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ASAMBLEA PARLAMENTARIA EURO-LATINOAMERICANA EURO-LATIN AMERICAN PARLIAMENTARY ASSEMBLY ASSEMBLEIA PARLAMENTAR EURO-LATINO-AMERICANA ASSEMBLÉE PARLEMENTAIRE EURO-LATINO- AMÉRICAINE PARLAMENTARISCHE VERSAMMLUNG EUROPA-LATEINAMERIKA Comissão dos Assuntos Económicos, Financeiros e Comerciais 17.2.2015 DOCUMENTO DE TRABALHO Aspetos comerciais das várias negociações UE-ALC em curso Correlator PE: Antonio Tajani (PPE) DT\1050685.doc AP101.774v01-00 Unida na diversidade

1. INTRODUÇÃO: A ESTRATÉGIA REGIONAL A Associação Estratégica Birregional União Europeia - América Latina e Caraíbas (UE-ALC) desempenha, desde a sua institucionalização em 1999, um papel de destaque no processo de desenvolvimento e consolidação interna da ALC e da estreita relação existente entre as nossas regiões. Este processo dinâmico continua a progredir aos níveis regional, sub-regional e bilateral, tanto através de acordos institucionais globais como de ações específicas setoriais. A comunhão de objetivos e interesses mútuos pode ser observada em múltiplos âmbitos em que trabalhámos com êxito e empenho, com instrumentos adaptados às necessidades e realidades de cada parte e com base num calendário concreto, facto que contribuiu para o estabelecimento de uma relação consolidada, equitativa e mutuamente benéfica. Os nossos vínculos de carácter histórico, cultural, político e humano vão, sem dúvida, além das relações económicas e comerciais tendo estas, pela sua preponderância no mundo atual, modernizado e reforçado os vínculos tradicionais existentes e preparado as duas regiões para enfrentar desafios como a globalização, a instabilidade geopolítica, as alterações climáticas ou a crise económica e financeira, assumindo uma posição mais forte. No entanto, a nossa estratégia final não é só económica e comercial, sendo também e fundamentalmente política, pois esse é o nosso compromisso para criar pontes indestrutíveis entre as nossas margens. Neste caminho, os projetos de cooperação e integração regional e os fluxos de comércio, migratórios e de investimento desempenharam um papel catalisador incontestável. Embora ainda existam muitos desafios a enfrentar, como a luta contra a pobreza, a exclusão social e a desigualdade, o reforço institucional, a transparência na utilização de fundos públicos, a insegurança económica, o comércio ilícito ou os problemas ambientais, as nossas sociedades beneficiam já, em termos gerais, de notáveis avanços alcançados no âmbito da consolidação da paz, da democracia, do Estado de direito e do crescimento económico, bem como de níveis excecionais de progresso e bem-estar social. Neste sentido, a UE tornou-se a primeira fonte de investimento estrangeiro na ALC e, por meio do instrumento de cooperação para o desenvolvimento (ICD), prevê a atribuição de mais de 925 milhões de euros à cooperação regional da zona durante o período 2014-2020 em projetos no âmbito da boa governação, da prestação de contas e da igualdade social, da ligação entre segurança e desenvolvimento, do crescimento inclusivo e sustentável, da sustentabilidade ambiental e das alterações climáticas e do ensino superior: este compromisso com a América Latina contribuiu e contribuirá ainda mais para a dinamização económica, do trabalho e social da região. AP101.774v01-00 2/8 DT\1050685.doc

2. INICIATIVAS HORIZONTAIS E SETORIAIS UE-ALC A dinâmica política das relações entre a UE e a ALC e o seu desenvolvimento deriva, além disso, do estabelecimento de diálogos e de ações e projetos concretos de grande visibilidade que transcendem as ações de promoção comercial e respondem a necessidades identificadas pelas partes em áreas do setor primário, secundário e terciário. Entre estas, devemos realçar as seguintes: A diplomacia das matérias-primas: as matérias-primas provenientes das indústrias extrativas são fatores indispensáveis para a produção industrial e, por conseguinte, essenciais para o crescimento e criação de emprego. A segurança do seu fornecimento é estratégica para a produção europeia, razão por que a UE mantém diálogos sobre matérias-primas com a Argentina, Chile, Colômbia, México