O PROFISSIONAL EM SECRETARIADO EXECUTIVO E O ESTUDO DO ESPANHOL



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Transcrição:

O PROFISSIONAL EM SECRETARIADO EXECUTIVO E O ESTUDO DO ESPANHOL Aline Araujo Silva 1, Cidália Gomes 2 1 UNIVAP, Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, Avenida Shishima Hifume, 2911, Urbanova, SJCampos, SP, Haline101@ig.com.br 2 HABLA, Avenida Cassiano Ricardo, 1838, gomezc@terra.com.br Resumo- O objetivo deste trabalho é destacar a importância do estudo do idioma espanhol, principalmente para o profissional em secretariado executivo. Elaborado a partir de pesquisa bibliográfica, o trabalho aponta os mitos e algumas dificuldades que a língua espanhola oferece aos falantes do português, conseqüências da semelhança entre os dois idiomas. O resultado obtido mostra que essa semelhança pode levar o falante a mesclar os sistemas lingüísticos dos dois idiomas e expressar-se numa língua intermediária, acreditando estar comunicando-se com fluência em espanhol. A pesquisa permite concluir que o estudo do espanhol é extremamente importante para o profissional em secretariado executivo, uma vez que a fluência em língua estrangeira é fundamental para que desempenhe com eficiência e eficácia uma das suas atribuições, destacada pelo SINSESP Sindicato das Secretárias (os) do Estado de São Paulo, que é prestar serviços em idiomas estrangeiros. Palavras-chave: secretária executiva, espanhol, globalização, MERCOSUL Área do Conhecimento: VI Ciências Sociais Aplicadas Introdução O mundo atual, que se caracteriza por transformações constantes, rápidas e profundas, conseqüências da globalização e da tecnologia da informação, exige, do profissional em Secretariado Executivo, o domínio de idiomas. Assim, ao lado do inglês, que sempre esteve presente no cotidiano desse profissional, o espanhol - impulsionado pelo MERCOSUL - se tornou objeto de estudo em muitos cursos de graduação. O contato com a língua, com certeza, surpreendeu muitos alunos. A aparente facilidade que muitos julgam ter para expressar-se em espanhol, dada a semelhança com o português, leva à crença que dominá-lo não exige esforço; equívoco que se desfaz à medida que se familiariza com o idioma. O espanhol oferece ao falante do português, como se pode perceber com o seu estudo e conforme aponta a literatura, dificuldades em vários níveis. O desconhecimento das particularidades da língua, e a semelhança com o português, induzem o falante ao erro, levando-o a expressar-se em uma língua intermediária, o conhecido portunhol. Como é fundamental para o profissional em secretariado expressar-se com correção, este trabalho tem por objetivo destacar a importância do estudo do espanhol, apontando, por meio de pesquisa bibliográfica, os mitos e as dificuldades que envolvem o idioma e que constituem os subsídios que justificam a importância do estudo. x O espanhol e o português são idiomas que se originaram do latim, língua falada pelos romanos na região do Lácio. A língua, que deu origem também ao catalão, ao italiano, ao galego e ao francês, entre outras, foi o latim vulgar, modalidade não culta, falada pelos comerciantes, colonos e soldados e introduzida na Península Ibérica pelo Império Romano. O latim se aperfeiçoou pelo contato com os idiomas falados pelos povos que já habitavam a Península e pela influência de outras culturas, como a dos árabes, que invadiram a Península Ibérica no ano 711 e lá permaneceram por quase oito séculos. No século XII, com a constituição do Reino de Portugal, o português - até então relacionado ao galego tornou-se autônomo, independente: se tornou a língua oficial do reino. Segundo Dornelles (1992, apud Alves, 2002) vem daí a semelhança do português com o espanhol, e conseqüentemente, os equívocos tanto na ortografia como na fonética. O português, atualmente, é falado por sete países de três continentes: Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, que formam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Apesar de ser o idioma oficial do Brasil, não é a língua nativa do país. O tupi-guarani continuou sendo falado por quase 300 anos após a chegada dos colonos portugueses e o idioma português só se 2464

