CRUZAMENTOS NA OVINOCULTURA TROPICAL. PRÍNCIPIOS, PRÁTICAS E RECOMENDAÇÕES Autor: Arnaldo Dantas B. Neto Médico Veterinário, Especialista em Gestão de Negócios, Coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Raça Santa Inês A ovinocultura brasileira passou, nesta última década, por uma profunda transformação sendo inicialmente baseada no binômio lã carne e localizada na região temperada; passou a fundamentar-se na produção de carne e pele expandido-se nas porções tropical e sub tropical. O crescimento do rebanho nacional só será factível mediante o aumento do consumo per capita da carne ovina, por sua vez consequência direta das ações mercadológicas: do preço, da distribuição, da comunicação. A redução do preço ao consumidor final colocada como a principal variável para atingir aquele objetivo ensejará fortes pressões para a redução do custo unitário de produção e isto só pode ser conseguido com aumento da eficiência operacional. Neste contexto, a diversidade de raças e grupamentos genéticos é um recurso valioso. O uso de sistemas de cruzamento pode aumentar a produtividade em relação a qualquer uma das raças envolvidas. Estes sistemas apresentam graus de complexidade e de resultados diferentes conforme a opção escolhida, porém todos eles procuram extrair ganhos a partir da heterose e da complementaridade entre raças. 1. Diversidade de raças A seleção natural e, posteriormente a domesticação, a seleção feita pelo homem com fins econômicos criou um grande número de raças que diferem em aspectos como: tamanho, produção de leite, habilidade maternal, fertilidade, prolificidade, adaptabilidade a um determinado ambiente, tipo de pelagem, qualidade da pele, características da carcaça, etc. No Brasil tropical as raças que nos interessam analisar são: a) as lanadas especializadas na produção de carne ou de duplo propósito tais como: Suffolk, Ille de France, Texel, Hampshire Down; b) as lanadas que se destacam pelas características reprodutivas tais como: Finnsheep, Romanov, Boorolla Merino, Dorset; c) as deslanadas de uma maneira geral : Santa Inês, Morada Nova, Cariri, Rabo Largo, St. Croix, Barbados Black Belly, Dâmara, Somalis, Red Masai; d) As raças semi-lanadas já desenvolvidas: Dorper e Kathadin. Cada raça pode ser analisada como um pacote de material genético específico, estável e com repetibilidade nos resultados das suas combinações entre elas em um ambiente específico. É importante reconhecer que dado determinado conjunto de condições ambientais nenhuma delas é superior a todas as outras nas principais características de interesse econômico, todas apresentam vantagens e desvantagens comparativas. Da mesma forma, analisando-se uma raça qualquer, estes pontos fracos e fortes em relação a outra raça se alteram conforme o ambiente em que elas são comparadas. As características relevantes para o custo de produção e atendimento das especificações do mercado para cada raça estão nas tabelas abaixo, dividimos estas características em quatro grupos: composto maternal, tamanho corporal, características da carcaça e da pele, adaptabilidade ao ambiente tropical.. 1
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RAÇA Estacionalidade reprodutiva COMPOSTO MATERNAL ADAPTABILIDADE TAMANHO CORPORAL CARCAÇA Resistência Ganho Velocidade Idade a Habilidade Tolerância Resistência a Tamanho Ganho pré Conversão Prolificidade a pós de puberdade materna ao calor fotossensibilização Adulto desmame alimentar Verminoses desmame acabamento Suffolk Grande Baixa Baixa Muito baixa Grande Alto Alto Ille de Baixa Grande Alto Alto France Alta Texel Grande Baixa Baixa Médio Alto Alto Alta Alta Hampshir Grande Baixa Grande Alto Alto e Down Alta