e Uruguai que estabelecem e promovem a comunicação e a cooperação, bem como o intercâmbio de boas práticas referentes à prospeção, exploração e utilização rentável e sustentável de minerais. Os fabricantes de equipamentos de ótica ou telecomunicações são sensíveis tanto às alterações dos níveis de exportação (restrições à exportação) como à segurança de fornecimento, e o setor químico, no qual a UE é líder, é uma indústria com forte intensidade de energia, pelo que se afigura necessário um quadro económico estável e segurança jurídica. Missões para o crescimento: estas missões foram concebidas para favorecer a internacionalização das pequenas e médias empresas (PME) da UE, melhorando o seu acesso aos mercados de bens e serviços da ALC que, por sua vez, beneficiam da atração de investimento estrangeiro proveniente de tais empresas europeias e da sua colaboração com entidades públicas e privadas. Foram realizadas missões desta natureza a países como a Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Paraguai, Peru ou Uruguai, incluindo memorandos de entendimento em matérias como a cooperação industrial ou espacial através da promoção da inovação, da transferência de tecnologias, da diversificação ou da modernização. O diálogo de apoio às PME: o apoio às PME deve ser completado com uma abordagem horizontal, que inclua a identificação de nichos de mercado, o acesso ao financiamento, a consultoria sobre a internacionalização, a participação em concursos públicos ou em parcerias público-privadas (PPP) e a aprovação de memorandos de entendimento que abordem obstáculos não pautais, uma vez que a situação das PME e das microempresas é muito mais vulnerável que a das grandes associações, que possuem mais recursos disponíveis para ajustar a sua produção aos diferentes enquadramentos jurídicos e técnicos. Desta situação deriva o desafio que as empresas da ALC enfrentam para poderem competir na UE e vice-versa e serem viáveis. Por uma questão de desenvolvimento das competências das PME com vista à sua internacionalização, podem ser essenciais a IDI e a sua aplicação às TIC, a educação para o empreendimento, nomeadamente dos jovens e das mulheres, o desenvolvimento de competências e a consultadoria para a criação de microempresas e as facilidades adicionais de acesso aos mercados. Desenvolvimento de infraestruturas: As empresas do setor da construção da UE possuem uma grande experiência num âmbito essencial para a estruturação territorial, a renovação do tecido urbano e a constituição de cidades inteligentes. O mecanismo das PPP é uma ferramenta interessante para poder desenvolver as infraestruturas necessárias a fim de melhorar a DT\1050685.doc 3/8 AP101.774v01-00

logística e as conexões imprescindíveis para que as empresas sejam mais produtivas, possam beneficiar das oportunidades existentes noutros países e contribuam para o crescimento. Neste sentido, deve-se referir a participação de um consórcio europeu no alargamento do Canal do Panamá. Este alargamento terá um efeito dominó muito positivo para as relações comerciais de toda a ALC. Serão desenvolvidas infraestruturas portuárias noutros países da ALC e, desse modo, serão possíveis mais intercâmbios. Deve-se salientar o savoir faire europeu para este tipo de obras. Memorandos de entendimento relacionados com os agrupamentos industriais: as tecnologias facilitadoras essenciais (TFE) relativas a microcondutores, nanotecnologias, materiais avançados, biotecnologias, fotónica, por exemplo com a Argentina, conseguiram atrair PPP para desenvolver uma atividade nos referidos âmbitos, atividade essa considerada essencial para manter a produtividade no futuro. A inovação deriva do investimento e é fundamental garantir o acesso ao crédito, favorecer o empreendimento, apoiar a procura de inovação e as suas aplicações industriais, as patentes e a sua proteção, bem como apoiar a proteção dos direitos de propriedade intelectual e dos desenhos industriais e marcas. 