MONITORAMENTO DE REFLORESTAMENTO NA RESERVA ECOLÓGICA DE GUAPIAÇU, CACHOEIRAS DE MACACU-RJ

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Transcrição:

EIXO TEMÁTICO: Ciências Ambientais e da Terra MONITORAMENTO DE REFLORESTAMENTO NA RESERVA ECOLÓGICA DE GUAPIAÇU, CACHOEIRAS DE MACACU-RJ Rayanne Carvalho da Costa 1 Thayza de Oliveira Batitucci 2 Milena Soares dos Santos 3 Igor de Carvalho Vecchi 4 Erika Cortines 5 RESUMO: O Brasil é referência em biodiversidade e dimensão de suas florestas nativas. Porém, a exploração da natureza tem resultado em desequilibro dos ecossistemas, degradando o ambiente natural. Atualmente no estado do Rio de Janeiro menos de 17% do território possui cobertura florestal. A degradação da cobertura florestal foi fruto de um processo histórico movido pelo ser humano e sua recuperação depende também de ações humanas efetivas e emergenciais. Na Reserva Ecológica de Guapiaçú (REGUA) - RJ 15,5 ha estão em processo de restauração visando a recomposição da vegetação e manutenção da biodiversidade local. O objetivo deste trabalho foi monitorar a estrutura arbórea de um trecho de reflorestamento e caracterizar as espécies da regeneração espontânea. O monitoramento foi realizado em 4 parcelas de 20x30 m, nos plantios de 2008 e comparados com o primeiro monitoramento em 2011. Foram encontradas 49 espécies no componente arbóreo das quatro parcelas. As parcelas apresentaram baixa mortalidade e nenhuma espécie saiu do sistema. O número de indivíduos arbóreos aumentou mostrando que as espécies estão evoluindo sucessionalmente o que ficou evidenciado por espécies de grande porte que não haviam sido plantadas com destaque para a Trema micrantha e a Cecropia pachystchya. A regeneração abundante de espécies não plantadas como T. micrantha, Myrsine sp. e Miconia spp. indicaram um avanço sucessional nos plantios avaliados. Conclui-se que os plantios estão em pleno desenvolvimento e tendem a apresentar um aumento da diversidade e a interação com a fauna local. Palavras-chave: Plantio; Recuperação de pastagens; REGUA. 1. INTRODUÇÃO O Brasil tem como destaque mundial a sua biodiversidade e a dimensão de suas reservas nativas. Entretanto, ao decorrer dos anos a intervenção do homem na natureza, principalmente com a exploração agropecuária, tem resultado na degradação da vegetação, comprometendo os seus biomas e colocando em risco o equilíbrio dos ecossistemas brasileiros. Um desses biomas é a Mata Atlântica, uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas do planeta que, segundo a Constituição Federal de 1988, é também considerada Reserva da Biosfera pela 1 Discente do curso Gestão Ambiental, ITR/UFRRJ. E-mail: nane-46@hotmail.com 2 Discente do curso Gestão Ambiental, ITR/UFRRJ. E-mail: thayzabatitucci@hotmail.com 3 Discente do curso Gestão Ambiental, ITR/UFRRJ. E-mail: milenasoares-@hotmail.com 4 Discente do curso Gestão Ambiental, ITR/UFRRJ. E-mail: igor_vecchi@yahoo.com.br 5 Professora Doutora do Departamento de Ciências do Meio Ambiente ITR/UFRRJ. E-mail: ecortines@gmail.com

