PROMOVER A SAÚDE NA ESCOLA: UM MODELO EDUCATIVO PARA ADOÇÃO DE HÁBITOS SAUDÁVEIS DE ALIMENTAÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA



Documentos relacionados
Projeto de Resolução n.º 238/XIII/1.ª. Recomenda ao Governo que implemente medidas de prevenção e combate à Diabetes e à Hiperglicemia Intermédia.

PROMOVENDO A REEDUCAÇÃO ALIMENTAR EM ESCOLAS NOS MUNICÍPIOS DE UBÁ E TOCANTINS-MG RESUMO

PROTOCOLO ENERGIA POSITIVA CONTRA A OBESIDADE

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE ADULTOS E IDOSOS EM UMA UBS DE APUCARANA-PR

GABINETE DE SAÚDE E CONDIÇÃO FÍSICA

PROJETO. Saúde, um direito Cívico

Obesidade Infantil. O que é a obesidade

Programa Sol Amigo. Diretrizes. Ilustração: Programa Sunwise Environmental Protection Agency - EPA

AULA. Natércia do Céu Andrade Pesqueira Menezes UNIVERSIDADE PORTUCALENSE. Doutora Sónia Rolland Sobral

Guião do Professor :: 2.º e 3.º Ciclo ALIMENTAÇÃO. um mundo de perguntas. Tema 4 :: Afinal, porque é que existem tantas pessoas com excesso de peso?

ANO LETIVO 2013/2014 CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO

ESTIMULANDO A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS E BONS HÁBITOS ALIMENTARES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS

Prevalência e Incidência do Excesso de Peso e Obesidade e suas Determinantes nos alunos do EJAF

PROJETO DO DESPORTO ESCOLAR

Tensão Arterial e Obesidade na comunidade assídua do mercado municipal de Portalegre

DIMENSÃO DE CONSTRUÍDO

Estudos realizados nos EUA, em adolescentes com idades compreendidas entre os doze e os dezanove anos,

SubProjecto. Educação para a Saúde Escola ConVida

Novas curvas de avaliação de crescimento infantil adotadas pelo MS

Bilinguismo, aprendizagem do Português L2 e sucesso educativo na Escola Portuguesa

PROMOÇÃO DO CONSUMO DE HORTOFRUTÍCOLAS NA REGIÃO DE COIMBRA - EXPERIÊNCIA DO PROGRAMA 5 AO DIA, FAZ CRESCER COM ENERGIA

ACTUALIZAÇÃO Maio 2013

1. Introdução NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA EM CRIANÇAS DE 9 ANOS FORA DO CONTEXTO ESCOLAR: ESTUDO EM MEIO URBANO E MEIO RURAL

Portugal Prevenção e Controlo do Tabagismo em números 2013

PIBID EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UMA ANÁLISE DO CONCEITO DE SAÚDE DOS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE MONTES CLAROS MG.

PROC. Nº 0838/06 PLL Nº 029/06 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

Critérios Gerais de Avaliação

Avaliação do Pessoal Não Docente SIADAP

TRABALHO LABORATORIAL NO ENSINO DAS CIÊNCIAS: UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS DE FUTUROS PROFESSORES DE BIOLOGIA E GEOLOGIA

PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO COMO UM MEIO DE MOTIVAÇÃO. Celina Pinto Leão Universidade do Minho

Artigo 1.º. Âmbito e objeto

Regulamento do Curso Técnico Superior Profissional

Aspectos Sócio-Profissionais da Informática

Área de Intervenção IV: Qualidade de vida do idoso

População residente em Portugal com tendência para diminuição e envelhecimento

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE EIXO Escola Básica Integrada de Eixo. Ano letivo 2012/2013

NORMAS DE PARTICIPAÇÃO 2014

PROGRAMA (Ação cofinanciada pelo Fundo Social Europeu PRO-EMPREGO) Nutrição Pediátrica da Primeira Infância à Adolescência

PROGRAMA DE FUTEBOL 10ª Classe

INDAGAR E REFLECTIR PARA MELHORAR. Elisabete Paula Coelho Cardoso Escola de Engenharia - Universidade do Minho elisabete@dsi.uminho.

