Maria Teresa de Jesus Gouveia



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Transcrição:

Presidente da República Federativa do Brasil Luís Inácio Lula da Silva Ministro do Meio Ambiente Marina Silva Presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Liszt Vieira Texto: Maria Teresa de Jesus Gouveia Educadora Ambiental do Núcleo de Educação Ambiental Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ Supervisão: Equipe do Núcleo de Educação Ambiental- JBRJ Diagramação: Mary Paz Guillén Imagens: Lídio Parente Maria Teresa de Jesus Gouveia Comitê de Divulgação Científica: Maria Teresa de Jesus Gouveia (Coordenadora) Terezinha Costa Lopes (Coordenadora-Substituta) Alda Lúcia Heizer Carmem Silvia de Lemos Menezes Machado Massimo Giuseppe Bovini Ricardo Carneiro da Cunha Reis Rosana Simões Medeiros Maria Teresa de Jesus Gouveia G719r Gouveia, Maria Teresa. Rio dos Macacos: paisagens e personagens de um rio / Maria Teresa Gouveia. - Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2007. 16 p. : il. 1. Educação ambiental. 2. Macacos, Rio (RJ). 3. Bacia Hidrográfica. 4. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. I. Título. CDD 304.2098153

É com grande satisfação que lançamos a presente publicação sobre o rio dos Macacos, no qual trajetórias de vida de homens, mulheres, crianças, jovens, idosos, pássaros, mamíferos, répteis, árvores, arbustos, ervas, animais e vegetais microscópicos, estão inscritas em suas águas e em suas margens. Constitui, assim, paisagens e personagens particulares, únicos, perceptíveis ao olharmos o passado, ao interpretarmos o presente e ao vislumbrarmos o futuro. Bem-vindos ao rio dos Macacos! A bacia hidrográfica como unidade espacial permite identificar a relação entre o território e a sociedade, numa narrativa de enredos múltiplos, espalhando diferentes momentos da história do Rio dos Macacos e organizados pelo Núcleo de Educação Ambiental. O Jardim Botânico, desde a sua criação, faz parte da vida desse rio, dessa paisagem fluida e sinuosa, minimizando danos causados pelo tempo e pelos homens. Mantém áreas permeáveis de canteiros e floresta, recolhe resíduos que poderiam conter suas águas, recupera parcelas da vegetação ciliar com o apoio da sociedade. Enfim, contribui para a perpetuação de personagens e paisagens do Rio dos Macacos. Liszt Vieira Presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Nós, do passado, nos juntamos aos personagens do presente para falarmos sobre as relações entre nós e os rios. Propomos a todos que ao olhar o rio dos Macacos, passemos a abrir algumas janelas como se nossos olhares abrissem e construíssem paisagens. Ao observar um rio, devemos olhar o ambiente como um todo - o todo aqui faz referência ao que se denomina bacia hidrográfica. Bacia hidrográfica é uma área limitada pela drenagem das águas superficiais e subterrâneas, para um curso d água, como um rio.

