ISSN: 1981-3031 O PAPEL DOCENTE EM UM CONTEXTO DE INTERAÇÃO ONLINE UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO DE EXTENSÃO PARA FORMAÇÃO DE TUTORES



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Transcrição:

O PAPEL DOCENTE EM UM CONTEXTO DE INTERAÇÃO ONLINE UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO DE EXTENSÃO PARA FORMAÇÃO DE TUTORES Rose Madalena Pereira da Silva 1 Sara Ingrid Borba² Resumo Este artigo trata de um estudo no âmbito do Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA/MOODLE em um curso de extensão para formação de tutores em Educação a Distância (EAD), realizado em uma Universidade Federal, tem como objetivo analisar o papel docente em contextos de interação online, observando que, no cenário atual dos avanços tecnológicos no qual vivenciamos outras formas de comunicação e informação, a interação é um dos elementos fundamentais a esta prática educativa, em que se apresenta como problema a dificuldade de superação da prática pedagógica tradicional que insiste em acontecer nos meios online como forma de transposição dos contextos presenciais e que se fez presente nas propostas de atividades de algumas disciplinas do referido curso, não oferecendo de forma efetiva processos de interação. Foi tomada como pesquisa qualitativa de abordagem analítica com levantamentos de dados a partir da vivência direta das pesquisadoras com o objeto de estudo. Os resultados nos mostraram que há uma necessidade de repensar a construção das disciplinas e cursos no ambiente virtual de aprendizagem, voltando-se para conscientização dos professores em superar o tempo espaço e, sobretudo a prática costumeira de transposição do presencial para o online. Palavras chave: Interação. Docência. Educação Online. 1 Introdução No contexto atual é indispensável a utilização das tecnologias enquanto suporte nas atividades humanas, e a cada dia surgem mais demandas a serem superadas em nosso meio, exigindo dos sujeitos deste mundo moderno, competências específicas para lidar com essas novas ferramentas em que o conceito de tempo e de espaço, são superados com a rapidez das tecnologias. A este respeito nos referendamos a Bauman (2001) quando trata os conceitos dessa sociedade dissolvidos na ideia de modernidade líquida em que tudo se dá no hoje, no presente e, portanto influenciados pelo desenvolvimento da ciência e das novas tecnologias, considerando aqui a sua transitoriedade. 1 Pedagoga, Psicopedagoga e Pós graduanda em Mídias. rosemadalenag11@gmail.com ² Pedagoga, Mestre em Educação Popular Comunicação e Cultura. saraingridb@gmail.com 1

Nesse contexto o que potencializará a educação a distância, (especificamente a educação online), passa pela necessidade em atender esta realidade que precisa ultrapassar o tempo e o espaço, trabalhando de forma colaborativa, mediada pela interação e comunicação, fatores intrínsecos na educação a distância e que requer que os objetivos e valores, os meios, as formas de interação entre os sujeitos e o conhecimento estejam inter-relacionados promovendo o processo de construção dos saberes. Portanto, colocamos como categoria de análise deste estudo a interação e assim, percebemos a necessidade de discutir a atuação docente na educação online com vista à construção de processos de interação no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA/MOODLE), pois a possibilidade de reprodução do modelo tradicional de ensino acaba por fragilizar o real sentido da modalidade de ensino a distância, especificamente a educação online. É necessário ressaltar os saberes que norteiam a atuação dos professores que atuam na educação online como algumas das principais questões a serem tratadas e diferenciadas do ensino presencial. Um dos aspectos é que o docente não atua sozinho nem como detentor do conhecimento. O conhecimento é construído a partir de uma relação colaborativa entre os vários sujeitos que atuam no processo de ensino aprendizagem. Neste sentido, pretende-se através de observação, coletar e analisar amostras de propostas de atividades de um curso de formação de professores tutores, ocorrido em uma universidade pública federal, no sentido de identificar as principais ferramentas utilizadas e o encaminhamento do ensino frente a proposta de interação de um curso em educação online. A estrutura deste artigo encontra-se da seguinte forma: uma abordagem conceitual sobre o papel docente na educação online; em seguida o professor tutor e a interação na docência online, seguido de argumentações sobre os dados apresentados e por fim, algumas considerações sobre a problemática. 2 O papel docente na educação online O contexto da globalização traz paradigmas multifacetados, e requer dos sujeitos o domínio de ferramentas anteriormente inexploradas que passaram a ser desenvolvidas a partir das novas tecnologias e do acesso a internet. 2