Regime de Fruta Escolar. Estratégia

PROJECTO ESCOLA ACTIVA

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE CRIANÇAS DO ENSINO PRÉ-ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DA AZAMBUJA

Os programas de promoção da qualidade de vida buscam o desenvolvimento

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA INFÂNCIA

PROGRAMA DE ACÇÃO COMUNITÁRIO RELATIVO À VIGILÂNCIA DA SAÚDE. PROGRAMA DE TRABALHO PARA 2000 (Nº 2, alínea b), do artigo 5º da Decisão nº 1400/97/CE)

ELES QUE FAÇAM O QUE EU DIGO!

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL ENTRE CRIANÇAS

PROJETO DE EXTENSÃO TÍTULO DO PROJETO:

Apresentação do Manual de Gestão de IDI

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS N 1 DE MARCO DE CANAVESES (150745) Plano de Ação de Melhoria

Projeto de lei n.º 111/XIII/1ª. Inclusão de opção vegetariana em todas as cantinas públicas. Exposição de motivos

FEUP RELATÓRIO DE CONTAS BALANÇO

Agrupamento de Escolas Marquês de Marialva

Norma 02/2015 Provas Finais 4º e 6º anos

Divisão de Assuntos Sociais

OFICINA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM EMPREENDEDORISMO

FICHA TÉCNICA AUTORIA DESIGN IMPRESSÃO TIRAGEM ISBN DEPÓSITO LEGAL EDIÇÃO. Relatório Síntese. Rita Espanha, Patrícia Ávila, Rita Veloso Mendes

factos e mitos ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DAS BEBIDAS REFRESCANTES NÃO ALCOÓLICAS

Auditoria nos termos do Regulamento da Qualidade de Serviço Relatório resumo EDP Serviço Universal, S.A.

SÍNDROME DE DOWN E A INCLUSÃO SOCIAL NA ESCOLA

Educação Formação Avançada

Alimentação Saudável

EXCESSO DE PESO E SUA ASSOCIAÇÃO COM A ALIMENTAÇÃO ESCOLAR ENTRE CRIANÇAS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE MINAS GERAIS 1

PROJETO ANUAL DA LUDOTECA

INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA

JUNTA DE FREGUESIA DA UNIÃO DE FREGUESIAS DE SACAVÉM E PRIOR. Projeto Pedagógico e de Animação de Campos de Férias

A Horta Escolar como Eixo Gerador de Dinâmicas Comunitárias, Educação Ambiental e Alimentação Saudável e Sustentável

Critérios Gerais de Avaliação

NOTA DE APRESENTAÇÃO

REGULAMENTO DA QUALIDADE ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

PERGUNTAS FREQUENTES. Sobre Horários. Pessoal docente, escolas públicas. 1 Há novas regras para elaboração dos horários dos professores?

Novembro de 2008 ISBN: Desenho gráfico: WM Imagem Impressão: Editorial do Ministério da Educação Tiragem: exemplares

EDITAL DE SELEÇÃO DE PROJETOS 2015

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE MENINOS DA CIDADE DE AMPARO - SÃO PAULO

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

A saúde da população é uma questão crucial para o desenvolvimento em qualquer país

GESTÃO CURRICULAR LOCAL: FUNDAMENTO PARA A PROMOÇÃO DA LITERACIA CIENTÍFICA. José Luís L. d`orey 1 José Carlos Bravo Nico 2 RESUMO

COMUNICAÇÃO ORAL ALEITAMENTO MATERNO E PESO À NASCENÇA FATORES PROTETORES OU DE RISCO PARA A OBESIDADE INFANTIL? - ESTUDO COSI PORTUGAL 2010

MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES GUIA DE ORGANIZAÇÃO E DE FUNCIONAMENTO DOS ESTÁGIOS

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A PROMOÇÃO DE HÁBITOS SAÚDAVEIS: Um relato de experiência

NCE/12/00971 Relatório final da CAE - Novo ciclo de estudos

REGULAMENTO INTERNO K CRECHE K PRÉ-ESCOLAR K 1º CICLO DE ENSINO BÁSICO K ATL

Cooperativa de Ensino A Colmeia. Projeto Curricular de Escola

Educação sexual no contexto escolar em Portugal: dando voz aos alunos

SUMÁRIO OBESIDADE...4 OBESIDADE EM ADULTOS...5 PREVENÇÃO...6 EM BUSCA DO PESO SAUDÁVEL...7 TRATAMENTO...9 CUIDADOS DIÁRIOS COM A ALIMENTAÇÃO...

