UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ UFPR



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Transcrição:

TÍTULO: LAZER VOLTADO PARA CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL AUTORES: Carolina Maistro Nolli; Caroline Maria Appel; Claudia Sayuri Takace de Souza; Gabrila Almeida Silva; Leonardo Ravaglia; Luana Gomes; Luana Monteiro; Priscila Manzini Ramos; Rejanne Assis Juki; Rafael Zaccaron; Sílvia Neves Mayer; Surian Klassen INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ UFPR RESUMO Este trabalho visa apresentar uma das atividades realizadas pelos alunos do Curso de Turismo da Universidade Federal do Paraná, dentro de um projeto de promover a integração do curso com a sociedade. Relacionando os alunos com a comunidade da qual fazem parte e proporcionando a visão de que o turismo é uma atividade social bastante importante percebe-se que o correto planejamento da atividade turística parte da necessidade de incluir a comunidade local no processo de utilização dos espaços de lazer. A atividade aqui apresentada foi realizada com crianças especiais aliando a utilização dos espaços de lazer como forma de qualidade de vida proporcionada a essas crianças, e o estímulo que essa atividade pode proporcionar no desenvolvimento social e motor das mesmas. DESENVOLVIMENTO Lazer e Turismo O Turismo é sem dúvida, uma importante atividade que vem proporcionando um significativo desenvolvimento econômico, social e cultural nas diversas localidades onde vem sendo trabalhado de forma planejada e ordenada, gerando divisas, empregos e principalmente um crescimento social voltado à preservação da cultura, da identidade regional e do meio ambiente. Considerado, até bem pouco tempo atrás, uma atividade

mais contemplativa, hoje porém, sua dinâmica é um fato bastante importante, não só nas viagens, mas também na preocupação de estruturação do núcleo receptor. Os cursos de turismo procuram estabelecer a multi e interdisciplinariedade do turismo, proporcionado ao aluno uma visão global e gestora, preocupado em agregar os profissionais de diversas áreas para atuarem de forma consistente e conjunta, e disposto a estudar fatores de interferência do turismo na comunidade local, proporcionado a essa comunidade benefícios e principalmente acesso e conhecimento dos espaços de lazer, tornando o Turismo uma atividade de Lazer bastante significativa. O turismo é uma forma de lazer, que apesar de ter ser tornado acessível a um grande número de pessoas nas últimas décadas, está longe de ser um direito de toda a população, essa fatia da sociedade que pratica turismo afirma ser ele uma das formas mais eficazes de aliviar o estresse, comum mal contemporâneo, melhorando desse modo a qualidade de vida dos indivíduos que o praticam. Em alguns dos momentos da nossa história recente, tivemos experiências não tão positivas com o turismo em algumas localidades, quase sempre esse resultado foi fruto de uma despreocupação com o ser humano, nesses casos o aspecto econômico prevaleceu sobre aspectos sociais. As comunidades autóctones desconheciam o fenômeno turístico em sua essência e de uma forma coercitiva acabavam recepcionando esse turista tendo ele apenas como uma fonte de lucro. Quando o visitante, por razões financeiras não podia representar fonte de renda ele deixava de ser importante para a comunidade local. Embora o turismo esteja se consagrando como uma das formas mais corriqueiras de lazer, esse tem um sentido mais amplo, sobre o qual diversos autores já escreveram, sendo um dos teóricos mais conhecidos nessa área Joffre Dumazedier, que aborda o lazer em muitos de seus trabalhos. Segundo sua definição o lazer constitui: (DUMAZEDIER, 1976): (...) um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.

