Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo.



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Transcrição:

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo.

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Sumário Executivo 2 Carta do Ministério 5 Carta da PricewaterhouseCoopers 7 Introdução 8 Consulta às Empresas 10 Perfil socioambiental das empresas consultadas 11 As empresas brasileiras e o mercado de carbono 15 Consulta às Instituições Representativas 32 Perfil socioambiental das instituições consultadas 33 As instituições brasileiras e o mercado de carbono 35 Conclusão 42 Breve comparativo entre empresas e instituições consultadas 42 Análise comparativa da primeira e da segunda edição da pesquisa 43

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Sumário Executivo No primeiro trimestre de 2008, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC e a PricewaterhouseCoopers consultaram, pela segunda vez, empresas e entidades representativas para avaliar as percepções sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL e o mercado de carbono no Brasil. A pesquisa envolveu 136 organizações, entre empresas e instituições representativas, como associações e cooperativas. Cinqüenta e nove por cento do universo da amostra engloba empresas com faturamento anual superior a R$ 200 milhões, ou seja, empresas de grande porte, majoritariamente, dos setores de energia, agronegócio e papel e celulose. As principais tendências identificadas foram: 96% das empresas consultadas consideram os impactos das mudanças climáticas globais estratégicos ou relevantes para o futuro de seus negócios; os principais fatores que limitam a realização de projetos de MDL continuam sendo seus elevados custos, a falta de conhecimento técnico e a falta de divulgação de informações sobre oportunidades de projeto de MDL; 83% nunca realizaram inventário de suas emissões de Gases do Efeito Estufa - GEE.

PricewaterhouseCoopers As empresas que realizam inventário de emissões de GEE foram consultadas sobre as metodologias, os processos utilizados, a transparência, a prestação de contas de seus inventários e os compromissos assumidos. O conhecimento sobre as atividades das concorrentes internacionais relativas ao mercado de carbono também cresceu de 48%, em 2006, para 64% das empresas consultadas no início de 2008. Das instituições consultadas, 43% nunca realizaram nenhuma forma de divulgação sobre o mercado de crédito de carbono e/ou sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL. Entre as que já realizaram, a maior parte, 27% da divulgação, foi realizada por meio de eventos, como seminários e workshops.

PricewaterhouseCoopers Carta do Secretário A história da participação brasileira no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo é exemplo de realização e sucesso que ilustra a capacidade empreendedora do setor público e privado nacional. O País foi o primeiro signatário do Protocolo de Quioto a estruturar sua Autoridade Nacional Designada, responsável pela análise de projetos MDL, a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, e também foi brasileiro o primeiro projeto de MDL registrado no mundo. O MDIC tem atuado desde 2004 para estruturar o mercado de carbono no Brasil e criar um ambiente de negócios favorável para o seu desenvolvimento. Resultado desses esforços foi a criação, em parceria com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE) composto por Banco de Projetos e um Sistema de Leilões de créditos de carbono Em setembro de 2007, o MBRE realizou o primeiro leilão de créditos de carbono do mundo em nome da Prefeitura de São Paulo, quando foram leiloados cerca de 800 mil tco2e, créditos estes relativos ao Projeto MDL do aterro Bandeirantes, negociados com ágio de 27,55% em relação ao preço mínimo do edital, no valor total de 13 milhões de Euros. Essas iniciativas justificam o lugar de destaque que o País tem ocupado no mercado internacional de créditos de carbono. O Brasil atualmente ocupa a terceira posição em número de projetos de MDL, com 318 atividades de projetos segundo acompanhamento realizado pelo MCT. Esses projetos significam uma redução de emissões de mais 322 milhões de toneladas de CO2 equivalente, o que representa significativa contribuição brasileira aos esforços internacionais de combate à mudança climática, ao mesmo tempo em que constitui importante oportunidade de negócios e de melhoria da qualidade ambiental dos empreendimentos brasileiros Esse resultado é testemunho da capacidade dos empreendedores de projeto brasileiros de procurar ativamente aproveitar as mais variadas oportunidades de projetos de redução de emissões nos setores de energias renováveis com destaque para a co-geração, gerenciamento de resíduos, aproveitamento de metano e troca de combustível fóssil em diversos setores industriais. Essa segunda edição da consulta ao setor privado sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo busca colher subsídios para a elaboração de novas iniciativas de promoção desta importante ferramenta de redução de emissões de gases de efeito estufa. O atual momento de definição do futuro do regime internacional de combate à mudança climática e de crescente conscientização da opinião pública internacional, dos investidores e consumidores de produtos brasileiros, sobre os impactos adversos da mudança do clima demanda de todos engajamento cada vez maior na busca do desenvolvimento sustentável da indústria brasileira. Armando de Mello Meziat Secretário de Desenvolvimento da Produção

