INCUBADORAS DE EMPRESAS COMO MECANISMO DE INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA



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Transcrição:

INCUBADORAS DE EMPRESAS COMO MECANISMO DE INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Joyce Lene Gomes Cajueiro Universidade Federal de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Rua Acadêmico Hélio Ramos, s/n Cidade Universitária Recife Pe. Cep: 50.740-530. e-mail: joycecajueiro@uol.com.br Prof. Dr. Abraham Benzaquen Sicsú Universidade Federal de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Rua Acadêmico Hélio Ramos, s/n Cidade Universitária Recife Pe. Cep: 50.740-530. e-mail: sicsú@fundaj.gov.br Abstract This paper argues the rapidity in the technological changes and the importance of the innovation for the survival of the micro and small companies, mainly ones of technological base. It presents an analysis of the process of incubation of companies, its characteristics and involved actors, identifying this process like a mechanism to consolidation and expansion of the companies who have as main raw material the scientific and technological knowledge. It explores the concept of incubators of innovations as an expansion of the idea of incubation of companies, that propitiates the development of new products and processes for companies already established in the market. It concludes that the incubation of companies are important mechanism of support administrative technician and for new enterprises of technological base. Key words: Incubators, News Business, Technological Innovation. 1. Introdução A criação e o fortalecimento de um novo empreendimento é um grande desafio. Transformar oportunidades de negócio em realidade depende do processo de desenvolvimento da empresa e da sua consolidação no mercado. São grandes as dificuldades de implantação de novos empreendimentos, num ambiente de negócios cada vez mais complexo e competitivo. Ter um bom produto não é suficiente para assegurar a sobrevivência da empresa, visto que os custos altos requerem investimentos elevados, os riscos aumentam devido à inexperiência da fase inicial, a conquista do mercado é lenta e problemas gerenciais podem levar boas idéias ao fracasso. A situação é agravada quando o conhecimento científico-tecnológico é a principal matéria-prima para constituição do produto, processo ou serviço como é o caso das empresas de base tecnológica. A seção 2 do artigo trata a inovação como fator imprescindível para atender às expectativas do consumidor cada vez mais exigente, e assim acompanhar às mudanças que ocorrem no mercado altamente competitivo. A seção 3 apresenta o conceito de incubadoras de empresas e ressalta o processo de incubação como um ótimo instrumento para promover conhecimento a respeito do ENEGEP 2002 ABEPRO 1

mercado, da evolução tecnológica no setor produtivo e dos segmentos concorrentes. Agregar experiências de outras áreas e preparar a empresa de pequeno porte para que possa entrar no mercado de forma fortalecida é outro de seus objetivos. A seção 4 introduz uma nova dinâmica de crescimento, a extensão do conceito de incubadoras de empresas para incubadoras de inovações, onde há incubação de produtos de empresas já existentes no mercado. A seção 5 apresenta as conclusões chamando a atenção para o fato de que a consolidação de empreendimentos inovadores é causada pelo investimento contínuo em conhecimento e tecnologia e que as incubadoras de empresas tornam possível a transferência do conhecimento científico-tecnológico para a sociedade, melhorando produtos, processos e serviços das empresas. 2. A necessidade Social de Introdução da Inovação É preciso acompanhar as mudanças que ocorrem no mercado, senão a empresa não consegue sobreviver num mundo tão competitivo que se moderniza a cada dia. A inovação proporciona não só resolução de problemas, também possibilita atender necessidades e expectativas dos clientes cada vez mais exigentes. O processo de inovação tecnológica abrange uma seqüência de atividades, nas quais o conhecimento técnico é transformado em realidade física e torna-se plenamente empregável numa escala que provoca substancial impacto na sociedade. (Leite, 2000; 404). Adaptar ou implementar uma inovação causa um impacto na sociedade, pois quando uma idéia é adicionada ao conhecimento, utilizando processos e equipamentos, gera um novo produto que seja aceito no mercado. O conceito de inovação pode ser usado quando houver aplicação de qualquer nova tecnologia, que resulte em novo produto, novo processo, alteração de atributo funcional ou econômico do produto ou processo, e que traga melhor situação para a empresa. Rosenthal, (1995) ressalta alguns aspectos específicos da inovação tecnológica, entre eles: 1. Há autores que acreditam que o conceito de inovação tecnológica transcende o âmbito da tecnologia. 2. A inovação envolve mudança no conjunto dos conhecimentos tecnológicos. 3. Há um maior detalhamento na resolução da tecnologia, abrindo o conjunto tecnológico em seus componentes aumentando o leque de oportunidades. 4. A mudança causada pela inovação, assim como seus efeitos, dependem da sua intensidade e variam entre radicais e incrementais, sendo que o primeiro tipo refere-se às mudanças amplas e profundas, como por exemplo, criação de um produto totalmente novo, já o segundo tipo, caracteriza-se pelo aperfeiçoamento de técnicas de fabricação que resulte na melhoria do produto existente. 5. A introdução e a difusão de inovação tecnológica está intimamente relacionado com as características do mercado, especialmente o dinamismo. As empresas são fortemente influenciadas pelos padrões prevalecentes nos mercados em que atuam. 6. Uma das principais características do sistema econômico atual é o ritmo cada vez mais intenso de desenvolvimento e introdução de inovações tecnológicas, baseadas na aplicação de novos conhecimentos científicos no aperfeiçoamento de produtos existentes ou no desenvolvimento de novos produtos. Para Porter (1990), a inovação ocorre em tecnologia, métodos, novos produtos, novas formas de administrar e produzir, novas maneiras de comercialização, identificação ENEGEP 2002 ABEPRO 2

de novos grupos de clientes (nichos), novos esquemas de distribuição, novas formas de aliança estratégica, etc. Para alcançarmos o sentido exato de inovação, faz-se necessário, diferenciar conceitualmente invenção e inovação. Para Freeman (1982) "um invento é uma idéia, um esboço ou um modelo para um dispositivo, produto, processo ou sistema novo ou aperfeiçoado. A inovação é um produto, serviço ou processo que pode ser comercializado, têm um mercado potencial e é obtida com base em conhecimentos técnicos, em invenções recentes ou provém de trabalhos de P&D. Para Rosenthal, (1995) a inovação pode ser vista como uma das principais armas de concorrência, e a prova disto o crescente volume de recursos aplicados nas atividades de P&D. A vantagem competitiva decorrente de uma inovação tende a ser maior e mais duradoura quanto maior for sua aceitação no mercado e mais difícil for, para os concorrentes, imitar a inovação ou introduzir outras mais eficazes. As convicções das empresas bem-sucedidas são baseadas em uma compreensão da dinâmica da concorrência. Supõem que administrar mudanças é a chave para se manter altos níveis de desempenho e admitem que por mais arriscado que seja inovar, não inovar é ainda mais arriscado. (Foster, 1998; 30). Há várias fontes de inovação, David Rosenthal divide as fontes de inovação em fontes externas (ou ambientais), internas e sinérgicas. São fontes externas aquelas que dizem respeito a sociedade como um todo e refletem, em grande medida, aspectos estruturais, resultantes de processos sociais de longo prazo. A maioria das fontes de inovação se encontra fora da empresa, porém estão diretamente relacionadas com o ambiente no qual está inserida. Entre elas podemos citar as instituições de apoio tecnológico e econômico, o sistema científico-tecnológico, os usuários dos produtos ou serviços, os fornecedores, os concorrentes. As fontes de inovação internas são as atitudes, recursos e mecanismos que levam a empresa a buscar deliberadamente e de forma sistemática a criação ou introdução de inovações. Entre as principais dessas fontes podem-se citar: a experiência acumulada na atividade inovadora; o nível de qualificação e motivação dos recursos humanos; atitude da empresa em relação à tecnologia, o compromisso institucionalizado com mudança e inovação, com a qualidade do produto e com a satisfação do cliente. As fontes sinérgicas advêm da capacidade de considerar a empresa como um todo, são conhecimentos associados que transcendem a área de atividade específica da empresa, e são incorporados para trazer avanços de outras áreas de atuação. São os mecanismos através dos quais a empresa está articulada com os subsistemas do ambiente gerando inovações. Geralmente estão associados às respostas das necessidades do mercado como um todo. Uma das principais fontes de inovação tecnológica é o acervo de conhecimentos científicos atualizados, eles estão disponíveis em bibliotecas, banco de dados, centros de pesquisas, universidades e ainda as mentes dos professores universitários... (Rosenthal, 1995). O êxito das empresas, principalmente as de base tecnológica depende do conhecimento científico-tecnológico que é desenvolvido pelas universidades e centros de pesquisas, transferido pelas incubadoras, difundido para várias setores e incorporado aos produtos, gerando novos produtos ou melhorando os já existentes. Neste contexto as incubadoras de empresas têm um papel importante, funcionam como mecanismo que induz o surgimento de novas empresas de tecnologia avançada, pois abrigam empresas que se propõem a desenvolver projetos que resultem em processos ou produtos de alta tecnologia. ENEGEP 2002 ABEPRO 3

