PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NO PRONTO SOCORRO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CAJURU, CURITIBA (PR)



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Transcrição:

PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NO PRONTO SOCORRO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CAJURU, CURITIBA (PR) 1 Aline Cecilia Pizzolato 1 Em fevereiro de 2003 a nova equipe de governo na saúde definiu a construção da Política Nacional de Humanização (PNH), que engloba as iniciativas já existentes, rearticulando-as e potencializando-as para alcançar o conceito de humanização no conjunto das práticas de saúde do SUS. A PNH surge com o objetivo de um SUS com mudanças baseado na Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS) (BRASIL, 2004c). Alicerçado nesta idéia o Pronto Socorro (PS) do Hospital Universitário Cajuru (HUC), propõe iniciar a humanização utilizando a diretriz de acolhimento e o dispositivo de Avaliação com Classificação de Risco da PNH (BRASIL, 2004a). A proposta do acolhimento e avaliação com Classificação de Risco no PS do HUC consiste em ouvir o usuário que busca o serviço de emergência, ampliando de forma efetiva o acesso à atenção básica e aos demais níveis do sistema, eliminando as filas, organizando o atendimento com base em riscos priorizados, e buscando a capacidade resolutiva. Como maneira de promover a inclusão do usuário eliminando a exclusão, pois a triagem significa classificação ou priorização de itens e classificação de risco não pressupõe exclusão e sim estratificação (GRUPO, 2007). A idéia de construção de um Protocolo de Classificação de Risco surgiu da experiência na função de Enfermeira Assistencial do PS do HUC. Esta experiência possibilitou a observação das situações problemas levantadas com relação ao atendimento inicial direcionado a demanda espontânea. Apesar dos problemas levantados, o serviço acomodou-se, deixou de lado a implantação de humanização e continuou utilizando a triagem como atendimento inicial do usuário de demanda espontânea, porém esta forma de atender ocasiona: filas de espera na recepção do serviço, tempo de espera no atendimento, recusas no atendimento de usuários que não se encaixam nos critérios para atendimento, 1 Enfermeira, Especialista em Enfermagem em Emergência. Contato: <aline.pizzolato@pucpr.br> Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

encaminhamentos inadequados de usuário para outros serviços de apoio, e ausência de vínculo entre sujeito, trabalhador e gestor. A forma atual de triagem é contrária a proposta que a Classificação de Risco da PNH propõe. Desta forma, surge a preocupação da equipe de atendimento que percebe a necessidade de mudança na maneira de classificar este usuário com busca direta, isto é, buscar humanizar o serviço. A grande inquietação com relação à humanização de um serviço de emergência é como transformar um serviço de emergência de atendimento inicial da demanda espontânea excludente em um serviço resolutivo, acolhedor e humanizado? Buscando a ordenação e orientação adequada do atendimento de demanda espontânea no Serviço, levantou-se a necessidade de melhorar o atendimento no PS do HUC por meio da diretriz da PNH, o acolhimento, e a Avaliação com Classificação de Risco. Surge essa necessidade, uma vez que o primeiro atendimento ao usuário com busca direta ao serviço caracteriza-se como excludente. Com a implantação do acolhimento e Avaliação com Classificação de Risco no PS do HUC serão reduzidas as filas e o tempo de espera, com ampliação do acesso e atendimento acolhedor e resolutivo, baseados em critérios de risco. Para o Ministério da Saúde, acolhimento é a recepção do usuário, desde sua chegada, responsabilizando-se integralmente por ele, ouvindo sua queixa, permitindo que ele expresse suas preocupações, angústias, e, ao mesmo tempo, colocando os limites necessários, garantindo atenção resolutiva e a articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da assistência, quando necessário (BRASIL, 2006a). O acolhimento favorece a construção de uma relação de confiança e compromisso dos usuários com as equipes e os serviços, contribuindo para a promoção da cultura de solidariedade e para a legitimação do sistema público de saúde. Favorece, também, a possibilidade de avanços na aliança entre usuários, trabalhadores e gestores da saúde em defesa do SUS como uma política pública essencial da e para a população brasileira (BRASIL, 2006b). A tecnologia de Avaliação com Classificação de Risco pressupõem a determinação de agilidade no atendimento a partir da análise, sob a óptica de protocolo préestabelecido, do grau de necessidade do usuário, proporcionando atenção centrada no nível de complexidade e não na ordem de chegada (BRASIL, 2004a). Os eixos de acordo com a Classificação de Risco propõem classificar os setores com os eixos 2