PricewaterhouseCoopers Carta da PricewaterhouseCoopers Desde a publicação do estudo Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Um Levantamento de Perspectivas com o Setor Produtivo, em 2006, o tema Mudanças Climáticas tem adquirido uma importância na agenda global cada vez maior. É possível constatar o início de uma grande mobilização internacional, associada aos recursos financeiros, políticos e de engenharia, para impedir o agravamento do problema. Pode-se citar como exemplo o lançamento do Stern Review, as premiações do IPCC e de Al Gore com o Nobel da Paz e o Carbon Disclosure Project (DCP). Nesse contexto, o debate com relação a esse tema também ampliou sua esfera de abrangência, atingindo a alta administração de muitas instituições, que são, por sua vez, pressionadas por uma sociedade cada vez mais consciente. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior direcionou novamente uma pesquisa para identificar como o setor privado brasileiro vem se posicionando com relação ao mercado de carbono. Esse segundo levantamento tem como objetivo contribuir para a avaliação do panorama nacional, abrangendo diversos setores industriais que, por meio de suas estratégias distintas, contribuem para a redução das emissões de GEE. O presente estudo elucida como o setor privado brasileiro percebe esse desafio e como ele se posiciona diante desse novo mercado em conformidade com um novo paradigma que emerge diante dessa questão ambiental global. Sentimo-nos honrados em participar desse esforço conjunto, visando à divulgação desse tema de grande relevância no cenário mundial e a ampliar a participação brasileira no mercado de carbono. Rogério Roberto Gollo Sócio PricewaterhouseCoopers

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Introdução O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, instituído pelo artigo 12 do Protocolo de Quioto, tem por objetivo auxiliar os países desenvolvidos a alcançarem suas metas programadas de reduções de GEE e, concomitantemente, possibilitar que os países em desenvolvimento cresçam de maneira limpa, conciliando benefícios ambientais, econômicos e sociais. O Brasil, apesar de ter uma matriz energética limpa e ser referência em biocombustíveis, ocupa uma posição de destaque em projetos de MDL. Atualmente, é o país que tem o terceiro maior número de projetos registrados, ficando atrás apenas da China e da Índia. Durante os próximos cinco anos, de 2008 a 2012, espera-se que o Brasil, por meio de seus projetos, contribua voluntariamente com, aproximadamente, a redução de 322 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2). Desta maneira, o País demonstra seu papel ativo no regime climático atual e sua importante atuação na mitigação do efeito estufa. As negociações em curso para o segundo período de compromisso, o chamado pós- 2012, indicam que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo continuará a desempenhar papel importante nos esforços internacionais de combate ao aquecimento global.

PricewaterhouseCoopers Na última conferência das partes realizada em Bali, em dezembro de 2007, os quatro principais aspectos discutidos foram: (i) a definição de um cronograma para os próximos dois anos com objetivo de, no fim do ano de 2009, definir um novo acordo para o pós-2012 ; (ii) a criação de um fundo de adaptação; (iii) o compromisso dos países em desenvolvimento em negociar metas nacionais de redução de emissões mensuráveis, relatáveis e verificáveis ; e (iv) a inclusão da redução do desflorestamento de acordo com o Protocolo de Quioto. Dessa maneira, apesar da incerteza futura em relação ao regime climático pós-2012, o MDL figura como uma experiência importante e, seguramente, ao menos dos pontos de vista institucional e técnico, e deverá ser ampliado e aprofundado em qualquer que seja o cenário futuro definido após o final do primeiro período de compromisso. Tendo em vista todo esse cenário, espera-se que essa pesquisa possa contribuir para que os diferentes atores, principalmente os empreendedores privados, identifiquem oportunidades e definam estratégias, a fim de manter o País em posição de destaque em relação aos combates contra os efeitos globais das mudanças do clima.

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Consulta às Empresas Foram consultadas 103 empresas dos mais diversos setores, como: agronegócio, papel e celulose, cimento, siderurgia, petroquímico, químico, energia, saneamento, construção civil, resíduos, automobilismo, entre outros. O questionário procurou identificar o perfil socioambiental de empresas que seriam protagonistas potenciais no mercado de carbono, distinguir tendências e avaliar a percepção desses agentes sobre a importância do tema, bem como as principais limitações a um desenvolvimento mais vigoroso do mercado de carbono no País. Figura 01: Distribuição setorial das empresas consultadas. 0 1 10 0 Agronegócio Papel e celulose Cimento Siderurgica Petroquímico Químico Energia Saneamento Construção Resíduo Automobilístico Outros 10