ASSUNTO: Processo de Auto-avaliação da Adequação do Capital Interno (ICAAP)

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ESCOLARES E A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO CONSUMO DE ALIMENTOS

C E N T R O C U L T U R A L E S O C I A L D E S A N T O A D R I Ã O REGULAMENTO INTERNO CATL-ACR

Guia Sudoe - Para a elaboração e gestão de projetos Versão Portuguesa Ficha 3.3 Como se elabora um plano de trabalho

REGULAMENTO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DE CONDEIXA-A-NOVA NOTA JUSTIFICATIVA

GUIA DE PROJECTO INTEGRADO PARA O CLIENTE VERSÃO FINAL

PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS PREVENIR É PRECISO MANUAL DE ORIENTAÇÕES AOS SERVIDORES VIGIAS DA PREFEITURA DE MONTES CLAROS

Projecto Curricular de Escola Ano Lectivo 2008/2009 ANEXO III 2008/2009

Planificação Anual. Professora: Maria da Graça Valente Disciplina: Ciências Naturais Ano: 6.º Turma: B Ano letivo:

6 A coleta de dados: métodos e técnicas utilizadas na pesquisa

ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Transcrição:

PROMOVER A SAÚDE NA ESCOLA: UM MODELO EDUCATIVO PARA ADOÇÃO DE HÁBITOS SAUDÁVEIS DE ALIMENTAÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA Margarida Vieira & Graça Simões Carvalho CIEC, Instituto de Educação, Universidade do Minho, Braga, Portugal Muitos adolescentes têm hábitos alimentares prejudiciais ao crescimento que podem levar à obesidade e outras doenças. Pretende-se desenvolver um estudo quase-experimental que integra a aquisição de conhecimentos sobre alimentação saudável e atividade física com a participação ativa das crianças (6º ano) na mudança de comportamentos. O processo inclui a ação dinamizadora dos professores e o apoio das famílias. Serão analisados parâmetros cognitivos, atitudinais, comportamentais e antropométricos. Palavras-chave: adolescentes, promoção da saúde, alimentação saudável. 1. INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS Os jovens adolescentes (10-14 anos) possuem características físicas e psicológicas específicas que ocorrem neste período e influenciam o comportamento alimentar (Post e Kemper, 1993; World Health Organization [WHO], 1997; Mahan e Escott-Stump, 2005). Este é influenciado por fatores internos e externos, de que são exemplos as necessidades nutricionais e energéticas, os hábitos alimentares da família, o contexto social, os pares, a imagem corporal, entre outros (Farthing, 1991; Mahan e Escott-Stump, 2005). De uma forma particular, a influência dos pares e a imagem corporal podem levar o adolescente a um padrão alimentar desequilibrado, caracterizado por omissão de refeições, consumo de lanches tipo snack e fast-food e ingestão excessiva de refrigerantes (Bull, 1992). O consumo de lanches e fastfood, energéticos, mas pobres em alguns nutrientes essenciais ao crescimento, tem vindo a definir o padrão alimentar atual dos adolescentes. Estes seguem um regime alimentar incorreto, prejudicial para um correto crescimento (Bull, 1992; Sebastian, Cleveland, e Goldman, 2008), justificado por uma ingestão deficiente de frutas, produtos hortícolas, leguminosas e lacticínios, ricos em ferro, cálcio, vitamina A, fibras.