das cores sugeridos pelo Manual de Humanização do Ministério da Saúde. Os eixos foram adequados a realidade da instituição e os setores foram alocados nos eixos conforme sua característica, de acordo com a descrição a seguir: a) eixo vermelho (Sala de Emergência): área devidamente equipada e destinada ao recebimento, avaliação e estabilização das urgências e emergências clínicas e traumáticas; e monitorização de pacientes que aguardam vaga de UTI; b) eixo amarelo e verde (Observação Clínica, Cirúrgica e Sala de Sutura): destinada para pacientes que aguardam internação, centro cirúrgico, avaliação da especialidade, sem risco iminente, já com terapêutica de estabilização iniciada; c) eixo azul (RX, tomografia, ecografia, consultórios, oftalmologia e ortopedia): destinada a serviços de apoio. A pesquisa foi do tipo qualitativa a qual trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (Minayo, 1993, p. 22). Utilizou-se a observação assistemática, aquela realizada não obedecendo nenhum roteiro especifico ou pré-fixado, e que possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno em estudo, permitindo que este acompanhe in loco as experiências diárias dos sujeitos na tentativa de apreender os significados que atribuem à realidade que os cerca (Medeiros, 1995, p.44). Conforme levantamento realizado pela pesquisadora com relação a realidade atual do atendimento frente à demanda espontânea na porta de entrada do PS do HUC, observou-se que, o primeiro atendimento para o usuário que busca o PS através da demanda espontânea, é a triagem. Após comparação do conceito entre triagem e acolhimento, colocada pela nova proposta da PNH, percebe-se que a triagem é um mecanismo de avaliação excludente, uma vez que o atendimento é realizado conforme ordem de chegada dos usuários, sem utilizar critérios de prioridade. Utilizando conceitos do planejamento estratégico situacional esse estudo se propõe a contribuir para a reformulação dos processos de trabalho referentes aos serviços de urgência e emergência no PS do HUC embasados no modelo teórico-conceitual ditado pelo Projeto HumanizaSUS/MS, pautados em uma abordagem ética, estética e humanizadora. Do ponto de vista metodológico-instrumental, o foco do estudo está representado pela descrição e explicação dos fluxos de atendimento aos usuários 3

desses serviços pelo desenho normativo de um protocolo de acolhimento. Neste particular, especial ênfase é dada à necessidade de corrigir os desvios no curso de ação identificados nos fluxos atuais, tendo em vista a proposição de um fluxo que permita o acolhimento de usuários de demanda espontânea. As considerações finais do estudo são: O HumanizaSUS caracteriza-se como uma proposta para enfrentar o desafio de tomar os princípios do SUS no que eles impõem de mudança dos modelos de atenção e de gestão das práticas de saúde, a partir da decisão, do Ministério da Saúde em priozar o atendimento com qualidade e a participação integrada dos gestores, trabalhadores e usuários na consolidação do SUS. No cerne desta proposta surge o Modelo de Classificação de Risco o qual deve ser utilizado, na implantação do que se denomina como um novo processo ou os passos seqüencialmente organizados que caracterizam um novo enfoque nos serviços de urgência e emergência em PS s. No âmbito do PS do HUC o Acolhimento com a Classificação de Risco, constitui-se em uma ferramenta capaz de proporcionar a atenção por nível de complexidade, considerando a classificação de risco em dois eixos de atendimento: azul e vermelho. O acolhimento pressupõe a criação de espaços de escuta, de recepção que proporcionem a interação do usuário e do trabalhador levando-se em conta, inclusive um layout acolhedor. No PS do HUC a efetividade na prestação destes serviços requer a implementação formal da proposta de humanização tomando por base a diretriz de acolhimento e o dispositivo de Avaliação com Classificação de Risco da PNH. Esse estudo apresenta uma proposta de protocolo e fluxo de atendimento definido com uma seqüência lógica e ordenada de passos que pode auxiliar na rotatividade e resolutividade do atendimento e que possibilita organizar o processo de trabalho dentro dos setores de urgência e emergência. Portanto, como resultado espera-se a implantação formal do Acolhimento com Classificação de Risco no PS do HUC, que é uma necessidade levantada a partir da vivência como Enfermeira Assistencial para a efetiva melhora do atendimento na porta de entrada de urgência e emergência do HUC. Destaca-se a necessidade de mudança na maneira de classificar este usuário com busca direta, isto é, buscar humanizar o serviço, transformando-o em um serviço de emergência de atendimento inicial da demanda espontânea que possa ser acolhedor. Como recomendação para projetos futuros pode-se antever a necessidade de: definir um 4

