NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS



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Este material foi composto pela Prof. Ms. Maria Cristina Leite Gomes e contem: a. Programa e Bibliografia conforme edital 001/2012 da Defensoria Pública do Estado do Paraná para o I Concurso público de Provas e Títulos ao ingresso na carreira de defensor público do Estado do Paraná; b. Resenhas das 19 obras listadas, divididas em 4 grupos: 1. Manuais (BITTAR, E.C.B. e ALMEIDA, G.A. Curso de Filosofia do Direito, 2ª.ed.São Paulo: Atlas, 2002); 2. O direito como ciência (BOBBIO, N. Teoria da Norma Jurídica. Tradução de Fernando Pavan Baptista e Ariani Bueno Sudatti. São Paulo: Edipro, 2001; BOBBIO, N. Teoria do Ordenamento Jurídico. 10ªed.Tradução de Maria Celeste Cordeiro Leite Santos, Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997; BOBBIO, N.O Positivismo Jurídico: Lições de Filosofia do Direito. Tradução de Márcio Pugliesi, Edson Bini, Carlos Rodrigues. São Paulo: Editora Ícone,1995; FERRAZ JR, T. S. A Ciência do Direito. São Paulo: Atlas, 2003; GOYARD-FABRE, S. Os fundamentos da ordem jurídica. Tradução de Cláudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2002; KELSEN, H. Teoria Pura do Direito. Tradução de João Batista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 1996; MATA MACHADO, E.G. Elementos de Teoria Geral do Direito: Introdução ao Direito. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1995; MATOS, A.S.M.C. Filosofia do Direito e Justiça na Obra de Hans Kelsen, 2ª.ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006); 3. Filosofia e Sociologia (BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001; BOURDIEU, P. O Poder Simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1989; FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Tradução de Raquel Ramalhete. São Paulo: Vozes, 2007; HEIDEGGER, M. Introdução à Filosofia. Tradução de Marco Antônio Casanova. São Paulo: Martins Fontes, 2008; LUHMANN, Niklas. Introdução à Teoria dos Sistemas. Tradução Ana Cristina Arantes Nasser. Petrópolis: Vozes, 2009; PALMER, R..E. Hermenêutica. Tradução de Maria Luisa Ribeiro Ferreira. Lisboa: Edições 70; SALGADO, J.C, A Idéia de Justiça em Kant. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1995; WEBER, M. Ciência e Política. Duas vocações. Tradução de Leônidas Hegenberg e Octany Silveira da Mota. São Paulo: Cultrix, 2004.); 4. Aplicação das teorias ao direito (SANTOS, B.S. Introdução à Sociologia da Administração da Justiça. Revista Crítica de Ciências Sociais, nº 21 Novembro, 1986; STRECK, L. L. Hermenêutica Jurídica e(m) Crise: uma exploração hermenêutica da construção do Direito. 10ªed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011). Programa e Bibliografia 1. FILOSOFIA, CIÊNCIA e DIREITO 1.1 O significado da Filosofia do Direito. 1.2 As concepções antiga e moderna de Filosofia e Filosofia do Direito. 1.3 A essência do Direito, da Ciência e da Filosofia. 1.4 Filosofia e Linguagem: implicações na interpretação do Direito. 1.5 Virada Hermenêutica na Filosofia e suas implicações no Direito. 1.6 Hermenêutica Filosófica e Filosofia Hermenêutica. 1.7 As dificuldades de conceituação do Direito. 1.8 Perspectiva histórica do Direito. 1.8.1 A jurisprudência romana, Os glosadores, O jusnaturalismo moderno, A Escola histórica do Direito, Coativismo Dogmático, Positivismo jurídico, Normativismo, Personalismo Jurídico, Tridimensionalismo Jurídico, Teoria Egológica do Direito, Argumentação e Tópica. 1.9. O Direito e a Hermenêutica. 1.9.1. Escolas Hermenêuticas e teoria da decisão jurídica. 1.9.1.1 Hermenêutica na Matriz Epistemológica e na Matriz Fenomenológica: implicações na Hermenêutica Jurídica. 1.9.1.2 As técnicas interpretativas. 1.9.1.3 Interpretação e integração do direito. 2. A TEORIA DA NORMA JURÍDICA. 2.1 Variedade e multiplicidade das normas. 2.2 Os critérios de valoração das normas jurídicas: justiça, validade e eficácia. 2.3 A norma como proposição. 2.4 Imperativos autônomos e imperativos heterônomos. 2.5 Imperativos categóricos e imperativos hipotéticos. 2.6 A norma como comando. 2.7 O problema da imperatividade do direito. 2.8 Norma e sanção. 2.9 Classificação das normas jurídicas. 1