tornou obrigatório em 1758, por ordem do Marquês de Pombal. O espanhol, além de ser a língua oficial da Espanha e de dezenove países da América e do Caribe, é o idioma nativo total ou parcial - de determinadas regiões de Estados Unidos, das Filipinas e de Trinidad, ilha situada perto da Venezuela. É a língua materna dos descendentes dos judeus, expulsos da Espanha em 1942 e que vivem na Turquia, nos Bálcãs, na Ásia Menor, no norte de África e em muitos países da Europa. O espanhol é, também, a língua oficial das Nações Unidas, da União Européia e de outros organismos internacionais. Na América do Sul é falado por todos os países, com exceção do Brasil. Mitos relacionados ao idioma espanhol Para Rodrigues (1992), os dois idiomas - português e espanhol - têm muito em comum; além de sua origem e da proximidade geográfica apresentam semelhanças fonético-fonológicas, morfológicas, sintáticas e semânticas. O espanhol é, com exceção do galego, a língua que mais se aproxima do português. Essa semelhança, segundo Alves (2002, p. 3), é responsável pelo surgimento dos seguintes mitos: o mito da facilidade: os falantes do português acreditam que "espanhol é uma língua muito fácil", que é um português mal falado", para justificar a facilidade que julgam ter para falar e escrever o idioma; o mito do bilingüismo: as semelhanças entre os dois idiomas faz com que os brasileiros acreditem que não é preciso estudar uma língua que eles já sabem. São comuns frases como "sei espanhol porque entendo tudo o que me falam ou que escuto em espanhol, que acabam induzindo o falante do português a acreditar que domina os dois idiomas; e o mito da sonoridade: é a crença de que mudando os sons de algumas palavras do português se pode falar o espanhol. São freqüentes palabras como: profesuera, coca cuela, pueco, etc. Ainda segundo Alves, esses mitos e outros equívocos, como pedir durex, hacer una ligación, contar uma historia que es engrasada - cometidos por falantes do português que julgam estar falando espanhol - deram origem a uma interlíngua, o popular portunhol. O termo interlíngua, criado por Selinker, (1972, apud ALVES, 2002, p.4), designa o processo anterior à aquisição do sistema lingüístico no nativo, la asociación entre la lengua portuguesa y la española sin, necesariamente, ser una u otra. Son mezclados ambos sistemas léxicos, morfosintáticos y semánticos. Dificuldades do espanhol para falantes do português Para Neta (2006), não é fácil para os brasileiros aprenderem o espanhol. A semelhança entre as línguas, a proximidade entre elas, faz com que o português seja utilizado como referência. Esse fator, devido às interferências, origina o portunhol, e faz com que o falante do português conclua que esse nível é suficiente e que está se comunicando bem. Segundo a autora, apesar da semelhança com o português, a língua espanhola apresenta dificuldades para os brasileiros em cinco níveis: léxico, morfossintático, gráfico e ortográfico e fonético fonológico. As dificuldades, nesses níveis, são: nível morfossintático: as principais referem-se ao uso do artigo, nome, adjetivo, pronomes, preposições, verbos e advérbio; nível gráfico e ortográfico: as dificuldades estão na acentuação. Em português há distinção em relação ao timbre, aberto e fechado e há dois acentos: agudo e circunflexo. nível fonético-fonológico: como existe grande diferença na fonética entre as duas línguas, as dificuldades são grandes, desde a nasalidade aberta e fechada do português até a diferença de pronúncia de algumas letras em espanhol; e nível léxico: as principais divergências acontecem com os vocábulos heterotônicos, heterogenéricos,e heterossemânticos. (NETA, 2006). Vocábulos Heterotônicos, Heterogenéricos e Heterossemânticos Os vocábulos heterotônicos apresentam, nas duas línguas, forma gráfica e/ou fônica igual ou semelhante e o mesmo significado: só diferem em relação à posição do acento tônico. Assim, Democracia Alguém Oceano Atmosfera telefone Democracia Alguien Océano Atmosfera teléfono Os vocábulos heterogenéricos são idênticos ou parecidos quanto à forma gráfica e significado, mas têm o gênero diferente. São masculinos em português e femininos em espanhol, entre outros: 2465