De acordo com Silva (2003), na educação online os papéis do professor se multiplicam, se diferenciam e se complementam, exigindo uma grande capacidade de adaptação e criatividade diante das novas situações que envolvem o ensino e a aprendizagem, consequentemente as propostas e atividades devem favorecer as interações antes não existentes ou que aconteciam em momentos esporádicos. Isto nos remete a refletir que a educação online exige definição de metas e objetivos a serem desenvolvidos em todo o processo ensino e aprendizagem. A este respeito, vejamos o que nos diz Pesce in: Silva e Mercado (2010, p.03): Na docência online, as principais implicações dos desenhos didáticos costumam centrar-se nas ações de tutoria e avaliação. Pensar na natureza singular da docência on-line e na sua relação com o desenho didático implica abordar temas como as especificidades do meio, notadamente as formas de comunicação a partir de três determinantes circunstanciais, as interações no ambiente de rede, a temporalidade inerente à aprendizagem em tais ambientes e os processos de acompanhamento e avaliação de aprendizagem. O desenho didático escolhido para o curso poderá ajudar a definir a atuação do docente. Inicialmente temos na figura do docente o seguinte: o docente que pode ser o formador, o docente autor/conteudista, o docente especialista, o docente tutor (presencial ou online). Verifica-se a existência de controvérsia quanto as especificidades do papel do professor, pois observa-se que as inúmeras demandas explicam a diversidade de papéis para este sujeito. Contudo, em todas as ações docentes é importante garantir a atenção, a interação e a cooperação em que a prática pedagógica seja baseada em modelos de ensino levando em conta o aluno, o professor e a tecnologia num conjunto de construção de competências e habilidades capazes de fornecer condições para a construção do conhecimento necessário ao enfrentamento dos desafios neste mundo moderno. Na educação online não basta o professor saber sobre, é necessário para que haja aprendizagem, saber ensinar sobre. De acordo com Rozendo in: Souza e Filho (2006) afirmam que para saber ensinar não basta experiência e conhecimentos específicos, faz-se necessário, também possuir saberes didáticos - 3

pedagógicos, os quais farão parte de um amplo e diverso grupo de saberes necessários a prática pedagógica docente. De acordo com Belloni (2001, p. 81) a formação de professores na EAD, contempla três dimensões: A dimensão pedagógica, a dimensão tecnológica e a dimensão didática. Ainda segundo o autor: A dimensão pedagógica (orientação, aconselhamento e tutoria: conhecimentos do campo específico da Pedagogia); A dimensão tecnológica envolve (relações entre as tecnologias e a Educação: utilização de meios técnicos disponíveis que inclui produção, avaliação, seleção e definição de estratégias de uso de materiais pedagógicos); A dimensão didática (formação específica do professor em determinados campos científicos sempre atualizados). Enfatizar os saberes neste estudo nos abre a possibilidade de enxergar com mais clareza que o docente que atua na educação online, precisa não apenas de domínio de conteúdo, chamado por alguns como saberes da área de conhecimento, vai além, caminha pela necessidade de saber conduzir de maneira coerente e eficiente os conhecimentos que devem ser ensinados, aliados ao uso das ferramentas tecnológicas de maneira contextualizada tendo como princípio a interação entre os sujeitos. Esta prática irá exigir do professor habilidades específicas de domínio das tecnologias para que se utilize desta na elaboração didática da disciplina. Por exemplo, saber fazer uso da wiki, blog, software, etc. Ao nos depararmos com os cursos desenvolvidos na modalidade de educação a distância (EAD), fica claro a importância de professores e alunos interagindo numa sala de aula virtual a partir de um AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) uma vez que os mesmos não se encontram no mesmo tempo e espaço. Neste tocante, Neder In Preti (2005) aponta a educação a distância como uma possibilidade de (re)significação paradigmática no contexto do processo de formação de professores, nesta nova configuração de formação e exercício, o professor terá que (re)aprender a desenvolver sua prática pedagógica aliada aos novos desafios da sociedade atual. 4