3. A TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO. 3.1 O conceito de ordenamento jurídico. 3.2 Ordenamento jurídico e pluralidade de normas. 3.3 A unidade do ordenamento jurídico. 3.4 O problema da coerência do ordenamento jurídico. 3.5 A completude do ordenamento jurídico. 3.6 A pluralidade dos ordenamentos e os tipos de relações entre os ordenamentos. 4. O DIREITO E O TEMA DA JUSTIÇA. 4.1 A concepção platônica da justiça. 4.2 A doutrina da justiça em Aristóteles. 4.2.1 Classificação e Elementos da Justiça. 4.3 Estoicismo. 4.4 Justiça Cristã. 4.4.1 Santo Agostinho: Justiça Divina, Livre arbítrio e Estado. 4.4.2 São Tomás de Aquino: Pessoa Humana e Elementos da Justiça. 4.4.3 A Ideia de Justiça em Kant e em Hegel. 5. JUSNATURALISMO. 5.1 Jusnaturalismo Abstrato: significado, importância e paradoxos. 5.1.1 Representantes do Jusnaturalismo: Escola Jusnaturalista Clássica. 5.1.2 A Procura do Direito Positivo através do Direito Natural. 5.1.3 Separação entre Moral e Direito. 6. DIREITO, PODER E SOCIEDADE. 6.1 Estado e dominação em Max Weber. 6.1.1 Os fundamentos de legitimidade da dominação: a dominação legal, a dominação tradicional e a dominação carismática. 6.1.2 Estado moderno e burocratização: a burocracia como forma de organização social, as consequências da burocratização do Estado. 6.1.3 Ética de convicção, ética de responsabilidade e vocação política. 7. O DIREITO E AS INSTITUIÇÕES DISCIPLINARES SEGUNDO MICHEL FOUCAULT. 7.1 Norma jurídica e normalização disciplinar. 7.2 As funções da disciplina. 8. PODER SIMBÓLICO. 8.1 Estruturas Simbólicas. 8.2 Identidade, Representação e Idéia de Região. 8.3 Espaço Social e Gênese das Classes. 8.4 A Força do Direito: Sociologia do Campo Jurídico. 8.5 Institucionalização da anomia. 9. MODERNIDADE LÍQUIDA. 9.1 Tempo / Espaço. 9.2 Comunidade. 9.3 Trabalho. 9.4 Individualidade. 10 DIREITO, SISTEMA E SOCIEDADE. 10.1 Direito e a sociedade. 10.2 Paradoxo da diferenciação, assimetria/identidade. 10.3 Interação, expectativa normativa, expectativa cognitiva, autopoiese, autorreferência. 11. SOCIOLOGIA E ACESSO À JUSTIÇA. 11.1 Sociologia e administração judiciária. 11.2 Conflitos Sociais e os mecanismos da sua resolução. 2

Observação: No tocante ao previsto nesta disciplina, indica-se as seguintes obras, de cujos conteúdos serão extraídas as questões: (19 obras) BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001; BITTAR, E.C.B. e ALMEIDA, G.A. Curso de Filosofia do Direito, 2ª.ed.São Paulo: Atlas, 2002; BOBBIO, N. Teoria da Norma Jurídica. Tradução de Fernando Pavan Baptista e Ariani Bueno Sudatti. São Paulo: Edipro, 2001; BOBBIO, N. Teoria do Ordenamento Jurídico. 10ªed.Tradução de Maria Celeste Cordeiro Leite Santos, Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997; BOBBIO, N.O Positivismo Jurídico: Lições de Filosofia do Direito. Tradução de Márcio Pugliesi, Edson Bini, Carlos Rodrigues. São Paulo: Editora Ícone,1995; BOURDIEU, P. O Poder Simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1989; FERRAZ JR, T. S. A Ciência do Direito. São Paulo: Atlas, 2003; FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Tradução de Raquel Ramalhete. São Paulo: Vozes, 2007; GOYARD-FABRE, S. Os fundamentos da ordem jurídica. Tradução de Cláudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2002 HEIDEGGER, M. Introdução à Filosofia. Tradução de Marco Antônio Casanova. São Paulo: Martins Fontes, 2008; KELSEN, H. Teoria Pura do Direito. Tradução de João Batista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 1996; LUHMANN, Niklas. Introdução à Teoria dos Sistemas. Tradução Ana Cristina Arantes Nasser. Petrópolis: Vozes, 2009; MATA MACHADO, E.G. Elementos de Teoria Geral do Direito: Introdução ao Direito. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1995; MATOS, A.S.M.C. Filosofia do Direito e Justiça na Obra de Hans Kelsen, 2ª.ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006; PALMER, R..E. Hermenêutica. Tradução de Maria Luisa Ribeiro Ferreira. Lisboa: Edições 70, SALGADO, J.C, A Idéia de Justiça em Kant. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1995; SANTOS, B.S. Introdução à Sociologia da Administração da Justiça. Revista Crítica de Ciências Sociais, nº 21 Novembro, 1986; STRECK, L. L. Hermenêutica Jurídica e(m) Crise: uma exploração hermenêutica da construção do Direito. 10ªed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011; WEBER, M. Ciência e Política. Duas vocações. Tradução de Leônidas Hegenberg e Octany Silveira da Mota. São Paulo: Cultrix, 2004. 3

