Universidade do Estado do Rio de Janeiro Vice-Reitoria Curso de Abordagem da Violência na Atenção Domiciliar Unidade 1 Introdução

Documentos relacionados
Universidade do Estado do Rio de Janeiro Vice-Reitoria Curso de Abordagem da Violência na Atenção Domiciliar Unidade 2-Violência e criança

Universidade do Estado do Rio de Janeiro Vice-Reitoria Curso de Abordagem da Violência na Atenção Domiciliar Unidade 2 Violência e idoso

Universidade do Estado do Rio de Janeiro Vice-Reitoria Curso de Abordagem da Violência na Atenção Domiciliar Unidade 2 Violência de gênero

Aula 1 Uma visão geral das comorbidades e a necessidade da equipe multidisciplinar

CCSVP: ESTRATÉGIA DO SERVIÇO SOCIAL NA GARANTIA DE DIREITOS COM MULHERES CHEFES DE FAMÍLIAS.¹

OS CANAIS DE PARTICIPAÇÃO NA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO PÓS LDB 9394/96: COLEGIADO ESCOLAR E PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa. Os objetivos dessa unidade são:

Encontro do Comitê Estadual de Enfrentamento às Drogas do Ministério Público do Estado do Ceará. 14 de novembro de 2012

OUVIDORIA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS. Balanço das Denúncias de Violações de Direitos Humanos

NOVAS PERSPECTIVAS E NOVO OLHAR SOBRE A PRÁTICA DA ADOÇÃO:

DIALOGANDO COM O PLANO DE ENFRENTAMENTO AO CRACK E OUTRAS DROGAS. Departamento de Proteção Social Especial Juliana M.

REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE MUNICÍPIO DE LONDRINA PERGUNTAS E RESPOSTAS

A Organização da Atenção Nutricional: enfrentando a obesidade

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

SERVIÇO DE PROTEÇÃO E ATENDIMENTO INTEGRAL À FAMÍLIA (PAIF)

Tratamento da dependência do uso de drogas

PREFEITURA MUNICIPAL DE VOLTA REDONDA SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO DEPARTAMENTO DE ORÇAMENTO E CONTROLE PROGRAMA Nº- 250

Carta de Princípios dos Adolescentes e Jovens da Amazônia Legal

INTRODUÇÃO. Entendemos por risco a probabilidade de ocorrer um dano como resultado à exposição de um agente químico, físico o biológico.

BULLYING NA ESCOLA: A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL NO ENFRENTAMENTO DESSA PROBLEMÁTICA

convicções religiosas...

TERMO DE ORIENTAÇÃO ATUAÇÃO DE ASSISTENTES SOCIAIS EM ABORDAGEM SOCIAL NA RUA

PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO HOSPITAL REGIONAL DO LITORAL PARANAGUA PROVA PARA ASSISTENTE SOCIAL

PROGRAMA TÉMATICO: 6214 TRABALHO, EMPREGO E RENDA

Carta de Adesão à Iniciativa Empresarial e aos 10 Compromissos da Empresa com a Promoção da Igualdade Racial - 1

Assinalar o Mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância; Dar a conhecer a Declaração Universal dos Direitos Humanos;

Brasil. 5 O Direito à Convivência Familiar e Comunitária: Os abrigos para crianças e adolescentes no

PROJETO DE LEI N.º 3.466, DE 2012 (Do Sr. Raimundo Gomes de Matos)

ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL NO PROJETO VIVA A VIDA

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006

SAÚDE DA FAMÍLIA E VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: UM DESAFIO PARA A SAÚDE PUBLICA DE UM MUNICIPIO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO Brasil

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

1. Garantir a educação de qualidade

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Secretaria Nacional de Assistência Social MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde

Carta de recomendações para o enfrentamento às violências na primeira infância

PLANO ESTADUAL DE CULTURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PLANO SETORIAL DO LIVRO E LEITURA

Rua do Atendimento Protetivo. Municipalino:

Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS

Caderneta da Gestante

A comunicação do Ifes nas mídias sociais. Abril de 2016

O que é Programa Rio: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher? Quais suas estratégias e ações? Quantas instituições participam da iniciativa?