PricewaterhouseCoopers Perfil socioambiental das empresas consultadas Figura 02: Distribuição das empresas segundo o faturamento. Conforme o procedimento adotado na primeira edição da pesquisa, as consultas foram direcionadas principalmente para as empresas de grande porte (59%), uma vez que as dificuldades experimentadas por essas empresas que dispõem de escala e recursos para investir em projetos de MDL são obstáculos ainda mais restritivos para as empresas de menor porte. % 6% 6% % % Até R$ 400 mil De R$ 400 mil a R$ milhões De R$ milhões a R$ 10 milhões De R$ 10 milhões a R$ 00 milhões Mais que R$ 00 milhões Figura 03: Impacto da mudança global do clima. Em relação ao impacto das mudanças climáticas no futuro dos negócios, a maior parte das empresas considera o tema como fator estratégico (54%). Do restante, 42% das empresas o consideram relevante, ao passo que apenas 4% apontam efeito pouco relevante. Nenhuma empresa pesquisada considerou o tema insignificante para suas atividades. 4% 4% 0% 4% Estratégico Relevante Pouco relevante Insignificante 11

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo 79% das empresas realiza reaproveitamento de resíduos ou de subproduto Figura 04: Empresas que reaproveitam produtos. 1% Quanto ao perfil ambiental das empresas consultadas, grande parte das empresas (79%) realiza reaproveitamento de resíduos ou de subproduto de seu processo produtivo. Os projetos de MDL podem ser uma ferramenta importante para essas atividades de melhoria da gestão ambiental. % Figura 05: Empresas que realizam atividade de reflorestamento voluntário. 46% 4% As emissões de GEE, proveniente do desmatamento e das mudanças do uso de terras, contribuem com a maior parcela, aproximadamente 2/3, das emissões nacionais. Das empresas consultadas, 46% realizam atividade de florestamento ou reflorestamento além da obrigação legal ou judicial, o que representa uma atividade potencialmente elegível para gerar créditos de carbono. 12

PricewaterhouseCoopers Figura 06: Suprimento de energia das empresas. 14% A demanda energética de 68% das empresas é suprida por meio de rede elétrica, enquanto 14% dispõem de geração própria. As demais utilizam a rede compartilhada com rede convencional e produção própria. 1% Rede elétrica Geração compartilhada (rede+própria) Geração própria 6% Figura 07: Opção para produção de energia própria. 0% 1% Entre as empresas que dispõem de energia compartilhada ou de produção própria, a maior parte delas (58%) utiliza produção por biomassa. O restante, 29%, utiliza energia térmica a gás natural, e 13%, térmica a óleo. Nenhuma das entrevistadas utiliza energia solar. % 0% % Térmica a óleo Térmica a gás natural Térmica a carvão Biomassa Solar 13

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Figura 08: Principais fontes de emissão de GEE. % 1% 1% % 6% 4% 4% Queima de combustível Disposição de resíduos (industriais, agrícolas) Transporte Uso de solventes Aterro sanitário Outros há Em relação às emissões de GEE pelas empresas consultadas, a principal fonte da maioria das consultadas (45%) é a queima de combustíveis. Em seguida, temos transporte como fonte principal de 23% das empresas e disposição de resíduos (18%). Os demais têm como fontes o uso de solventes e aterro sanitário. Apenas 4% não dispõem de fontes emissoras de carbono em seu processo produtivo. Figura 09: Intenção de troca de principal fonte poluidora. 4% Cinquenta e dois por cento das empresas consultadas planejam realizar a troca da principal fonte poluidora por outra não poluente. % 14

PricewaterhouseCoopers 77% das empresas tem conhecimento do MDL As empresas brasileiras e o mercado de carbono Figura 10: Conhecimento sobre oportunidades de MDL no setor. % Uma porcentagem elevada das empresas consultadas (77%) tem conhecimento das oportunidades de Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL em seus ramos de atividade. Em contraste, apenas 23% responderam não ter conhecimento sobre oportunidades de projetos de MDL. % Figura 11: Conhecimento sobre iniciativas de concorrentes internacionais. A maioria das consultadas (64%) respondeu ter conhecimento sobre os negócios envolvendo mercado de crédito de carbono e/ou de projetos de MDL de suas concorrentes internacionais; ao passo que a minoria (36%) afirmou não estar inteirada sobre a atuação de suas concorrentes fora do país. Esse resultado demonstra o aumento da incidência na mídia de informações sobre projetos dessa natureza. 64% 6% 15

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Figura 12: Conhecimento sobre a possibilidade de MDL programático. Quando questionadas sobre seu conhecimento acerca da possibilidade de MDL programático, a situação se inverteu. A maior parte das entrevistadas afirmou não ter conhecimento, ao passo que apenas 37% responderam conhecê-lo. Essa é uma modalidade nova de projetos de MDL, cujos critérios e regulamentações foram concluídos no início deste ano. % 6% Figura 13: Conhecimento sobre o Banco de Projetos e o Sistema de Carbono da BM&F. Quando indagadas sobre o conhecimento do Banco de Projetos e do Sistema de Carbono da BM&F, implantados no âmbito do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões - MBRE, 54% das empresas responderam conhecer e 49% não conhecer o Banco. Essa iniciativa foi lançada em setembro de 2005 e constitui uma estrutura relevante de facilitação das negociações de créditos de carbono no Brasil. 4% % 16