3. PANORAMA DA RELAÇÃO COMERCIAL BIRREGIONAL O desenvolvimento das relações comerciais entre a UE e a ALC contribuiu significativamente para o sucesso da dimensão birregional. As relações económicas e comerciais entre a UE e a ALC devem ser colocadas ao serviço das nossas sociedades, com vista a criar um ambiente previsível e estável, bem como estimulante e moderno, que favoreça o intercâmbio de bens, serviços e investimentos que contribuam para manter um modelo de bem-estar sustentado no crescimento através da inovação, da qualificação humana e do intercâmbio de ideias e melhores práticas. Todos estes fatores integram os pilares em que se baseiam e em torno dos quais se devem articular as nossas atuais relações comerciais e as diversas negociações UE-ALC em curso. A ALC e a UE devem apostar na manutenção de uma relação comercial estável, aberta e previsível, que contribua para criar segurança jurídica e um ambiente atrativo para empreendedores e investidores, com vista a gerar um tecido industrial e empresarial diversificado e a produzir riqueza da qual toda a sociedade possa beneficiar. O recurso estrutural a práticas protecionistas e a colocação de entraves no acesso ao mercado não contribuem para o crescimento a médio e longo prazo já que, por um lado, não permitem consolidar uma estrutura económica equilibrada e diversificada nem, por outro, que empresas e consumidores tirem partido das inovações e dos progressos disponíveis. Por esse motivo, o objetivo mediato consiste em mercados mais abertos, que facilitem o investimento e a interação, numa redução pautal que permita uma melhor utilização dos recursos disponíveis e não aliene as PME e microempresas, em procedimentos administrativos simplificados e na eliminação de obstáculos burocráticos desnecessários, sendo todas estas medidas compatíveis com a consolidação de um quadro jurídico estável e previsível e com a aplicação de padrões elevados que garantam a saúde e a segurança dos consumidores, bem como a preservação do ambiente. AP101.774v01-00 4/8 DT\1050685.doc

Tanto a UE como a ALC devem otimizar a integração nas cadeias de produção internacionais e aproveitar o potencial e as oportunidades da globalização. A UE e a ALC devem adotar em conjunto uma atitude homogénea, integrada e de cooperação, destinada a enfrentar os desafios inerentes a esta situação. A nossa associação beneficia dos fluxos comerciais e de investimentos existentes, ainda que o seu potencial se encontre longe de estar otimizado. NÍVEL MULTILATERAL Tanto a UE como a ALC participam ativamente em fóruns internacionais, nos quais geralmente adotam posições comuns, o que reflete a convergência de princípios e valores de ambas as regiões. Tal é particularmente significativo na Organização das Nações Unidas; todos os seus membros são também membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), embora apenas alguns façam parte do G-20 ou da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE). A participação dos Estados da ALC é minoritária ou inexistente no âmbito de iniciativas multilaterais, como o Acordo sobre as Tecnologias da Informação (ATI), o Acordo sobre Contratos Públicos (ACP) ou as negociações do Acordo sobre o Comércio de Serviços. NÍVEL REGIONAL UE-CELAC Desde a 1.ª Cimeira UE-ALC, celebrada no Brasil, em 1999, até à Cimeira CELAC-UE celebrada em Santiago de Chile, em janeiro de 2013, as cimeiras semestrais que reúnem os Chefes de Estado e de Governo dos nossos 61 países tornaram-se um encontro altamente simbólico e com valor político e permitiram articular uma série de diálogos temáticos específicos, focados em domínios como a Iniciativa Conjunta para a Investigação e a Inovação, o Diálogo Estruturado sobre Migração e o Mecanismo de Coordenação e de Cooperação em matéria de Droga. Estas cimeiras devem continuar a ser abordadas com espírito renovado, de modo que os frutos da associação beneficiem também as gerações futuras. NÍVEL SUB-REGIONAL AMÉRICA CENTRAL Do ponto de vista político, o diálogo de San José, iniciado em 1984, constituiu um marco no compromisso da UE com a ALC, em geral, e no processo de paz na América Central, em particular, ao coordenar esforços com a iniciativa do Grupo de Contadora. Este compromisso, consolidado através do Acordo de Diálogo Político e Cooperação, será desenvolvido no âmbito do Acordo de Associação UE-AC, assim que for incluído o processo de ratificação do Acordo, cujo pilar comercial já está a ser provisoriamente aplicado, contribuindo assim para o processo de integração regional centro-americano e para a criação gradual das condições DT\1050685.doc 5/8 AP101.774v01-00