Ao participar de cursos a distância sendo como professor tutor ou como aluno, percebemos que as disciplinas com materiais construídos para cursos à distância, na maioria das vezes, os professores parecem não conhecer a prática que deve ser desenvolvida, que o perfil do professor, aluno e ambiência é totalmente diferente dos modelos presenciais. Mas, o que costumamos ver são transposições de processos de ensino presencial para os cursos â distância seja na maneira de desenvolver práticas, tarefas e modelo de avaliação. É emergente que os docentes compreendam que esta nova modalidade de ensino e aprendizagem é um espaço que busca favorecer a interação entre os sujeitos, visando à construção coletiva, na qual seu papel não é somente de transmissor de conhecimentos, mas de um elo indispensável ao processo criador. 2.1 O professor tutor Diante das novas tecnologias e das exigências atuais do mundo moderno, a necessidade intensa de qualificação e dos investimentos em formação profissional, principalmente na área de educação vem aumentando constantemente. Com isso, o aumento de cursos à distância tem sido mais rápido que as possibilidades de capacitar os profissionais para assumirem seus papéis. O papel de docente tutor tem sido um dos mais indispensáveis nesta dinâmica, embora, o que temos é o preenchimento dessa demanda com profissionais das mais diversas áreas nesta atuação, a qual pode resultar na reprodução de suas experiências enquanto aluno baseada na postura de professores tradicionais se refletindo no âmbito da EAD. Passando assim, a reproduzir o perfil do professor tradicional, quando em processos de mediação, comprometendo a construção de uma identidade própria, além de tornar a aprendizagem um mero reproducionismo. Dessa forma, nos questionamos quem deve ser tutor no processo ensino aprendizagem de Educação à Distância? Inicialmente podemos afirmar que para atuar no curso de Pedagogia, o pedagogo é o sujeito mais indicado, uma vez que segundo autores como Litwin (2001), para o papel do professor tutor exige-se um profissional com habilidades pedagógicas, docentes e a capacidade de atuar como professor online. E ainda, ser capaz de estabelecer contatos online, promover 5

através deste meio virtual o desenvolvimento da aprendizagem do aluno e, contribuir para o crescimento das potencialidades intelectuais e comunicacionais. E ainda em Litwin(2001, p.99) um bom docente cria propostas de atividades para a reflexão, apóia sua resolução, sugere fontes de informação alternativas, oferece explicações, facilita os processos de compreensão; isto é, guia, orienta, apóia, e nisso consiste o seu ensino. Afirma referindo-se ao professor tutor e o seu papel na educação online. O tutor é o fio condutor do processo de ensino a distância, pois é ele quem faz a ponte entre instituição, professores, conteúdos e alunos, através do contato permanente fortalece esse elo, sem o qual se perde o foco. Constatamos que sem a atuação efetiva do tutor online, o aluno perde o rumo desejado. Segundo Gonzalez (2005, p. 80). A medida que o processo de aprendizagem se efetiva, a relação do aluno com o tutor muda, aprofunda-se, estreitando o laço afetivo e propiciando a permeabilidade educativa, uma vez que a Educação deve ser vista sempre como uma prática social ligada à formação de valores e práticas do indivíduo para a vida social[...]. No âmbito da educação online contamos que o professor tutor desenvolva o papel de um professor, um interlocutor, não se reduzindo a conselheiro, facilitador da instrução. É necessário que este promova múltiplas possibilidades de experimentação e expressão, disponibilizando uma montagem de conexões em rede. Mas tudo isso não se dá solto isolado, tanto as atividades presenciais como as atividades à distância precisam estar atreladas a um plano, um projeto político e pedagógico, uma educação com princípios e valores e com objetivos claros e definidos, os quais irão apontar uma proposta pedagógica coerente para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. 2.2 A interação e a docência online A palavra interação já nos remete a ideia de que mais de um sujeito está envolvido no processo, nesse sentido afirmamos que a docência é uma ação que, especificamente humana, necessita de interação, trocas, mediações. Pode-se afirmar que as interações acontecem entre pessoas e sujeitos; sujeitos e objetos em reciprocidade e contextualizados (Freire, 1996) para a construção de 6