Os hábitos alimentares inadequados podem constituir fatores de risco para a obesidade e outras doenças crónicas, nomeadamente a aterosclerose, a diabetes, as doenças cardiovasculares e o cancro. No relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2005, os índices de excesso de peso ou obesidade, nas crianças e adolescentes, atingiam os 30%, tornando elevada a probabilidade de uma criança obesa se transformar num adulto obeso (WHO, 2005). Idênticas conclusões foram encontradas em dois estudos diferentes (Padez, Mourao, Moreira, e Rosado, 2005; Gouveia, Pereira-da-Silva, Virella, Silva, e Amaral, 2007) em adolescentes portugueses. O excesso de peso e a obesidade têm sido associados a alguns tipos de cancro (World Cancer Research Fund [WCRF], 1997; Carroll,1998; Bergstrom, Pisani, Tenet, Wolk, e Adami, 2001). Esta doença de desenvolvimento prolongado e intimamente relacionada com uma alimentação incorreta, determina que sejam adquiridos hábitos alimentares saudáveis na adolescência, da máxima importância para o desenvolvimento de uma vida adulta livre de doença. Segundo o World Cancer Research Found (WCRF) e o American Institute of Cancer Research (AICR), uma alimentação variada e com quantidades adequadas de vegetais e frutas, pode prevenir até 20% dos casos de cancro (WCRF,1997; Divisi, Di Tommaso, Salvemini, Garramone, e Crisci, 2006). Assim, devemos atuar ao nível da prevenção primária das doenças associadas à alimentação, contrariando todos os indicadores epidemiológicos (prevalência, incidência, morbilidade), inclusive a mortalidade associada (WHO, 2005) e, consequentemente, diminuindo os custos e os recursos necessários para as tratar. É em idade escolar que os hábitos alimentares saudáveis devem ser criados e estimulados; e é na escola, local de eleição para se implementarem os bons hábitos, que as matérias teóricas, lecionadas pelo professor e apoiadas nos manuais escolares, deverão fornecer os conhecimentos que irão tornar as crianças aptas para escolher os alimentos e saber o que comem (Marks, 2008). Na disciplina de Ciências da Natureza (2º ciclo do EB), na educação alimentar, os temas sobre nutrientes, grupos alimentares, princípios da alimentação saudável, aparelho digestivo, higiene da boca e dentes, etc., fornecem conhecimentos que deverão tornar os adolescentes aptos para escolher os alimentos e saber o que comem. Contudo, a realidade mostra que muitas crianças não assumem uma prática baseada nestes conhecimentos, não adotando comportamentos alimentares

saudáveis (Naidoo, e Wills, 2009). Deste modo, torna-se necessário investigar sobre estratégias e fatores facilitadores que possam ser eficazes para que se observem alterações positivas nos comportamentos alimentares das crianças portuguesas, suportadas por uma metodologia que possa ser reproduzida. Carvalho (2006) refere que o conhecimento é importante, mas para haver mudanças para comportamentos mais saudáveis, é necessário ter em conta os contextos específicos das pessoas e das suas próprias competências para serem capazes, se assim o desejarem, de mudar para estilos de vida mais saudáveis (p. 31). E explica que o modelo Prochashka e DiClemente ao identificar diversas fases distintas que ocorrem no processo de mudança de comportamento, fornece uma orientação prática na implementação de programas educacionais que visem a promoção da mudança de comportamentos em situações circunstancialmente bem definidas. Tendo em conta o que foi descrito, a proposta deste projeto de investigação é desenvolver um modelo educativo experimental que oriente os adolescentes a adotarem hábitos de vida saudáveis colocando-os como sujeitos ativos participantes do processo de mudança. O seu objetivo principal é avaliar os resultados de um programa educativo experimental que integra conhecimentos sobre alimentação saudável e vida ativa, desenvolvendo processos de participação dos adolescentes na mudança dos seus comportamentos, onde se inclui também os professores, como elementos dinamizadores, e a família, como elemento ativo do processo. Como objetivos específicos prevê-se: 1) Avaliar o estado nutricional dos adolescentes, antes e após a intervenção do programa; 2) Caracterizar qualitativamente as escolhas alimentares e as práticas de atividade física, antes e após a intervenção; 3) Avaliar os conhecimentos dos alunos sobre nutrição e atividade física, antes e após a intervenção; 4) Gerar oportunidades para que estes jovens venham a incutir, junto das suas famílias, na escola e na comunidade, hábitos de vida saudável; 5) Desenvolver um modelo educativo que possa ser replicado e implementado nos adolescentes.