Finnsheep Baixa Muito alta Médio Baixo Baixo Baixa Baixa Romanov Baixa Muito alta Médio Baixo Baixo Baixa Baixa Booroola Baixa Muito alta Médio Baixo Baixo Merino Baixa Baixa Dorset Baixa Alta Alta Baixa Grande Alto Alto Santa Inês Baixa Alta Variável Alta Grande Alto Alto Baixa Baixa Morada Baixa Baixa Alta Alta Pequeno Alto Baixo Nova Cariri Baixa Alta Baixa Alta Médio Médio Baixo Baixa Rabo Baixa Baixa Baixa Alta Pequeno Baixo Baixo Largo Alta Baixa Somalis Baixa Baixa Alta Pequeno Baixo Baixo Alta St Croix Baixa Baixa Alta Alta Muito alta Médio Médio Médio Barbados Black Baixa Baixa Alta Alta Alta Pequeno Médio Baixo Baixa Baixa Belly Dâmara Baixa??:? Baixa Alta Médio Médio Baixo Alta Bauxa Red Masai Baixa? Baixa Alta Alta Pequeno Médio Baixo Baixa Baixa Dorper Baixa Baixa Grande Alto Alto Alta Alta Kathadin Baixa Baixa Alta Médio Médio Alta Musculo sidade 3
2. Heterose e complementaridade Os cruzamentos entre raças são realizados buscando dois resultados bem conhecidos na produção animal: a heterose e a complementaridade. Dizemos que o efeito heterótico ou vigor híbrido ocorre em uma determinada característica quando o produto do cruzamento entre duas raças apresenta um desempenho diferente da média entre os desempenhos daquelas raças individualmente. Por exemplo cruzando-se a raça A com a B, cada uma com o peso aos 60 dias de 10 kg e 16 kg respectivamente obteve-se um produto que pesa 14 kg, como a média entre ambas é de 13 kg dizemos que o efeito heterótico foi de 1 kg ou 7,7% em relação a média.ele ocorre basicamente porque o produto deste cruzamento apresenta uma nova combinação dos aproximadamente 30.000 genes que existem em um ovino provocando um aumento da heterozigose. A complementaridade ocorre da diferença entre a composição genética entre as raças procuramos explorar este efeito combinando raças para corrigir os pontos fracos de uma delas ou de ambas obtendo um produto mais adequado ao mercado. O exemplo disto é quando cruzamos uma raça que apresenta baixo ganho em peso e musculatura pouco desenvolvida com outra veloz no crescimento e musculosa para obter um cordeiro próprio para o abate. Para fins práticos a heterose pode medida no cordeiro, na ovelha e no carneiro a) Dizemos que há heterose no cordeiro quando nos referimos a medidas tomadas no cordeiro oriundo do cruzamento. Por exemplo no peso aos 180 dias do produto do cruzamento entre as raças A e B; b) Dizemos que há heterose na ovelha quando nos referimos a medidas tomadas na fêmea oriunda do cruzamento. Por exemplo se a prolificidade de uma ovelha Santa Inês x Dorset cruzada com um Texel é de 1, 6 sendo que a prolificidade da Santa Inês é 1,3 e da Dorset 1,7 quando também cruzadas com o Texel então obtivemos uma heterose de 6,67% na ovelha Santa Inês x Dorset; c) Dizemos que há heterose no carneiro quando nos referimos a medidas tomadas no carneiro oriundo do cruzamento. Por exemplo libido, fertilidade, longevidade. Estes efeitos são pouco estudados. A heterose não pode ser calculada a priori devendo ser verificada através de experimentações, decorre daí que os principais efeitos heteróticos na ovinocultura tropical ainda são desconhecidos. No entanto podemos ter alguns indicativos de onde ela deverá aparecer com mais ou menos intensidade. Outro aspecto de interesse é que a heterose de diversas características são cumulativas de forma que o efeito global é bem maior do que o aferido em cada uma delas isoladamente. Na tabela 2 temos um resumo dos principais efeitos de heterose compilados em raças lanadas. CARACTERÍSTICA CORDEIRO OVELHA Peso ao nascer 3,2 5,1 Peso ao desmame 5,0 6,3 Ganho diário pré- desmame 5,3 - Ganho diário pós- desmame 6,6 - Peso aos 12 meses 6,2 5,0 Taxa de fertilidade 2,6 8,7 Prolificidade 2,8 3,2 Sobrevivência até o desmame 9,8 2,7 Borregos desmamados/ ovelha 15,2 14,7 Peso ao desmame por ovelha 17,8 18,0 TABELA 2 Heterose em percentagem relativamente a média entre raças ( NITTER,G.,1978) 4
