Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da Educação Professor Doutor Fernando Haddad, Magníficos Reitores das Universidades Federais Brasileiras, Suas Excelências, as Autoridades presentes. Ministro, o lugar onde nos encontramos é o Palácio Cristo- Rei, sede da Reitoria de nossa Universidade. Foi construído em frente à Praça Gonçalves Dias, assim nomeada para render tributo ao maranhense que é o maior poeta romântico brasileiro. Este Palácio guarda muitas páginas da história de nossa Instituição. Mas hoje, com a vossa presença aqui, a página que está sendo escrita é, seguramente, muito especial. 1 Localizado no andar abaixo, está o Memorial da Universidade, onde se encontra recolhida parte de seu importante acervo histórico. Mas é aqui mesmo neste salão barroco, a Sala dos Conselhos Superiores, sob o olhar vigilante do poeta da Taba dos Timbiras, que a Universidade decide coletivamente o seu destino; e é onde realiza as cerimônias em que são prestadas as justas homenagens a homens e mulheres que se empenharam em prol do saber, da cultura e da ciência. A rigor, foram muito poucas as vezes em que a Universidade parou para distinguir honorificamente diferentes aptidões e misteres, competências e vocações. Ministro, é grande honra de recebê-lo em nossa casa e em nossa história, vivenciando um dos momentos mais nobres que já tivemos, para lhe fazer a outorga do título de Doutor Honoris Causa. Devo, por absoluta questão de justiça, dizer que a concessão deste Diploma é feita não tanto a um Ministro da República, isto é, não pela relevância de sua titularidade, mas, sim, como uma decorrência da capacidade, sensibilidade e competência do homem que, à frente do Ministério da Educação, está fazendo dele um instrumento poderoso para o desenvolvimento da educação brasileira. A História tem sido suficientemente sábia para reconhecer e enaltecer os grandes realizadores, como também para lançar ao mais completo esquecimento aqueles que não correspondem às altas missões que lhes são delegadas por seu país e por seu tempo. Por isso mesmo, não é o cargo que enobrece o homem; é o engenho humano que dá dignidade aos cargos. E é ao engenho humano do Professor Doutor Fernando Haddad, à perspicácia e ao firme compromisso do intelectual, professor, homem público e espírito de elevada grandeza e preocupação com os destinos deste grande país que a UFMA, neste momento solene, rende homenagens.
Nós, reitores das universidades federais brasileiras, estamos entre as mais importantes testemunhas de vosso empenho e de vossa dedicação aos interesses da formação humana, da ciência e da soberania nacionais. Graças aos esforços da Administração Federal, em especial do Ministério da Educação dirigido por Vossa Excelência, que, somados aos dos dirigentes aqui presentes, fazem com que as universidades federais brasileiras possam estar vivendo agora o momento de maior crescimento e reestruturação de toda a sua história. Na verdade, as IFES saíram de um ciclo de oito anos de completa paralisia de investimentos para uma nova etapa, cujos programas e incentivos estão mudando a face da educação superior no Brasil, e com isto mudando para melhor a realidade social e econômica de nossa nação. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou condições para que a nossa UFMA crescesse em todas as dimensões cobertas pela atividade acadêmica; e ampliasse o seu raio benéfico de influência, transformando-se em promotora privilegiada de esperadas mudanças econômicas e sociais. A administração de Vossa Senhoria propôs e executou os programas que a estão fazendo crescer. 2 Na época contemporânea, as universidades pautam as suas trajetórias na certeza de que a educação sistemática, a pesquisa e o conhecimento são os melhores e mais sofisticados promotores de mudanças significativas em todos os níveis da vida social. E isto é ainda mais desafiador para os responsáveis pela criação e implantação de políticas acadêmicas em regiões empobrecidas como a nossa, porque estamos cientes da necessidade de superar, o mais rapidamente possível, as condições adversas e as injustiças que bloqueiam o alcance do sagrado direito da vida digna e democrática para todos os cidadãos brasileiros. Sem universidades sólidas, comprometidas com seu histórico papel na produção e na disseminação do saber de qualidade, e sem a sua liderança na defesa da igualdade de oportunidades, o nosso país jamais figurará entre os grandes. Vossa Excelência bem sabe que as esperanças que cercam o desempenho de uma Universidade como a UFMA, tanto ontem como hoje, são muito grandes, porque todos reconhecem a dimensão central e referencial que esta universidade federal representa na vida da coletividade maranhense, especialmente no que respeita às contribuições que pode trazer para a resolução de graves e urgentes problemas que ainda carregam negativamente o cenário de nosso Estado. E é claro que tais expectativas não poderiam ter surgido da noite para o dia. Ao longo de sua história, o Maranhão vem arrastando alarmantes índices de pobreza e de baixo desenvolvimento humano, que submetem a maior parte de nossa população a