2. METODOLOGIA 1- Desenho experimental Para se atingir os objetivos deste estudo exploratório e prospetivo na observação, irá optar-se por um desenho de investigação baseado no modelo antes-após, com grupo testemunho não equivalente. Este desenho expressa-se pelo diagrama seguinte (Fortin, 2003): O1 X O2 ------------- O1 - O2 Em que O é a Observação, X a intervenção e a linha pontilhada refere-se à ausência de repartição aleatória. Este tipo de estudo, quase-experimental, pretende avaliar o efeito de uma intervenção, um programa educativo, comparando com o grupo controlo ou grupo testemunho não equivalente. O termo não equivalente refere-se à não equivalência por ausência da repartição aleatória (Fortin, 2003). 2 População do estudo/amostra São critérios de inclusão: idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos, inclusive; indivíduos saudáveis; indivíduos que não estejam a receber nenhum acompanhamento ou intervenção nutricional; adolescentes com autorização para entrarem no estudo, após consentimento informado assinado pelo encarregado de educação. São critérios de exclusão: indivíduos que não compareçam a todas as avaliações previstas; indivíduos a receber acompanhamento ou intervenção nutricional. Prevê-se que o tamanho da amostra se aproxime dos 300 adolescentes, distribuídos por 4 escolas, valor estimativo e de acordo com o número de inscritos no 6º ano em anos anteriores. Assim, serão constituídos 2 grupos de sujeitos: um grupo experimental, constituído pelas turmas do 6º ano (entre 130 e 150) de uma escola que será designada por escola experimental ; um segundo grupo, ou grupo de controlo, constituído pelos sujeitos inscritos no 6º ano nas outras escolas do Concelho (3 escolas = 6 turmas + 3 turmas + 1 turma, com um número de sujeitos aproximado e

semelhante ao grupo experimental). A intervenção será aplicada apenas aos sujeitos que constituem o grupo experimental na escola experimental ; o grupo de controlo não a irá receber qualquer intervenção apenas as avaliações (Figura 1). 3 Organização do projeto A execução do estudo será desenvolvida de acordo com as três fases seguintes: 1ª Fase ou de Preparação Geral, com a duração de 8 meses (de Janeiro 2011 a Agosto 2011), para estabelecer: a) contatos e pedidos de autorização às escolas onde o projeto se vai desenvolver; b) levantamento de informações para preparação das atividades; c) preparação dos conteúdos e materiais do painel das atividades educativas, a utilizar na fase da intervenção; d) preparação dos materiais necessários para as avaliações. 2ª Fase ou de Preparação na Escola, com a duração de 2 meses (de Setembro 2011 a Outubro 2011) para o desenvolvimento das seguintes tarefas: a) reuniões de preparação a Direção da Escola, Diretores de Turma e Professores (além dos responsáveis pela implementação do Projeto); b) reuniões de esclarecimento, de incentivo e colaboração com as Associações de Pais e Pais dos adolescentes participantes; c) formação sobre hábitos alimentares saudáveis dirigida aos professores, funcionários e auxiliares de ação educativa; d) envio e recolha dos consentimentos informados; e) seleção dos grupos para constituir a amostra do estudo. 3ª Fase ou de Intervenção na Escola, com a duração de 8 meses (de Outubro 2011 a Maio 2012), é o período em que se desenvolverão as avaliações e as atividades do modelo educativo, sintetizada no diagrama conceptual do estudo no período de intervenção (Figura 1).

Figura 1- Diagrama conceptual do estudo no período de intervenção Como se pode observar na Figura 1, durante o período da intervenção, a investigação compreenderá ainda 3 momentos distintos, mas sequenciais: 1ª Avaliação; programa de intervenção; e 2ª Avaliação. A 1ª Avaliação, onde se procederá ao diagnóstico inicial (duração de 1 mês, de Setembro a Outubro 2011) antes da intervenção, será realizada no grupo experimental e no grupo de controlo. Esta avaliação é composta por uma avaliação antropométrica e por uma avaliação dos hábitos alimentares e da atividade física. A avaliação antropométrica compreende a recolha de medidas da composição corporal: peso, estatura, perímetro da cintura e percentagem da massa gorda, com posterior análise do parâmetro IMC cut offs por idade e sexo e prevalência de sobrepeso e obesidade (Cole, Bellizzi, Flegal, e Dietz, 2000); a avaliação dos hábitos alimentares e da atividade física inclui um questionário de autopreenchimento, tendo em vista a avaliação qualitativa e quantitativa do consumo de fruta e legumes e da relação entre a atividade física e as atividade sedentárias, tais como, ver TV e o uso do computador para jogos e afins.