1. Manuais BITTAR, E.C.B. e ALMEIDA, G.A. Curso de Filosofia do Direito, 2ª.ed.São Paulo: Atlas, 2002; (Sinopse fornecida pela Editora) A Filosofia do Direito visa a refletir sobre o Direito para além de sua simples operacionalização. Para isto, alguns conceitos, categorias, autores é ideias precisam ser conhecidos. Por isso, uma visão segundo a qual o Direito não é visto como algo isolado, mas de fato integrado a uma série de outros aspectos da vida social. Pensar o Direito, neste sentido, significa preparar-se para compreender o Direito a partir de seus fundamentos, podendo-se desta forma contribuir, direta ou indiretamente, para a formação de novas gerações de juristas e para a crítica dos conhecimentos adquiridos por eles. A experiência dos autores como professores de Direito aliada à necessidade de uma obra como fator de catalisação do processo de reflexão sistemática e metódica da Filosofia do Direito determinaram a elaboração deste livro, cujo objetivo é proporcionar ao estudioso e ao estudante motivos de inspiração para sua reflexão pessoal sobre o Direito. O presente livro tem aplicação na disciplina de Filosofia do Direito para dois semestres completos. A Parte I (Panorama histórico) propicia estudos acerca de trechos originais dos principais filósofos do Direito, com comentários e reflexões. A Parte II (Tópicos conceituais) apresenta o Direito e suas interfaces com a moral, a justiça, a ética, a história, a linguagem, a comunicação, a lógica, a interpretação, o poder, os fundamentos sociais e os políticos. O livro se divide em: Sumário: Prefácio INTRODUÇÃO 1 Filosofia e o simbolismo da sabedoria 2 Filosofia: entre reflexão e ação 3 A urgência do pensar: a inserção contextual da filosofia na sociedade contemporânea 4 Podem os filósofos modificar o mundo? 5 Os conhecimentos humanos 6 Partes da filosofia 6.1 Principais representantes da filosofia ocidental: síntese de autores e de idéias para a compreensão da história da filosofia 7 Método, ciência, filosofia e senso comum 7.1 Filosofia, ciência e senso comum 7.2 Os "ismos" e a filosofia 7.3 Ciências jurídicas como ciências humanas 8 Filosofia do direito como parte da filosofia? 9 O surgimento histórico da filosofia do direito 10 A afirmação da Filosofia do Direito na história do ensino jurídico no Brasil 11 Filosofia do Direito: conceito, atribuições, funções 1 PRÉ-SOCRÁTICOS: JUSTIÇA E COSMOLOGIA 1.1 Pensaram os pré-socráticos sobre a justiça? 4

1.2 A justiça na tradição homérica 1.3 Os fragmentos de justiça nos textos e na doxografia dos pré-socráticos 1.3.1 Escola jônica: cosmologia e justiça 1.3.2 Escola eleata: ontologia e justiça 1.3.3 Escola pitágorica: dualismo numérico e justiça 1.3.4 Escola da pluralidade: atomismo e justiça 1.4 Uma reflexão necessária: há uma uniformidade da noção de justiça entre os pré-socráticos? 2 SOFISTAS: RAZÃO, DISCURSO E RELATIVISMO DA JUSTIÇA 2.1 Contexto histórico: o surgimento da sofística 2.2 A ruptura sofista 2.3 Importância do discurso 2.4 Retórica e prática judiciária 2.5 Justiça a serviço dos interesses 3 SÓCRATES: ÉTICA, EDUCAÇÃO, VIRTUDE E OBEDIÊNCIA 3.1 Filosofia socrática e testemunho ético 3.2 Ética socrática 3.3 Primado da ética do coletivo sobre a ética do individual 4 PLATÃO: IDEALISMO, VIRTUDE E TRANSCENDÊNCIA ÉTICA 4.1 Virtuosismo platônico e socratismo 4.2 Virtude e vício: ordem e desordem 4.3 Idealismo ético e mito de Er 4.4 Ética, justiça e metafísica 4.5 Ética, alma e ordem política 5 ARISTÓTELES: JUSTIÇA COMO VIRTUDE 5.1 O tema da justiça e a ética 5.2 Justiça como virtude 5.3 Acepções acerca do justo e do injusto: o justo total 5.4 Acepções acerca do justo e do injusto: o justo particular 5.5 Justo particular distributivo 5.6 Justo particular corretivo 5.7 Justo da cidade e da casa: justo político e justo doméstico 5.8 Justo legal e justo natural 5.9 Eqüidade e justiça 5.10 Amizade e justiça 5.11 Juiz: justiça animada 6 EPICURISMO: ÉTICA, PRAZER E SENSAÇÃO 6.1 Doutrina epicúrea 6.2 Ética epicúrea 6.3 Prazer e justiça 7 CÍCERO: ESTOICISMO ROMANO E LEI NATURAL 7.1 Pensamento ciceroniano 7.2 Ética estóica 7.3 Ética ciceroniana e justiça 5