Unesco e Patrimônio Nacional. No Estado do Rio de Janeiro, o bioma cobria cerca de 97% de sua área total. Segundo dados da organização não governamental SOS Mata Atlântica (2009), até final da década de 90, 17% da área deste território ainda possuía cobertura florestal. Atualmente, segundo a SOS Mata Atlântica (2014), em todo o bioma constam apenas 8,5% dos seus remanescentes florestais, salvaguardados principalmente nas áreas de mais difícil acesso, as escarpas montanhosas da Serra do Mar (ROCHA et. al., 2003), consideradas impróprias para práticas agrícolas. Segundo Amador (2003), da mesma forma que a degradação da cobertura florestal foi fruto de um processo histórico movido pelo ser humano, sua recuperação dependerá também de ações humanas efetivas e emergenciais. A necessidade de recuperação dos ecossistemas florestais alterados tem contribuído ao incentivo para o plantio de espécies florestais nativas para recomposição florestal. A lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428 de 22/12/06) é um incentivo que menciona no Art.36 a criação do Fundo de Restauração do Bioma Mata Atlântica, com o objetivo de implantar projetos de restauração ambiental. A Lei de Proteção da Vegetação Nativa - Lei Nº 12.651 de 2012, que institui o Cadastro Ambiental Rural e a necessidade de recuperação das Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, também incentivará ações de restauração ambiental. O objetivo deste trabalho foi monitorar a estrutura arbórea de um trecho de reflorestamento e caracterizar a regeneração espontânea a partir da composição das espécies, além de comparar a ecologia das espécies entre os monitoramentos de 2011 e 2014, na Reserva Ecológica de Guapiaçú-RJ. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Área de estudo Guapiaçu é um povoado do 3 distrito do município de Cachoeiras de Macacu, no estado do Rio de Janeiro. Está situado entre as margens do rio Guapiaçu e do rio Mariquita, na bacia hidrográfica do Rio Macacu, dentro dos limites das zonas de captação e amortecimento do Parque Estadual dos Três Picos, onde está localizada a Reserva Ecológica de Guapiaçu. A agricultura é a base da economia local, sendo suas terras fortes produtoras de culturas como inhame, aipim, goiaba, banana, feijão, quiabo e milho, além da pecuária de corte contrastando com exuberantes áreas de fragmentos florestais da Mata Atlântica em significativo estado de conservação. Segundo Freitas et. al. (2005), a grande maioria dos fragmentos florestais nesta área encontra-se no interior e propriedades rurais, entre 100 e 200 m de altitude, com áreas variando entre 19 e 200 ha, cercadas por plantações agrícolas e pastagens. Além das pequenas propriedades rurais existentes, uma grande propriedade particular, a Reserva Ecológica do Guapiaçu, possui significativo valor sócio-ambiental para a bacia do rio Guapiaçu, a qual se empenha em preservar grandes extensões de florestas nativas presentes no seu território, salvaguardando assim, historicamente, os recursos naturais, em especial, os recursos hídricos e o equilíbrio ecológico desta região.

A Reserva Ecológica do Guapiaçu REGUA possui 7.380 hectares de extensão territorial e apresenta 94,78% de sua área composta por grandes remanescentes florestais em considerável estado de conservação, o que lhe confere uma grande diversidade de fauna e flora (BERNARDO, 2010). Devido à diversidade de ambientes da REGUA, é possível observar formações florestais distintas englobando todas as fitofisionomias características da Floresta Ombrófila Densa. A REGUA é uma reserva particular criada por uma Organização Não Governamental (ONG), em 1996, e instituída Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) pelo INEA (Portaria: INEA/PRES RJ Nº 477 DE 31-07-13) para preservar permanentemente formações florestais secundárias em avançado estádio de desenvolvimento e os prováveis remanescentes primários. Entre 1915 e 1920 as partes baixas (com algum relevo ondulado) desta fazenda tiveram suas áreas, compostas por cobertura vegetal original nos ecossistemas florestal e lêntico, convertidas em pastagem (Azevedo, 2012). Somente no ano de 2004, as práticas agropecuárias foram interrompidas. Neste mesmo ano a primeira área foi reflorestada, a fim de reconectar fragmentos isolados com a criação de corredores ecológicos e, desde então, a Reserva vem recuperando áreas degradadas de encostas e de baixadas, bem como reabilitando e restaurando áreas originais de ecossistemas lênticos. Em 2010, a equipe de reflorestamento da Reserva fez a seleção da área reflorestada, juntamente com o auxilio de GPS de precisão e o programa. Para compor o estudo, foram usados plantios florestais de idades intercaladas distribuídos em 9,6 ha (3anos); 2,5 ha (5anos); e 3,4 ha (7anos), localizados em relevo plano a ondulado. Uma área de pastagem (classificada como controle ou zero) e uma de mata nativa (floresta madura) foi tomada como testemunhas. O preparo do solo para o plantio foi realizado usando arado, gradagem e subsolagem. O controle de formigas cortadeiras foi feito com isca formicida granulada Mirex. A disposição das mudas no campo não teve alinhamento e nem espaçamento definido, o que resultou em diferentes densidades populacionais observadas nas áreas experimentais. A abertura das covas foi manual, com dimensão de 35 x 35 cm, e não foi aplicado adubo ou calcário. 2.2 Monitoramento dos plantios As áreas de reflorestamento da REGUA foram divididas por idade sendo os plantios realizados em 2004, 2006 e 2008. Em 2011 foi realizado o primeiro monitoramento dos plantios para avaliar sua sustentabilidade. O presente estudo apresenta dados referentes apenas ao plantio de 2008, comparando os monitoramentos de 2011 e 2014. A amostragem foi realizada em 4 parcelas permanentes de 20x30m (P1, P5, P7 e P10) e as espécies arbóreas plantadas tiveram mensurados a circunferência à altura do peito (CAP) em centímetros e estimada visualmente a altura em metros (H) de cada indivíduo. A regeneração foi caracterizada anotando-se e fotografando as espécies encontradas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO III SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental) V1.2014 Dentre as 49 espécies arbóreas encontradas nos plantios, três são exóticas sendo estas Melia azedarach L., Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl. e Syzygium malaccense (L.) Merr & Perry. Estas espécies estão sendo monitoradas para avaliar a necessidade de controle das mesmas. Dentre as árvores plantadas a maioria é representada por espécies zoocóricas e anemocóricas. Tabela 1: Espécies utilizadas nos plantios realizados na Reserva Ecológica de Guapiaçú-RJ. Onde: Anemo= Anemocórico; Baro=barocórico; zoo=zoocórico; Auto=Autocórico. Fonte: Criado pelos autores. Percebeu-se uma predominância de leguminosas plantadas, o que num primeiro momento do plantio pode ser de grande importância para o aporte de matéria orgânica e fixação biológica de nitrogênio. As leguminosas mais representativas nos plantios foram Piptadenia gonoacantha, Piptadenia paniculata, Amburana cearensis, Enterolobium contortisiliquum, Inga edulis e Hymeneae courbaril. São zoocóricas 53% das espécies plantadas as quais representam um papel fundamental no aumento do fluxo gênico entre os plantios e as áreas reflorestadas. O monitoramento demonstrou que não houve saída de nenhuma espécie do sistema sendo que todas as espécies amostradas em 2011 foram novamente encontradas em 2014. No entanto na parcela 7 e na 10, houve a entrada de duas espécies que já se encontravam com porte arbóreo e DAP > 5 cm. Destas duas espécies, a Trema micrantha pôde ser encontrada regenerando em várias parcelas e já com diâmetros de mais de 20 cm. Em observações de campo percebeu-se que em esta espécie apresentou um excelente desempenho no campo, tendo chegado de forma alóctone e muitas já morreram e cumpriram seu papel de espécie pioneira inicial. Esta espécie é muito atrativa para avifauna e deve ser utilizada em reflorestamentos da Mata Atlântica que visem o retorno da diversidade local por meio da interação com a fauna. A outra espécie que "entrou" no sistema e já apresenta porte arbóreo com 6 anos de plantio foi a Melia azedarach que por ser uma espécie