O período seguinte corresponde ao desenvolvimento do programa de intervenção, cujo painel de atividades pode ser observado na Figura 2. É uma intervenção realizada apenas com o grupo experimental, ao longo de 8 meses. Neste período a recolha de informação será efetuada através de um diário alimentar para registo de 3 dias. Figura 2 Painel de atividades do Programa de Intervenção Por fim, decorrerá a 2ª Avaliação ou de diagnóstico final, que completa e finaliza a intervenção na escola, repetindo-se todos os procedimentos metodológicos de forma igual à 1ª Avaliação. 4- Materiais de recolha de dados Serão utilizados dois métodos de registo e recolha dos dados, elaborados com o propósito de obter dados objetivos para a investigação: o questionário de frequência alimentar, para obter o padrão de consumo de alimentos de origem vegetal (frutas, legumes, hortaliças), realizando-se um total de dois, um na 1ª Avaliação antes (pré-

teste) do início da intervenção e outro na 2ª Avaliação depois (pós-teste) da intervenção; o diário alimentar de registo de 3 dias, para recolha da ingestão atual e anotação de todos os alimentos e bebidas consumidas ao longo de três dias. Este método será aplicado ao longo do período de intervenção, intercalando cada bloco formativo, correspondendo a um total de 7 registos alimentares de 3 dias cada um (Thompson, e Byers, 1994; Dodd, Guenther, Freedman, Subar, Kipnis, Midthune, Tooze, e Krebs-Smith, 2006). 5- Análises Estatísticas O objetivo principal da análise estatística neste estudo é investigar os efeitos da aplicação do programa educativo experimental na promoção da saúde das crianças: ao nível dos parâmetros antropométricos, que podem servir de indicadores de saúde, e relativamente ao consumo de frutas e legumes. Desta forma, comparam-se os resultados obtidos antes e após a intervenção nos dois grupos de estudo: o grupo experimental e o grupo de controlo. As variáveis utilizadas na comparação de resultados são as seguintes: IMC cut offs por idade e sexo, perímetro da cintura, percentagem da massa gorda, prevalência de sobrepeso e obesidade, consumo de frutas e legumes. Inicialmente serão apresentados os resultados obtidos nas duas avaliações do estudo, do ponto de vista descritivo, apresentando nomeadamente os valores médios (e respetivos desvios padrões) e valores medianos obtidos. De forma a investigar se as diferenças observadas são estatisticamente significativas, utilizarse-á os testes de hipóteses, adequados para o problema em questão. Os testes de hipóteses constituem uma forma de inferência sobre um ou mais parâmetros da população. Como este estudo pretende, por um lado, comparar os resultados antes e depois da intervenção com o grupo experimental deverá utilizar-se como teste estatístico, um teste T para amostras emparelhadas. Por outro lado, o estudo também pretende comparar dois grupos, o experimental e o controlo, face a certas variáveis numéricas. Assim para o caso efetuar-se-á um teste T para amostras independentes (Aguiar, 2007). 3. LIMITAÇÕES E IMPLICAÇÕES: Reconhecem-se algumas limitações a este estudo, sobretudo no que se relaciona com a utilização de uma amostra não-probabilística e de conveniência, o