8 JUSTIÇA CRISTÃ 8.1 Justiça e religião 8.2 Ruptura com a lei mosaica 8.3 Lei divina e lei humana 8.4 Lei de amor e caridade 9 SANTO AGOSTINHO: A JUSTIÇA E O DAR A CADA UM O SEU 9.1 Filosofia e medievo 9.2 Vita theologica 9.3 Lex aeterna e lex temporalem 9.4 Alma, justiça divina e livre-arbítrio 9.5 Preocupações com o Estado 10 SANTO TOMÁS DE AQUINO: JUSTIÇA E SINDERESE 10.1 Filosofia tomista 10.2 Razão prática, sinderese e ética 10.3 Sinderese e hábito 10.4 Definição de justiça 10.5 Justiça e direito 10.6 Acepções do termo justiça 10.7 Regime das leis 10.8 Justiça, lei e atividade do juiz 10.9 Injusto e vícios da justiça 10.10 Justiça e sua prática 11 THOMAS MORE: UTOPIA E DIREITO 11.1 Thomas More: seu tempo e sua obra 11.2 A ilha de Utopia: narrativa, idealização e exposição de idéias 11.2.1 Do encontro 11.2.2 Da análise social 11.2.3 Da geografia regional 11.2.4 Do sistema político 11.2.5 Das relações com outros povos 11.2.6 Do bem-estar social 11.2.7 Da juridicidade 11.2.8 Do belicismo 11.2.9 Do pensamento religioso 12 JUSNATURALISMO 12.1 Iluminismo e racionalismo: ruptura com a teocracia 12.2 Hugo Grócio 12.3 Samuel Pufendorf 12.4 John Locke 12.5 Thomas Hobbes 13 JEAN-JACQUES ROUSSEAU E O CONTRATO SOCIAL 13.1 Rousseau: seu tempo e sua obra 13.2 A vontade geral e o contrato social 13.3 Direitos naturais e direitos civis 13.4 Leis e justiça 6

14 DAVID HUME: ÉTICA, JUSTIÇA, UTILIDADE E EMPIRISMO 14.1 Empirismo humeano 14.2 Ética, justiça e direito 14.3 Ética, justiça, lei e utilidade 15 IMMANUEL KANT: CRITICISMO E DEONTOLOGIA 15.1 Racionalismo kantiano 15.2 Ética kantiana 15.3 Direito e moral 15.4 À paz perpétua 16 GEORG W E HEGEL: RAZÃO, HISTÓRIA E DIREITO 16.1 Sistema hegeliano 16.2 Doutrina hegeliana 16.3 Justiça e direito para Hegel 16.4 Direito e Estado ético 17 KARL MARX: HISTÓRIA, DIALÉTICA E REVOLUÇÃO 17.1 A história como prova da ruptura marxista 17.2 Capitalismo e desigualdades sociais 17.3 Marx e o direito 18 AVATARES DO POSITIVISMO JURÍDICO 18.1 Jurisprudência dos conceitos 18.2 Pandectismo e escola da exegese 18.3 Escola analítica 18.4 Jurisprudência dos interesses 19 POSITIVISMO JURÍDICO: O NORMATIVISMO DE HANS KELSEN 19.1 Positivismo jurídico e normativismo 19.2 Ciência do Direito 19.3 Justiça e Direito 20 CARLOS COSSIO: EGOLOGIA, CONDUTA E CULTURA 20.1 Carlos Cossio e a teoria egológica 20.2 Direito e conduta 20.3 Direito e verdade jurídica 21 EXISTENCIALISMO JURÍDICO 21.1 Os existencialismos 21.1.1 Existencialismo camusiano 21.1.2 Existencialismo sartreano 21.2 Proposta existencialista 21.3 Existencialismo jurídico 22 HANNAH ARENDT: PODER, LIBERDADE E DIREITOS HUMANOS 22.1 O poder não violento 22.2 O desvirtuamento do poder e a violência 22.3 Gandhi e a não-violência 7

22.4 Liberdade arendtiana 22.5 Direitos humanos 23 JOHN RAWLS: ÉTICA, INSTITUIÇÕES, DIREITOS E DEVERES 23.1 Justiça como eqüidade 23.2 Os dois princípios 24 THEODOR VIEHWEG E A REDESCOBERTA DA TÓPICA 24.1 O que é a tópica 24.2 Tópica e argumentação 24.3 Tópica e o direito como sistema 25 CHAÏM PERELMAN: ARGUMENTAÇÃO, LÓGICA E DIREITO 25.1 O autor e suas preocupações 25.2 Combate ao positivismo jurídico 25.3 Combate à lógica formal 25.4 Papel da argumentação no julgamento 25.5 Nova retórica e proposta perelmaniana Parte II - Tópicos Conceituais 29 DIREITO E MORAL: NORMAS JURÍDICAS E NORMAS MORAIS 29.1 Regras morais e regras jurídicas: o circuito do dever-ser 29.2 Moral e Direito face a face 30 DIREITO E JUSTIÇA 30.1 Justiça: valor absoluto ou relativo? 30.2 Justiça e finalidade do direito 31 DIREITO E LIBERDADE: CONTRAPONTOS ENTRE PODER, NÃO-PODER E DEVER 31.1 Sentidos de liberdade 31.2 A liberdade social 32 DIREITO E DESENVOLVIMENTO: O HUMANO, O ECONÔMICO E A LIBERDADE 32.1 Desenvolvimento como liberdade 32.2 Direito, índice de desenvolvimento humano e segurança humana 33 DIREITO E ÉTICA: O COMPORTAMENTO HUMANO EM QUESTÃO 33.1 Diferenciando ética e moral 33.2 A dimensão do saber ético e a dimensão do saber jurídico 33.3 A ética e o poder de escolha 33.4 Ética e responsabilidade profissional 34 DIREITO, HISTÓRIA E VALOR 34.1 O sentido da história e a teoria tridimensional do direito 34.2 Era nuclear e totalitarismo 34.3 Valores: características principais 34.4 Liberdade enquanto valoração 8