Está tornando-se difundido o conceito de que as atividades de turismo e lazer são consideradas indispensáveis formas de desenvolvimento pessoal. Fica claro, que o dever dos estudantes durante a graduação, nas atividades de extensão, na sociedade e futuramente no mercado de trabalho, é esforçar-se para que o turismo deixe de ser um privilégio e passe a ser um dos direitos do cidadão; é lutar para que esta atividade possa ter como principal objetivo a humanização do cotidiano, e não a fuga do mesmo; é tornar o indivíduo parte integrante da sociedade, independentemente de sua condição física, social ou financeira. Projeto: Crianças portadoras de paralisia cerebral vão ao zoológico Nesse contexto nosso projeto buscou trabalhar com um público não privilegiado pelas formas tradicionais de turismo. O objetivo foi promover uma maior integração de indivíduos especiais na sociedade, por meio de um passeio recreativo em um parque da cidade, através dessa atividade, alheia à rotina desses indivíduos, promovendo assim, uma melhoria na qualidade de vida deles. Esse trabalho justifica-se pelas inúmeras barreiras sociais e culturais que essas pessoas enfrentam no desenvolvimento de atividades comuns às pessoas ditas normais, como por exemplo o lazer. O preconceito velado existente na sociedade faz com que a presença de um indivíduo especial na constituição do núcleo familiar altere profundamente o modo com que essa família relaciona-se em sociedade. Com o nascimento de um indivíduo especial, a família costuma retrair-se, vindo a se relacionar mais com famílias que estejam em uma situação semelhante. As atividades sociais costumam ser limitadas devido ao preconceito da sociedade, sentido por essas famílias em relação à condição do indivíduo especial, e também ao sentimento dele próprio em relação à sua diferença para com outras pessoas do convívio social, principalmente do ambiente familiar. Uma das dificuldades enfrentadas por essas pessoas é o descaso da sociedade, refletido nas barreiras arquitetônicas que atrapalham o deslocamento dos indivíduos com deficiência locomotora. Mesmo os atrativos e as instalações turísticas não levam

em conta as limitações físicas destas pessoas, dificultando a prática da atividade turística para elas. A maioria da população tem um conceito distorcido, pois consideram atividades de lazer as terapias efetuadas dentro dos centros de apoio ao deficiente, que ocupam-se de trabalhos ligados a pintura, equitação e natação. Na verdade, essas atividades têm como objetivo aperfeiçoar as habilidades psicomotoras e por isso são de caráter obrigatório; sendo assim, essa obrigatoriedade contrapõe-se à definição de lazer anteriormente citada. Definiu-se como público alvo as crianças especiais. A escolha de crianças foi pautada pela característica de elas estarem em fase de desenvolvimento e aprendizado, sendo que a atividade no parque poderia produzir reflexos positivos nas mesmas. A instituição foi escolhida de modo aleatório, sendo essa a Associação de Profissionais Pais e Amigos de Criança Especial, que trabalha com crianças de 3 a 11 anos portadoras de paralisia cerebral. A paralisia cerebral constitui uma condição médica especial, não podendo ser considerada propriamente uma doença. Geralmente a paralisia cerebral é causada por falta de oxigenação do cérebro, dentre seus sintomas pode-se encontrar dificuldades ou impossibilidade locomotoras, de fala, audição e visão, além de alguns casos mais graves em que há um comprometimento mental (quando partes do cérebro responsáveis pelo raciocínio e memória são atingidas), o que leva a criança a apresentar incapacidade motora acentuada, impossibilidade de fala e locomoção, sendo dependentes a maior parte do tempo. Essas crianças costumam possuir dificuldades de interação, porém isto não significa que elas estejam desconectadas do mundo exterior. Pelo contrário, a maior parte desta crianças possui inteligência normal, além de serem muito sensíveis. O parque escolhido para o desenvolvimento da atividade foi o Zoológico Municipal de Curitiba localizado dentro do Parque Regional do Iguaçu, a escolha devese ao fato de que os animais costumam despertar curiosidade e interesse por parte das crianças. Acreditou-se que a presença desses provocaria um grande impacto visual, capaz de estimulá-las, o que proporcionaria um maior aproveitamento do passeio por parte das crianças.

Houve uma preocupação especial com o lanche oferecido durante o passeio, aspectos como, valor nutricional, conservação dos ingredientes, facilidade na deglutição foram levados em conta devido a dificuldade das crianças com paralisia cerebral de fecharem os lábios, sugarem, morderem ou mastigarem. Normalmente o binômio escola/casa é constante na rotina das crianças com paralisia cerebral e muitas vezes os pais e professores, por motivos diversos, acabam não proporcionando uma fuga dessa rotina às crianças. É sabido que contatos sociais diversificados ajudam no desenvolvimento da criança e que passeios proporcionados pelos pais ou pela escola são uma ótima oportunidade para estabelecer esses contatos. Muitas vezes, e principalmente no passado, alguns especialistas e pessoas envolvidas com crianças especiais afirmam que as necessidades dessas crianças se restringem apenas a cuidados médicos e educacionais. Eles não levam em conta o lazer como um meio para o desenvolvimento ou como uma necessidade e um direito do indivíduo. Um dos dias úteis da semana mostrou-se mais adequado para a realização do passeio devido a visitação menos intensa que o parque recebe nesses dias em relação ao fluxo de visitantes durante os finais de semana. A escolha do dia, durante a semana, ficou a cargo da instituição, de acordo com a disponibilidade do transporte, que foi cedido pela própria Associação de Profissionais Pais e Amigos da criança excepcional. O passeio foi realizado na sexta-feira dia 30 de agosto de 2002 no período da tarde, com saída da instituição às 14:00h e retorno à escola às 17:00h; participaram dessa atividade 10 crianças que apresentavam variados graus de paralisia cerebral, de modo que a maioria das crianças necessitava de ajuda para a locomoção, ou absolutamente não possuía meios para fazê-lo, de modo que tinham de ser transportadas em carrinhos. Todas apresentavam falhas na coordenação motora. Duas crianças apresentavam elevado grau de limitação visual. A fala também era uma capacidade bastante prejudicada nesse grupo. Algumas crianças tinham dificuldades sérias de interação, parecendo grande parte do tempo alheias ao processo. As barreiras arquitetônicas e falhas no projeto das instalações turísticas constituíram um dos problemas. Os carrinhos facilitam o deslocamento dessas crianças, entretanto havia pontos que não puderam ser acessados

