacidade de trabalho e lazer e alterando a taxa de declínio do estado funcional (Marques, 1996). De acordo com Rejeski, Fielding, Blair, Guralnik, Gill e Hadley (2005) a mobilidade (locomoção) e atividades diárias representam tarefas que são necessárias para a manutenção do funcionamento independente. A incapacidade para 7

realizar essas atividades marca um sério declínio na saúde funcional, aumentando o risco de institucionalização e morte. Muitos idosos com 70 anos ou mais são sedentários, sarcopênicos (ou seja, têm baixa massa muscular) ou estão no risco elevado para a mobilidade em declínio. Para tanto um estilo de vida saudável está associado ao incremento da prática de atividades físicas, sejam elas realizadas no âmbito do trabalho, seja no âmbito da locomoção, do lazer ou das atividades domésticas, e, como consequência, com melhores padrões de saúde e qualidade de vida (Toscano & Oliveira, 2009). Na medida em que a população continua envelhecendo, cada vez mais se pesquisa sobre o exercício durante toda a vida humana. Idosos previamente sedentários devem ser beneficiados por um programa de atividade física regular. A atividade física desempenha um papel importante na prevenção de ampla variedade de problemas relacionados à saúde, como diabetes, coagulação sanguínea e fibrinólise, lipídios sanguíneos, imunologia e saúde mental. Assim, a inatividade física é um dos principais fatores que contribuem para a mortalidade atribuída a causas como doença cardiovascular, certos cânceres e o diabetes tipo II (Foss & Keteyian, 2000). Sabe-se que a ausência de atividade física regular pode agravar e até mesmo antecipar alguns processos de envelhecimento, acarretando efeitos negativos sobre a vida do indivíduo, provocando o aparecimento de obesidade, problemas cardiovasculares, diabetes, aumento nos níveis de pressão arterial, entre outros, transformando-se em um fator determinante para uma velhice deteriorada (Carmo, Mendes & Brito 2008; Mello, Fernandez & Tufik, 2000). Por outro lado, a prática regular de atividade física tem sido recomendada para a prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, seus fatores de risco e outras doenças crônicas, e vem sendo apontada como uma possibilidade de minimizar o impacto do envelhecimento e, especialmente, manter a capacidade funcional do idoso por mais tempo. Isso porque, trata-se de um processo contínuo, natural e irreversível, que provoca desgastes e alterações em vários sistemas funcionais. Dessa forma, é fundamental a participação dos idosos em programas de atividade física, nas quais realizem exercícios que aprimorem todas as 8

capacidades que sofrem alterações em razão da prática de atividades físicas diárias (Ciolac & Guimarães, 2004; Cipriani, Meurer, Benedetti & Lopes, 2010). O American College of Sports Medicine (1998) atribui alguns benefícios para a inclusão da prática regular de atividade física no cotidiano de pessoas idosas: a) redução e/ou prevenção de alguns dos declínios nos componentes da aptidão física associada com o envelhecimento; b) prevenção de doenças crônicodegenerativas; c) maximização da saúde psicológica; d) manutenção da capacidade funcional; c) auxilia na reabilitação de doenças crônicas e agudas e; f) inversão da síndrome do desuso. É importante ressaltar que a atividade física é de grande valia para a melhora ou manutenção da capacidade física em todas as idades, e a dança é uma modalidade que abrange uma faixa etária muito ampla. Dessa forma, para indivíduos idosos, a atividade física isoladamente não é suficiente para manter a alta qualidade de vida e o bem-estar, necessitando, assim, incluí-los no meio social, intelectual e cultural, sendo que todos estes aspectos podem ser oferecidos por meio da dança (Maia, Vágula, Souza & Pereira, 2007). Assim, a atividade física regular tem-se mostrado efetiva na melhora da capacidade em desempenhar as tarefas diárias. Numa visão biológica, a atividade física moderada e regular contribui para que uma série de estruturas orgânicas seja preservada e o idoso possa obter melhor qualidade de vida, regulando suas funções vitais (Moreira 1995), além de servir como estratégias para reduzir o número de fraturas e aumento da massa óssea e muscular, para a prevenção de quedas e aumento da capacidade funcional (Simão, 2007). A atividade física é uma variável frequentemente citada na literatura como sendo de grande relevância para a qualidade de vida na velhice. Estar ativo é afastar-se do sedentarismo, uma das causas de quase todas as doenças mais comuns na velhice (Miranda & Godeli, 2003). No entanto, é necessário que haja uma prescrição de exercícios que considere as necessidades, metas, capacidades iniciais e história do praticante, para que os benefícios e segurança à saúde da prática regular de atividade sejam maximizados (Ciolac & Guimarães, 2004). 9

Segundo a recomendação do Americam College of Sports Medicine (ACSM), associada ao Americam Heart Association (AHA), para indivíduos idosos um bom programa de exercícios deve contemplar atividades para resistência aeróbia, exercícios resistidos, além de atividades para a flexibilidade, e equilíbrio corporal (Haskell, Patê, Powell, Blair, Franklin & Macera, 2007). Para Ruscheweyh, Willemer, Krüger, Duning, Warnecke e Sommer (2009) projetar intervenções para melhorar tanto a adoção e a manutenção da atividade física continua a ser um desafio. Alguns estudos epidemiológicos recentes sugerem que simplesmente gastando a energia através de movimentos embutidos nas rotinas de vida diária, como caminhando para a estação de correios, subindo escadas, ou simplesmente se levantar do sofá e andar entorno da casa, pode estar associado a menor mortalidade em idosos saudáveis. Em se tratando de um problema de saúde publica, essas intervenções têm como estratégias utilizar as atividades físicas no cotidiano do idoso, facilitando a aderência a um estilo de vida saudável. De acordo com Rego, Bernardo e Rodrigues (1990), um sedentarismo progressivo marcou o século XX, alcançando um nível mundial, não só em países mais pobres, mas também em países desenvolvidos, onde tem um alcance de 40% a 60% da população. No Brasil, estimativas do mesmo autor levam-nos a observar índices de 69,3%, obtendo maior valor entre mulheres do que em homens, pelo menos naquela época. A atividade física representa um fator importante para manutenção da qualidade de vida e saúde dos idosos. Segundo Cheik, Reis, Heredia, Ventura, Tufik, Antunes e Mello (2003), o exercício físico pode servir como atenuante do processo de declínio das funções orgânicas que ocorrem durante o processo de envelhecimento. Os benefícios da prática da atividade física regular são amplamente difundidos há tempos para a população. Porém, mesmo que esses efeitos positivos sejam reconhecidos pelo meio acadêmico, a baixa adesão de idosos a programas de atividade física ainda ocorre no mundo inteiro, sendo que o nível de participação pode variar de país para país, mas em todos a inatividade física é considerada um problema de saúde pública significante (Okuma & Ferraz, 1999). 10