CIRCO: UMA PRÁTICA CORPORAL VIVENCIADA POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO. Palavras Chave: Educação Física, Ensino Médio e Circo



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Transcrição:

CIRCO: UMA PRÁTICA CORPORAL VIVENCIADA POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO MARIA CRISTINA LOZANO Grupo de Pesquisa Educação Física FEUSP / CNPQ Este estudo é um relato de um projeto de educação física, entitulado Artes Circenses compartilhado a um projeto político pedagógico escolar. Pôde-se resgatar praticas corporais através de uma abordagem pedagógica de cultura corporal com alunos do ensino médio de uma escola pública da grande São Paulo. A proposta do projeto teve como propósito ampliar o acervo cultural dos alunos como uma prática multicultural dentro do universo escolar, fazendo-se necessária para que se possa modificar determinadas práticas que caracterizam a educação física escolar. Essa proposta pedagógica da cultura corporal que exige dos educadores o diálogo e a etnografia como forma de encaminhamento deste projeto para que as práticas sejam vivenciadas e discutidas pelos alunos, sem ter a pretensão, como produto final deste projeto o alcance de objetivos pré definidos, mas um fechamento que proporcione aos alunos uma reflexão e uma ampliação dos conhecimentos ali vividos e apresentados. INTRODUÇÃO Palavras Chave: Educação Física, Ensino Médio e Circo Uma das preocupações pelas quais a escola deva ter para com os jovens do ensino médio é oportunizar esse jovem o exercício da autonomia de maneira critica e criativa em favor de uma transformação, através de projetos e ações pedagógicas inseridas na proposta político pedagógica da unidade escolar. Algumas concepções de educação física, através de suas praticas pedagógicas apresentam possibilidades para superarem a discriminação, a seletividade, a marginalidade, buscando uma sociedade mais democrática, justa e uma educação para a cidadania, o que implica dar ao individuo a possibilidade concreta de autonomia. A formação desse cidadão que deverá interagir na realidade social estará intimamente relacionada a democratização de conhecimentos historicamente acumulados, favorecendo-o em sua emancipação humana através das praticas sociais, onde uma pedagogia critica fundamentada em teorias criticas, possa contribuir para a superação das relações de dominação presentes em uma sociedade neo liberal da qual fazem parte. Surge um projeto em uma escola da grande São Paulo, que compartilhado com esses jovens nas aulas de educação física propiciou o conhecimento às artes circenses. È uma proposta pedagógica da Educação Física escolar que procura romper com um universo simbólico da modernidade vinculada a características tecnicista onde se valoriza as ciências biológicas, procurando construir um universo simbólico na pós-modernidade, valorizando mais as ciências humanas. Pensar em uma educação física escolar que valoriza as ciências humanas é trazer a tona questões culturais a serem discutidas com esses jovens, permitindo-lhes refletir sobre a expressão cultural retratada na corporeidade presente na escola, sem ter a pretensão de 1

