turma antonio branco duprat avellar artur lobao de melo bento maya monteiro sant'anna bruno armony do nascimento clara filgueiras nery atem dora rabello de barros azevedo flora paulo tetü henrique correa vidal leite ribeiro joão matta machado moura julia rodrigues dias de saboya henningsen leonardo metzler pereira luana saraiva quintanilha lucas monteiro sampaio luiza miler sukman marina intrator juppa matheus correa barbosa brun fausto paulo raitzik zonenschein rafael da nobrega rondinelli tatiana grinberg limoncic professores e auxiliares de turma erika ziegelmeyer luciana moreira jean philippe t. conilh de beyssac roberta porto da silva Turma da Onça / TDT Relatório do Segundo Semestre de 2007 1 A turma voltou bastante animada das férias. Saudosos e contentes, além das viagens, o assunto comum foi o Pan-Americano. Alguns assistiram aos jogos nos estádios e outros pela TV. Alimentamos esse interesse, dando início a um novo projeto. Em sala, as crianças recortaram imagens de esportes do jornal, colaram num papel para completar a cena e, depois, escreveram o nome do esporte praticado. Lemos o pequeno livro Larrousse - esportes e o Cauê no pan, de Luciana Sandroni. Propusemos a brincadeira do reloginho, em que as crianças tentam acertar a bola na cesta de basquete e também o câmbio, que se aproxima do vôlei. Na Pereirona, o professor Renato ensinou uma adaptação do jogo de basquete e algumas regras do futebol. Convidados pela Turma do Oceano, conversamos com a Kátia, mãe do Gabriel, que foi atleta e integrante da equipe do nado sincronizado durante vinte e quatro anos. Experimentaram o nose, conheceram belos maiôs bordados, assistiram às apresentações das equipes brasileira e americana deste ano, em DVD, ouviram algumas regras dessa competição e informações sobre alimentação e cuidados com a saúde de um atleta. Recebemos, ainda, a visita do Adão, professor e juiz de tênis, que respondeu a várias perguntas das crianças e explicou algumas regras do jogo. Instigadas pela prática de alguns esportes, tem sempre um grupinho tentando acertar a cesta de basquete do pátio de trás. Também o corredor do pátio da frente guarda disputas quentes e poses divertidas dos nossos jogadores mirins de futebol. Com raquetes e bolinhas trazidas de casa, aventuram-se a jogar tênis. E, ultimamente, uma rodinha de meninos vem se reunindo para jogar a bola com as mãos, um para o outro, pelo alto, evitando que ela caia no chão. A pulação de corda, antes coletiva, onde um adulto e uma criança batiam uma longa corda para uma fila de corpinhos ansiosos por pipocar, agora pipocou e ampliou seus domínios: quase como treinamento, tem gente se dedicando em cordas miúdas, com os dois pés ao mesmo tempo, com um pé à frente e o outro atrás, fazendo um balanço com o corpo ou, ainda, exigindo maior habilidade e coordenação, cruzando o braço à frente e depois pulando de costas. A visita ao Centro Cultural da Caixa foi muito curtida pelo grupo, especialmente o
Relatório do Segundo Semestre de 2007 2 encontro com o Luciano, que pintava no hall de entrada. Segurando o pincel com a boca, fazia aparecer o Pão-de-Açucar numa tela virada de cabeça para baixo. Explicou que havia machucado as duas mãos (na verdade, as pernas também, por isso estava numa cadeira de rodas) e as crianças ficaram encantadas com a cena. Em sala de aula, experimentaram o mesmo feito, dificílimo para alguns, fácil e divertido para outros. Histórias de alguns atletas do Pan, em jornais e revistas, foram lidas em sala. Depois, em outro momento, selecionadas, em grupos para serem reescritas no blocão, com o intuito de informar aos outros grupos e também a outras pessoas que usam a sala. Trechos da vida do Juarez, campeão de caratê, do Marcel, ouro na patinação e da Juliana Veloso, bronze nos saltos ornamentais se destacaram entre os pequenos. Depois de exercitar o registro e a cópia do corpo e do movimento dos atletas, e de realizar algumas competições em que a contagem se fez presente o tempo todo, através de tampinhas de garrafa, desenhos, palitinhos e números, tocamos e observamos alguns sólidos (blocos de madeira e diferentes bolas de esporte) para marcar suas projeções no papel, saindo do tridimensional para o bi, encontrando as figuras geométricas. Além de conhecer a função da demarcação das linhas nos campos, apreciamos o desenho que elas fazem nas quadras de vôlei e de futebol, reproduzindo-os com a pintura a dedo, a técnica de riscar o giz de cera branco e em seguida pintar a superfície do papel com nanquim diluído em água e com a massa de modelar. Nomeando algumas figuras geométricas que se formam a partir do cruzamento dessas linhas, propusemos composições com essas figuras em outros contextos.