aprendizagens que podem resultar na construção de estruturas cognitivas, levando em conta a aprendizagem sobre as circunstâncias socioculturais, baseadas em suas experiências cotidianas no âmbito das relações sociais. A docência assim, não acontece isolada, é, pois mediada pelas ações interativas e no contexto da Educação a Distância (EAD) não está associada necessariamente a interação face a face, considerada por Thompson (1998) como interação tradicional. Segundo a qual, Na interação face a face os indivíduos relacionam-se na aproximação e no intercâmbio de formas simbólicas em um ambiente físico compartilhado. Quanto as tradições orais. (...) o desenvolvimento dos meios de comunicação, veio oferecer novas formas de ação e novos tipos de relacionamentos sociais. A interação pode dissociar-se do ambiente físico, estendendo-se no espaço e proporcionando uma ação a distância. (PRIMO, 1999, p. 18-16) A docência em educação online, embora não tenha a presença física dos sujeitos no mesmo espaço tempo, quando assíncrona, necessita de um elemento desencadeador de aprendizagem, que é a interação aspecto indispensável de qualquer modalidade do processo de ensino aprendizagem e que também ocorre na educação online através das várias possibilidades de interação como o fórum e demais formas interacionais. Outro elemento indispensável é o professor e o tutor como mediador da aprendizagem, agindo de forma que a interação possa acontecer através da coautoria e a colaboração aconteça com vias a construção de processos de aprendizagens. Nesta perspectiva, Costa (2009, p. 122) nos diz que: Para o bom desempenho da aprendizagem em EAD a participação do tutor é indispensável, pois seu papel é apoiar e orientar os estudos, as leituras críticas, o estudo autônomo, a autodisciplina do aluno, além de proporcionar a interação e construção conjunta do conhecimento. Constatamos assim a importância do docente habilitado para a utilização das ferramentas tecnológicas capazes de potencializar o processo de ensino no 7

Ambiente Virtual Aprendizagem (AVA), afastando-se da ideia de transposição do ensino tradicional para a educação online. 3 Percurso realizado na pesquisa O objeto deste estudo foi o curso de extensão para o aperfeiçoamento para formação da tutoria, ocorrido no primeiro semestre de 2014. A pesquisa está fundamentada nos pressupostos da pesquisa qualitativa, utilizando-se da observação, estudo bibliográfico e as próprias considerações enquanto tutores participantes do curso. A análise de dados coletados no ambiente de formação o AVA, foi realizada, tomando como amostra duas disciplinas do curso, uma disciplina que, a partir das mais variadas ferramentas ofereceu possibilidades de interação e a que menos desenvolveu atividades interacionais. Os aspectos observados foram voltados para responder a seguinte questão: as atividades propostas oferecidas nas disciplinas do curso promoveram a interação entre os diversos sujeitos da aprendizagem? Quais as ferramentas que melhor promoveram a interação entre os sujeitos? A análise foi realizada a partir de observações no AVA, resultando numa representação destes dados, trazendo aspectos sobre as ferramentas mais utilizadas nas disciplinas e assim relacioná-las com as suas propostas de atividades e possibilidades de interação. 3.1 Análise dos dados No contexto de educação online é necessário que se perceba a importância da ação docente como pressuposto indispensável ao processo de interação, inclusive no sentido de planejamento da proposta a ser desenvolvida no AVA/MOODLE, quanto a escolha das ferramentas e do conteúdo, ressaltando a preocupação também com a interação enquanto processo autônomo de construção do conhecimento. Neste sentido tomaremos como categorias de análise deste estudo, o papel docente e as possibilidades de interação nas disciplinas postadas no AVA, durante o referido curso de tutoria. 8