O Estado e a garantia dos direitos das pessoas com deficiência

Portuguese version 1

PLANO DE ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE AIDS E DAS DST ENTRE POPULAÇÃO DE GAYS, HSH E TRAVESTIS PERNAMBUCO

Lacunas tema ticas, diferenças conceituais e demandas

Prefeitura Municipal de Chácara Rua: Heitor Candido, 60 Centro Chácara Minas Gerais Telefax: (32) ;

CAPTAÇÃO DE RECURSOS FEDERAIS LINHAS DE AÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Secretaria Nacional de Segurança Pública

PREFEITURA DO RECIFE SECRETARIA DE SAÚDE SELEÇÃO PÚBLICA SIMPLIFICADA AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE ACS DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO CANDIDATO

DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: MARCO REFERENCIAL E O SISTEMA DE GARANTIA DOS DIREITOS

TERMO DE REFERÊNCIA SÃO GONÇALO ARTICULADOR

AS INTERFACES ENTRE A PSICOLOGIA E A DIVERSIDADE SEXUAL: UM DESAFIO ATUAL 1

Perfil dos serviços de atendimento a alcoolistas no Estado do Rio de Janeiro e a Política de Redução de Danos

Termos de Referência. Facilitador Nacional Proteção Infantil (Brasil)

Gestão de impactos sociais nos empreendimentos Riscos e oportunidades. Por Sérgio Avelar, Fábio Risério, Viviane Freitas e Cristiano Machado

CHAMADA DE INSCRIÇÕES E PREMIAÇÃO DE RELATOS: EXPERIÊNCIA DO TRABALHADOR NO COMBATE AO AEDES

A Atenção Primária à Saúde

Programa Pernambuco: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher. Termo de Referência. Assessoria à Supervisão Geral Assessor Técnico

Ciência na Educação Básica

EIXO II EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE: JUSTIÇA SOCIAL, INCLUSÃO E DIREITOS HUMANOS PROPOSIÇÕES E ESTRATÉGIAS

A PRATICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOACIAL NA UNIDADE DE SAÚDE DR. NILTON LUIZ DE CASTRO

POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

A Rede HEMOMINAS. Wanda Nunes

2 Teoria de desastres

Mostra de Projetos 2011

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

Plano Intersetorial de Políticas sobre o Crack, Álcool e Outras Drogas

AMBIENTES DE TRATAMENTO. Hospitalização

ESTADO DE MINAS GERAIS SECRETARIA DE ESTADO DE CASA CIVIL E DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS RELATÓRIO

ATIVIDADE: DIA DA FAMÍLIA NA ESCOLA

Acesse o Termo de Referência no endereço: e clique em Seleção de Profissionais.

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

Plano de Continuidade de Negócios

Violência doméstica contra a mulher: perspectiva para o trabalho das equipes de saúde da família

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006

TERMO DE REFERÊNCIA SÃO JOSÉ DO RIO PRETO ARTICULADOR

Gestão diária da pobreza ou inclusão social sustentável?

Fundo Brasileiro para a Biodiversidade FUNBIO

Apresentação. Cultura, Poder e Decisão na Empresa Familiar no Brasil

Oficina Cebes DESENVOLVIMENTO, ECONOMIA E SAÚDE

A Propaganda de Medicamentos no Brasil

ARQUIVO DISPONIBILIZADO NA BIBLIOTECA VIRTUAL DO PROJETO REDESAN Título AVANÇOS DA POLÍTICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

TERMO DE REFERÊNCIA ARTICULADOR BOA VISTA

A política e os programas privados de desenvolvimento comunitário

3º RELATÓRIO CONSOLIDADO DE ANDAMENTO DO PBA E DO ATENDIMENTO DE CONDICIONANTES

Programas e Ações Ministério do Esporte

POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DE ACESSIBILIDADE. - Não seja portador de Preconceito -

GT de Juventude do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

O Processo de Trabalho do ACS no cuidado à Pessoa com Doença Falciforme. Ana Paula Pinheiro Chagas Fernandes

REDE NACIONAL DE ADOLESCENTES E JOVENS VIVENDO COM HIV/AIDS

ROBERTO REQUIÃO 15 GOVERNADOR COLIGAÇÃO PARANÁ COM GOVERNO (PMDB/PV/PPL)

INCLUSÃO SOCIAL E A POLÍTICA PÚBLICA DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS (SCFV).

CREAS - Institucional. O que é o CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social)?

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA SEGUNDO A PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA INCLUSOS NO PROJOVEM ADOLESCENTE

Transcrição:

Universidade do Estado do Rio de Janeiro Vice-Reitoria Curso de Abordagem da Violência na Atenção Domiciliar Unidade 1 Introdução Em Introdução, veremos os conceitos gerais referentes à violência, sua definição e tipologia. Em seguida, analisaremos o impacto da violência na saúde, o motivo pelo qual tornou se uma questão de saúde pública e seus custos. Estudaremos também a família e sua relação com a equipe da Atenção Domiciliar como elemento fundamental no cuidado do dependente e veremos como a deficiência torna o indivíduo mais vulnerável à violência. Por fim, estudaremos as estratégias de prevenção e proteção da Equipe de AD, com foco na notificação e na importância do trabalho intersetorial.

Sumário Introdução 1. Lição 1- Conceitos Gerais...04 1.1 Conceito de violência...05 1.2 Tipologia (tipos e natureza)...05 1.3 Outras definições...06 2. Lição 2 O Impacto da violência na saúde...07 2.1 Por que a violência é uma questão de saúde Pública?...08 2.2 Custos da violência...08 3. Lição 3 Família...09 3.1. Abordagem familiar...10 3.2. Atenção Domiciliar X Família...10 4. Lição 4 Dependência X Vulnerabilidade...11 4.1. Mecanismos de prevenção...11 5. Lição 5 Estratégias...12 5.1. Notificação...12 5.1.1. Notificação x denúncia...12 5.1.2. Fluxo de Comunicação...12 5.2. A importância do trabalho intersetorial na condução adequada nas situações de violência...13 5.3. Rede de Proteção...13 5.3.1. Modelo de Rede de Proteção...14 6. Lição 6 Atribuições do Profissional da Atenção Domiciliar...15 6.1. Resiliência...15 7.Síntese...16 2

4 INTRODUÇÃO Nesta unidade, falaremos sobre conceitos gerais no que diz respeito à violência na Atenção Domiciliar. Veja, na história a seguir, a reunião de uma equipe de Atenção Domiciliar. 1 2 3 4 54 4 6 3

Lição 1- Conceitos Gerais 4

1.1 Conceito de violência Afinal, o que é violência? A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a violência como o uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. (KRUG et al., 2002, p.5) De acordo com Minayo e Souza (1998), a violência é representada por ações humanas que ocasionam danos físicos, emocionais, morais e espirituais. A violência é uma construção social, pois é um fenômeno biopsicossocial relativo aos processos históricos e a vida em sociedade. E considerá la como fenômeno social importa em compreender sua perspectiva cultural, política, social e econômica. 1.2 Tipologias (tipos e natureza) Existem diversos tipos de violência. Para analisarmos essa classificação, utilizaremos a tipologia adotada pelo Ministério da Saúde bem como outras categorias apontadas por pesquisadores da área. Observe o gráfico a seguir e passe o mouse nos locais indicados com a lupa para conhecer os tipos de violência, abordados pelo Ministério da Saúde. 5

1.3 Outras Definições Existem outras definições apontadas por autores como Minayo (1994 e 2004). São elas: Abandono Desamparo do indivíduo por uma pessoa responsável por seu cuidado ou com custódia legal. Abuso econômico Apropriação indevida de bens ou dinheiro afetando a saúde emocional e a sobrevivência da família. Autonegligência "Conduta da pessoa idosa que ameaça sua saúde e segurança pela recusa ou fracasso de prover a si própria os cuidados adequados." Violência institucional Maneira privilegiada de reprodução das relações assimétricas de poder, de domínio, de menosprezo e de discriminação." Violência estrutural Ocorre pela desigualdade social. É naturalizada nas manifestações de pobreza, de miséria e de discriminação. 6