Relatório do Segundo Semestre de 2007 3 Embarcamos na geometria. Linhas retas e curvas, que seguem lado a lado (paralelas) ou que se cruzam. Linhas grossas e finas, longas ou curtas. Quadrados, retângulos, triângulos e círculos que aparecem nos desenhos das quadras de esportes, em reproduções de artistas como Mondrian e Torres Garcia e também nos objetos e nas construções humanas que nos cercam cotidianamente. A apreciação das imagens desses dois artistas plásticos nos serviu, também, para conversar sobre as cores primárias e sobre a possibilidade da pintura expressar sentimentos, impressões e experiências de diversas formas, não apenas de maneira figurativa, mas também através de formas, cores e meios diferentes. A criançada, animada, experimentou, criando seus próprios caminhos de expressão e comunicação. A criação coletiva do Grito de Guerra da turma e os jogos, realizados junto com os familiares na Festa Pedagógica, aguçaram ainda mais o espírito coletivo desse grupo e fechou nosso projeto dando um sabor todo especial à competição, pois a experiência de ganhar e perder, de treinar, de aprender, de melhorar, se superar, de se unir para vencer um obstáculo, de lidar com o medo e a ansiedade trouxe alegria e união. Para o segundo projeto do semestre, achamos oportuno um mergulho nos ritmos latinos, culminando o estudo / experiência na própria Festa Pedagógica. Nosso propósito foi utilizar os ritmos e a música como linguagens de experiência e aprendizado. Sensibilizar os ouvidos e o corpo para sentir e, posteriormente, buscar compreender algo maior que é a cultura de onde se formou e se forma aquele som. Para convidar as crianças para essa viagem, cada uma pôde mostrar sua música preferida e depois do troca-troca de apreciação musical, mostramos alguns ritmos diferentes. Iniciamos nossas audições com a música cubana do CD Buena Vista Social Club. Primeiro ouvimos, sentimos e dançamos. Depois, conhecemos alguns passos da salsa cubana, alguns instrumentos utilizados e assistimos ao vídeo "Cuba / Mar do Caribe", do Vídeo Escola, e trechos do show do Buena Vista para conhecermos um pouco do contexto de onde ela nasceu e vive hoje. Rogério, marido da Paula, fez
Relatório do Segundo Semestre de 2007 4 uma pequena palestra sobre essa cidade, onde esteve para apresentação de um estudo, contando um pouco de sua história e algumas curiosidades de lá. Edivaldo Foguete e Joca, tio da Marina, trouxeram seus instrumentos de percussão para tocar músicas caribenhas e propuseram oficinas para as crianças. Ricardo, pai da Júlia, encantou o grupo com a triste e contundente história do Blues americano, intercalando seu discurso com um breve e impactante show de seus amigos Dudu Gemmal e Rodrigo. O reggae de Bob Marley, Jimmi Clif, Peter Tosh, dentre outros, foi apreciado junto com um pouco da história da Jamaica. Aproveitamos as visitas a esses países para trabalhar com mapas, identificar suas fronteiras, observar o que é continente e o que é mar, desenhar, copiar. Paralelamente ao projeto, as crianças esperavam diariamente, com olhos atentos e absoluto silêncio, a contação de mais um capítulo de Pipi Meialonga, em livros de Astrid Lindgren, sobre as aventuras fantásticas da irreverente, corajosa e alegre Pipi, menina de tranças ruivas espetadas e rosto sardento, dona de uma força extraordinária, que vive com seu cavalo e seu macaquinho e despreza o mundo adulto. E assim, jogando, cantando, batucando e se transportando para o incrível mundo da