O curso de tutoria foi organizado de forma que viesse favorecer o aperfeiçoamento das habilidades e competências de um professor/tutor, tem em sua primeira disciplina, (D1) Ferramentas, Recursos e Mídias para a EAD um rol de atividades capazes de promover aprendizagens significativas a este profissional. No desenrolar das atividades foi oferecido o plano da disciplina no qual percebemos a proposta de ação e que despertou o interesse no grupo pela variedade de atividades a serem realizadas. Nesta disciplina percebe-se o AVA enquanto espaço de aprendizagem envolvendo de fato, as tecnologias, pois é possível encontrar disciplinas que usam o espaço do AVA apenas como local de postagem de atividade. Pode-se dizer que este foi realmente um espaço de construção apesar do pouco tempo e da cobrança sobre o cumprimento do uso adequado do tempo. Outro aspecto significativo, foi a clareza das informações, organização das atividades de forma agradável tornando fácil o manuseio das interfaces, os vídeos postados com explicação feitas pelo professor da disciplina ajudavam a desenvolver as atividades, tornando o ambiente virtual, bem planejado e autoexplicativo, promovendo a autonomia do aluno EAD. A disciplina que tomaremos como pouco facilitadora da aprendizagem e interação foi Avaliação da aprendizagem, (D2) esta apresenta um rico ambiente em fundamentação teórica, não apresentou o plano de ensino da disciplina e as ferramentas utilizadas não demonstraram preocupação em promover, de forma efetiva, a interação da aprendizagem, pois a proposta de utilização destas ferramentas não foi suficiente para o fortalecimento da interação e acabaram por reproduzir um modelo tradicional de ensino quando solicita, na maior parte das atividades, a elaboração de resumos e construção de textos para a postagem de tarefa. Assim percebe-se que a interação não foi promovida e apenas utilizou o AVA como repositório de tarefas em que cada um realizou sua atividade e postou no ambiente. 3.2 Analisando o uso das interfaces nas disciplinas A primeira disciplina analisada apresentou sete atividades, sendo que dentre estas destacamos quatro que mais envolveu os sujeitos no processo de interação. 9

Compreendendo interação como elemento indispensável para aquisição do conhecimento valorizando o diálogo e a autonomia dos sujeitos. A disciplina foi Ferramentas recursos e mídias na EAD, a segunda disciplina foi Avaliação da aprendizagem aparece com uma proposta de sete atividades e de forma geral não trouxe contribuições relevantes quanto a promoção da interação no processo de produção do conhecimento. 3.3 Fórum Podemos observar que o processo de interação está intimamente associado a escolha didático pedagógica que o professor faz no encaminhamento da disciplina, bem como as ferramentas adequadas para favorecer a construção de conhecimento. Neste sentido possibilitando, através das ferramentas tecnológicas, a superação da distância da questão do tempo e do espaço, e que os participantes possam agir como protagonistas e sujeitos ativos de seu próprio processo de aprendizagem. Dentre as várias ferramentas utilizadas percebemos que a mais comum é o fórum e, segundo Freitas (2009) diz respeito a uma interface denominada de Espaço assíncrono de atividades discursivas e colaborativas Interface híbrida, bidirecional, polifônica, aberta ao diálogo, à coparticipação e à interatividade. Ele aparece em todas as disciplinas do curso, inclusive as duas disciplinas em análise. Na primeira disciplina o fórum aparece três vezes, sendo um com a proposta de discussão colaborativa, o outro trata reconhecimento entre os participantes da disciplina e no terceiro trata de um questionamento em que todos podem se posicionar e discutir a opinião com os demais a partir da visualização de um vídeo sobre aspectos conceituais a respeito do tema. O primeiro fórum da (D1) apresenta-se como espaço socializador em que os participantes puderam se apresentar e conhecer uns aos outros e a partir daí foi sugerido a criação do perfil no AVA, além deste, tivemos um fórum preocupado em tirar dúvidas e outro Precisa de ajuda para auxiliar o participante nas questões técnicas. Tais fóruns não foram analisados quanto ao processo de interação, apenas para auxiliar aos demais no processo de realização das atividades. 10