necessárias para o crescimento. Por outro lado, o Programa Sub-regional para a América Central inclui uma dotação específica de 120 milhões de euros para o período 2014-2020, centrada na integração económica regional, na segurança e no Estado de direito, nas alterações climáticas e na gestão de desastres. A nível bilateral, o ICD prevê afetar mais de 1 476 milhões de euros a outros programas ainda por definir no âmbito da sinergia com os Estados latino-americanos concretos. O Parlamento Europeu está plenamente envolvido no acompanhamento da execução do Acordo e, em particular, do seu pilar comercial. Neste sentido, já se iniciaram as formalidades para a criação da Comissão Parlamentar Mista entre o PE e o PARLACEN como corolário do enquadramento das relações derivado da associação. Além disso, desde 2008 que a UE mantém um acordo de parceria económica com o CARIFORUM, com quinze Estados costeiros do Caribe, entres os quais Belize e a República Dominicana, e que visa facilitar o comércio de bens e serviços provenientes desta zona. Tendo em conta que Cuba não participa em nenhum dos processos de integração regionais anteriormente citados, as relações com a UE têm vindo a ser exploradas no âmbito das três rondas de negociação celebradas até ao momento no quadro das negociações do acordo político e de cooperação lançado em fevereiro de 2014. O nosso apoio ao processo de integração económica de Cuba com a UE é firme, desde que o processo seja acompanhado pelo avanço decidido rumo à democracia e ao respeito dos direitos fundamentais e das liberdades individuais. COLÔMBIA, PERU, EQUADOR As relações económicas entre a UE e a Colômbia e o Peru regem-se pelo acordo comercial assinado em 2012 e aplicado provisoriamente desde 2013. O acordo prevê a liberalização progressiva e recíproca dos intercâmbios comerciais, garantindo o acesso ao mercado de bens, serviços e investimentos e contratos públicos. Além disso, define regimes no âmbito de obstáculos não pautais, competência, transparência, direitos de propriedade intelectual; inclui disposições relativas à competitividade, inovação, facilitação de comércio e transferência de tecnologias, juntamente com um capítulo sobre comércio e desenvolvimento sustentável e um sistema de arbitragem. O Parlamento Europeu está plenamente envolvido no acompanhamento da execução do Acordo. As negociações para que o Equador integre o Acordo foram concluídas em 2014, sendo que a sua adesão aguarda o processo legislativo e a entrada em vigor provisória do seu capítulo comercial depende da rápida ratificação por parte do PE e do Congresso equatoriano. De qualquer modo, desde 1 de janeiro do ano passado, o Equador viu renovadas as preferências dispostas no sistema SPG + da UE graças à diligência e agilidade mostradas pelo PE. Este processo é lógico a fim de permitir um desenvolvimento coerente das relações regionais. Por sua vez, a Bolívia beneficia igualmente do sistema unilateral de preferências pautais generalizadas (SPG+). MERCOSUL Criado em 1991, nos termos do Tratado de Assunção, e adotado pela Argentina, pelo Brasil, pelo Paraguai, pelo Uruguai e pela Venezuela (este último em 2012), com a integração da Bolívia pendente, o MERCOSUL dispõe de um acordo-quadro inter-regional de cooperação com a UE desde 1995. Desde o ano 2000, as partes negociam um acordo de associação AP101.774v01-00 6/8 DT\1050685.doc