Mais ou menos assim é uma Bacia: Mas antes, vamos contar um pouco sobre outros habitantes desta bacia, a fauna e a flora locais. Sabemos que a diversidade biológica é imensa! Mas devemos dizer com muita propriedade que todos, os conhecidos, os não mencionados e os desconhecidos, são integrantes desse ambiente do qual estamos falando. Existem vários tamanhos de bacias hidrográficas, grandes como as bacias dos rios Amazonas, São Francisco e Paraíba do Sul. E outras menores como a bacia do rio dos Macacos. Não importa o tamanho! Todas têm importância e, portanto, precisam ser conservadas! A bacia hidrográfica do rio dos Macacos tem aproximadamente cinco quilômetros de extensão, desde sua nascente, nas matas do Parque Nacional da Tijuca, até sua foz na Lagoa Rodrigo de Freitas. Esta área faz parte da nossa história! Vamos todos contar um início da ocupação da bacia do rio dos Macacos. Um início que os homens documentaram. Então vamos partir do final do século XVI, e início do século seguinte, quando ainda a Lagoa Rodrigo de Freitas era chamada de lagoa de Capôpenypau, que significa lagoa de raízes chatas, na língua dos índios Tupinambás, depois denominada de Lagoa Fagundes Varella e, finalmente, de Lagoa Rodrigo de Freitas. As margens da lagoa eram ocupadas por pastos e lavouras dos Engenhos Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, Nossa Senhora da Cabeça e do Vale da Lagoa. Hoje a sede do Engenho Nossa Senhora da Conceição abriga o Centro de Visitantes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Passamos então ao ano de 1808, ano em que se dá uma seqüência de fatos que contam uma trajetória histórica de ocupação da bacia do rio dos Macacos, inicialmente relacionada à criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e ao surgimento e aumento de novas atividades econômicas na região, juntamente com as moradias familiares. Vamos começar falando sobre a criação do Jardim Botânico. Contamos que, primeiro, lá foi instalada uma fábrica de pólvora, pelo então Príncipe Regente de Portugal, d. João, também pela possibilidade de utilização das águas do rio dos Macacos. Depois, maravilhado com as possibilidades naturais da área aliadas ao interesse econômico, cria então o Jardim de Aclimação, destinado à cultura de especiarias da Índia. Bem, daí a história do Jardim prossegue, mas essa seria uma outra história! Assim, vamos abreviar chegando aos dias de hoje, só lembrando que o que foi Jardim de Aclimação, atualmente é Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Mas, e as águas do rio dos Macacos... O curso de suas águas bem poderia ser entendido como uma corrente com elos que unem o percurso do rio com a história social, cultural e econômica da região da bacia. Mas antes, que tal começar a falar sobre o nome do rio? São encontrados registros que nos contam que há tempos passados era chamado de rio do Pau Grande desde sua nascente, só recebendo o nome de rio dos Macacos quando banhava uma fazenda, fazenda Macaco, que se localizava no Horto. E de seu nome vamos partir para seu nascimento, sua nascente! Ela está situada no Parque Nacional da Tijuca, ambiente onde a vegetação é de Mata Atlântica, localizada nas imediações da famosa......mesa do Imperador Nas margens do curso de suas águas se formou historicamente a ocupação da bacia. A presença das águas foi um dos atrativos que fez com que na área surgissem, na primeira metade do século XIX, fazendas, sítios, chácaras e residências de pessoas que, na época, gozavam de prestígio na sociedade carioca, como Barão de Longsdorff. O barão de Langsdorff foi o mentor da maior e mais importante expedição fluvial pelo ainda inóspito interior brasileiro

Aliada à existência dos cursos d água, a força de suas correntes, como do nosso rio dos Macacos, determinou a instalação na região de indústrias têxteis, como a Fábrica Carioca e a Fábrica Corcovado. Mas e nós?! Nossas casas, nossas vilas!! Mas as fábricas fecharam!!! Com o crescimento da cidade, no final da década de 30, a instalação das fábricas estava determinada para outras áreas, não mais na nossa Bacia. Surgem então os loteamentos, os condomínios. Da área da antiga Fábrica Corcovado surge o loteamento Jardim Corcovado, e da área da Fábrica Carioca, surge o Condomínio Parque Jardim Botânico. Surge ainda uma outra Vila, a Vila 80, que recebeu esse nome porque era 80 o número que a vila recebia na antiga estrada Dona Castorina. Uma vila desapareceu: era a Vila Maya, área ocupada hoje por prédios residenciais. Há ainda uma avenida, a Avenida Angelina, que pertenceu à Fábrica Corcovado e está situada na rua Pacheco Leão, 86. E continuando a ocupação... Na década de cinqüenta surge o Conjunto Habitacional Dona Castorina, conhecido como Balança, de unidades unifamiliares, localizado na rua Marquês de Sabará. Também presentes ao longo da bacia, encontram-se unidades residenciais de classe média-alta, até mesmo mansões! E ao longo dos últimos quarenta anos, uma área residencial composta por casas que foram habitadas inicialmente por funcionários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que compreende locais conhecidos como Caxinguelê, Grotão e Vale das Margaridas. A necessidade de localizar os operários nas proximidades das fábricas fez com que surgissem as vilas operárias. A vila Bocayuva, situada na antiga Estrada Dona Castorina, atual Rua Pacheco Leão, que com o passar dos tempos recebeu o nome de Vila Sauer, conhecida por alguns de nós como Saneamento, teve esses dois nomes por conta de ter sido construída para os operários da antiga Companhia Saneamento do Rio de Janeiro, fundada por Arthur Sauer. A Fábrica Corcovado construiu casas de aluguel.

