Alternativas falhadas ao CED Uma das principais razões para se advogar a prática do Capturar-Esterilizar-Devolver é que nada mais resulta! Quer pretendamos uma redução na população felina ou a diminuição de aborrecimentos, nenhuma outra técnica mostrou, até agora, ter sucesso a longo prazo. Isto torna-se mais claro quando examinamos as alternativas praticadas. Captura e abate A captura e abate tem sido a abordagem por excelência das entidades oficiais responsáveis pelo controlo da população animal em Portugal. Capturar gatos silvestres, transportá-los para um canil/gatil e abatê-los pode, a curto prazo, diminuir a população felina num dado local. Contudo, esta redução é apenas temporária, e a população acaba por voltar em força algum tempo depois. Há várias razões para isto acontecer:
O efeito de vácuo As colónias de gatos silvestres crescem e subsistem em determinados locais porque os mesmos lhes fornecem alimentação e abrigo adequados à sua sobrevivência. Quando uma colónia é retirada de um local, mas o ambiente não se altera, os gatos inteiros das colónias vizinhas irão, mais cedo ou mais tarde, ocupar o habitat agora desocupado, a fim de tirarem proveito das vantagens que se mantêm, e o ciclo recomeça. Este fenómeno, ao qual se dá o nome de efeito de vácuo, foi documentado pela primeira vez pelo biólogo da vida selvagem Roger Tabor, nos seus estudos sobre os gatos de rua de Londres (Tabor, Roger, The Wild Life of the Domestic Cat, 1983.) Retirar a fonte de alimentação para alterar o habitat é um objectivo difícil de se alcançar de modo prático. Um contentor aberto, sacos de lixo mal fechados ou pessoas que deixam alimento quando vêem um gato de rua é o que basta para criar uma fonte de alimentação. É virtualmente impossível impedir as pessoas de alimentar os gatos. Já se demonstrou que, mesmo perante proibições legais (existentes em algumas autarquias do nosso país), as pessoas que se preocupam com os animais irão persistir no seu comportamento, de uma forma ou de outra.
Reprodução excessiva Capturar todos os elementos de uma colónia silvestre exige um esforço e persistência constantes. Poucas entidades oficiais de controlo animal possuem os recursos para o fazerem e, em vez disso, limitam-se a colocar umas armadilhas, apanhar os gatos que conseguirem e depois passar ao problema seguinte. Inevitavelmente, alguns gatos ficarão para trás. Estes animais têm agora menos competição pela comida e abrigo. O resultado é terem mais ninhadas, e um maior número das suas crias irão sobreviver, até se voltar a alcançar o nível populacional antigo. Abandono Os gatos domésticos são frequentemente abandonados na rua e, normalmente, não são castrados. Estes animais também podem reproduzir-se muito rapidamente num território adequado de onde uma colónia silvestre tenha sido retirada, mas que continue a ter comida e abrigo.
Falta de recursos das entidades camarárias Poucas cidades ou vilas têm os recursos para capturar todos os gatos silvestres que habitam as suas freguesias. Em cidades grandes, por exemplo, onde há muito poucos profissionais camarários, e as populações silvestres ascendem, pelo menos, às dezenas de milhar, capturar e abater não é sequer uma opção. Estes quatro factores o efeito de vácuo, a reprodução excessiva, o abandono e a falta de recursos das entidades camarárias tornam, em conjunto, a captura e abate um método totalmente ineficaz, quando comparado com o método CED de controlo populacional dos gatos silvestres e vadios. As comunidades que ainda utilizam o primeiro método têm, de ano para ano, níveis crescentes de gatos capturados, além de acumularem queixas e taxas de abate. A única coisa que se obtém é uma rotatividade da população novos felinos, mas certamente não em menor número. Parar de alimentar À primeira vista, este método atrai pela sua simplicidade não alimente os gatos e eles irão embora. O problema é que, a não ser que haja outra fonte de alimentação por perto, eles não irão a lado nenhum. Os gatos silvestres são extremamente territoriais e não se afastarão muito à procura de comida. Em vez de se afastar, os gatos tendem a aproximar-se, arriscando mais a aproximar-se das habitações humanas à medida que o seu desespero aumenta. Além disso, um gato pode passar semanas sem comer e, ainda assim, reproduzirse. Fazer os gatos passar fome vai resultar apenas em animais esfomeados e pouco saudáveis, vulneráveis a doenças e infestações parasitárias, como as pulgas. O que parecia uma solução simples acaba por tornar a situação bem pior.