estruturado em três capítulos (diálogo político, cooperação e comércio), cuja negociação estagnou em 2004 devido a discordâncias no domínio comercial e, principalmente, em matéria agrícola e de serviços. Apesar de as negociações terem sido retomadas em 2010, estas aguardam um intercâmbio de ofertas sobre o acesso a mercados que não se concretiza devido à complicada situação económica, tanto interna como internacional, e devido às assimetrias e características dos países do Mercosul. A integração da Venezuela, Estado que até agora não participou ativamente nas negociações do pilar comercial, poderia introduzir novos elementos de incerteza relativamente à evolução das negociações. Embora subsistam interesses divergentes, designadamente em matéria de produtos sanitários, fitossanitários e agrícolas, em termos gerais predomina a visão de que, no final, um acordo equilibrado, que respeite as sensibilidades de ambas partes, poderia abrir novos horizontes positivos no desenvolvimento das nossas relações. Atualmente, apenas o Paraguai beneficia do sistema unilateral de preferências pautais generalizadas (SPG+). São necessários progressos no que diz respeito ao ritmo e ao calendário das negociações, talvez devido à falta de dinâmica política. Nestas circunstâncias, é importante que o Brasil assuma um papel de liderança no processo de integração regional. NÍVEL BILATERAL MÉXICO E CHILE O Acordo de Parceria Económica, de Concertação Política e de Cooperação, ou Acordo Global entre a UE e o México do ano 2000, foi pioneiro na aproximação e institucionalização das relações políticas, comerciais e económicas e no alargamento da cooperação da UE com a ALC. Por sua vez, em 2002, a UE e o Chile celebraram um Acordo de Associação abrangente e ambicioso, que inclui um acordo de comércio livre, em vigor em 2003. Ambos os acordos, muito ambiciosos para a época no que se refere ao alcance e ao grau de liberalização, não têm o mesmo alcance de outros acordos mais recentes, celebrados com Estados da ALC. Esta discrepância é ainda mais notável se se tiver em conta, além disso, as redes comerciais, as redes de acordos bilaterais celebrados com terceiros e as mudanças nas estruturas produtivas internas e externas. Ainda que ambos os acordos incluam cláusulas de desenvolvimento ou de evolução setoriais, foram estabelecidos contactos entre as partes a fim de avaliar a oportunidade de uma possível modernização e alargamento a novas áreas para ambos os acordos de caráter global. Apoiamos estes esforços e consideramos que as partes devem iniciar previamente uma negociação para um acordo completo e equilibrado de modernização dos acordos que reflita a ambição e todo o potencial das nossas relações comerciais. 4. CONCLUSÕES Em conclusão, as relações entre a UE e a ALC, incluindo as económicas e comerciais, são desenvolvidas de modo gradual, mediante a dimensão estratégica birregional, os acordos de associação e comerciais, os quadros jurídicos formados discreta e laboriosamente, os eventos institucionais e também com pequenos passos que conduzem projetos e iniciativas nos mais diversos âmbitos. DT\1050685.doc 7/8 AP101.774v01-00

Nestes últimos anos, muitas atividades que transcendem as relações meramente comerciais aumentaram a institucionalização das relações políticas entre a UE e a ALC, mostrando que existe uma longa tradição e laços culturais entre ambas as regiões, mas sobretudo uma visão comum e uma planificação estratégica para o futuro. O futuro destas relações e das negociações políticas e comerciais em curso dependerá de fatores endógenos e exógenos a ambas as regiões, mas também da dinâmica política, em cujo contexto as reuniões interparlamentares têm um importante papel a desempenhar, que deve ser dada a todos os países associados, conciliando a pluralidade dentro da comunidade de destinos subjacente à nossa associação. É igualmente fundamental realçar a necessidade de premiar os bons exemplos. A segurança jurídica é muito importante para as relações comerciais entre a UE e a ALC. Nesse sentido, é mais fácil negociar com países fiáveis, pelo que, depois de doze anos e um acordo extremamente bem sucedido, se deveria modernizar e alargar os acordos com o Chile e México. Tal deveria ser um exemplo para os outros países. Finalmente, para o futuro, uma forma concreta de colaboração entre a UE e a ALC seria intensificar os esforços para reduzir a burocracia, que é um verdadeiro obstáculo para a competitividade e o crescimento de um país. A elaboração de um plano UE-ALC para a redução da burocracia seria muito positiva, não só do ponto vista político mas também comercial. AP101.774v01-00 8/8 DT\1050685.doc