0B masculino o sal o leite o legume o mel feminino la sal la leche la legumbre la miel São femininos em português e masculinos em espanhol, entre outros: feminino A árvore A viagem A ponte A cor masculino El árbol El viaje El puente El color Os vocábulos heterossemânticos, como denotam os exemplos seguintes, são idênticos ou semelhantes em português e espanhol quanto à forma gráfica e/ou fônica, mas divergem parcial o totalmente quanto ao significado. Pó, poeira polvo escritório escrivaninha oficina talher grávida polvo pulpo oficina escritório taller cubierto embarazada O profissional em Secretariado Executivo A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) insere a profissão de Secretária Executiva no GG 2 grupo dos profissionais das ciências e das artes. Nesse grupo, a maioria das ocupações exige competências nível quatro da Classificação Internacional Uniforme de Ocupações CIUO. 88 (1) e compreende atividades que requerem conhecimentos profissionais de alto nível e experiência em matéria de ciências físicas, biológicas, sociais e humana. O SINSESP Sindicato das Secretárias (os) do Estado de São Paulo concorda com esse enquadramento, explicando que o perfil atual do profissional de secretariado é de um assessor, gestor e consultor, portanto, está enquadrado no grupo correto, visto que este grupo prevê um profissional com formação eclética, um nível intelectual muito bom, enfim mais adequado ao perfil do profissional exigido pelo mercado. O mercado de trabalho, hoje, caracterizase pela seletividade e competitividade e é nesse contexto que o Profissional em Secretariado Executivo tem que se inserir; por esse motivo, é fundamental a capacitação contínua e o domínio de idiomas. Tanto que, na descrição sumária das principais atribuições desse profissional, o Sindicato destaca que deve prestar serviços em idiomas estrangeiros. As Diretrizes Nacionais para o Curso de Graduação em Secretariado Executivo Parecer 0104-2004 aprovado em 11-03-2004 já sugerem que o profissional em secretariado executivo deva, além do aprofundamento da língua nacional, dominar, pelo menos, uma língua estrangeira, mas o mercado globalizado exige a fluência em dois ou três idiomas. Assim, a CBO - Classificação Brasileira das Ocupações - publicação que classifica as diversas atividades dos trabalhadores do País, nos mais diferentes setores de atividade, tanto do setor público como privado, já traz os códigos 2523-10 e 2523-15 para secretárias bilíngües e trilingües, respectivamente, além de 2523-05 para a secretária executiva. No contexto brasileiro, o idioma espanhol, impulsionado pelo MERCOSUL - se tornou objeto de estudo em muitos cursos de graduação e em escolas públicas e particulares de ensino fundamental e médio. Isso por que se pretende que a integração entre os países de língua espanhola e o Brasil não seja apenas comercial, mas também cultural, uma vez que o país é o único de língua portuguesa na América Latina. O incentivo ao estudo do idioma se fez em forma de lei, como comprova a sua obrigatoriedade no ensino médio das escolas brasileiras, conforme informação veiculada no Portal do Ministério da Educação (MEC), em 04-08-2005: O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sanciona (...) a lei que torna obrigatória a oferta da língua espanhola nas escolas públicas e privadas de ensino médio. O Projeto de Lei nº 3.987, de 2000, de autoria do deputado Átila Lira (PSDB/PI), foi aprovado pelo Congresso Nacional no dia 7 de julho. A lei prevê a implantação gradativa do ensino do espanhol, no prazo de cinco anos, e atribui aos conselhos estaduais de educação a responsabilidade pelas normas que tornem viável sua execução de acordo com as condições e peculiaridades locais. O estudo do espanhol, pelo profissional de Secretariado Executivo, exige um esforço complementar. Dada a inter-relação do Brasil com os países membros, ou associados do MERCOSUL, é preciso, além da fluência no idioma, conhecer a cultura desses países, alguns regionalismos, e, principalmente, os seus heterossemânticos, para evitar não só o portunhol, como, também, as situações constrangedoras que o uso indevido desses vocábulos pode provocar. Metodologia 2466