Além do mais, não há nada mais difícil do que tentar impedir aquelas pessoas que se preocupam de alimentar os gatos de rua, ainda mais quando sabem que estão a passar fome. Há pessoas que arriscam os seus empregos, os seus apartamentos e até se arriscam a ser fisicamente agredidos só para evitar que os animais passem fome. Tentar afastar os gatos silvestres retirando a comida resulta, normalmente, em gatos a sofrer e conflitos com quem os alimenta, mas pouco mais. Salvamento ou realojamento O objectivo de salvar todos os gatos silvestres que existem e colocá-los em lares não é, de todo, realista. Há simplesmente demasiados gatos e adoptantes a menos. Talvez este cenário um dia mude, mas ainda estamos longe disso. Faremos melhor uso dos nossos recursos a castrar a população felina silvestre do que a passar pelo moroso e incerto processo de socializar e alojar gatos silvestres. Além disso, temos que ter em mente que, em nome do bem-estar do gato, deixá-lo viver ao ar livre pode ser uma escolha muito mais humana do que colocá-lo dentro de uma jaula durante anos ou deixá-lo viver escondido debaixo de uma cama. Recolocar os animais num local seguro ou num santuário é uma solução aplaudida por muitas pessoas quando se cruzam com uma colónia silvestre em apuros. No entanto, há muito poucos santuários animais, e os mesmos estão constantemente com falta de espaço e sobrelotados. Se vai deslocar a colónia, terá que encontrar um local adequado, bem como alguém disposto a comprometer-se a alimentá-los para sempre. Se for bem sucedido na obtenção destes factores, também temos que ter em conta o acto de realojamento, que também é difícil, sendo necessário confinar os gatos durante duas ou três semanas no seu novo habitat, para que estes se orientem num território que não conhecem e aprendam que a fonte de comida se alterou. Mesmo que tudo seja feito de forma adequada e segundo as regras, ainda é possível que uma grande percentagem de gatos desapareça se o novo território não for bem cercado. O salvamento e realojamento também sofre dos mesmos defeitos que a captura e abate, no que toca ao controlo da população animal. Remover os animais silvestres sem alterar o seu habitat eliminando da fonte de alimentação significa a criação de um fenómeno misto entre o
efeito de vácuo, a reprodução excessiva e repopulação por parte dos gatos abandonados, que vão, com o tempo, fazer com que a colónia regresse ao seu estado anterior. Não fazer nada Se nada for feito, uma colónia atingirá o tamanho maior que lhe for naturalmente possível, que será o resultado da disponibilidade alimentar e de abrigo. Quando a capacidade desses recursos for excedida, o controlo da população surge na forma de doenças e fome. Todos os problemas associados às colónias bravias não controladas vão continuar, incluindo o barulho, o cheiro, as queixas, gatinhos a morrer e o dinheiro dos contribuintes a ser gasto com as entidades camarárias a tentar, sem sucesso, resolver a situação. Em suma, tentar simplesmente retirar os gatos bravios do seu território seja abatendo, realojando-os noutro local ou levando-os para um santuário não diminui o número de animais. No ciclo da Natureza, gatos novos substituem os antigos e nada muda no que toca à superpopulação e aborrecimentos. Deixar os gatos onde se encontram e castrá-los pelo método CED é a única esperança de melhorias. Este texto foi retirado do link: http://www.animaisderua.org/informacoes/alternativas_falhadas_ao_ced