PricewaterhouseCoopers Figura 14: Aceitação de compensação voluntária. 6% % Das empresas entrevistadas, 63% aceitam a possibilidade de fazer compensação voluntária, total ou parcial, de suas emissões de GEE. Essas atividades são conhecidas como neutralização de GEE. Esse resultado destaca o grande potencial dos mercados voluntários de compensação de emissões no País, que podem ser explorados pelos promotores de projetos de MDL. Figura 15: Realização de projetos de MDL. 4% Aproximadamente, metade das empresas consultadas (48%) já realizaram projetos de MDL. Esse elevado percentual é possivelmente conseqüência do direcionamento da pesquisa para empresas de grande e médio portes. % 17

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Figura 16: Desenvolvimento do projeto de MDL. 1% 1% Consultor externo Equipe interna realizou projeto Desse total de empresas, 48% realizaram seu projeto por consultoria externa e 31% por equipe interna. 4% Figuras 17: Importância dos fatores na negociação dos créditos de carbono. 46% % 4% 4% Transparência e credibilidade do processo Custo de transação Visibilidade na Mídia (Marketing) Todos As empresas foram consultadas sobre quais, em sua opinião, eram os principais fatores para a promoção das negociações com créditos de carbono. Quarenta e seis por cento das empresas citaram a transparência e a credibilidade do processo como o principal fator. Quatro e três por cento, respectivamente, consideraram a visibilidade na média e os baixos custos de transação como os fatores mais importantes. Entretanto, a maioria das empresas (47%) considerou que todos os fatores citados são relevantes. 18

PricewaterhouseCoopers 41% das empresas consideram que o principal fator limitante de sua realização é o custo elevado Figura 18: Utilização da renda advinda dos projetos de MDL. Sobre a destinação dos benefícios financeiros advindos dos projetos de MDL, para as empresas, sua principal utilização são os investimentos socioambientais (49%), seguidos por viabilização de projetos de investimentos (45%). Apenas 1% das empresas acredita que a renda possa ser utilizada como lucro, ao passo que 5% delas a utilizam para mitigar riscos. 4% 1% 4% Viabilizar projetos de investimentos Lucrar Investimentos sócio-ambientais Mitigar riscos % Figura 19: Fatores limitantes na realização de projetos de MDL. Quanto aos obstáculos à realização de projetos MDL, as empresas consultadas consideram que o principal fator limitante de sua realização é o custo elevado (41%), seguido da falta de conhecimento técnico (38%) e da carência de divulgação de informações sobre oportunidades de projeto de MDL (21%). 41% % Falta de divulgação Custos elevados Falta de conhecimento técnico 1% 19

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Figura 20: Disponibilidade de linha de financiamento para projetos de MDL em fase de elaboração. 4% A maioria das empresas consultadas (53%) apontou que ainda não existe disponibilidade adequada de linha de financiamento para projetos de MDL em fase de elaboração. % Figura 21: Disponibilidade de linha de financiamento para projetos de MDL em fase de implementação. 4% Já com relação ao financiamento para a fase de implementação dos projetos de MDL, as empresas consultadas indicam que o cenário é melhor do que para a fase de elaboração, uma vez que 54% delas apontaram haver disponibilidade. 46% 20

PricewaterhouseCoopers Fonte 22: Relevância do mercado de crédito de carbono. 0% 1% Em relação à importância do mercado de carbono, 42% das empresas consultadas consideram esse mercado estratégico, ao passo que 41% o consideram relevante e apenas 17% apontam esse mercado como irrelevante. Estratégico Relevante Pouco relevante Irrelevante 4% 41% Figura 23: Avaliação do impacto de emissão de GEE. 1% Aproximadamente metade das empresas (49%) consultadas realiza avaliações do impacto da emissão de GEE de seu produto ou processo de produção. 4% 21

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Inventários de Emissões de GEE Figura 24: Realização de inventário de emissão dos GEE. 83% 17% Na segunda edição desta consulta, introduzimos uma série de questões relativas à elaboração de inventários de emissões de GEE pelas empresas consultadas por considerá-los importantes para avaliar a utilização e as percepções do setor privado acerca desse importante instrumento de gestão. As questões abordaram aspectos relativos à metodologia e ao processo adotado pela empresas na realização de seus inventários, além de considerações em relação à transparência, à prestação de contas e ao compromisso dessas empresas com atividades de mitigação das emissões inventariadas. Essas questões foram direcionadas apenas às empresas que indicaram no questionário eletrônico que realizavam inventários de emissões de GEE. A pesquisa constatou que a grande maioria das empresas (83%) nunca realizou, de forma voluntária, inventário de emissões de GEE. Esse resultado destaca a importância de iniciativas de difusão de informações e de consolidação de metodologias para a realização desses inventários, que constituem uma ferramenta importante tanto para o gerenciamento das emissões das empresas como para a formulação de políticas públicas. Quanto à motivação para realizar o inventário de emissões de GEE, 27% das empresas pretendem estabelecer uma linha de base para medir o desempenho de suas emissões ao longo do tempo, ao passo que 16% pretendem identificar oportunidades para reduzir os GEE. Já 11% das consultadas desejam aumentar sua competitividade e diferenciação no mercado doméstico ou estrangeiro, responder a questionamentos de investidores ou publicar o relatório com as emissões. As demais dividem-se, com 6% de preferência cada, entre adquirir experiência técnica em contabilização e gestão das emissões, facilitar a participação em mercados de carbono, melhorar a imagem corporativa ou identificar oportunidades para melhoria de eficiência energética. Figura 25: Princípios que baseiam a decisão para o inventário de emissão de GEE. 27% 16% 0% 6% 6% 6% 6% 11% 11% 0% 11% Estabelecer uma linha de base para medir o desempenho ao longo do tempo Identificar oportunidades para redução de GEE Identificar oportunidades para melhoria de eficiência energética Facilitar participação em mercados de carbono Publicar relatório a respeito das emissões de GEE Responder a questionamentos de investidores Permitir que a empresa receba crédito por ação voluntária precoce Aumentar competitividade e diferenciação em mercados estrangeiros ou nacionais Melhorar a imagem corporativa Adquirir experiência técnica em contabilização e gestão de GEE Nenhuma das anteriores 22

PricewaterhouseCoopers Metodologia e Processo Figura 26: Uso da metodologia do GHG Protocol Corporate Standard. 41% Entre as empresas que produzem o inventário de emissões, 59% utilizaram como referência a metodologia do GHG Protocol Corporate Standard. 59% Figura 27: Uso de instrumentos de cálculo de GHG Protocol Corporate Standard. 29% Ao realizarem o inventário de emissões de GEE, 71% das empresas utilizaram algum dos instrumentos de cálculo de GHG Protocol Corporate Standard. 71% 23

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Figura 28: Uso da norma ISO 14064-1. 33% A norma ISO 14064-1 é utilizada como referência para o inventário de 67% das empresas consultadas que realizam essa avaliação. 67% Figura 29: Abrangência do inventário de GEE. 22% 6% Em relação ao inventário de GEE, 72% das empresas realizam essa avaliação em todas as suas unidades e operações. Das demais, 22% realizam em algumas unidades ou operações e 6% em apenas uma unidade ou operação. De todas as unidades e operações De algumas unidades ou operações Apenas de uma unidade ou operação 72% 72% das empresas realizam avaliação em todas as suas unidades e operações 24

PricewaterhouseCoopers Figura 30: Consolidação dos dados de controle da empresa. 6% 6% Em seus inventários de emissões, 88% das empresas que o realizam utilizam o controle operacional como referência para a consolidação dos dados, ao passo que 6% utilizam ou a participação acionária ou o controle financeiro. Controle operacional Participação acionária Controle financeiro 88% Figura 31: Preferência de escopo para realização do inventário. 10% 10% Escopo 1 Escopo 2 Escopo 3 Oitenta por cento das empresas que realizam inventário de emissões utilizam o escopo 1 da metodologia, ao passo que as demais empresas consultadas preferem o escopo 2 ou 3. 80% 88% das empresas utilizam o controle operacional como referência para a consolidação de dados 25

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Figura 32: Utilização de recorte geográfico no inventário. 25% 25% 6% Municipal Estadual Nacional Internacional Regional Em relação ao recorte geográfico utilizado para a realização dos inventários, 25% o fazem ou com o recorte geográfico, ou municipal, ou estadual ou nacional. Das demais, 19% o produzem com o recorte geográfico estadual e 6% com o internacional. 19% 25% Figura 33: Metodologia de cálculo adequada e/ou fator de emissão. 25% Vinte e cinco por cento das empresas que realizaram inventário de emissões informaram que não foi possível identificar uma metodologia de cálculo adequada e/ou um fator de emissão para alguma de suas fontes ou de seus processos geradores de GEE. 75% 26

PricewaterhouseCoopers Figura 34: Tempo de monitoramento de emissões. 6% 0% 11% 6% Um ano Dois anos Três anos Mais de três anos monitora Entre as empresas que realizam inventários, 77% monitoram suas emissões há mais de três anos, 6% há três anos, 11% há dois anos e 6% não realizam monitoramento de suas emissões. 77% Figura 35: Produção de inventário nas filiais de multinacionais. 18% O escritório brasileiro é responsável pela elaboração do inventário de emissões das operações nacionais de 82% das empresas multinacionais consultadas. Escritório brasileiro Escritório em outro país 82% 27

