Fórum de Pesquisas CIES 2006 6-dez Pedro Abrantes e João Sebastião colaboração de Ana Raquel Matias, Joana Campos, Susana Martins e Teresa Seabra diversidade e desigualdade na escola síntese de pesquisas CIES
Padrões de escolaridade em mudança Dimensões de produção d as trajectórias escolares População com 10-14 anos em 1981, com 20-24 em 1991 e com 30-34 em 2001 Controlo do contexto Gestão do percurso Experiência da socialização Confronto com o saber 4,5 4 3,5 3 2,5 2 Sebastião, João e Sónia Vladimira (2005), Geração de 90: Políticas de educação básica, desigualdades sociais e trajectórias escolares, CIES, Relatório Final de Pesquisa. 96/97 99/00 1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo 1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo Progressão 88,1 87,1 82,7 89,6 87,8 84,2 Retenção 11,9 12,9 17,3 10,4 12,2 15,8 1,5 1 0,5 0 1981 (10-14 anos) 1991 (20-24 anos) 2001 (30-34 anos) 1¼ Ciclo2¼ Ciclo3¼ CicloSecund rio Superior Democratização em questão A expansão acelerada dos níveis de escolaridade coexiste com a persistência de um insucesso massivo e socialmente selectivo
Recomposições Socioeducacionais na União Europeia 100 90 80 70 60 50 40 30 Alemanha Reino Unido Suécia Dinamarca Áustria Finlândia Irlanda Holanda França Luxemburgo Bélgica Grécia Itália Espanha Portugal Topo Consolidação Acompanhamento Correcção Contraste 20 10 0 45-54 35-44 25-34 % de adultos com escolaridade secundária ou superior em 3 faixas etárias In Martins, Susana (2005), Portugal, um lugar de fronteira na Europa, Sociologia, Problemas e Práticas, 49.
Assimetrias profundas nos percursos de escolaridade Jovens nascidos nos anos 70 na região de Lisboa (histórias de vida) In Guerreiro, Maria das Dores e Pedro Abrantes (2005), Transições Incertas, Lisboa, CITE. o insucesso e o abandono no Básico continuam a ser muito significativos em contextos operários e/ou de exclusão o Ensino Profissional é entendido como último recurso mas gera a reconstrução de projectos de vida já a trabalhar, muitos jovens tentar aumentar a sua escolaridade, mas o sucesso no Ensino Recorrente é praticamente nulo o Secundário como uma no man s land: preparação para o superior e sala de espera para o mercado de trabalho Eu larguei a escola porque os meus pais não tinham mais eu queria ir para qualquer lugar e não tinha dinheiro. A única coisa que a escola nos ensinava é que, nos testes, tínhamos que ter aquele determinado valor para poder passar de ano. Eu gosto muito de estudar, não sei viver sem estudar, estudar para mim é uma forma de vida. (excertos de entrevistas)
Contra a tese da alienação fácil integração nas redes de sociabilidade entre pares e com professores Reforço das desigualdades de classe Distância e transição entre ciclos de ensino Estudo com alunos e professores do 7º ano (1º ESO), em Madrid mais dificuldade Insucesso massivo e selectivo 30% repetem o 7º ano (1º da ESO) - valor 6x mais elevado do que na primaria mais desinteresse descida de notas Classe social de origem Profissionais e empresários 67% 16% 27% Empregados 75% 18% 47% Sub-empregados 77% 23% 44% Modelo mais académico no 7º ano (1º da ESO), há um reforço das aulas expositivas e do trabalho individualizado Abrantes, Pedro (2006), Individualização e exclusão: a transição para o ensino secundário no centro de Madrid, Working Paper CIES, 14.
Geração de 90: políticas, origens e trajectórias Sebastião, João e Sónia Vladimira (2005), Geração de 90: Politicas de educação basica, desigualdades sociais e trajectórias escolares, CIES, Relatório Final de Pesquisa. Relação escola-familia As estratégias escolares de homogeneização das práticas educativas (e valores) das familias Desigualdade como resultado de multi-micro-causalidades Origens sociais, políticas urbanas, zonas de recrutamento, políticas das escolas, estratégias e práticas familiares, relação professor-aluno Escolas Equipamentos Origem social da maioria dos alunos alunos que nunca reprovaram alunos que reprovaram uma vez alunos que reprovaram mais de 1vez I (Básica 2+3) bons, novos profissionais e dirigentes 82% 11% 7% II (Básica 2+3) degradados operários e empregados 33% 18% 49% III (Básica 2+3) excelentes, novos operários e empregados 41% 22% 37% IV (3ºciclo+Sec.) razoáveis profissionais e empregados 63% 24% 13% Inquérito realizado ao universo dos alunos em idade de conclusão da escolaridade obrigatória (15 anos)