instrumento para registro das informações do atendimento a demanda espontânea; classificar os setores com os eixos das cores sugeridos pelo Manual de Humanização do Ministério da Saúde, adaptando-os a realidade do serviço; definir categorias e seus papéis no acolhimento e descrever qual o melhor categoria para fazer o acolhimento de acordo com a legislação; repassar e discutir Classificação de Risco definida com as especialidades de: Neurologia, Ortopedia, Cirurgia Geral e Clínica Médica; treinar equipe de atendimento. 5

6 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO PAULISTA PARA O DESENVOLVIMENTO DA MEDICINA. Implantação de acolhimento com avaliação e classificação de risco no pronto socorro de hospital do estado tipo oss (organização de serviços de saúde) Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo. Mogi das Cruzes, maio, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS: acolhimento com avaliação e classificação de risco: um paradigma ético-estético no fazer em saúde. Brasília, DF, 2004a. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/impressos/ folheto/050050_fl.pdf.>. Acesso em: 11 set. 2007. BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização: Humaniza SUS. 2004b. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/docbase.pdf.>. Acesso em 14 set. 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS: política nacional de humanização: relatório de atividades 2003. Brasília, DF, 2004c. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/ editora/produtos/livros/pdf/04_0148_m.pdf.>. Acesso em: 20 set. 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 3. ed. Brasília, DF, 2006a. Série B. Textos Básicos de Saúde. Disponível em: <http://dtr 2001.saude.gov.br /editora/produtos/impressos/ folheto/04_0294_fl.pdf.>. Acesso em: 9 set. 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2. ed. Brasília, DF, 2006b. 44 p. Série B. Textos Básicos de Saúde. Disponível em: <http://portal. saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/apps_pnh.pdf.>. Acesso em: 13 set. 2007. CAMELO, S. H. H. et al Acolhimento à clientela: estudo em unidades básicas de saúde no Município de Ribeirão Preto. Rev. Latinoam. Enfermagem., n. 8, p. 30-37, 2000. FRANCO, T. B.; BUENO, W. S.; MERHY, E. E. O acolhimento e os processos de trabalho em saúde: o caso de Betim (MG). In: MERHY, E. E.; MAGALHÃES Jr., H. M.; RIMOLI, J.; FRANCO, T. B.; BUENO, W. S. (Orgs.). O trabalho em saúde: olhando e experienciando o SUS no cotidiano. São Paulo: Hucitec; 2003. p. 37-54. GRUPO BRASILEIRO DE ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO. Classificação de risco. 2007. Disponível em: <http://gbacr.com.br/index.php? option=com_content&task=blogsection&id=8&itemid=39.>. Acesso em: 5 out. 2007 GOLDIM, J. R. Triagem. 2001. Disponível em:< http://www.ufrgs.br/ bioetica/triagem. htm>. Acesso em: 02 abr. 2007.

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