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Transparência e Prestação de Contas Figura 36: Verificação do inventário por terceiros. 38% Sessenta e dois por cento das empresas consultadas que realizam inventários adotam a verificação de seus inventários por terceiros como forma de garantir transparência e credibilidade ao seu esforço. 62% Figura 37: Divulgação do relatório. 47% Aproximadamente metade das empresas (53%) realiza a divulgação de seu relatório para o público externo. 53% 28

PricewaterhouseCoopers Figura 38: Direcionamento da divulgação do inventário. 0% 10% 50% Somente para público interno da empresa Entre as empresas que realizam a abertura de seu inventário, metade delas (50%) o faz para todo tipo de público, interno ou externo, sem opção setorial. Das demais, 10% fazem apenas para a direção da empresa e 40% o divulgam para segmentos específicos de seu público externo. 40% Somente para a direção da empresa Para público externo (apenas alguns segmentos) Para púbico externo e interno (todos os públicos) 29

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Compromisso Figura 39: Estabelecimento de metas de redução de GEE. 41% Cinqüenta e nove por cento das empresas consultadas que realizam inventários de emissão utilizaram essa ferramenta para o estabelecimento de metas voluntárias de redução de emissões de GEE. 59% Figura 40: Projetos de mitigação de GEE. 24% Setenta e seis por cento das empresas que realizam inventário de emissões também realizam atividades voluntárias de mitigação de suas emissões. 76% 30

PricewaterhouseCoopers 94% apontam que seria uma boa iniciativa Figura 41: Iniciativa para apoio de inventários de emissões com o GHG. 6% Essas atividades de mitigação de emissão, entretanto, têm como alvo apenas a própria empresa e não visam a mitigar emissões da cadeia de fornecedores ou a apoiar projetos de terceiros. Bom Ruim Quando questionadas sobre a importância da realização de iniciativas de apoio à elaboração de inventário de emissões de GEE de empresas instaladas no Brasil, utilizando a metodologia do GHG Protocol, 94% apontam que essa seria uma boa iniciativa. 94% Figura 42: Participação na iniciativa. 35% Quanto à participação em iniciativas desse tipo, 53% das empresas que realizam inventário indicaram que participariam dessas iniciativas, e 35% indicaram que somente o fariam se a iniciativa fosse gratuita. 53%, apenas no caso da iniciativa ser gratuita 12% 31

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Consulta às instituições representativas (associações e cooperativas) A consulta também procurou identificar como as instituições representativas avaliam as questões relativas ao mercado de carbono e como elas têm respondido às demandas de suas associadas. Foram consultadas 33 instituições representativas. Essas instituições desempenham um papel importante na coordenação de esforços das empresas associadas para permitir maior participação no mercado de carbono. As instituições podem atuar tanto na prospecção e na divulgação de informações sobre oportunidades de projetos em seus setores específicos como somar recursos das associadas e permitir economias de escala na elaboração de projetos de comercialização dos créditos de carbono. 32

PricewaterhouseCoopers Perfil socioambiental das instituições consultadas Figura 43: Distribuição setorial das empresas consultadas. 16% As instituições consultadas participam dos seguintes setores: agronegócio, papel e celulose, cimento, siderurgia, petroquímico, químico, energia, entre outros. Dos setores especificados, o Agronegócio teve a maior participação na pesquisa, com 16% das instituições participantes, seguido pelo setor químico (6%). Os demais têm, em sua maioria, 3% de representatividade. 66% 3% 3% 3% 3% 6% 0% Agronegócio Papel e Celulose Cimento Siderurgica Petroquímico Químico Energia Outros 33

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Figura 44: Abrangência das instituições consultadas. 61% 6% 6% 12% 0% 0% 15% Nacional Regional Setorial Sub-setorial (segmento específico) Internacional Municipal Estadual A maior parte das instituições consultadas têm abrangência nacional (61%). Das demais, 15% são regionais, 2%, internacionais, 6%, municipais e 6%, estaduais. Nenhuma das questionadas informou recorte apenas setorial ou subsetorial. Figura 45: Importância das mudanças climáticas. 3% 0% 48% 49% Estratégico Relevante Pouco relevante Insignificante Em relação ao impacto das mudanças climáticas no setor de cada instituição, a grande maioria o considera de grande importância. Dos pesquisados, 49% consideram que as informações são estratégicas, ao passo que 48% sentem que estas são importantes ao negócio. Apenas 3% consideram que as alterações são apenas pouco relevantes. 34

PricewaterhouseCoopers As instituições brasileiras e o mercado de carbono Figura 46: Importância do mercado de carbono. 6% 0% No que tange especificamente à importância do mercado de crédito de carbono no futuro dos setores, 49% das pesquisadas apontam que o crédito de carbono é estratégico para seu negócio, ao passo que 45% consideram o tema relevante e apenas 6% das instituições acreditam que esse mercado é pouco relevante ao seu setor. 49% 45% Estratégico Relevante Pouco relevante Insignificante Figura 47: Importância do MDL Quanto ao papel do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no futuro do setor, 34% acreditam que este deve ser responsável pela melhoria do desempenho socioambiental. Dos demais, 28% afirmam que esse Mecanismo viabiliza projetos de investimentos, ao passo que 14% apontam que este deve mitigar riscos ou aumentar a lucratividade. As demais instituições (10%) responderam que ele deve oferecer transferência de tecnologia. 34% 10% 28% 14% Viabilizar projetos de investimentos Aumentar a lucratividade Mitigar riscos Transferência de tecnologia Melhoria da performace sócio-ambiental 14% 35

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Figura 48: Demanda das associadas relativas a projetos de MDL e ao mercado de carbono. 7% 43% 27% 10% Consulta para informações Apoio para a realização de projetos Relacionada à compra e venda de créditos de carbono Nenhuma Das instituições consultadas, 43% ainda não receberam demanda específica das associadas relativas a projetos de MDL e ao mercado de carbono. Das que já receberam alguma demanda, 27% referiram-se à consulta para informações, 13% relacionaram-se à compra e venda de créditos de carbono e 10% apoiaram a realização de projeto, ao passo que as demais (7%) informaram outras demandas. 13% Outros Figura 49: Conhecimento das iniciativas de instituições equivalentes no exterior. 30% A maior parte das instituições pesquisadas (70%) não informou conhecimento das iniciativas de suas equivalentes internacionais a respeito do mercado de crédito de carbono ou a respeito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. 70% 36

PricewaterhouseCoopers Figura 50: Iniciativas de divulgação das instituições consultadas. Parte das instituições (43%) nunca realizou nenhuma forma de divulgação sobre o mercado de crédito de carbono e/ou sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Entre as que já realizaram, a maior parte (27%) da divulgação foi realizada em eventos como seminários e workshops. As publicações e os artigos foram informados, cada, por 7%. Os treinamentos foram realizados por 7% das consultadas. 43% 13% 27% 3% 7% 7% Eventos (workshops, seminários etc) Treinamento Publicação Artigo Nenhuma Outros Figura 51: Realização de estudos ou levantamento de oportunidades. 15% Em relação às oportunidades de crédito de carbono e Mecanismo de Mercado Limpo potencialmente acessíveis aos associados, 85% das instituições nunca realizaram estudos, levantamentos ou projetos com esse intuito. 85% 37

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo 82% não tem conhecimento sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Programático Figura 52: Conhecimento de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Programático. 18% A maior parte (82%) das instituições pesquisadas não tem conhecimento sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Programático, o que sugere a necessidade de maior divulgação dessa ferramenta. 82% Figura 53: Conhecimento sobre o MBRE. 24% Apenas 24% das instituições têm conhecimento sobre Banco de Projetos e o Sistema de Leilões de Créditos de Carbono da BM&F, implantados no âmbito do MBRE, o que demonstra a importância de eventos para a divulgação desse instrumento. 76% 38

PricewaterhouseCoopers Figura 54: Fatores limitantes ao desenvolvimento de projetos de MDL. 7% 28% Para as instituições consultadas, os principais fatores limitantes ao desenvolvimento dos projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo são a falta de conhecimento técnico (41%), seguido por falta de divulgação (28%) e custos elevados (24%). Falta de divulgação Custos elevados Falta de conhecimento técnico Outros 41% 24% Figura 55: Disponibilidade de linhas de investimento para elaboração de MDL. 24% Sobre a disponibilidade de linhas de investimento disponíveis aos projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo em fase de elaboração, 76% das instituições apontaram que estes não são suficientes. 76% 39

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Figura 56: Disponibilidade de linhas de investimento para implementação de MDL. 18% Esse cenário se repete quando se trata de linhas de investimento em projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo em fase de implementação. Grande parte das instituições brasileiras (82%) acredita que esse financiamento não é suficiente para custeio dos projetos. 82% Figura 57: Motivação para realização de inventário de emissão. 7% 10% Para as instituições, o principal fator motivador para realização de inventários de emissões são os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (38%). A segunda maior motivação é a neutralização de emissões de carbono (21%), seguida da possibilidade de marketing socioambiental (24%) e de exigência externa (10%). 21% 24% Exigência externa Marketing sócio-ambiental Identificação de oportunidades de projetos de MDL Neutralização de emissões de carbono Outros 38% 40