34.5 Dignidade da pessoa humana 34.6 Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) 35 DIREITO, NORMA E SISTEMA 35.1 A questão do sistema 35.2 Norma jurídica 35.3 Das várias espécies normativas 35.4 Direito como sistema de normas 35.5 Uma possível descrição do sistema jurídico 36 DIREITO E LINGUAGEM: LINGUAGENS FORMAL E NATURAL NA FORMAÇÃO DO DISCURSO JURÍDICO 36.1 As práticas do discurso jurídico 36.2 A violência simbólica das formas lingüístico jurídicas 37 DIREITO E INTERPRETAÇÃO: A DISCUSSÃO SOBRE O SENTIDO DAS NORMAS JURÍDICAS 38 DIREITO E LÓGICA: RACIOCÍNIO RAZOÁVEL NO DIREITO 38.1 Lógos e lógica 38.2 Uma lógica propriamente jurídica 39 DIREITO E PODER: FORÇA, SANÇÃO, COERÇÃO E RELAÇÕES JURÍDICAS 39.1 Investigando a experiência do poder... 39.2 Direito, normalização e poder 39.3 A relação entre poder e direito 40 DIREITO E LEGITIMIDADE: PRÁTICAS JURÍDICAS E SEUS FUNDAMENTOS SOCIAIS E POLÍTICOS 40.1 Política e neutralidade do jurista 40.2 Legitimidade e desobediência civil 40.3 Critérios para a aferição da legitimidade 41 DIREITO E NÃO-VIOLÊNCIA: MINIMUM DOS POVOS 41.1 O que é a não-violência 41.2 Kant: à paz perpétua - uma ordem internacional não violenta 41.3 Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH) como minimum dos poovos 41.4 Gênese da norma proibitiva de guerra 41.5 Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 como Documento Matriz do Direito Internacional dos Direitos Humanos 41.6 Histórico da proteção internacional dos direitos humanos 41.7 Sistema global de proteção dos direitos humanos 42 DIREITO E PÓS-MODERNIDADE 42.1 Modernidade e pós-modernidade 42.2 O momento pós-moderno 42.3 O debate pós-moderno 42.4 As mudanças no Direito: da modernidade à pós-modernidade 43 DIREITO, SENSIBILIDADE E AFETO 43.1 Modernidade e racionalismo: para uma crítica da razão instrumental 9

43.2 O lugar do afeto como lugar da razão: éros, razão e biofilia 43.3 Razão e afeto, direito e justiça 43.4 Cultura e educação em direitos humanos e para os direitos humanos: a ética do cuidado e a dignidade da pessoa humana 2. O direito como ciência BOBBIO, N. Teoria da Norma Jurídica. Tradução de Fernando Pavan Baptista e Ariani Bueno Sudatti. São Paulo: Edipro, 2001 Norberto Bobbio é reconhecido mundialmente por suas obras em Filosofia do Direito e Filosofia Política. A décadas os estudantes de direito brasileiros tem acesso ao seu pensamento perspicaz e a análise que faz sobre os temas jurídicos, numa linguagem simples e clara. Teoria da norma jurídica completa a obra jurídica de Bobbio traduzida em português. Esta primeira parte da reflexão sobre o fenômeno jurídico se completa com a Teoria do ordenamento jurídico compondo uma Teoria geral do Direito. Bobbio, como Kelsen, pretende entender o fenômeno jurídico por meio de um método científico capaz de isolar o objeto do direito das questões filosóficas ou ideológicas. Para isso adota a norma jurídica como objeto de investigação. Diferente de Kelsen, no entanto, pretende observar a norma jurídica na sua essência de permitir, proibir ou obrigar, ou seja, nas categorias deônticas. No 1º capítulo Direito como regra de conduta, o autor faz um panorama e uma crítica das diversas teorias que pretendem entender o conceito de direito e conclui que, embora as teorias se integrem, a teoria normativista prevalece no sentido de constituir pressuposto de validade para as outras. No 2º capítulo, Bobbio aborda três formas de valoração da norma jurídica, indicando três critérios distintos para investigação do objeto que assume, conforme a perspectiva que se adote, caminhos de análise diferentes. São eles: a) Teoria da Justiça, se a norma é vista pelo aspecto do justo, identificando o valor e o fim; b) Teoria geral do direito se o aspecto que prevalece é o da validade; e c) Sociologia jurídica se a preocupação da investigação é a eficácia da norma. Nos 3º e 4º capítulos analisa-se a estrutura da norma jurídica, buscando nos fundamentos da linguística os instrumentos para entender a norma como proposição prescritiva que em sua função normativa deve ser entendida como fazer-fazer. No 5º capítulo a preocupação de Bobbio está em distinguir as normas jurídicas das normas sociais e morais. Depois de uma análise crítica dos critérios adotados por outros estudiosos, como conteúdo, valor, finalidade, emissor e/ou destinatário de cada uma das espécies de normas jurídica, social ou moral, elege como critério de distinção entre as normas a resposta à violação, ou seja, a diferença entre as normas está na 10