um perverso ciclo de descrença, de atavismo e de despotencialização e desperdício dos enormes recursos e possibilidades da região. É esta convicção que alimenta nosso projeto institucional e é esta certeza que guia as políticas acadêmicas e administrativas da UFMA em nossa gestão, iniciada em 17 de outubro de 2007, e que vem se desenvolvendo em três eixos básicos: o ensino público universitário de qualidade, a ênfase na inovação e o respeito à inclusão social. A atenção a tais princípios produziu um conjunto diversificado de ações que tiveram por fim dar sustentação, fomentar e consolidar medidas nas áreas estratégicas da Universidade, para então alcançar dois objetivos nucleares: o primeiro deles, potencializar os recursos humanos e materiais de nossa Instituição; e o segundo, responder, de modo, criativo e produtivo, aos urgentes desafios postos em nosso entorno, que de nós espera as melhores soluções. 3 Graças ao apoio das políticas desenvolvidas pelo Ministério da Educação e à capacidade e sensibilidade do nosso Ministro, o reitorado vem dotando a Universidade de instalações físicas adequadas ao nosso projeto institucional, acadêmico e administrativo. A gestão atual herdou muitos problemas, de variadas naturezas, e era preciso estabelecer uma política institucional firme e consistente que pudesse, em pouco tempo, prover a UFMA dos instrumentos adequados a fazê-la alcançar sua plenitude como instituição pública de formação superior. Pusemos em marcha, e com rapidez, a recuperação e a ampliação da estrutura física de muitos prédios, não só do campus sede da Ilha, mas também dos campi de outros municípios, no continente. A instituição se expandiu, efetivamente, para o interior. Realizamos diversas obras nos antigos campi e criamos outros, chegando agora a um total de oito campi, bem distribuídos pelo espaço geográfico do Estado. Ao mesmo tempo, estamos executando um amplo projeto de construção e renovação de instalações físicas em toda a Universidade. Atualmente, estão em andamento 82 construções, para atender às demandas mais diversas, desde a reforma de instalações sanitárias básicas nos edifícios de construção mais antiga, até a construção do maior centro de atividades pedagógicas do Estado, capaz de abrigar, em um único dia, em torno de 6 mil alunos. Mas se a recuperação e a expansão das instalações físicas é um passo absolutamente indispensável para dar as melhores condições à nossa comunidade acadêmica, é também urgente responder ao desafio de estabelecer os mecanismos que garantam o acesso à formação universitária de qualidade. Em boa hora nos alinhamos, por meio do REUNI, à política governamental de expansão das vagas da rede federal, tanto nos cursos de graduação já existentes, quanto por meio da criação de novos cursos. Muitos
deles já entraram em funcionamento este ano e outros mais entrarão em funcionamento até 2012. Nossa política de expansão leva em conta a necessidade da formação concomitante do próprio corpo de professores, por meio do desenvolvimento de projetos político-pedagógicos inovadores, tais como as licenciaturas interdisciplinares em grandes áreas (ciências naturais, ciências humanas e linguagens e códigos), num total de 13 novos cursos, agora oferecidas em seis de nossos campi do interior, e o bacharelado interdisciplinar em ciência e tecnologia do campus-sede, no próximo ano, que será o primeiro ciclo de oito cursos de engenharia, seis dos quais inteiramente novos. 4 Não temos poupado esforços para nos preparar para o atendimento às necessidades de nossa região e do país. Em 2007, ingressaram na UFMA 3.302 estudantes. Em 2010 esse número passou para 4.598, e em 2012 chegaremos a 5.983. Além dessas ações, nossa Instituição desenvolve uma forte política de formação de professores em vários municípios do Estado, para atender às demandas da educação básica. As ações empreendidas visando ao crescimento de nossa Universidade também se dirigem, conscientemente, para o fortalecimento e a expansão de nossa pós-graduação, pois o que distingue hoje uma Universidade é sua capacidade de produção de conhecimentos de ponta e de formação de recursos humanos do mais nível. É na produção científica de nossos programas de pós-graduação que depositamos nossas maiores esperanças de inovação. Estamos confiantes de que