imaginação, as crianças da Turma da Onça cresceram. Podemos dizer que muito menos pelos objetos e conteúdos oferecidos, e muito mais pelo ambiente acolhedor, de troca, cooperação, carinho e amizade construído pelo grupo. E que grupo! Curioso e atento, empenhado e esforçado, criou espaço para cada um ser o que é e soube ultrapassar as dificuldades inerentes ao convívio social para estar junto, aprendendo, buscando e tentando melhorar. Um grupo amigo, sincero, cheio de esperança e amor. Nos despedimos desejando que cada oncinha amiga tenha um caminho fluido, harmonioso e rico como foram nossas tardes ao longo deste ano.
Relatório do Segundo Semestre de 2007 5 Expressão Corporal Boa notícia para uma criança: Em tudo, em tudo você terá a seu favor o corpo. O corpo está sempre ao lado da gente. É o único que, até o fim, não nos abandona. Clarice Lispector, Para não esquecer, 1992. O retorno das férias foi cheio de novidades e histórias sobre o Pan-Americano. Em roda, falamos dos esportes, dos atletas, dos cuidados com a saúde e com o corpo, do espírito esportivo, do trabalho em equipe. Aproveitando o interesse, os questionamentos e os relatos das crianças, demos início ao projeto CORPO com uma pergunta: O que os atletas fazem antes de competir? Inúmeras respostas vieram, entre elas a que queríamos: Eles aquecem! Depois de conversarmos um pouco sobre o que era esse aquecimento e qual a sua importância, fomos experimentá-lo como se fôssemos os atletas do Pan. Devidamente aquecidos, utilizamos imagens de jornal para servirem de sugestão de movimentos às crianças que, ao se apresentarem para o grupo, desafiavam os colegas a descobrirem que modalidade praticavam. Ao contrário das outras turmas, a Turma da Onça foi rigorosa na escolha das modalidades, optando por esportes menos conhecidos que deixaram os amigos ansiosos para acertar qual era a modalidade em questão. Com a figura de um esqueleto na mão, visualizamos como são os ossos do nosso corpo e nos tocamos para tentar senti-los. A partir daí, iniciamos um processo de descoberta das nossas articulações e tentamos identificar a importância delas em nossa movimentação. Assistimos a uma cena do filme Noviça Rebelde, no qual Julie Andrews e as
Relatório do Segundo Semestre de 2007 6 crianças brincam com um teatro de marionetes. De lá tiramos a idéia de brincar de marionete usando nosso próprio corpo. As crianças experimentaram os dois papéis, o de manipulador e o de manipulado. A criação de movimentos, o cuidado com o corpo do amigo, as risadas, o espanto com as novas descobertas trouxeram momentos prazerosos de observação para nós, professores. Montamos um grande circuito de obstáculos. Nele, as crianças teriam que rolar, pular, se abaixar e vencer todos os desafios propostos, que agora se apresentavam com um grau maior de dificuldade. O maior deles foi fazer o mesmo percurso de olhos fechados, guiados por um colega, uma alusão aos atletas do Para-PanAmericano. No início, tiveram um certo receio, mas embarcaram no exercício sensorial seduzidos por nosso convite à experiência desconhecida de se deslocar no escuro. Durante o trajeto, era comum um olhinho se abrir para se certificar que tudo estava correndo bem. Com bamlolês, instrumentos musicais e colchonetes começamos a coreografar o hino da Turma da Onça. Divididos em pequenos grupos, exploramos os planos alto, médio e baixo, com movimentos sugeridos pelas crianças que curtiram muito todo o processo de criação coreográfica. Encerramos aqui, o