3. Sistemas de Cruzamento O objetivo principal de um sistema de cruzamento é melhorar a performance em relação a utilização de raças puras em um determinado sistema de produção. Podemos classificar os programas de cruzamento em duas categorias: os de uso contínuo e os terminais. 3.1 Uso contínuo Nestes sistemas podemos utilizar quatro tipos de ovelhas: puras, primeira cruza (F1), rotacionadas e compostas a) Nos sistemas de ovelhas puras utilizamos uma só raça e é utilizado como referência para medir resultados e na situação incomum onde condições ambientais ou de mercado muito particulares são melhor atendidas por uma raça especificamente; b) Nos sistemas de primeira cruza (F1) utilizamos uma única raça de ovelhas (A) e duas raças de carneiros (A e B), parte do rebanho é utilizado para a reposição das ovelhas ( A x A) e na outra é feito o cruzamento (A x B) indo todos os produtos para o abate. Como todas as ovelhas são puras neste sistema não se beneficia da heterose nas ovelhas porém obtém 100% da heterose nos cordeiros; c) Nos sistemas rotacionados, utilizamos alternadamente carneiros de duas ou três raças diferentes, como as ovelhas remanescentes no rebanho são todas oriundas de cruzamentos obtemos os dois tipos de heterose: o das ovelhas e o dos cordeiros. Conforme o uso de duas ou três raças podemos obter 67% a 86% da heterose total. Estes sistemas necessitam de separação das ovelhas em dois ou três grupos para acasalamento e se as raças de carneiros utilizadas forem muito diferentes na sua performance podem criar dificuldades no manejo ou falta de uniformidade no produto final, deste modo são mais utilizadas as raças de uso geral onde o desempenho nas diversas carcterísticas é mediano; d) Nos sistemas que utilizam compostos, duas ou mais raças são utilizadas para produzir machos e fêmeas com as características desejadas e com aumento da heterozigose. Depois estes animais são acasalados entre si para manutenção da composição genética desejada sendo tratados como um único rebanho. Para que haja manutenção da heterose e evitar os efeitos da consangüinidade é preciso utilizar pelo menos 25 carneiros em cada geração. 3.2 Sistemas terminais Nestes sistemas um carneiro de raça altamente especializada em certas características é utilizado para acasalar ovelhas puras, F1, rotacionadas ou compostas destinando 100% da produção para o abate. Estes sistemas apresentam a vantagem de além de se beneficiar grandemente da heterose utilizam os efeitos da complementaridade. Como desvantagem apresentam uma maior complexidade de manejo. 3.3 Comparação entre os sistemas Embora os ganhos pela heterose possam ser pequenos em uma determinada característica porém o efeito cumulativo em um grande número delas, além da junção dos efeitos nos cordeiros com o das ovelhas podem representar e a complementaridade pode resultar ganhos de produtividade de até 50% em relação às raças puras. Existem diferenças de complexidade de execução para os diferentes sistemas os ganhos esperados na produção total também são diferentes. Utilizando-se sistemas de primeira cruza F1 estaremos explorando só a heterose nos cordeiros, quando partimos para os sistemas rotacionados adicionamos o efeito heterótico das ovelhas e ao utilizarmos os sistemas terminais incorporamos a complementaridade. 5