Ocupam também a bacia do rio dos Macacos outras construções não residenciais, como as instalações do Serviço Federal de Processamento de Dados SERPRO, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada IMPA e da Rede Globo de Televisão. Com os moradores, vieram as escolas, os estudantes, os professores... Até uma escola do Jardim Botânico a Escola Nacional de Botânica Tropical, lá no Horto, na sede do que era conhecido como: É um canal de pedra construído por escravos. Contam que foi construído para abastecer o antigo Engenho del Rey, depois para levar água para as instalações da Fábrica de Pólvora. E hoje? Hoje, irriga parte do nosso Jardim Botânico. Também se juntam ao rio dos Macacos, o córrego do Xaxim, córrego do Ouriço e o riacho do Pai Ricardo. Mas há momentos que o rio some das nossas vistas! Mas não de nossas vidas! Solar da Imperatriz A nossa região é banhada somente pelo rio dos Macacos? Não! Temos o rio Iglesias, para alguns, riacho Iglesias! Sua nascente está próxima à famosa Vista Chinesa, importante ponto turístico do Parque Nacional da Tijuca. E são suas águas que passam sobre o Aqueduto da Levada. Localizado num local conhecido como Bicano. Um dos momentos é logo após passar pelo reservatório da Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, o reservatório da CEDAE. O rio dos Macacos, retificado, isto é, seu percurso alterado para um curso em uma linha reta, aparece somente no interior do Jardim Botânico, sendo visto por quem passeia nas aléias e alamedas do seu arboreto. Mesmo lá, há um outro desvio do nosso rio, que leva parte de suas águas à um canal dentro do Jockey Club Brasileiro. Daquele ponto, ainda no arboreto do Jardim Botânico, ele está presente, mas não facilmente visível por quem anda a pé ou de transporte terrestre, quando corre sob a Ponte de Tábuas.

Vale a pena contar uma versão sobre a origem do nome desta Ponte, porque tem a ver conosco. Contam que foi construída por causa da inauguração de uma linha de condução para ligar o que hoje denominamos de praia de Botafogo com o atual bairro Jardim Botânico. Era então necessária uma ponte sobre o local onde desaguavam, além do rio dos Macacos, o rio Cabeças, na altura da atual rua Pacheco Leão. Assim, a primeira ponte foi construída à base de taboas, uma espécie vegetal que era muito comum nas redondezas, e que, quando secas, serviam para calçar e nivelar o caminho. Por isso, mais tarde, ficou conhecida como Ponte de Taboas, hoje como Ponte de Tábuas. Voltando ao Jardim, Por vezes estão sob nossos pés! pontes e pontes unem as margens do rio e diferentes paisagens... Dali, sob a Ponte de Tábuas, mesmo não percebido, está presente, agora sob a Rua Jardim Botânico, correndo por uma galeria. Da galeria submersa, suas águas seguem a céu aberto no canal da Rua General Garzon, onde parte é desviada logo depois para o canal do Jockey, seguindo em direção ao canal da Avenida Visconde de Albuquerque. É a outra parte, a que deságua na Lagoa Rodrigo de Freitas, próxima ao Clube Naval, local onde observamos uma estrutura de concreto denominada comporta, utilizada para controlar a vazão das águas. Outros rios invisíveis aos nossos olhos permanecem presentes em nossas vidas, tal como o rio dos Macacos. Isso porque são rios em que atualmente suas águas correm e percorrem as cidades. Aqui, na cidade do Rio de Janeiro, temos o rio Carioca, suas águas correm pelos bairros do Cosme Velho, Laranjeiras, Flamengo, até desaguarem na praia do Flamengo, somente visível em pequeno trecho no bairro do Cosme Velho e na sua foz na praia.

Personagens e Paisagens do rio dos Macacos! Temos identidade com as águas dos nossos rios Assim, compreendemos a importância da água nas nossas vidas. Queremos participar para que as águas do rio dos Macacos continuem a correr na nossa região. Participamos, quando não poluímos suas águas e suas margens. Falando de suas margens nós, do Jardim Botânico, estamos recuperando parte de sua vegetação ciliar, recompondo a mata que lá no início da nossa história recobria as margens do rio dos Macacos. A recuperação de matas ciliares impede a perda de solo e queda de barreiras por erosão, e até a ocorrência de inundações. Enfim, perda da vida! Vida no sentido amplo e diversificado, tal como a nossa: