O(s) Uso(s) de Documentos de Arquivo na Sala de Aula SEQUÊNCIA DIDÁTICA Milton Garcia Silva São Paulo 2012
TEMA Modos de Morar em São Paulo Séculos XIX e XX. JUSTIFICATIVA Nota-se que os alunos possuem dificuldades de se enxergar como sujeitos históricos. Com isso a partir do trabalho com as fontes, procurarei ressaltar através dos modos de moradia que ocorreram em São Paulo no final do século XIX e início do XX questões de rupturas e permanências a cerca do tema. Nesse sentindo tentarei fazer com os alunos possam se sentir mais próximos do processo histórico, haja vista que eles poderão entender o processo histórico que culminou nos tipos de moradia que hoje são mais usadas e vista ao redor deles. Quero que os alunos entendam os espaços de convivências entre os trabalhadores e seus patrões, pois em São Paulo a cidade era conhecida como um lugar das atividades mistas, as casas dos trabalhadores eram próximas dos seus patrões, o comércio era junto dessas casas e a fábrica que trabalhavam estava no mesmo ambiente, trabalhadores liberais como artesãos entre outros conviviam todos mesmo lugar. Isso começa a mudar com a criação do bairro de Higienópolis em 1880, pois as elites começam a perceber que deveriam ter um lugar para morar e se diferenciar dos trabalhadores, assim começam a aparecer áreas de usos especializados em São Paulo, uma estratificação social separando bairros das elites e sua função especializada das regiões onde os pobres moravam. Objetivo: Trabalhar com as mudanças e permanências dos tipos de moradia em São Paulo no final do século XIX e início do XX. Além de debater as reformas urbanas, principalmente as que tratem sobre as moradias operárias que tiveram grande importância no período acima indicado. Outros aspectos importantes encontrados no PCN é fazer com que os alunos aprendam a diferenciar tipos de documentos históricos e também:
Reconhecer algumas diferenças, semelhanças, transformações e permanências entre ideias e práticas envolvidas na questão da cidadania, construídas e vividas no presente e no passado 1. Componente Curricular Os componentes curriculares seriam: Tempo histórico, Trabalho com fontes, Estudo do Meio e República Velha. Série: 9º ano Quantidade de aulas: 4 aulas Bibliografia: BACELAR, C. Usos e mau usos dos arquivos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005. BELLOTO, Heloísa Liberalli. Como fazer análise diplomática e análise tipológica de documento de arquivo. São Paulo: Arquivo do Estado/Imprensa Oficial do Estado, 2002. CORDEIRO, S. L. Os cortiços de Santa Efigênia: sanitarismo e urbanização de São Paulo (1893). São Paulo: Arquivo Público do Estado de São Paulo/ Imprensa Oficial, 2010. CRUZ, Heloísa; PEIXOTO, Maria do Rosário da Cunha. Na oficina do historiador: conversas sobre história e imprensa. Projeto história, São Paulo, n.35, dez. 2007. KNAUSS, Paulo. Documentos históricos na sala de aula. Primeiros Escritos, n 1- julho-agosto de 1994. LE GOFF, Jacques. Documento/Monumento. In:. História e Memória. Tradução por Irene Ferreira, Bernardo Leitão e Suzana Ferreira Borges. 5.ed. Campinas: UNICAMP, 2003. 1 Disponível em : http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_5a8_historia.pdf
LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Exertos de A República Ensina a Morar (Melhor). São Paulo: HUCITEC, 1999. MAUAD, Ana Maria. Através da imagem: fotografia e história Interfaces. Tempo [online], v1,n.2, dez. 1996. PANDOLFI, Dulce; GRYNSZPAN, Mario. Poder Público e Favela: uma relação delicada In: OLIVEIRA, Lucia Lippi (org.). Cidade: histórias e desafios. Rio de Janeiro: Editora da FGV/ CNPq, 2002. PEREIRA, Paulo César Xavier. A Modernização de São Paulo no final do século XIX: da demolição da cidade de taipa à sua reconstrução de tijolos In: SAMPAIO, Maria Ruth Amaral de Sampaio (org.). Habitação e Cidade. São Paulo: FAUUSP, 1998. REIS FILHO, Nestor Goulart. Habitação Popular no Brasil: 1880-1920. Cadernos de Pesquisa do LAP, n.2. São Paulo: FAUUSP, set-out, 1994. TEIXEIRA, Palmira Petratti. A Vila Maria Zélia: A fascinante história de um memorial ideológico das relações de trabalho na cidade de São Paulo. Fortaleza: ANPUH XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 2009. ATIVIDADES Primeira Aula: Em um primeiro momento a sala de aula será dividida em grupos, sendo que cada grupo apresentará cerca de quatro alunos. Tal divisão será necessária para que os alunos possam ler em conjunto um texto referente ao contexto de São Paulo nesse período- final do século XIX e começo do século XX - no que se refere aos tipos de moradias operárias presentes na cidade. Além da leitura conjunta do texto, trabalharia com documentos da época, como reportagens de jornais e documentos oficiais que possam oferecer um caminho de investigação sobre quais eram as condições das moradias. Tais condições consistem tanto na localização, quanto na estrutura de tais moradias, assim como o uso. Após a realização de tais leituras, será proposto aos alunos um questionário contendo as seguintes questões: Qual período que o texto e os documentos estão tratando e de que lugar eles estão falando?
Quem produziu o documento ou qual é a origem do documento? Quais as semelhanças e diferenças entre o texto e os documentos lidos? Documento a ser usado: Relatório da Comissão de exame e inspecção das habitações operárias e cortiços no ditrito de S. Efigênia (CORDEIRO, 2010. p. 91-95). Reportagem de jornal: O Problema das casas operárias. Diário Popular, São Paulo, 02 jan. p. 01. Acervo APESP Texto: O título do texto é Higiene da Habitação, A Nova Preocupação que encontrase em: LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Exertos de A República Ensina a Morar (Melhor). São Paulo: HUCITEC, 1999, p.18 21. Segunda Aula: Pedir para os alunos montarem novamente os grupos e dessa vez observar algumas fotos ou imagens de vilas operárias do período e imagens das mesmas vilas hoje. Fotos da Vila Maria Zélia Foto: http://www.vilamariazelia.com.br/fotosvilamariazelia/album/slides/casarao2.html acesso em 26/10/2012
Foto: http://www.vilamariazelia.com.br/fotosvilamariazelia/album/slides/casavila12.html Acesso em 26/10/2012. Foto: http://www.vilamariazelia.com.br/fotosvilamariazelia/album/slides/casavila7.html Acesso em 26/10/2012.
Fotos da Vila Economizadora Fotos: Leonardo Hatanaka Acervo Sempla, imóveis Z8-200, 1978. Fotos: Leonardo Hatanaka Acervo Sempla, imóveis Z8-200, 1978.
Vila Economizadora Foto de Hélio Bertolucci Jr. 2009. Fazer um questionário: Descreva a tudo que está vendo na foto? Caso a foto ou a imagem tenha legenda quem é autor (a)? Quando e por que foi tirada a fotografia? Quais as semelhanças e diferenças entre as fotos ou imagens? Comparar as fotos ou imagens antigas com as recentes e apontar o que permaneceu e o que mudou? Que elementos foram selecionados pelo autor como dignos de serem fotografados? Quais são os elementos centrais das imagens? Terceira Aula: A partir dos elementos e as possíveis respostas dadas aos questionários anteriores pediria aos alunos para que produzissem um texto que indicassem as percepções sobre como eram as moradias do período tentando refletir que tipo de interesses e mudanças que colaboraram com a formação e concepção atual que se tem hoje sobre moradias.
Quarta Aula: Nesta ultima aula exploraria dois texto sobre duas vilas operárias que faríamos uma visita. A visita seria a Vila Maria Zélia e o texto seria que encontra-se no próprio site da vila www.vilamariazelia.com.br e a Vila Economizadora que está no site http://www.arquivohistorico.sp.gov.br. Com essa visita pretendo discutir com os alunos o que eles notaram sobre as moradias e se essas moradias se diferem muito das que eles vivem hoje. Além disso, proporia uma discussão com os textos deles e com tudo que já foi trabalhado em sala de aula, além de pedirem pare eles tirarem foto do local para observarem na sala de aula. É importante fazer a ressalva que assim os documentos escritos e as imagens, a visita a esses dois espaços deve ser conduzida de maneira a levar os alunos a questionarem o porque da sua preservação, que elementos ou objetos elas abrigam, que uso aquele espaço tem e quem são as pessoas administram e convivem naquele lugar. Tudo isso é importante para que os alunos não tomem nem os espaços nem as outras fontes como retrato fiel dessas moradias, mas sim como fonte de pesquisa que deve ser questionada e refletido. Assim a desnaturalização das moradias atuais será melhor compreendida pelos alunos.