3. Incubadoras de empresas As primeiras incubadoras de empresas surgiram na década de setenta como berçário de novos empreendimentos, e foram criadas para hospedar, amparar e consolidar microempresas na área tecnológica. Para Dias (1997), as incubadoras nasceram refletindo a crescente importância que passava a ter a inovação tecnológica como instrumento de estratégia econômica das sociedades avançadas, com a aceleração do desenvolvimento das novas tecnologias de base microeletrônica e de alta tecnologia, em geral. Eram, quase sempre, vinculadas a parques tecnológicos, surgidos e institucionalizados com um novo elo da cadeia de geração e utilização de conhecimento, que se estenderia da pesquisa básica, realizada em universidades e institutos de pesquisa, ao setor produtivo. As incubadoras de empresas instaladas nesses parques tecnológicos serviriam como um reforço a este elo, na forma de base de apoio especial às empresas nascentes de alta tecnologia especialmente aquelas criadas para exploração pioneira de resultados de novos avanços de conhecimento científico. Uma incubadora é um empreendimento que ajuda, colabora na execução de uma estratégia de desenvolvimento econômico por ser um micro-ambiente onde uma empresa pode desenvolver-se, no qual oferece-se espaço físico, mais um conjunto apropriado de apoios na área de serviços, na medida necessária em que o empreendedor precisa, quando ele demandar. Mas uma incubadora é primariamente o motor de arranque do desenvolvimento de uma empresa nascente. (Leite, 2000; 382). A incubação de empresas oferece infra-estrutura física e operacional que torna viável a implantação de novos empreendimentos, e segundo Medeiros (1994), deve ser encarada como um processo interativo que oferece apoio, envolve vários atores e forma uma rede de relações. Além de tornar possível a entrada no mercado de empreendedores que não tem base empresarial e precisam de orientação até que se tornem negócios independentes, o processo de incubação de empresas de base tecnológica, segundo Leite(2000), pode ser uma excelente fonte de criação de empregos, um bom mecanismo de transferência de tecnologia, facilitador do desenvolvimento de novas tecnologias ou novos produtos. O procedimento geralmente adotado pelas incubadoras para seleção de empresas nos programas de incubação é o edital público, que define as formalidades necessárias para o ingresso na incubadora. A maior parte das incubadoras está aberta a todo tipo de profissional que tenha projetos de base tecnológica. Para concorrer a estas vagas, é preciso estar atento à divulgação dos editais. Em geral o interessado apresenta um plano de trabalho para a incubadora, no qual deve constar o tipo de negócio que será montado, sua viabilidade, o perfil do consumidor, entre outros aspectos. Em seguida o plano passa pelo crivo de uma comissão de professores, profissionais que fazem parte do conselho da incubadora, e técnicos de órgãos parceiros. (Leite, 2000; 460). Para que uma empresa seja selecionada, é fundamental que o estudo prévio das possibilidades de êxito demonstre a viabilidade técnica e comercial, que possibilite inovação tecnológica e atenda as perspectivas das pessoas, proporcionando crescimento e melhoria de vida para região. Vistos anteriormente como meros distritos industriais e condomínios de empresas, os parques e incubadoras tecnológicas passam a ter um papel estratégico no novo modelo de desenvolvimento. Através deles as diferentes regiões podem criar uma marca atratora de investimentos e se inserirem na dinâmica de desenvolvimento. Neste sentido não podem ser vistos como balcão para ensaios de inventores e tecnólogos, mas sim, como sistemas complexos, que articulam diferentes agentes, visando à criação de especificidades que ENEGEP 2002 ABEPRO 4