sanção que deverá receber aquele que a violou. Diz Bobbio que É da natureza de toda prescrição ser violada, enquanto exprime não o que é, mas o que deve ser. Deste modo, se a possibilidade de transgressão da prescrição é esperada, faz-se necessário a criação de um mecanismo que elimine ou minimize as consequências danosas da violação. Este mecanismo é a sanção e a natureza da sanção determina a diferença entre as normas. A sanção moral é de natureza interior, caracterizada pelo arrependimento e remorso e possui pouca eficácia porque apenas sujeitos que respeitam a norma moral podem sentir qualquer tipo de insatisfação ao desrespeitá-la. A sanção social é externa, aplicada pelo grupo social, e varia com a gravidade, podendo se manifestar como reprovação, eliminação, isolamento, expulsão ou até mesmo linchamento. Tem como problema a falta de proporção entre violação e resposta, o que significa que um mesmo ato pode ser punido de forma diferente conforme a circunstância ou humor do grupo social. Sofre também de incerteza e inconstância da aplicação da sanção, pois se é o grupo social quem pune, por vezes em razão de comportamentos hipócritas, pode não querer aplicar a sanção a determinado indivíduo e/ou violação, ou, de outro modo, não é institucionalizada sendo sua aplicação variável. Já a sanção jurídica é externa e institucionalizada, distinguindo-se, portanto, das morais e sociais. Além disso, ela é regulamentada tanto em sua medida quanto em sua forma de aplicação e está a cargo de órgãos institucionalizados da sociedade. Este critério utilizado por Bobbio para distinguir as normas jurídicas das sociais e morais elucida uma questão importante para o direito: é o ordenamento (o conjunto de normas) que impõe a qualidade da norma. Assim, a norma será jurídica se pertencer ao ordenamento jurídico, pois é este que determina a sanção. Isto significa que verificada a violação de determinada norma, o ordenamento ao qual ela pertence indicará a sanção aplicável e tanto mais força terá quanto maior for sua eficácia. No último capítulo Bobbio pretende classificar as normas jurídicas. Elege como critério a estrutura lógica das proposições prescritivas, ou seja, a indicação do destinatário da prescrição e a ação prescritiva. Quanto ao destinatário a prescrição pode ser individual ou geral; quanto à ação prescrita, abstrata ou concreta. Assim, as normas jurídicas podem ser gerais, se dirigidas a uma classe de pessoas, a vários destinatários; abstrata, se universal a respeito do comportamento; individuais, se restringirem seu destinatário (como as sentenças); e concretas se regularem uma ação particular. A classificação das normas jurídicas feita por Bobbio surpreende pela simplicidade com que é formulada, pela adoção de um critério único, por abster-se de indicar as outras classificações e pela coerência lógica em classificar a norma jurídica sob o ponto de vista da linguística, analisando-a como uma proposição prescritiva. BOBBIO, N. Teoria do Ordenamento Jurídico. 10ªed.Tradução de Maria Celeste Cordeiro Leite Santos, Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997 Esta obra, apesar de no Brasil ter sido publicada antes da Teoria da Norma jurídica, é a segunda parte de 11

uma Teoria Geral do Direito. Nela Bobbio estuda o complexo de normas, subdividindo a obra em cinco capítulos, que abordam cinco temas: da norma jurídica ao ordenamento jurídico, a unidade do ordenamento jurídico, a coerência do ordenamento jurídico, a completude do ordenamento jurídico e as relações entre os ordenamentos jurídicos. Já na introdução, Bobbio aponta que é inviável se definir direito pela perspectiva isolada da norma, sendo necessária uma visão integrada do ordenamento jurídico. O ordenamento jurídico é, portanto, necessariamente um conjunto de normas de conduta, a partir das quais os principais obstáculos ligados à existência de um ordenamento, como a hierarquia das normas, as antinomias jurídicas, a completude do ordenamento e suas eventuais lacunas e as inter-relações de ordenamentos distintos, surgem nas relações dessas várias normas entre si. Como ponto focal, a definição de juízos de equidade como sendo aqueles em que o juiz está autorizado a solucionar um conflito sem apelar a uma norma legal prévia, ou seja, a autorização dada ao juiz, de produzir direito fora de cada domínio material imposto pelas normas superiores. Bobbio informa que o poder constituinte originário é aquele do qual derivam as normas constitucionais, o poder máximo num ordenamento jurídico. É, portanto, o foco principal de referência de todas as normas, ou seja, é a fonte das fontes. Vale destacar que o conceito de fontes do direito nessa obra, são os atos ou fatos a partir dos quais o ordenamento jurídico produz suas normas. De qualquer modo, para Bobbio, como grande representante do positivismo jurídico, todas as fontes do direito podem ser remontadas a uma mesma norma fundamental, seguindo a lógica hierárquica de Hans Kelsen. Essa norma fundamental não está expressa, mas é pressuposto para fundar o sistema normativo, o que não implica sua inexistência. Ao contrário, a ela nos reportamos como a base da legitimidade de todo ordenamento, com a função de postulado, que é a proposição primitiva da qual advém outras. Ressalte-se ainda que a norma fundamental está na base do direito como ele é (direito positivo), e não como deve ser (direito justo). O direito como ele é, é expressão do uso da força, portanto ainda melhor se os mais fortes forem também os mais justos. É uma posição de pragmatismo político e jurídico por parte do doutrinador italiano. Dentre os conceitos de sistema apresentados nesse livro, Bobbio considera-o como uma totalidade ordenada, para questionar se o ordenamento jurídico é tanto uma unidade quanto um sistema, isto é, uma unidade sistemática. Mais uma vez apoia-se em Kelsen quando distingue entre os ordenamentos jurídicos como sistemas estáticos, nos quais as normas estão relacionadas umas às outras como as proposições de um sistema dedutivo (o ordenamento moral, por exemplo), e dinâmicos, nos quais as normas derivam umas das outras através de sucessivas delegações de poder. Bobbio conclui que o ordenamento jurídico constitui um sistema porque não permite a possibilidade de coexistência de normas incompatíveis, ou seja, o Direito não tolera antinomias. Porém, se há antinomias, encontram-se, também, três regras fundamentais para sua solução: o critério cronológico entre duas regras incompatíveis, sobrepõe-se a norma posterior; o critério hierárquico prevalece a superior; e o critério da especialidade prevalece a especial sobre a geral. A liberdade interpretativa ao aplicar o direito é utilizada quando não cabe nenhum desses três critérios. 12