Este trabalho foi elaborado a partir de pesquisa bibliográfica. Foram consultados livros, material de estudo de sala de aula e artigos disponibilizados na Internet. Resultados Os resultados apontam, após o exposto, que os mitos que envolvem o idioma espanhol facilidade, bilingüismo e sonoridade são decorrentes das semelhanças fonéticofonológicas, morfológicas, sintáticas e semânticas, entre a língua portuguesa e a espanhola. Essas semelhanças são, também, a causa das principais dificuldades encontradas pelos brasileiros para expressar-se em espanhol. Dentre elas destacam-se as de nível léxico, principalmente às referentes aos vocábulos heterotônicos, heterogenéricos e heterossemânticos. Em relação aos vocábulos heterotônicos e heterogenéricos, os exemplos evidenciam que não chegam a provocar interferências significativas na comunicação, mas impedem a correta expressão em espanhol. Junto com os erros de sonoridade caracterizam o chamado portunhol. Já o desconhecimento dos heterossemânticos compromete a comunicação, podendo causar constrangimento em determinadas situações. Discussão O profissional em Secretariado Executivo, como qualquer falante da língua portuguesa, é passível dos mitos apontados por Alves (2006). É preciso ter ciência desses mitos, perceber que a semelhança entre o idioma português e o espanhol, embora aparentemente facilite a comunicação, pode induzir ao erro, fazendo com que o falante mescle os sistemas léxicos, morfossintáticos e semânticos dos dois idiomas, não se expressando nem em um, nem no outro, mas sim em uma interlíngua (Selinker, 1972), ou seja, em uma língua intermediária, anterior à aquisição do novo sistema lingüístico no nativo. Ciente desses mitos, o profissional deve conhecer as dificuldades que o idioma espanhol apresenta nos níveis morfossintático, gráfico e ortográfico, fonético-fonológico e léxico, conforme aponta Neta (2006), e dedicar-se ao seu estudo, atentando, principalmente, para divergências decorrentes dos vocábulos heterotônicos, heterogenéricos,e heterossemânticos. Conclusão É inegável a responsabilidade do profissional em Secretariado Executivo na representação da empresa onde trabalha. Para representá-la bem, principalmente junto aos clientes externos, no atual contexto globalizado, é preciso manter-se atualizado e capacitar-se constantemente. Nesse contexto, em que a comunicação é fundamental, é intolerável falhas que podem comprometê-la, causando constrangimentos na relação entre a empresa e os clientes. Por esse motivo, o profissional deve estar apto a desenvolver, com responsabilidade e competência, suas funções. Dentre elas inclui-se a comunicação em língua espanhola. Cabe, então, ao profissional em Secretariado Executivo, dedicar-se ao estudo do idioma espanhol com o mesmo empenho com que estuda o inglês ou o francês. Embora a semelhança entre a língua espanhola e a portuguesa facilite a comunicação, é preciso lembrar que essa semelhança induz ao erro, impedindo a fluência no idioma, permitindo, apenas, a comunicação em um nível insatisfatório: o portunhol. Referências ALVES. Janaína Soares. Los heterosemánticos en español y portugués. Un desafío a la lectura/interpretación: el caso de los "vestibulandos" brasileños. Congresso Brasileiro de Hispanistas. Ano. 2. Oct. 2002. RODRÍGUEZ. Alfredo Maceira. Aspectos Comparativos entre o e o. In: III Encontro Interdisciplinar de Letras: 253-257. UFRJ, 1992. NETA. Nair Floresta Andrade. Aprender español es fácil porque hablo portugués: Ventajas y desventajas de los brasileños para aprender español. Cuadernos Cervantes. Número 63. 2006. Disponível em: HUhttp://www.cuadernoscervantes.com/lc_portugues. htmluh. Acesso em 12-06-07. CBO - Classificação Brasileira de Ocupações. Disponível em HUhttp://www.mtecbo.gov.brUH. Acesso: 15-06-07. SINSESP Sindicato das secretárias (os) do Estado de São Paulo. Disponível em: sinsesp@sinsesp. com.br. Acesso em 15-06-07. MEC - Portal do Ministério da Educação. Disponível em HUhttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=content &task=view&id=3785&flagnoticias=1&itemid=392 5U Acesso 15-06-07. 2467

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