dêem atratividades para a região. (Sicsú, 1997; 52). 3.1. Características Para Leite(2000), as incubadoras caracterizam-se pela geração e apoio aos empreendimentos de base tecnológica, e também assume o papel fundamental de agente de desenvolvimento industrial. Estão entre as empresas de base tecnológicas aquelas que a tecnologia agregada ao produto tem um peso maior do que o custo da matéria-prima neles incorporada, as que investem constantemente em pesquisa e desenvolvimento, buscando sempre a atualização ou inovação, e as que possuem colaboradores com alta capacitação técnica. Entre as empresas incubadas podemos citar experiências em vários setores; telecomunicações, eletrônica, informática, mecânica de precisão, biotecnologia, química, etc. A principal característica das incubadoras de empresas é o compartilhamento de experiências, pois no ambiente da incubadora, as constantes trocas de informações entre os participantes dos empreendimentos podem gerar novas idéias. Outras características são as vantagens oferecidas aos novos empreendedores, melhorando muito as condições necessárias para o desenvolvimento dos seus projetos. Entre as vantagens oferecidas podemos destacar o apoio logístico administrativo, suporte técnico, assessoramento especializado, custos acessíveis, despesas compartilhadas e as linhas de crédito especiais, além das facilidades e os serviços tais como: a) Infra-estrutura, espaço físico com laboratórios, biblioteca, auditório, sala de reuniões, de treinamento, almoxarifado, vestiário, sanitário, copa, etc. b) Consultoria gerencial para elaboração de propostas e identificação de fontes de financiamento, registro da propriedade industrial, assessoria em assuntos jurídicos, realização de estudos de mercado, etc. c) Auxílio técnico-administrativo tais como o serviço de secretárias, acesso aparelhos de telefones, fax, etc. Tais esforços, além de permitir que sejam colocadas em prática as idéias de cientistas e pesquisadores que desejem tornar-se empreendedores, contribuem para o processo de inovação, fazendo surgir novos empreendimentos, novos produtos e tecnologias que por sua vez, cria atratividade para a região. 3.2. Agentes Envolvidos Os principais agentes envolvidos na incubação de empresas são, institutos de pesquisas, universidades, centros tecnológicos, governo e setor produtivo. As empresas incubadas, que geralmente são formadas por pesquisadores, professores de universidades, alunos e ex-alunos. Para Leite(2000) os empreendimentos que fazem parte dos programas de incubação são de base tecnológica e não possuem cervo físico significativo, utilizando-se de fontes de informação, recursos humanos e laboratórios de fontes externas à empresa. O governo não pode deixar de participar ativamente, seja na sua esfera federal, estadual ou municipal. As fontes de fornecimento de recursos humanos materiais e financeiros podem vir do setor público ou privado. Entre as fontes financiadoras destacam-se as agências governamentais de fomento e financiamento dos estados, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e projetos (FINEP), Banco Nacional de Desenvolvimento Social, Banco do Brasil, bancos privados, ENEGEP 2002 ABEPRO 5

SEBRAE, associações industriais e comerciais, etc. As fontes representam as instituições responsáveis pela geração da tecnologia que motivou o surgimento da empresa. Uma universidade, um instituto de pesquisas ou uma grande empresa constituem as fontes iniciais de idéias e tecnologias. No processo de incubação elas continuam a alimentar a empresa em termos de equipamentos, laboratórios, recursos humanos e novos desenvolvimentos. (Medeiros et al, 1994; 19). As incubadoras de empresas também fazem parte do processo, é o agente que, segundo Medeiros compreende o espaço físico, com infra-estrutura técnica e operacional associada, especialmente configurado para transformar idéias em produtos, processos ou serviços. Quando há parceiros de renome envolvidos, eles contribuem para aumentar a credibilidade da instituição no mercado, pois através da integração entre os principais atores, a transferência de conhecimento e tecnologia proporciona desenvolvimento e modernização, melhorando a imagem da empresa e da região na qual está inserida. 4. Incubadora de Inovações As empresas de elevada base tecnológica devem investir continuamente no aperfeiçoamento dos seus produtos, para não correr o risco de ficarem obsoletas, criam novos produtos e conseguem sobreviver mantendo uma vantagem competitiva no mercado que atua e até conquistando mercados ainda não explorados. Cada região, cada economia local, cada estrutura estatal pode levar a propostas diferenciadas de mecanismos de intervenção a fim de ajudar a consolidar novos pólos dinâmicos. No caso das incubadoras, em regiões como a brasileira, experiências inventivas têm surgido. A incubação de inovações, ou produtos novos, é uma dessas. (Sicsú, 1997; 61). Para Dias (1997), uma incubadora de empresas, ao abrigar empresas nascentes inovadoras de produtos ou processos, é uma incubadora de inovações restrita a abrigar inovações associadas às novas empresas. Porém, devido à alta competitividade do mercado, e a difícil situação das pequenas e médias empresas, e das empresas que estão saindo do processo de incubação, o conceito de incubadoras já está se estendendo, segundo Barbosa as incubadoras também podem abrigar projetos de empresas já estabelecidas, a fim desenvolverem outros produtos com tecnologia inovadora. O alargamento do conceito de incubadoras de empresas para o de incubadora de inovações significa reconhecer a necessidade de se apoiarem ativamente inovações das empresas sejam elas nascentes ou já estabelecidas. Observa-se assim, que nas incubadoras de inovações podem coexistir dois tipos de empresas qualitativamente distintas. O primeiro é constituído por empresas nascentes, naturais participantes das já convencionais incubadoras de empresas, muitas vezes criadas, por pessoas vinculadas a universidade ou instituto de pesquisa, com vistas ao aproveitamento viabilizado por novos conhecimentos gerados nessas instituições de nichos de mercado e/ou de recursos locais; tipicamente, elas têm sede na incubadora, não ocupando nenhum outro espaço externo. A segunda classe abrange aquelas empresas, tipicamente com sede e atividade produtiva regular externas à incubadora, que são atraídas pelas vantagens oferecidas por esta última, para nela localizarem apenas uma atividade específica de desenvolvimento de inovação tecnológica. (Dias, 1997; 92). A chegada de empresas já estabelecidas no mercado para desenvolverem novos produtos na incubadora, traz vantagem não só para as estas, mas também para as novas, pois tem a oportunidade de aumentar conhecimento e gerar novas idéias. ENEGEP 2002 ABEPRO 6