por elas, pois ora o material de revestimento do solo, ora a declividade do terreno dificultavam ou impediam a circulação dos carrinhos. O passeio, de uma maneira geral, transcorreu sem maiores problemas dentro do planejamento previamente estabelecido. Considerações Finais A realização da atividade no zoológico mostrou-se de grande valia para as crianças participantes do passeio, recebendo elogios por parte dos responsáveis da instituição que acompanharam a visita, da mesma forma os realizadores do projeto tiveram uma experiência enriquecedora, no sentido da humanização de suas ações. Um aspecto do passeio ficou claro, o desenvolvimento de atividades semelhantes a essa em termos de lazer, deve ser realizada com muito cuidado, pois cada tipo de deficiência, tem suas próprias características e limitações que devem ser respeitadas. A não observância desse fato pode levar a prática ineficaz das atividades e grande frustração, tanto para os organizadores, quanto para o público em questão. O ser humano especial é carente de atividades como essa realizada, sem caráter educacional, pelas barreiras já citadas anteriormente, é como se atividades de lazer para ele não fossem importantes, o que é uma falácia; o turista quando viaja para uma localidade onde ele é tratado apenas como fonte de lucro, acaba ficando isolado da comunidade autóctone, o que acaba sendo negativo tanto para ele quanto para essa comunidade; esse tipo de turismo tem sido alvo de estudo afim de melhorar a relação entre o turista e a comunidade; da mesma forma o indivíduo especial não pode ser tratado como um eterno turista em sua própria cidade quando esse realizar atividades de lazer, recebendo olhares surpresos pela sociedade em geral. A famigerada integração da pessoa especial na sociedade que os estudiosos da área abordam em seus trabalhos, somente acontecerá de fato quando todas as atividades realizadas por indivíduos ditos normais, puderem ser realizadas por indivíduos especiais, dentre elas o lazer. Atividades de caráter extensionista como a realizada pela equipe, ajudam a solidificar na sociedade o conceito da integração social, acabando em parte com o

preconceito existente, a realização de mais atividades como essa só tende a trazer contribuições para esse processo de integração, fazendo assim com que o indivíduo especial participe de fato, e não só na teoria, da sociedade. Referências ANDRADE, J. M. P. Paralisias Cerebrais. DEFNET. Disponível em: <http://www.defnet.org.br> Acesso em: 20 ago. 02 BAHL, M. Disciplina: Patrimônio e espaço turístico. Curitiba: Curso de Turismo, 2002. (Apostila) BLASCOVI-ASSIS, S. M.. Lazer e deficiência mental. Campinas: Papirus, 1997. (Coleção Fazer/Lazer) DUMAZEDIER, J.. Lazer e cultura popular. São Paulo: Perspectiva, 1976. DUMAZEDIER, J.. Sociologia Empírica do Lazer. São Paulo: Perspectiva, 1973. HAULOT, Arthur. Turismo Social. México: Trilhas, 1991. MARCELLINO, Nelson Carvalho. Estudos do Lazer: uma introdução. Campinas: Autores Associados, 2000. NETO, M. D. F.. Lazer: Opção pessoal. Brasília: Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação, 1993. VEJA, José Luís García. Ócio e Turismo. Rio de Janeiro: Salvat, 1979. PARALISIA CEREBRAL. Disponível em: < http://www.truenet.com.br/ronaldo/html/portugues/pc.htm> Acesso em: 20 ago. 02 < http://www.saudeviaonline.com.br > Acesso em: 19 ago. 02 PARQUE MUNICIPAL DO IGUAÇU. Disponível em: < http://www.pr.gov.br > Acesso em: 19 ago. 02