projeto Corpo. Ao nos aproximarmos do projeto da turma, ouvimos três versões da música La Cucaracia. E marcamos com os pés as diferenças rítmicas das versões apresentadas. Com a proximidade do fim do ano letivo, iniciamos as nossas pesquisas para a festa de encerramento. Conhecemos e experimentamos os diferentes ritmos latinos, improvisando e criando movimentações para eles. Com a proximidade do fim do ano letivo, iniciamos as nossas pesquisas para a festa de encerramento. Conhecemos e experimentamos os diferentes ritmos latinos, improvisando e criando movimentações para eles. Com a imagem andar na lua na cabeça, improvisamos o Reggae. Liberdade, leveza, alegria, essas foram pequenas sensações trazidas pelas crianças após a nossa improvisação. Munidos dessas informações, iniciamos a construção do nosso trabalho e encerramos o ano felizes por termos acompanhado de perto tantas descobertas e conquistas. Música Turma de crionça Amiga da onça! Onça feroz! Parda e pintada Tome cuidado com sua garra afiada! O semestre começou em clima de Jogos Pan Americanos.,As crianças puderam participar de inúmeras brincadeiras musicais, como a nossa Trilha, um jogo de tabuleiro onde cada time, representado por um peão, tem que percorrer tantas casas de acordo com o dado, passando por inúmeros desafios musicais como identificar melodias, reproduzir ritmos com o corpo, adivinhar Quem é o Maestro?, lembrar letras de músicas com determinadas palavras, responder ao Morto e Vivo musical, cantar músicas com letras cumulativas, compor uma canção, e por aí vai... Ganha quem chega primeiro ao fim do percurso em forma de clave-de-sol. Mas o que mexeu mesmo com a galerinha foi a força da torcida que, cá entre nós, sempre
Relatório do Segundo Semestre de 2007 7 faz a diferença nessas horas. Aproveitamos para fortalecer mais a identidade coletiva das crianças, trazendo à cena a composição, traduzida em som durante a criação do Grito de Guerra da Turma. Para isso buscamos palavras que rimassem com o nome da turma, depois outras tantas que, de alguma forma, contextualizassem seu significado dentro de uma atmosfera poética. Depois, o próprio texto nos indicou uma linha rítmica e melódica. Rebolarmos um pouco e, pronto! Tínhamos nosso Grito na ponta da língua, ou melhor, na garganta! Durante a execução, aproveitamos para trabalhar com os instrumentos, já que a percussão é um indispensável reforço para o coro nos estádios. O resultado desse trabalho pôde ser visto na Festa Pedagógica. A Turma da Onça soltou os bichos com a música cubana. Começamos falando da enorme fusão musical dessa pequena ilha, uma mistura de tradições africanas, espanholas e árabes capaz de pôr todo mundo para dançar. Ao apreciarmos a rumba, percebemos que os instrumentos de percussão assumem uma importância fenomenal, criando polirritmias. Aprendemos que a clave cubana não é só um instrumento musical, mas também a base rítmica da qual se derivou a salsa, o songo a columbia e demais ritmos afro-cubanos. Ouvindo diferentes gravações, percebemos que os dois pedaços de madeira fazem a marcação e, juntos com a campana, espécie de agogô- cowbell, marcam uma métrica desconcertante para nós. Nosso maior desafio foi, ao mesmo tempo, tocar a clave e cantar. As batidas se encaixavam de maneira nada usual com a letra, como na música do Songoro Cosongo, aprendida nas aulas. Maracujá / Abacaxi / Melancia / E o limão... Agora vamos esperar o pulo do gato que essa turma vem ensaiando para a Festa de Encerramento.