Decorre dessas considerações a defesa que Bobbio faz do ordenamento jurídico em completude, ou seja, há uma norma reguladora para todo caso concreto. Portanto, um sistema sem lacunas, que não permite a utilização da equidade para a solução de conflitos, o que é amplamente reconhecido como um dos pontos essenciais do positivismo jurídico. No âmbito da integração do direito, Bobbio apresenta dois métodos para dirimir lacunas no ordenamento: o de heterointegração, com recurso a ordenamentos diversos, e o de auto integração, que busca dirimir conflitos normativos internamente, através da analogia e dos princípios gerais do direito. A caracterização que Bobbio faz do fetichismo da lei, no 4º capítulo, como a postura dos aplicadores do direito de se ater metódica e dogmaticamente aos códigos não deixa de ser uma posição original e surpreendente nos domínios do positivismo no qual se insere esse autor. No capítulo final, a pluralidade dos ordenamentos é agora enfatizada, quando nos capítulos anteriores se tratava de ordenamentos internos. Entre si, os ordenamentos podem estabelecer relações de coordenação, em geral entre Estados soberanos, e de subordinação, que se dá entre o Estado e as organizações sociais. Também se apresenta a relação entre o Estado e o que Bobbio chama de ordenamentos menores ou parciais direito marítimo e direito comercial, por exemplo. BOBBIO, N.O Positivismo Jurídico: Lições de Filosofia do Direito. Tradução de Márcio Pugliesi, Edson Bini, Carlos Rodrigues. São Paulo: Editora Ícone,1995 A obra O Positivismo Jurídico do filósofo italiano Norberto Bobbio é uma obra especialmente importante no debate jurídico contemporâneo brasileiro. Bobbio é considerado um dos grandes positivistas da atualidade, suas ideias e pensamentos são extremamente relevantes, podendo ser interpretadas em todos os âmbitos do Direito, uma vez que discute o direito posto e sua aplicação. Bobbio compartilha as definições e distinções de alguns pensadores indicando, de forma resumida, que o direito positivo é limitado a um determinado povo e posto por este, criando uma identidade social e tornando-se uma norma mutável que pode ser anulada ou mudada, seja pelos costumes, seja por outra lei, enquanto o direito natural não tem limites e é posto pela natureza, permanecendo imutável no tempo. Na época clássica o direito natural era conhecido como direito comum e o positivo como direito especial ou particular de determinada civilização. Apesar de não ser o direito natural superior ao positivo, este prevalecia sobre aquele sempre que ocorressem conflitos. Já na Idade Média a relação entre as duas espécies de direito se inverteu, tornando-se assim o direito natural superior ao direito positivo, por enxergarem o natural não mais como comum e sim como norma que tem sua validade na vontade divina. Para Bobbio por obra do positivismo jurídico ocorre a redução de todo o direito a direito positivo, e o direito natural é excluído da categoria do direito: o direito positivo é direito, o direito natural não é direito. ( ) O positivismo jurídico é aquela doutrina segundo a qual não existe outro direito senão o positivo. 13