desculturalizá-los. Por isso cabe a educação física escolar enquanto disciplina ter em seu currículo como foco a cultura, de forma a proporcionar a esses jovens a identidade de classes e de grupos subalternizados, experiências que fujam da repetição da rotina escolar, proporcionando um espaço da reflexão, da crítica, da rebeldia, da justiça curricular. Nos estudos de Moreira e Candau (2003), Hall e outros autores afirmam que a cultura esteja presente em vários aspectos da vida social, fazendo com que a cultura seja condição necessária para a prática social, onde essa prática tenha uma dimensão cultural, confirmando a estreita relação entre as práticas escolares e a (s) cultural (s). Torna-se evidente que a escola não deva ter uma visão monocultural da educação e principalmente da cultura escolar, transformando seu interior em um espaço de socialização onde abra campo para identificarmos as diferentes culturas presentes no universo escolar, realizando a mediação reflexiva, as interações e o impacto que as diferenças culturais exercem continuamente no seu interior escolar, resultando uma escola pluralista que lida com seus diferentes. Ao iniciar o ano letivo de 2008 nas primeiras aulas foram apresentadas aos alunos o proposta das aulas de educação física onde teríamos por tema As Artes Circenses. Nesse primeiro momento nas turmas do ensino médio, observou-se que muitos alunos nunca haviam estado dentro de um circo ou assistido a um espetáculo circense, mas conheciam muitas praticas corporais presentes nesse universo cultural. Partindo do principio onde o aluno enquanto ser social apresenta uma construção corporal por determinantes culturais sendo fruto de uma cultura, compete a Educação Física escolar adotar praticas pedagógicas mais democráticas e de inclusão social, conferindo a seus alunos o papel de transformador da realidade e agente de cultura. A diversidade cultural existente dentro desta comunidade escolar passou a ser algo relevante para a formação das propostas de trabalho da educação física apresentadas anualmente e discutidas juntamente com os alunos, onde a abordagem da cultura corporal possibilita-nos vivenciar, refletir, questionar e reconstruir praticas corporais inseridas no contexto social do qual os alunos devam assumir papel de agentes ativos dentro de um processo formador. Assim sendo a educação física propiciou aos alunos a apropriação de uma experiência social historicamente acumulada e culturalmente organizada, o que se denomina de cultura corporal, envolveu as mais diversas manifestações corporais presentes no universo das artes circenses e visou a aquisição da expressão corporal como linguagem, promovendo ao aluno a respeitabilidade as suas diferenças de raça, gênero, habilidades ou interesses. OBJETIVO GERAL Esse trabalho tem o objetivo de verificar no processo escolar, como uma proposta de educação física voltada para uma abordagem de cultura corporal, possa contribuir para a formação critica e autônoma de um aluno de ensino médio no contexto onde está inserido. No desenvolvimento do projeto Arte Circense os alunos enquanto sujeitos ativos no processo ensino aprendizagem procuraram compreender a construção histórica do circo, assim como suas principais funções sociais, saber discutir o circo tradicional e sua redimensionalização, elaborar um espetáculo circense partindo de diferentes contextos e estruturas sociais, reproduzir/ transformar algumas das atividades existentes no circo, 2

conhecer um circo e o que existe nele e ser capaz de apreciar e diferenciar qualitativamente atividades circenses através de seus aspectos estéticos e contextuais; METODOLOGIA Como sujeitos do presente trabalho, alunos de 1ª série a 3 ª serie do ensino médio do ensino publico municipal, com idade de 15 a 18 anos, de ambos os sexos, pertencentes a varias classes sociais, totalizando 720 alunos. Os recursos didáticos utilizados pela professora atenderam desde datashow, apresentação de filmes, pesquisas, reescrita, produções de textos e um espetáculo circense convidado a se apresentar aos alunos. Materiais específicos da educação física e do circo como mini tramp, colchões, plintos, bancos suecos, fita, swing poi, stick flower, flag, bolinhas de tênis, aros e artefatos de mágica, fizeram parte da construção deste trabalho. Desenhou-se um caminho metodológico, considerando que a pesquisa etnográfica proporcionaria aos alunos, uma ressignificação de suas praticas diante das praticas circenses. Nesse sentido, a pesquisa etnográfica possibilitou olhar, ver e reparar se as praticas dos alunos nas aulas de educação física se relacionavam e incorporavam as propostas do projeto discutidas anteriormente, bem como registros das aulas realizados pela professora. As pesquisas foram realizadas diante da proposta de construção das praticas bem como de fundamentação para compreensão da historia do circo no contexto histórico universal e principalmente no Brasil. Já os registros das aulas instrumentavam as discussões quanto questões de poder e gênero presentes entre os alunos durante sua praticas nas aulas anteriores. No início do ano essa proposta foi apresenta aos alunos que puderam expor sua opinião quanto do interesse, relatando os conhecimentos que tinham sobre o assunto. Logo em seguida, foi possível apresentar a origem do circo na civilização e como ele chegou até o Brasil, inclusive analisar algumas transformações que o circo vem sofrendo na nossa sociedade nas ultimas décadas. Ao elencarmos todas as praticas corporais que envolvem essa arte, puderam passar para a seleção de algumas delas, das quais os alunos gostariam de estar vivenciando, neste instante as salas apresentavam uma diversidade significativas das praticas. Como forma de aprofundamento foi realizada uma apresentação de um espetáculo circense, na escola, composto por artistas profissionais e crianças participantes de um projeto escola de circo, os alunos puderam realizar algumas reflexões daquilo que viam com um texto que lhes foram apresentados anteriormente servindo de discussões para as aulas futuras. Ao assistir e observarem filmes que mostravam a arte circense, os alunos iniciam o encaminhamento de suas praticas para a construção de um espetáculo tematizado pela sala. A montagem desse trabalho se construiu durante as aulas de educação física. Esse espetáculo simboliza o encerramento das atividades praticas, mas o fechamento se dá após uma auto-avaliação realizada com os alunos ao assistirem suas apresentações. Nessa auto avaliação foi questionada, as opiniões sobre o projeto, sobre o trabalho realizado pela sala, quais os momentos mais importantes do trabalho, se o trabalho foi eficaz, o que foi adequado e não foi adequado e porque. 3