Lição 2 O Impacto da violência na saúde 7

2.1. Por que a violência é uma questão de saúde pública? Apesar de não ser específica da área da saúde, a violência é reconhecida como um problema de saúde pública porque é nesse campo em que se exterioriza de forma mais evidente, ultrapassando o âmbito da justiça e da polícia. Os diversos dados epidemiológicos comprovam essa natureza social e cultural da violência, especialmente no contexto social brasileiro. Segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o custo total com violências foi de 90 bilhões de reais em 2004, ou seja, 5% do PIB brasileiro. 2.2. Custos da Violência As consequências da violência como danos, lesões e traumas têm altos custos para o indivíduo e família tais como perda de vida, prejuízos econômicos ou de produtividade bem como para o sistema de saúde, que possui gastos maiores com emergência, assistência e reabilitação. BRICEÑO-LEÓN (2002) estima que cerca de 3,3% do PIB brasileiro foram gastos com custos diretos da violência, aumentando para 10,5% quando se consideram os custos indiretos e transferências de recursos. Observe esses dados na figura a seguir: 8

Lição 3- Família Você sabe em que local é maior o índice de violência? Observe os gráficos, a seguir, e reflita sobre: o local onde ocorre a maior parte das situações de violência; a faixa etária e o sexo das vítimas que sofrem violência. Ao entrar no domicílio as equipes se confrontam com a violência, mesmo não relacionada diretamente ao paciente, mas ao núcleo familiar em que ele está inserido. 9

3.1 Abordagem Familiar A atenção domiciliar, por ser realizada na residência do paciente, expõe as equipes à realidade social na qual a família está inserida. Por isso, é importante que os profissionais estejam aptos a identificar e atuar mesmo que o paciente em questão não seja a vítima da violência. Outra questão consiste na tomada de decisão sobre quem assume os cuidados do paciente. De fato, esta decisão segue a dinâmica de cada família. Por exemplo, existem diversas situações em que a família não consegue assumir os cuidados sozinha, gerando um contexto potencial de descuido e abandono. A intervenção e o tratamento do problema a longo prazo, em geral, são tarefas das equipes de Atenção Domiciliar e da Rede de Serviço Social. 3.2 Atenção Familiar X Família A equipe de Atenção Domiciliar deve cuidar da família. Segundo o Ministério da Saúde, isso implica em: conceber a família em seu espaço social, privado e doméstico; respeitar o movimento e a complexidade das relações familiares; ter atitudes de respeito e valorização das características peculiares daquele convívio humano; preservar os laços afetivos das pessoas e fortalecer a autoestima; construir ambientes mais saudáveis para a pessoa em tratamento envolve, além da tecnologia médica, o reconhecimento das potencialidades terapêuticas presentes nas relações familiares. 10

Lição 4 Dependência X Vulnerabilidade Um tópico que merece destaque é a violência contra as pessoas com deficiência, pois: apresentam maior vulnerabilidade, ou sejam, são as que mais sofrem violência; sofrem os mesmos tipos de violência que as demais pessoas sem deficiência; possuem menor probabilidade de obter ajuda da polícia, proteção jurídica ou cuidados preventivos. Além disso, esta prática está associada a fatores sociais, culturais e econômicos da coletividade que vê a deficiência como algo negativo. 4.1. Mecanismos de prevenção O poder público deve buscar a implantação de mecanismos de prevenção e enfrentamento da violência contra a pessoa com deficiência tais como: ampliar os canais de denúncia; incluir a pessoa com deficiência na rede de ensino; estabelecer planos de enfrentamento à violência contra a pessoa com deficiência nos âmbitos estadual municipal e distrital; criar e fortalecer os conselhos de direitos estaduais, municipais e distrital; implantar a notificação de violências contra a pessoa com deficiência no SUS; divulgar os direitos das pessoas com deficiência; construir centros integrados de prestação de serviços às vítimas de violência, com apoio psicológico e social. 11