Na tabela 3 colocamos uma comparação a respeito do desempenho relativo esperado nos diversos sistemas de cruzamento, correspondente ao peso total desmamado por ovelha. TIPO GENÉTICO Uso contínuo Terminais Raça pura 100 122 Primeira cruza F1 117 150 Rotacionado 2 raças 134 146 Rotacionado 3 raças 143 153 Composto 2 raças 125 141 Composto 3 raças 131 145 Composto 4 raças 138 150 Tabela 3 Produção total de cordeiros desmamados/ovelha em kg De uma maneira geral os sistemas terminais maximizam a produção de carne pela utilização de carneiros especializados em ovelhas cruzadas. 4. Componentes ambientais O ambiente, isto é a disponibilidade e qualidade dos alimentos, a temperatura, umidade, radiação solar, instalações disponíveis, cuidados com os recém nascidos, etc, influenciam todas as características de interesse econômico, sendo bem conhecida a relação FENÓTIPO = GENÓTIPO X AMBIENTE No planejamento de um sistema de produção devemos inicialmente determinar os resultados que queremos obter, isto é o fenótipo. A seguir devemos decompor o ambiente nos principais elementos que podem interagir com os genótipos a serem utilizados. Só então podemos determinar qual o esquema de cruzamentos que poderá produzir os resultados esperados. A seguir listamos os componentes ambientais que mais podem influenciar na obtenção de resultados e influir na escolha das raças e sistemas de cruzamento. Tratando-se de ovinocultura tropical consideramos que as temperaturas e radiação solar máxima, mínima e média comportam-se dentro da faixa própria desta região geográfica. - Pluviometria alta, média ou baixa - Umidade alta, baixa - Alimentação das ovelhas pasto sem suplementação, pasto com suplementação na seca, confinadas - Alimentação dos cordeiros pasto, confinados alto grão - Cuidados com o recém nascido alto, baixo - Investimento em instalações alto, baixo - Cuidados sanitários alto, baixo 5. Resultados esperados Na produção de cordeiros para abate devemos estar atentos a dois tipos de resultados: as especificações do mercado a ser atendido pelo produto final, os resultados de produtividade que influenciam no custo do produto. 6
a) Especificações do mercado - Alguns mercados exigem especificações muito particulares e são denominados de nichos de mercado, por exemplo cordeiro orgânico, o cordeiro mamão com 7 kg de carcaça. O que nos interessa são as exigências do grande mercado representado pelas especificações de compra do setor frigorífico. É interessante ressaltar que ainda não temos uma convergência em relação a estas especificações e as preferências do consumidor também não foram estudadas detalhadamente, de forma que aquilo que chamamos de produto padrão atualmente pode sofrer grandes modificações no futuro. Hoje podemos definir o produto ideal como sendo um animal com menos de um ano de idade castrados ou não,sem distinção de sexo, grau de acabamento que proporcione uma cobertura de gordura de 2 a 3 mm no lombo ; proporções crescentes de pernil e lombo e boa cobertura de carne nas costelas,peso vivo entre 30 e 38 kg, os animais oriundos de cruzamentos com raças especializadas para carne tem melhor preço, é importante que o cordeiro de abate não tenha mais do que 25% se raças lanadas na sua composição genética para não afetar a qualidade da pele. b) Índices de produtividade Os principais parâmetros a serem definidos podem ser divididos em dois grupos: os relativos às ovelhas e os dos cordeiro. Nas ovelhas medimos: - Prolificidade - Facilidade ao parto - Idade ao desmame - Mortalidade até o desmame - Peso ao desmame - Taxa de mortalidade de adultos - No de partos por ovelha/ ano - Taxa de reposição do rebanho - Peso adulto das ovelhas - Idade ao primeiro parto Nos cordeiros medimos: - Idade ao peso de abate - Conversão alimentar - Musculosidade - Conformação da carcaça - Acabamento da carcaça 6. Resultados práticos Como já foi dito os resultados relativos a heterose e o desempenho final de qualquer cruzamento tem que ser determinado através de experimentações. Dois grupos de dados precisam ser analisados: os relativos às ovelhas oriundas de cruzamento e os dos cordeiros que vão para abate. 6.1 Ovelhas cruzadas Nos interessa a prolificidade, facilidade ao parto, a mortalidade até o desmame, o peso ao desmame, o tamanho adulto, a idade ao primeiro parto, adaptabilidade. 7