serão capazes de gerar conhecimentos e soluções que auxiliem no esforço combinado de chegarmos a níveis elevados de realização humana e tecnológica. Nesse sentido, demos um salto significativo na criação de novos cursos de pós-graduação stricto sensu: em 2007, a instituição contava com apenas 12 programas de mestrado e 1 de doutorado. Em 2010, passamos para 20 programas, sendo 4 doutorados. Até 2012, a UFMA poderá chegar a 30 programas stricto sensu, dentre os quais 6 doutorados. Estamos falando de um crescimento de 150% em apenas cinco anos. As medidas de democratização das oportunidades de formação universitária passam, também, pela ampliação da oferta de educação a distância e semipresencial. Nessa área, tivemos expressivo impulso nos últimos três anos, quando saímos de apenas um para 25 cursos, sendo 10 de extensão, nove de graduação e seis de pós-graduação, e que atingem 27 municípios. No início de 2007, a educação a distância da UFMA atingia 500 alunos, estudantes do curso de extensão que então havia. Já no início deste ano, o quadro mudou radicalmente: saltamos para 14.694 estudantes, matriculados nos cursos de graduação e pós-graduação, incluindo os dos
cursos da Universidade Aberta do SUS (UNASUS). Para 2012 a meta é alcançar 20.000 beneficiados pelos recursos da formação não presencial. A articulação entre inovação e inclusão social foi o eixo sobre o qual também foram desenvolvidas ações de grande significado, na dimensão da extensão universitária. De um lado, ações de fortalecimento e consolidação de mecanismos de assistência ao estudante, por meio de diferentes programas. De outro, ações para a garantia de continuidade e o aprofundamento da qualidade de todas as linhas tradicionais da extensão universitária da UFMA, pelas quais nossa Universidade vem estimulando e promovendo rica programação vinculada à vida artística e cultural, mantendo e potencializando eventos consagrados na região. 5 A atual gestão está recuperando, ampliando e equipando os laboratórios acadêmicos, de maneira a atender às crescentes necessidades de ensino e pesquisa. Além disso, a atenção cotidiana às diferentes demandas da instituição exigiu um redimensionamento dos setores administrativos, tanto nas áreas fins quanto nas áreas meio, e a criação de alguns outros. Os setores responsáveis pela comunicação institucional ganharam novos ambientes e equipamentos de última geração. E está em fase de conclusão o prédio que abrigará a TV UFMA, a primeira TV universitária do Maranhão. Foram criadas as Assessorias de Internacionalização, Planejamento Estratégico, Inovação Tecnológica, Relações Interinstitucionais e a Ouvidoria da UFMA, medidas indispensáveis ao relacionamento com instituições de outros países e com a coletividade, por meio de um canal on-line de atendimento. Toda a nossa equipe está movida pelo ingente desafio de alterar radicalmente o ritmo vagaroso e próximo à despreocupação que nossa universidade vinha adotando até um passado bem recente, para restabelecerlhe o lugar de liderança na maior urgência de nosso Estado: a formação de pessoas e profissionais aptos a enfrentarem os dilemas de uma região que clama por melhores dias. Por isso mesmo, nossa Universidade tem seus olhos sempre voltados para o futuro, ainda que não descuidemos de nosso passado e de nossa memória. E ao lado de medidas de inovação, temos tomado providências de resgate e sustentação de nossas melhores tradições acadêmicas e intelectuais, para que nossa história nos pertença definitivamente. Senhor Ministro, nossa urgência em alterar radicalmente o quadro de oportunidades na formação superior pública foi tão intensa quanto a vossa
disposição em manter o diálogo com os dirigentes das nossas IFES, para que os instrumentos governamentais pudessem servir efetivamente à causa da educação superior, do desenvolvimento da ciência e da tecnologia brasileiras. Crescemos muito, e grande parte das vitórias que obtivemos só foi possível porque a pasta da Educação conta com um homem dotado do mais alto espírito público, comprometido com a causa republicana, e sensível às enormes demandas de um país que precisa crescer fortalecido, gerando oportunidades de emprego e renda, É, pois, com a alegria e o orgulho de poder fazer-lhe esta homenagem que a Universidade Federal do Maranhão outorga ao senhor o título de Doutor Honoris Causa, num reconhecimento de toda a comunidade acadêmica pelos inestimáveis serviços que Vossa Excelência presta ao Estado e ao País. 6 E é em nome desta Universidade que tenho a honra de agradecerlhe por todas as suas contribuições à causa da educação nacional, as quais, certamente, já o colocam entre os maiores ministros da Educação da história do Brasil. MUITO OBRIGADO!