5. Conclusão A necessidade de inovação não é apenas um modismo, mas uma forma de sobreviver e obter sucesso num mercado altamente competitivo. A velocidade das mudanças ocorridas no ambiente diminui o ciclo de vida dos bens, produtos e serviços, tornando-os obsoletos mais rapidamente, faz com que as empresas de base tecnológicas necessitem de inovação contínua para acompanhar as mudanças e transformações do meio. O conhecimento científico e técnico, aliados com a experiência prática aumenta o conhecimento tecnológico que induz a inovação. A transferência de conhecimento e tecnologia para a sociedade através das incubadoras de empresas, melhora produtos, processos e serviços das empresas, e possibilita o desenvolvimento de novos empreendimentos. As incubadoras de empresas caracterizam-se como importante instrumento de apoio técnico e administrativo para os novos empreendedores, viabilizando projetos, criando novos produtos, processos e serviços, oferecendo estrutura e assessoria de forma a diminuir sensivelmente os riscos de fracasso e, conseqüentemente, gerando novas empresas capacitadas a se manterem no mercado. Sendo a incubadora um instrumento de desenvolvimento tecnológico que abriga empresas inovadoras, necessita também estar acompanhando as mudanças do meio. É importante que a incubadora também inove, se adequando à dinâmica do ambiente e expandindo a atividade inovadora para as empresas já estabelecidas, incubando novas idéias, pois a consolidação de empreendimentos inovadores contribui para intensificação da dinâmica tecnológica. 6. Referências Bibliográficas BARBOSA, Paulo José. Incubação de Empresas de Base Tecnológica: Uma Experiência de administração de Transferência de Tecnologia. Anais do XVI Encontro Anual da associação Nacional dos Programas de Pós - Graduação em Administração. Canela - Rs, 21 a 23 de setembro de 1992, UFPE - CCSA, p. 52-59. DIAS, Adriano. B. Alta Tecnologia, Reflexos, Reflexões. Recife: Editora Massangana. 1996. DIAS, Adriano e ROSENTHAL, David. Incubadora de Inovações: Exploração de um Conceito Inovativo. Anais do 5º Seminário de Modernização Tecnológica Periférica. Recife, 6 e 7 de novembro de1997, Recife, FUNDAJ, p.91-99. FREEMAN, C. The economics of industrial Innovation. Cambridge, The MIT Press, 1982. FLEURY, A. e FLEURY, M. Aprendizagem e Inovação Organizacional: as experiências de Japão, Coréia e Brasil. São Paulo: Atlas, 1997. FOSTER, Richard. Inovação A Vantagem do Atacante; tradução de José E. ª do Prado.- São Paulo: Best Seller, 1998. GONZÁLEZ, Miguel Domingo. Processos de Planejamento nos Pólos Tecnológicos - Um Enfoque Adaptativo. Rio de Janeiro, PUC - Rio. Tese de Doutorado. 1997. GONZÁLEZ, Miguel Domingo e de MELO, Maria Ângela C. Processos de Planejamento e Integração dos Pólos Tecnológicos e de Modernização. Em: IV Seminário de Modernização Tecnológica Periférica, Recife, 2 e 3 de dezembro de 1996, Recife, FUNDAJ, p. 99-114. JÚNIOR, Dino Grisci. Administração de Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica. Anais do 20º ENANPAD - Encontro Anual da associação Nacional dos Programas de Pós - Graduação em Administração. Angra dos Reis Rio de Janeiro, 23 a 25 de setembro de 1996, PPGA - UFRGS, p. 507-525. LEITE, Emanuel. O Fenômeno do Empreendedorismo Criando Riquezas. Recife, Editora ENEGEP 2002 ABEPRO 7

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