PricewaterhouseCoopers Figura 58: Realização de inventários de emissão pelos associados. 24% Com base no cenário de que os inventários de emissão de GEE são iniciativas voluntárias, as instituições foram questionadas sobre se suas empresas realizam os inventários. A maior parte (76%) apontou que seus associados não realizam esse tipo de relatório. 76% 41

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Conclusão Breve comparativo entre empresas e instituições consultadas Por meio da comparação entre os dados compilados das consultas com empresas e instituições, é possível destacar algumas diferenças notáveis, que em grande parte podem ser explicadas pela abordagem distinta de seus modelos de atuação. Além de algumas de as porcentagens relacionadas ao conhecimento se apresentarem baixas, os valores demonstram que as empresas apresentam mais informações sobre projetos de MDL e mercado de carbono do que as instituições. Essa diferença é facilmente notada quando comparados os dados de conhecimento de oportunidades de projetos de MDL. Entre as empresas, 79% delas têm conhecimento sobre o MDL ou até já realizaram estudos sobre este, ao passo que apenas 15% das instituições informaram conhecimento sobre o assunto. Com relação ao MDL Programático, uma nova modalidade de projetos de MDL, a diferença é menos acentuada, contudo, mesmo assim, ainda representa o dobro: 37% das empresas conhecem sobre o assunto, ao passo que nas instituições somente 18%. Naquilo que tange a seus concorrentes ou equivalentes internacionais, 64% das empresas estão inteiradas de suas ações em mercado de crédito de carbono e MDL, ao passo que apenas 30% das instituições consultadas informaram conhecimento sobre essas iniciativas. Provavelmente, essa diferença é explicada pelo fato de que empresas acompanham de perto as estratégias de suas competidoras internacionais, enquanto as instituições não estão submetidas da mesma forma a pressões diretas de competitividade. 42

PricewaterhouseCoopers Análise comparativa da primeira e da segunda edição da pesquisa Consultas às empresas Sobre a divisão setorial das empresas que participaram das duas edições da pesquisa, em 2008, houve uma maior participação daquelas empresas inseridas no setor de energia; em contrapartida, ocorreu uma diminuição das empresas ligadas ao setor de cimentos. Por outro lado, a porcentagem referente às empresas que infomaram a realização de atividade de reflorestamento voluntário caiu de 59% para 46%. Outro comparativo interessante refere-se ao número de empresas que têm conhecimento sobre o MDL, o qual, neste ano, teve um aumento de 72% para 80%. Contudo, as porcentagens referentes às empresas que de fato realizaram ou pretendem realizar projetos de MDL sofreu uma diminuição de 79% para 48%. Essa redução provavelmente se deve ao fato de que, na edição anterior da pesquisa, registrava-se também a intenção de realizar projetos, enquanto em 2008 a pesquisa focalizou exclusivamente os projetos já realizados. De acordo com a pesquisa, as empresas estão gradativamente adquirindo maior conhecimento sobre o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões. Em 2006, 37% responderam conhecê-lo, ao passo que, em 2008, essa porcentagem aumentou para 54%. Esse resultado provavelmente ocorreu em virtude da grande repercussão na mídia dos leilões de créditos de carbono realizados no MBRE Além disso, o conhecimento sobre as atividades das concorrentes internacionais relativas ao mercado de carbono também cresceu de 48%, em 2006, para 64% das empresas consultadas, indicando a crescente importância do tema para a competitividade das empresas brasileiras. 43

Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil: Novas Perspectivas do Setor Produtivo Consultas às instituições Na pesquisa realizada neste ano, a participação de instituições ligadas ao setor de agronegócio teve redução de 54% para 16% das respondentes. A abrangência geográfica das instituições consultadas também foi um fator de diferenciação da edição atual da pesquisa, com maior foco em instituições de abrangência nacional. Apenas 2% das instituições têm abrangência internacional no ano de 2008, ao passo que 14% das participantes em 2006 dispunham da referida abrangência. Essa diferença foi dividida para outras opções de resposta do questionário deste ano, como representação municipal ou estadual. Em relação à importância do mercado de crédito de carbono, houve significativa mudança na percepção das instituições consultadas. Na edição atual da pesquisa, o mercado de carbono passou a ser considerado estratégico para 45% das entrevistadas, ao passo que, na edição anterior, apenas 29% das instituições consultadas o qualificavam dessa forma. As demandas relativas aos projetos de MDL recebidas pelas instituições também se modificaram. Em 2008, as informações de projetos de MDL e mercado de carbono subiram de 29% para 43%, ao passo que a iniciativa de realização de estudos para levantamento de oportunidades caiu de 63% para 15%. Tal fator pode ser explicado pelo fato de as empresas terem apontado maior conhecimento sobre determinados assuntos no atual ano, diminuindo a necessidade de consultas às instituições. 44

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