O fórum da (D1): Porque usar ambientes virtuais de aprendizagem? Vem com a seguinte proposição: O cursista deve discutir colaborativamente, junto ao tutor e seus pares, sobre as potencialidades das TIC e dos AVA e de maneira específica o Moodle. Deverá tomar por base o texto e o vídeo sugeridos. Observou-se a flexibilidade no posicionamento dos participantes quanto a discutir de forma colaborativa o aspecto central do texto e do vídeo, colocando a contribuição como relevante no processo construtivo. A segunda disciplina ao trabalhar com o fórum trouxe o seguinte: Na primeira proposta de fórum traz como atividade: 1-Este Fórum é para vocês colocarem seus conhecimentos prévios acerca da Avaliação da Aprendizagem. Como vocês acreditam que deve ser a avaliação em AVA? Fiquem a vontade para se colocar e também para comentar o ponto de vista de seus colegas de curso. Vamos utilizar esse espaço para discutir sobre o texto PERCURSOS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM AMBIENTES DE FORMAÇÃO ONLINE, verificando os indicadores, seus conceitos e suas relações com os objetivos estabelecidos nos quadros. Aguardo as contribuições! Neste, o fórum veio com boa proposição em que os alunos se posicionam e articulam os conhecimentos com autonomia e em colaboração com os demais, permitindo que os professores percebam suas compreensões a cerca da temática. 3.3 CHAT Na segunda proposta de atividade na (D1)consta de um chat: O que fazer quando percebo que meu aluno fez um plágio? Nele se discute o plágio: O cursista deve ler o caso sugerido e analisá-lo à luz de materiais complementares bem como a partir de suas experiências para discutir em grupos de até cinco componentes sobre o Plágio. Nesta atividade, houve dificuldades no processo de cumprimento de horário por uma das turmas de cursistas, mas em sua maioria compareceram. Sendo uma relevante possibilidade de construção de conhecimento de coautoria, pois o chat tem a intenção de promover a discussão em tempo real em forma colaborativa de um para todos e todos para todos. O chat é entendido como: 11

Interface síncrona de aprendizagem online. Proporciona interatividade entre todos os sujeitos que estiverem conectados pelo ambiente virtual de aprendizagem, espaço online de comunicação e socialização de informações. Freitas (2009) Esta interface depende da disponibilidade de cada sujeito em um mesmo horário, no entanto quando ocorre é a que mais pode promover a interação na relação virtual de um curso online. Nela encontramos além de participações envolvendo os conteúdos trabalhados, a presença de conversas sobre questões pessoais e estreitamento de amizades. A proposta de trabalhar com o chat no início da disciplina, foi significativa, além do que estreitou laços no grupo, uma vez que ao final do curso tivemos a produção de um trabalho em dupla e isso aproxima os participantes do curso, inclusive durante o curso facilitou a interação. 3.4 Glossário A proposta de um glossário Explorando as mídias e os recursos didáticos na web, foi a mais intrigante, O cursista deve explorar os recursos do Banco Internacional de Objetos Educacionais, bem como os recursos do Portal do Professor, selecionar 20 termos que podem ser encontrados nesses repositórios e buscar suas definições. Os termos e suas definições devem ser compartilhados na interface Glossário. Poderíamos afirmar que esta atividade tinha como intenção de promover a interação mediada pelos repositórios (portal de professor, banco internacional de objetos internacionais), aos quais apresentaram situação conflituosa, pois as propostas de palavras pesquisadas não eram aceitas no link de postagem sugerido pelo professor, uma vez que a maioria destas, relacionadas as tecnologias, já haviam sido postadas. Assim não foi possível realizar a contento tal atividade pelos que participaram por último. 3.5 Wiki A quarta atividade da primeira disciplina (D1) utilizou a ferramenta wiki O desenho do curso online, propondo: O cursista será agrupado com até mais quatro 12

cursistas para que componham um grupo e no diálogo com seus pares possa construir colaborativamente, tomando por base suas produções nas atividades anteriores, o desenho de um curso online. Esta proposta foi enriquecedora no sentido de que oferecia ao tutor a possibilidade de experimentar a construção de um desenho de um curso online, o que pode ter permitido compreender as inter-relações entre cada etapa do processo de construção do conhecimento a partir da elaboração de uma disciplina. Nesta, se percebe mais uma vez a promoção da colaboração e também da cooperação. A WIKI, significa de acordo com Freitas (2009) espaço coletivo de compartilhamento de saberes. É utilizado para identificar um tipo específico de coleção de documentos em forma de hipertexto ou software colaborativo usado para criá-lo. É uma ferramenta de escrita que incentiva a autoria coletiva de textos. 3.6 Mapa Conceitual A quarta tarefa da (D2) propõe observar o mapa conceitual e fazer um texto de no máximo duas laudas. O Mapa conceitual é um rico instrumento de colaboração da construção do conhecimento e segundo Freitas (2009) Dispositivo de apoio pedagógico, usado em diversos momentos do ensino-aprendizagem: como recurso didático, análise de currículo e procedimento de avaliação. Interface de aprendizagem a partir da construção de conceitos e proposições relevantes. Nele, observamos que o espaço destinado a sua postagem serve apenas como repositório sem o mínimo de possibilidade de interação no qual deixou de experienciar a colaboração entre os pares no processo educativo desenvolvida em ambientes tecnologicamente mediados, no entanto a leitura do mapa possibilita a compreensão de conceitos importantes a serem estudados. 3.7 Tarefa A segunda proposta de atividade da (D2), propõe fazer um resumo do trecho que trata da avaliação formativa e processual. Caros cursistas, esta atividade consiste num resgate do que foi considerado significativo para a compreensão da 13