Algumas raças tem sido habitualmente utilizadas para elevar a prolificidade das ovelhas: Finnsheep, Romanov e Boroola Merino entre as lanadas; Barbados Black Belly, Saint Croix, Morada Nova e Cariri entre as deslanadas. Na ovinocultura lanada a mais utilizada é a Finnsheep onde a cada 1% de sangue Finn na ovelha corresponde um aumento de 1% no nascimento de duplos. A facilidade ao parto é outra característica importante de analisar, geralmente não devemos cruzar uma ovelha com um macho muito maior que ela. Mortalidade até o desmame este parâmetro é muito influenciado pela habilidade maternal e pela composição genética dos borregos. Via de regra a presença da heterose já diminui a mortalidade independentemente das raças utilizadas. Evidentemente a prolificidade tem um efeito negativo na mortalidade sendo necessário verificar o resultado final, isto é, os kg de borregos desmamados por ovelha. Os ovinos das raças Santa Inês, Morada Nova e seus mestiços com a raça Dorper apresentam alta capacidade fisiológica para manter a homeotermia em ambiente quente, no entanto os mestiços SI x Dorper apresentaram a maior frequência respiratória evidenciando algum grau de stress térmico. (Santos,J.R.S dos, et al 2006) De acordo com McManus as mestiças de Texel x Morada Nova apresentaram uma idade ao primeiro parto maior que as MN puras ou SI puras Deve-se preferir cruzamentos que resultem em ovelhas de tamanho médio 6.2 Cordeiros Os produtos cruzados com raças deslanadas apresentam melhor desempenho em pastagens que os de raças lanadas inter si, sendo que os cordeiros Santa Inês puros desempenharam melhor que os cruzados nas condições de pastagens do DF. A utilização de reprodutores Suffolk, Ile de France e Poll Dorset em plantéis Santa Inês resulta em desempenho superior das crias mestiças em relação às puras. O cruzamento com Suffolk potencializa o ganho de peso, reduzindo a idade de abate e a utilização de Ile de France e Pool Dorset resulta em carcaças com melhor acabamento. O desempenho e as características de carcaça de fêmeas indicam a viabilidade de utilização das fêmeas para abate e a equivalência na valorização das carcaças. (BUENO, M.S., CUNHA E.A., SANTOS, L.E. 2000) 8
s de quadrados mínimos para nota de cobertura de gordura da carcaça (NOTA) e área de olho de lombo (OL) e espessura da gordura de cobertura (EGC) das carcaças, em cm, e porcentagens de músculo (%Musc), de gordura (%Gord) e de ossos (%Osso) de cordeiros Santa Inês e seus mestiços (½)(**-P<0,01, *-P<0,05). s de quadrados mínimos para o peso ao nascer (PN), peso ao desmame (PD), ganho de peso diário na amamentação (GPDA), peso final (PF) e ganho de peso diário no confinamento (GPDC) (kg) e idade de abate (dias) de cordeiros SI e mestiços (½) (**-P<0,01, *-P<0,05). Características de carcaças de cordeiros de diferentes composições genéticas. Características 1/2 Hampshire Down Composição genética 1/2 Suffolk 1/2 lle de France 1/2 Santa Inês Peso de carcaça quente (kg) 10,95 ± 0,20 ab 10,78 ± 0,22 ab 11,21 ± 0,22 a 10,55 ± 0,90 a Peso de carcaça fria (kg) 10,00 ± 0,10 ab 10,07 ± 0,19 ab 10,18 ± 0,18 b 9,74 ± 0,18 a Comprimento de carcaça (cm) 57,86 ± 1,64 a 56,51 ± 1,30 a 59,55 ± 1,30 a 59,30 ± 1,17 a Comprimento de perna (cm) 34,40 ± 0,54 a 33,47 ± 0,43 a 34,71 ± 0,43 a 35,88 ± 0,39 b Profundidade torácica (cm) 22,39 ± 0,46 a 22,06 ± 0,36 a 22,57 ± 0,36 ab 23,30 ± 0,32 b Circunferência do coxão (cm) 31,94 ± 0,86 a 31,57 ± 0,69 a 32,66 ± 0,69 a 31,60 ± 0,62 a Nas linhas, médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si (P> 0,05) Fonte: EMBRAPA/CNPC - Relatório em andamento (1993) 9