CONSIDERAÇÕES FINAIS É interessante notar que ao propor aos alunos um olhar critico dentro de uma abordagem cultural, proporcionando-lhes conhecer mais profundamente o seu repertorio de cultura corporal, eles resistem em legitimar algumas praticas pedagógicas como pertencentes às aulas de Educação Física. Questões culturais mostram-se fortemente presentes dentro de falas e condutas desses alunos do ensino médio, exigindo constantes interferências da professora, justificando as ações pedagógicas que compreendem o desenvolver do projeto. Ao participar e envolver-se nas atividades os alunos foram capazes de ressignificar e ampliar seus conhecimentos quanto ao universo das artes circenses; discutiram questões de gênero e poder diminuindo conflitos presentes no transcorrer das atividades; procederam a uma leitura critica da realidade estudada, propondo algumas sugestões, que se não chegaram a mudar o contexto, sensibilizaram os olhares e finalmente reconstruíram significados e ampliaram suas possibilidades de atuação cidadã. A professora assume um papel de mediadora de propostas, provocadora de desequilíbrios, conduzindo os alunos a tomada de consciência a respeito das ações praticadas e proporcionando reflexões, como no momento da auto avaliação onde alguns registros de aulas são apresentados juntamente com a apresentação da filmagem de suas produções circenses. Assim sendo a educação física ao integrar-se a proposta política pedagógica da escola, possibilitou desenvolver questionamentos que atingiram a criticidade esperada dentro de uma proposta de cultura corporal, levando os alunos realizarem relações que transcenderam os conhecimentos apresentados. REFERENCIA BIBLIOGRAFICA BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Media e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais, Brasília: MEC/SEMTEC, 1999. COLETIVO de Autores; Metodologia do Ensino de Educação Física; São Paulo, Cortez, 1992. MOREIRA, A.F.B.;CANDAU,V.M. Educação escolar e cultura(s):construindo caminhos.in:revista Brasileira de Educação, n23, maio/ jun/ jul/ ago, p.156-68, 2003. Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas, Petrópolis, Vozes, 2008. NEIRA, M.G. Educação Física: desenvolvendo competências, São Paulo, Phorte, 2003. Por dentro da sala de aula: conversando sobre a prática. São Paulo: Phorte, 2003. Ensino de educação física. São Paulo: Thomson Learning, 2007. NEIRA, M.G.; NUNES, M.L.F., Pedagogia da Cultura Corporal. Criticas e Alternativas, São Paulo, Phorte, 2006. SILVA, T.T. (org.) O que é, afinal, estudos culturais?, Belo Horizonte Autentica, 2006. Documentos de identidade; uma introdução às teorias do currículo, Belo Horizonte, Autentica, 2005. 4

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