exótica deve ser olhada com bastante cuidado e monitorada para que não se torne uma espécie invasora competindo com as nativas. Com relação ao número de indivíduos com porte arbóreo houve um aumento de cinco espécimes que entraram no sistema e já apresentavam DAP> 5cm nas parcelas 7 e 10. A regeneração de algumas secundárias nativas plantadas como Cedrela fissilis e Hymanea coubaril indicam que os plantios estão em plena sucessão ecológica e tendem a aumentar a diversidade com o tempo. 4. CONCLUSÃO Os plantios realizados em 2008 na Reserva Ecológica de Guapiaçu apresentam-se em pleno desenvolvimento, com a entrada de espécies nativas autóctones e alóctones evidenciado pela presença de espécies nos plantios que não foram plantadas. Dentre estas espécies que chegaram dos fragmentos nativos nos plantios destacam-se a Trema micrantha, Cecropia pachystachya, Myrsine sp., Miconia spp., Alchornea triplinervia. As espécies exóticas que devem ser observadas e controladas se for o caso são: Eriobotrya japonica e Melia azedarach que foram vistas regenerando nas parcelas. Apesar de não serem utilizadas nos plantios convencionais, as Piperaceae foram muito abundantes no subbosque dos plantios e deveriam ser consideradas o seu uso em reflorestamentos nativos. REFERÊNCIAS AMADOR, D. B. Restauração de ecossistemas com sistemas agroflorestais. In: KAGEYAMA, P. Y. et al (Ed). Restauração ecológica de ecossistemas naturais. Botucatu: FEPAF, 2003. p.333-340. AZEVEDO, Aline Damasceno. Composição florística e estoque de carbono em áreas de recuperação da Mata Atlântica na bacia do rio Guapiaçu, Cachoeiras de Macacu, RJ. 2012. BERNARDO, C. S. S. Reintrodução de mutuns-do-sudeste Crax blumenbachii (Cracidae) na Mata Atlântica da Reserva Ecológica de Guapiaçu (Cachoeiras de Macacu, RJ, Brasil). Tese de Doutorado. ENESP. Rio Claro, SP. 2010. 153p. FREITAS, S. R.; MELLO, M.C.S.; CRUZ, C.B.M. Relationships between Forest structure and vegetation indices in Atlantic Rainforest. Forest Ecology & Management, v.218, p.353-362, 2005. FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Disponível em: < http://www.sosmataatlantica.org.br > Acesso em 09/06/2009. INSTITUTO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE (INEA). Disponível em: <http://www.inea.proderj.rj.gov.br/downloads/nucleorppn/rppn-estaduais-13-09-13.pdf> Acesso em 23/06/14 às 14h39m ROCHA, C. F. D.; BERGALLO, H. G.; ALVES, M. A. S.; VAN-SLUYS, M. A biodiversidade nos grandes remanescentes florestais do Estado do Rio de Janeiro e nas restingas da Mata Atlântica. São Carlos-SP: Rima Editora. 2003. 160p.