Características de carcaças de cordeiros de diferentes composições genéticas. Composição genética CARACTERÍSTICAS 1/2 Hampshire Down 1/2 Suffolk 1/2 lle de France 1/2 Santa Inês Peso do serrote com osso (kg) 6,89 ± 36 a 7,97 ± 39 a 6,77 ± 38 a 7,42 ± 37 a Peso do serrote sem osso (kg) 5,04 ± 15 a 5,73 ± 33 a 4,83 ± 33 a 5,34 ± 31 a Peso do osso do serrote (kg) 2,02 ± 15 a 2,41 ± 16 a 2,13 ± 16 a 2,14 ± 15 a Peso da paleta com osso (kg) 12,90 ± 71 a 12,73 ± 75 a 14,34 ± 74 a 13,18 ± 70 a Peso da paleta sem osso (kg) 9,97 ± 39 a 9,18 ± 42 a 10,86 ± 41 b 9,82 ± 40 a Peso do osso da paleta (kg) 2,99 ± 36 a 3,66 ± 39 a 3,48 ± 38 a 3,44 ± 37 a Peso do costilhar com osso (kg) 4,98 ± 27 a 5,01 ± 29 a 5,22 ± 29 a 4,90 ± 27 a Peso do costilhar sem osso (kg) 3,66 ± 15 a 3,39 ± 16 a 3,95 ± 16 a 3,60 ± 16 a Peso do osso costilhar (kg) 1,33 ± 18 a 1,57 ± 19 a 1,28 ± 19 a 1,31 ±17 a Nas linhas, médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si (P> 0,05) Fonte: EMBRAPA/CNPC - Relatório em andamento (1993) Abaixo estão apresentados dados de desempenho de cordeiros Santa Inês, Dorper e seus mestiços. Os resultados das pesquisas ainda são muito incipientes e requerem maiores estudos. Percebe-se pela Tabela 13 que apenas para peso ao nascimento houve heterose satisfatória em relação às características consideradas. Desenvolvimento ponderal de cordeiros de diferentes genótipos no ano de 2001-2002. Variáveis Dorper Santa Inês ½ Dorper + ½ Santa Inês N N N Heterose (kg) (kg) (kg) (%) Peso ao Nascer 55 3,80 93 3,29 65 3,67 3,53 Peso aos 28 dias de idade 54 12,0 80 9,1 57 9,3-11,85 Peso aos 56 dias de idade 54 18,7 79 13,8 53 14,5-10,77 Peso aos 84 dias de idade 52 24,0 76 16,1 51 17,0-15,21 Peso aos 112 dias de idade 49 26,6 59 17,7 32 19,3-12,87 Peso aos 140 dias de idade 25 30,1 48 20,7 28 22,0-13,38 Peso aos 196 dias de idade 16 37,6 33 22,9 21 23,9-20,99 GMD1 (g/dia) 49 230 59 128 32 138-22,90 GMD2 (g/dia) 16 108 33 56 21 65-20,73 N = Número de animais; GMD1 = Ganho de peso médio diário do nascimento até 112 dias de idade. GMD2 = Ganho de peso médio diário de 112 até 196 dias de idade. 1
Fonte: SOUSA 2003 s e desvios padrão para peso e ganho de peso de algumas características de carcaça de cordeiros de diferentes genótipos criados a campo em diversas propriedades do Estado da Paraíba -PB Parâmetros Genotipos Santa Inês ½ Dp + ½ SRD(*) ½ Dp + ¼ SI ½ Dp + ½ MN Peso ao nascer (kg) 3,9 ± 0,95 3,20 ± 0,64 3,1 ± 0,56 2,46 ± 0,57 Peso aos 28 dias (kg) 9,4 ± 1,3 8,01 ± 2,0 9,93 ± 2,83 7,24 ± 2,50 Peso aos 56 dias (kg) 13,9 ± 3,5 14,7 ± 2,47 15,28 ± 2,04 12,59 ± 2,59 Peso aos 112 dias (kg) 18,4 ± 2,6 19,4 ± 3,22 22,24 ± 4,42 16,67 ± 2,68 GPMD1 178,4 ± 37,9 205,5 ± 46,6 217,5 ± 39,1 180,9 ± 46,8 GPMD2 80,5 ± 21,7 96,7 ± 23,3 124,2 ± 41,2 72,8 ± 23,4 GPMD1 = do nascimento aos 56 dias de idade ;GPMD2 = dos 56 aos 112 dias de idade (desmame) SRD = ovelhas deslanadas sem padrão definido Observa-se que o peso vivo ao abate e o período decorrido para os animais alcançarem o peso médio, ao abate, pré-estabelecido, variaram de 23,8 a 28,5 kg e 34 a 53 dias respectivamente. Isto denota uma maior precocidade de terminação ao abate nos cordeiros mestiços ½ Dp + ½ SI, seguido dos cordeiros Santa Inês. Por outro