temática e que poderá contribuir com a prática pedagógica no seu cotidiano, seja ela em situações presenciais ou à distância. Em no máximo duas laudas, façam uma relação das questões significativas que são abordados nessa disciplina, na perspectiva de fazer um resgate do conteúdo estudado. Esta atividade não garante a proposta de interação, corresponde apenas a uma produção escrita em que o cursista interage consigo mesmo e o texto. A terceira tarefa da (D2) traz a orientação A partir da leitura do material: Indagações sobre o currículo aponte qual é a função da avaliação. Vemos nesta mais uma vez que a proposta de interação fica dissociada do processo no qual se considera o diálogo visto deste ponto de vista como elemento necessário para a comunicação e consequentemente para a aquisição do conhecimento. A (D2) em sua atividade final propõe que se: Faça uma relação das questões significativas que são abordadas nesta disciplina, na perspectiva de fazer um resgate do conteúdo estudado. Esta atividade foi postada como tarefa, no entanto é possível considerá-la como uma atividade de resgate de conhecimentos a cerca da temática abordada, que foi avaliação. Neste sentido, só resta-nos a intenção de intensificar nossas pesquisas sobre este estudo na tentativa de ampliar a discussão sobre a importância da interação enquanto princípio de promoção da aprendizagem no AVA. 4 Algumas considerações conclusivas Ao longo de toda a discussão realizada, tentamos evidenciar que é indispensável que o docente perceba que o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) possui potencialidades pedagógicas que podem e devem ser utilizadas através das diversas interfaces, inclusive as que foram ressaltadas no texto, pois elas buscam dinamizar o ato de ensinar e aprender, fazendo que o conhecimento seja adquirido na forma de coautoria (aprendizagem colaborativa) e constantemente retroalimentado. O que precisamos é atentar para o desafio de construir no AVA uma dinâmica capaz de promover a interação, viabilizando a construção do conhecimento de forma conjunta, superando a impessoalidade, o distanciamento, garantindo a superação 14

tempo e distanciamento geográfico. E, sobretudo, chamar a atenção para as competências técnicas e os saberes pedagógicos que podem ser desenvolvidos a partir da boa atuação do professor, principalmente para romper o paradigma da transposição em copiar do presencial para o online, dando espaço ao colaborativo/interacional. Acreditamos que esta análise seja apenas as interpretações de tutoras que participaram do curso e que tem em comum o interesse na pesquisa sobre interação em ambientes virtuais de aprendizagem e que ousaram apresentar suas compreensões, na tentativa de oferecer um outro olhar sobre este processo. REFERÊNCIAS BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. 1ª ed. Rio de Janeiro: J. Zahar Ed., 2001. BELLONI, M. L. Educação a distância. Campinas: Ed Autores e Associados, 2001. COSTA, C. J. S. A.; PARAGUAÇU, F.; PINTO, A. de C. Experiências interativas com ferramentas mediáticas na tutoria online. In: Em Aberto, Brasilía, vol 22, N 79, página 121-137, janeiro, 2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e terra, 1996. FREITAS, Mª Auxiliadora S. Avaliação da Aprendizagem em ambientes de formação online: aportes para uma abordagem hermenêutica. Tese (doutorado). UFBA: Faculdade de Educação, Salvador, 2009. GONZALES, Matias. Fundamentos da tutoria em educação a distância. São Paulo: AVERCAMP, 2005. LITWIN, Edith (org.) Educação a distância: Temas para debate de uma nova agenda educativa. Pporto Alegre, ARTMED, 2001. PRETI, Oresti (Org.). Educação a Distância: Sobre discursos e práticas. Brasília: Líber Livro Editora, 2005. PRIMO, Alex. Interação mútua e interação reativa: uma proposta de estudo XXI. Congresso da Intercom. Recife PE, set. 1988. 15

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