Lição 5 Estratégias A partir de agora, veremos como um profissional de AD deve proceder diante dessa situação. Para isso, apontaremos, brevemente, as estratégias de proteção e prevenção, que são: a notificação; o trabalho intersetorial com as demais redes de apoio. 5.1. Notificação Em 2009, o Ministério da Saúde implantou no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), a notificação da violência doméstica, sexual e outros tipos. Contudo, ainda percebe-se a subnotificação dos casos de violência pelo sistema de notificação de óbito e de internação. Por exemplo, em relação à morbidade hospitalar, as consequências de agressões e traumas são pouco computadas porque não incluem os casos atendidos nas emergências, prontos-socorros e as internações atendidas em unidades não conveniadas pelo SUS. 5.1.1. Notificação x denúncia Ao contrário da denúncia, a notificação não pretende identificar o agressor ou acusá-lo, mas acolher a vítima e sua família, promovendo as ações de proteção além de coletar dados para melhorar o sistema de acolhimento e de combate à violência, ampliando suas políticas públicas. 5.1.2. Fluxo de Comunicação A ficha de notificação, devidamente preenchida pela equipe de AD, segue um fluxo de comunicação, conforme representado a seguir: 12

5.2 A importância do trabalho intersetorial na condução adequada nas situações de violência A situação de violência requer a intervenção de uma política intersetorial. As instituições, os organismos e os serviços que compõem a rede de proteção e defesa de direitos estão definidas pelos marcos legais. No entanto, o fortalecimento e a efetivação de suas ações é um processo dinâmico que se constrói por meio do diálogo e do dinamismo dos agentes envolvidos com a questão. 5.3. Rede de Proteção O que é a rede de proteção social? De acordo com a Política Nacional de Assistência Social, a inserção na Seguridade Social, da qual fazem parte a saúde, a previdência e a assistência social, aponta também para seu caráter de política de proteção social articulada a outras políticas do campo social, voltadas para a garantia de direitos e de condições dignas de vida. A proteção social deve garantir as seguintes seguranças: sobrevivência (de rendimento e de autonomia); acolhida; convívio ou vivência familiar. 13

5.3.1 Modelo de Rede de Proteção Na seção anterior, propusemos que você, com sua equipe, identificasse seus parceiros os órgãos e as instituições que promovem a proteção social e a garantia dos direitos dos cidadãos e construísse o mapa da rede de sua localidade. Agora, observe um modelo de rede de proteção que atende aos diversos grupos crianças, adolescentes, homens e mulheres adultos, população LGBT e idosos: 14

Lição 6 Atribuições do Profissional da Atenção Domiciliar Como devemos agir diante das situações de violência?. 6.1. Resiliência Você reconhece a importância de fortalecer a resiliência das vítimas da violência? 15

Síntese Chegamos ao final da Introdução à Violência em Atenção Domiciliar e até agora vimos: O conceito de violência e sua tipologia. O impacto da violência na saúde. A família como principal ambiente vulnerável à violência. A relação entre a equipe de AD e a família. A violência contra a pessoa com dependência. A notificação como instrumento de prevenção e proteção. A importância do trabalho intersetorial. Propomos agora que você reflita sobre como transpor esses conhecimentos teóricos para sua atividade individual e sua ação integrada aos profissionais que compõem a equipe de AD. Em seguida, que tal exercitar seus conhecimentos com a realização de alguns exercícios? 16

Atividade 17

Créditos Autorais O conteúdo do Módulo Abordagem da Violência na Atenção Domiciliar foi concebido pelas Professoras Autoras: 18

Créditos Institucionais Presidência da República Ministério da Saúde Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges) Secretaria Executiva UNA-SUS Universidade do Estado do Rio de Janeiro Reitor Ricardo Vieiralves de Castro Vice-Reitor Paulo Roberto Volpato Dias Sub-Reitora de Graduação Lená Medeiros de Menezes Sub-Reitora de Pós-graduação e Pesquisa Monica da Costa Pereira Lavalle Heilbron Sub-Reitoria de Extensão e Cultura Regina Lúcia Monteiro Henriques 19