lado, os cordeiros Morada Nova foram os mais tardio, decorrendo 53 para alcançar 23,8 kg.. Observou-se também que houve um desempenho similar, para outras características de carcaças entre o mestiço de Dorper, Santa Inês, mestiços ½ Dp + ½ MN e ½ SI + ½ MN. Por outro lado, o rendimento comercial foi maior nas carcaças dos cordeiros Morada Nova e seus mestiços, com valores próximos dos 50,0%. Este fato pode estar associado ao menor peso da pele e dos componentes não constituintes da carcaça dos cordeiros Morada Nova e seus mestiços. s e desvios padrão para peso e ganho de peso e de algumas características de carcaça de cordeiros de diferentes genótipos terminados em confinamento. Parâmetros Grupos Genéticos ½ Dp + ½ SI ½ Dp + ½ MN Santa Inês (*) Morada Nova (**) ½ SI + ½ MN Peso vivo ao abate (kg) 28,5±1,6 26,0±4,3 28,2±2,7 23, 8±4,9 26,9±2,3 Ganho médio diário (g) 206,0 ±12,8 177,3±76,5 227,7±37,2 141,6±4,6 201,3±28,6 Rendimento Comercial (%) 46,6 50,0 48,5 50,0 49,7 Duração do Experimento (dias) 34,0±0,00 47,7±11,3 42,2±11,3 53,2±7,7 49,5±10,1 Peso da carcaça quente (kg) 13,5±0,9 13,1±2,1 14,0±1,4 12,2±2,5 13,4±1,0 Peso da carcaça fria (kg) 13,3±0,9 13,0±2,1 13,7±1,5 11,9±2,5 13,2±1,0 Peso da Perna (kg) 1,92±0,1 13,2±0,2 2,0±0,2 1,6±0,3 1,87±0,1 Peso do Lombo kg) 1,0±0,1 0,90±0,2 0,94±0,1 0,8±0,1 0,92±0,1 Peso da Paleta (kg) 1,24±0,0 1,19±0,2 1,30±0,1 1,07±0,2 1,19±0,2 1
Área do olho do lombo (cm 2 ) 11,0±0,7 10,6±1,2 10,1±0,9 9,9±1,8 10,9±1,8 (*) Ovelhas tipo Santa Inês (**) Ovelhas tipo Morada Nova As peles de animais mestiços deslanados Santa Inês apresentaram maior resistência à tração que os mestiços lanados Texel, aspecto importante na determinação da qualidade do produto pela indústria coureira. Portanto, o uso em cruzamento de reprodutores lanados com ovelhas deslanadas, para melhorar a produção de carne dos ovinos no nordeste influencia negativamente a qualidade dos couros, fato que deve ser considerado na avaliação da utilização de reprodutores lanados. ( VILLARROEL, et al 2004). Recomenda-se que o cordeiro não possua mais do que 25% de sangue lanado para produzir uma pele de boa qualidade O fator raça influenciou, principalmente, ph e cor. A carne dos cordeiros Santa Inês puros apresentou queda mais acentuada do ph e com maior teor de vermelho e menor teor de luminosidade que os animais cruzados com Texel. Por outro lado, analisando-se a concentração total dos ácidos graxos insaturados, observou-se que a raça influenciou significativamente as concentrações tanto dos monoinsaturados quanto dos poliinsaturados, sendo que os animais mestiços SI-D apresentaram maior percentual de ácidos graxos poliinsaturados, com alta concentração do ácido linoléico. Estas diferenças provavelmente se justificam pelo fato de ovinos Dorper serem considerados de precocidade de acabamento, tendendo a depositar gordura saturada em idade mais jovem, diminuindo os fosfolipídios da membrana, principalmente quando criados em confinamento (Wood et al., 2003). Diferenças na composição de ácidos graxos de lipídeos de animais de mesma espécie e de diferentes raças têm sido revisadas por Banskalieva et al. (2000) e Wood et al. (2003), sendo atribuídas à influência de fatores diversos, como alimentação, sexo, localização anatômica, idade de abate e peso ao abate. ( Madruga,S.M. et al, 2006) 1
7. Recomendações Para planejarmos um sistema de cruzamentos devemos atentar para as condições ambientais presentes ou possíveis, para explorar a heterose materna e dos cordeiros, além de usar a complementaridade entre raças. A maior ou menor habilidade do criador para executar o programa deve ser um guia para o grau de complexidade do sistema escolhido. 1