que limita a generalização dos seus resultados. Outra limitação que poderá ocorrer, originando viés, é que quando se pretende avaliar o consumo dos alimentos numa população, há a tendência para modificar os hábitos alimentares e também no registo do consumo de alimentos, valorizando as respostas consideradas mais adequadas e limitando a captura do registo real do consumo dos alimentos. O tempo limitado do período de intervenção para que se observem alterações no consumo e no comportamento alimentar, de forma a haver resultados para este estudo. E o facto de ser necessária uma adesão e participação dos diferentes elementos que compõem a comunidade escolar professores, adolescentes e as suas famílias que são considerados elementos ativos e importantes para que todo o processo ocorra conforme está a ser delineado. No entanto, estas limitações devem ser cuidadosamente trabalhadas para que não condicionem os resultados que se possam vir a obter, até porque estes resultados poderão servir para outros estudos. Toda a informação recolhida terá utilidade na construção de um modelo educativo, que contribua para a adoção de comportamentos alimentares saudáveis nas camadas jovens. Este projeto pretende assim contribuir para a promoção da saúde, e no futuro, para a redução das doenças crónicas associadas à alimentação incorreta e à diminuta prática de atividade física. REFERÊNCIAS Aguiar, P. (2007). Guia Prático Climepsi de Estatística em Investigação Epidemiológica: SPSS. Lisboa: Climepsi Editores. Bergstrom, A., Pisani, P., Tenet, V., Wolk, A., e Adami, H-O. (2001). Overweight as an avoidable cause of cancer in Europe. Int J Cancer, 92, 927. Bull, N.L. (1992). Dietary habits, food consumption, and nutrient intake during adolescence. J Adolesc Healt, 13(5), 384-8. Carroll, K. (1998). Obesity as a risk factor for certain types of cancer. Lipids, 33,1055-9. Carvalho, G.S. (2006). Criação de ambientes favoráveis para a promoção de estilos de vida saudáveis. In Actividade Física, Saúde e Lazer; A infância e estilos de vida saudáveis, Pereira, B. & Carvalho, G. (pp. 19-37). Lisboa: Lidel, Edições Técnicas.

Divisi, D., Di Tommaso, S., Salvemini, S., Garramone, M., e Crisci, R. (2006). Diet and cancer. Acta Biomed, 77,118-123. Dodd, K.W., Guenther, P.M., Freedman, L.S., Subar, A.F., Kipnis, V., Midthune, D., Tooze, J.A., e Krebs-Smith, S.M. (2006). Statistical methods for estimating usual intake of nutrients and foods: a review of the theory. Journal of the American Dietetic Association, 106,1640-50. Farthing, M.C. (1991). Current eating patterns of adolescents in the United States. Nutrition Today, 26(2), 35-39. Fortin, M.F. (2003). O processo de Investigação: da concepção à realização. Loures: Lusociência. Gouveia, C., Pereira-da-Silva, L., Virella, D., Silva, P., e Amaral, J.M.V. (2007). Actividade física e sedentarismo em adolescentes escolarizados do concelho de Lisboa. Acta Pediátrica Portuguesa, 38 (1), 7-12. Mahan, L.K., e Escott-Stump, S. (2005). Krause s Food, Nutrition, and Diet Therapy (11th ed.). Philadelphia, PA: WB Saunders. Marks, R. (2008). Schools and health education: What works, what is needed, and why? Health Education, 109 (1), 4-8. Naidoo, J., e Wills, J. (2009). Health Promotion Foundations for Practice (3ª Ed.). London: Baillière Tindall. Padez, C., Mourao, I., Moreira, P., e Rosado, V. (2005). Prevalence and risk factors for overweight and obesity in Portuguese children. Acta Paediatr, 94:1550-7. Post, G.B., e Kemper, H.C.G. (1993). Nutrient intake and biological maturation during adolescence. The Amsterdam growth and health longitudinal study. European Journal of Clinical Nutrition, 47(6), 400-408. Sebastian, R.S., Cleveland, L.E., e Goldman, J.D. (2008). Effect of snacking frequency on adolescents' dietary intakes and meeting national recommendations. J Adolesc Health, 42(5), 503-11. Thompson, F.E., e Byers, T. (1994). Dietary assessment resource manual. Journal of Nutrition,124, 2245S-2317S. WCRF - World Cancer Research Fund. (1997). Food, nutrition and the prevention of cancer: a global perspective. Washington, D.C.: American Institute for Cancer Research. WHO - World Health Organization. (1997). Action for adolescent health: Towards a common agenda. Geneva.

WHO - World Health Organization. (2005). The European health report 2005. Public health action for healthier children and populations. Copenhagen.