Dinâmicas urbanas, dinâmicas escolares EB 23 num bairro desfavorecido da periferia de Lisboa (estudo de caso) Contexto socio-espacial fortemente dividido com fronteiras simbólicas sociais, culturais e étnicas entre as populações Fabricação das turmas turma A: alunos de classe média - trajectórias de excelência turma Z: alunos de um bairro social - trajectórias de fracasso (duas turmas que nunca se encontram, devido a horários muito distintos) Universos profissionais de referência ampliados, nas redes de sociabilidade escolar interclassistas restritos, nos alunos de turmas de origens sociais homogéneas Campos, Joana, Sandra Mateus (2001) "A nossa escola, o meu bairro: uma perspectiva das sociabilidades escolares e de bairro centrada nos universos profissionais in M. Pinheiro e L. Baptista (orgs.), Cidade e Metrópole: Centralidades e Marginalidades, Oeiras, Celta. coincidência entre as dinâmicas urbanas e as dinâmicas escolares
Origens sociais, práticas culturais, percursos escolares Inquérito aos alunos de 5 escolas de Madrid - distrito centro Filhos de profissionais práticas culturais eruditas frequência a colégios nunca reprovaram notas elevadas Abrantes, Pedro (2006), Individualização e exclusão: a transição para o ensino secundário no centro de Madrid, Working Paper CIES, 14. Filhos de empregados práticas culturais conviviais mais estudo notas razoáveis Filhos de sub-empregados ausência de livros em casa escolas públicas reprovações frequentes notas baixas
Diversidade étnica e desigualdades sociais Básico (33.6) Nível de ensino atingido Secundário (48.1) Superior (18.3) Reprovações Sim (68,0) Não (32,0) padrões de escolaridade intermédios Sexo Homens 39,6 43,6 16,9 74,2 25,8 Mulheres 27,5 52,7 19,8 61,9 38,1 Classe social de origem Classes populares 39,4 51,3 9,3 72,9 27,1 Classes média e alta 11,6 36,2 52,2 49,5 50,5 êxito feminino vs. fracasso masculino forte efeito da classe social de origem Origem Étnico-Social Luso-angolanos 29,6 53,6 16,8 66,5 33,5 Luso-cabo-verdianos 34,9 46,0 19,1 69,2 30,8 Luso-guineenses 45,7 36,2 18,1 73,0 37,0 Luso-são-tomenses 38,2 42,1 19,7 71,1 28,9 Luso-moçambicanos 19,4 59,7 21,0 56,5 43,5 influência dos contrastes culturais Machado, Fernando Luís, Ana Raquel Matias e Sofia Leal (2005), Desigualdades sociais e diferenças culturais: os resultados escolares dos filhos de imigrantes africanos, Análise Social, 176.
Experiência escolar dos descendentes de imigrantes Inquérito a 837 alunos de 8 escolas com 2º ciclo nos concelhos de Loures e Lisboa Alunos que nunca Descendentes de Total Autóctones reprovaram (%) imigrantes Sexo Masculino 57.2 57.5 56.7 Feminino 66.2 66.7 65.5 Escolaridade de pai e mãe Nenhum ou 1º ciclo 46.8 41.9 57.1 2º ou 3º ciclos 80.2 80 80.6 Secundário/Superior 84.5 86.3 82.6 Classe social Classes populares 56.9 55.2 58.9 Classes média e alta 80.6 84.5 74.7 TOTAL 61.4 61.7 61 Persistente relação entre diferenças sociais e desigualdades escolares Melhores resultados das raparigas, alunos de familias escolarizadas e de profissionais técnicos e de enquadramento Resultados equivalentes entre alunos autóctones e descendentes de imigrantes Seabra, Teresa (2005), Condições e Processos de Integração ou Exclusão dos Descendentes de Imigrantes na Escola: o Caso dos Caboverdianos e dos Indianos em Portugal, CIES, Relatório Final de Pesquisa.
Condições e processos de integração/exclusão escolar [o caso dos indianos e dos cabo-verdianos] Com reprovações Classes populares 57 30 Classes média e alta 35.3 11.1 Pai e mãe Š 6º ano 58.1 41.7 Pai e mãe 9º ano 21.1 5.9 Não fala Português em casa 18.5 22 com amigos 10.5 21.9 Só fala Português em casa 44.5 20.2 com amigos 75 62.5 Domínio do Português escrito Asc. Caboverdiana Asc. Indiana Pai 83.3 80.6 Mãe 68.5 57.1 Insucesso escolar Os alunos indianos têm melhores resultados, incluso que os autóctones, para igual escolaridade dos pais ou condição de classe Factor linguístico Os alunos indianos, bem como os seus pais, falam menos Português e têm pior dominio escrito da língua Seabra, Teresa e Sandra Mateus (2004), Etnicidade e Excelência Escolar Caboverdianos e indianos na AML, Actas do V Congresso Português de Sociologia: Sociedades Contemporâneas, Reflexividade e Acção.
Mitos e realidades da violência escolar Análise de dados estatísticos e de estudos de caso Sebastião, João, Mariana Gaio Alves e Joana Campos (2003), A violência na escola: das políticas aos quotidianos, Sociologia, Problemas e Práticas, 41. Hiato entre discurso mediático e realidade escolar dados quantitativos e qualitativos não confirmam que as situações de violência em meio escolar tenham assumido nos últimos anos uma dimensão que possa ser considerada como se encontrando fora de controlo Naturalização da violência de baixa intensidade as situações de violência grave são raras, contudo repetem-se situações de violência de reduzida gravidade Refutação do argumento da ameaça externa a violência na escola não está associada especificamente a indivíduos de bairros pobres e/ou com percursos escolares marcados pelo insucesso escolar A importância do factor escola existem variáveis ligadas como a qualidade do espaço físico e as modalidades de organização das actividades escolares que potenciam ou minimizar a violência