Seguindo este raciocínio, o filósofo afirma que com a formação do Estado moderno, concentrou sobre este todos os poderes, incluindo-se, ai, o poder de criar o direito. Todavia, nem sempre foi assim, originalmente o direito era formado através das constantes e uniformes manifestações do povo, ou seja, nas chamadas normas consuetudinárias. Em mais uma de suas definições, Bobbio define direito como sendo um conjunto de regras que são consideradas (ou sentidas) como obrigatórias em uma determinada sociedade porque sua violação dará, provavelmente, lugar à intervenção de um terceiro (magistrado ou eventualmente árbitro) que dirimirá a controvérsia emanando uma decisão seguida de uma sanção ao que violou a norma. Esta talvez seja sua mais importante contribuição à definição do direito. Assim, fala-se de direito quando aparece uma terceira pessoa para solucionar um conflito entre dois sujeitos. Se não há a intervenção deste terceiro não há que se falar em direito em sentido estrito. Entretanto, com o surgimento do Estado moderno, o juiz torna-se um órgão desse Estado, passando a ser vinculado ao direito positivo, que é aquele direito posto e aprovado pelo Estado, não restringindo esse campo apenas às normas emanadas do Poder Legislativo, mas também os costumes e os princípios gerais do direito, considerados fontes do direito desde que aprovados pelo Estado, tornando este o único criador do direito. Registra ainda que existem resquícios da aplicação do direito natural, por existir lacunas do direito, devido ao fato de que ao legislador seria impossível prever e normatizar todas as situações e relações existentes ou que possam vir a existir, surgindo assim determinados casos que não têm uma norma reguladora, sobressaindo então à aplicação do direito natural. Bobbio assevera de que esta solução é perfeitamente lógica para quem admite que o direito positivo fundamenta-se no direito natural. Entende, também, que o direito positivo não destrói, mas sim recobre ou submerge o direito natural, portanto, ao surgir lacunas no direito posto, o natural aparece. Neste mesmo sentido e para corroborar seu entendimento, Bobbio cita, dentre outros, Hobbes e discorre que neste precursor do jus positivismo, já aparece um limite para a onipotência do legislador humano no fato de que este, não sendo Deus, não pode prever todas as circunstâncias. Após inúmeras investigações históricas elaboradas para se proceder a construção textual da obra, Bobbio concluiu o significado histórico do positivismo jurídico e afirma precisamente e de maneira mais específica o termo direito positivo, como sendo aquele direito que é posto pelo Estado soberano, decorrente de normas gerais e consideradas existentes no domínio das ideias, isto é, o direito como lei. Assim, em decorrência deste entendimento sobre o direito positivo, o autor descreve que o positivismo jurídico nasce do impulso para a legislação, quando a lei torna-se fonte exclusiva de direito, sendo representada pela codificação. Esse impulso não é limitado e nem eventual, mas sim universal e irreversível e é estritamente ligado à formação do Estado moderno. O impulso para a legislação, segundo o jurista 14

nasce de uma dupla exigência, uma que é a de pôr ordem no caos do direto primitivo e a outra de fornecer ao Estado um instrumento eficaz para a intervenção na vida social.. FERRAZ JR, T. S. A Ciência do Direito. São Paulo: Atlas, 2003; Na contemporaneidade, os conceitos são pensados de forma fluida e plural. Com o conceito de Ciência do Direito se dá a mesma dificuldade, a começar pelo próprio conceito de Ciência. De maneira geral (ou seja, numa perspectiva genérica), tende-se a compreender a Ciência do Direito como um sistema de saberes acerca da realidade jurídica. São estas as considerações que dão início A ciência do direito. Nesse mesmo contexto, Tércio Sampaio discute a polêmica sobre se é apropriado classificar a Ciência do Direito no âmbito das ciências humanas ou mesmo se há uma ciência específica do direito, vez que, para uns, ela não passa de uma técnica ou arte, ou seja, uma subdivisão da sociologia, da psicologia, da história, da etnologia etc. Ou mesmo de todos esses campos em seu conjunto. Desse modo, o objetivo central dessa obra não é resolver completamente essas dúvidas nem oferecer uma conceituação nova, mas interrogar a experiência dos aplicadores do direito para clarificar a questão e apontar caminhos. Em outros termos, objetiva discutir e refletir sobre: a) a questão do sentido de ciência da Ciência do Direito; b) a particularidade de seu objeto; c) a especificidade de seu método; e d) a distinção entre Ciência do Direito e outras ciências. Para tanto, inicia com um panorama histórico da Ciência do Direito desde a jurisprudência romana, passando pelos glosadores, pelos jusnaturalistas da era moderna, pela escola histórica e pelo positivismo, até o século XX. Em seguida, traça o escopo teórico do campo jurídico, ou seja, as fronteiras do direito positivo e o lugar da positivação, a questão da decidibilidade e os modelos da Ciência do Direito. Aborda também esse campo do conhecimento como teoria da norma, como teoria da decisão e como teoria da interpretação, com destaque para as técnicas interpretativas e a integração do direito. Em suma, ao propor uma reflexão sobre a questão de como atribuir o escopo de científico à Ciência do Direito, essa obra faz uma tentativa relevante de esboço das maneiras possíveis de teorizar o problema de acordo com três modelos basilares, a saber: o modelo analítico, o modelo hermenêutico e o modelo empírico. Desse modo, Tércio Sampaio propõe a saída de uma abordagem meramente descritiva do fazer na Ciência do Direito em direção a uma metodologia intermediária entre o descritivo e o avaliativo. GOYARD-FABRE, S. Os fundamentos da ordem jurídica. Tradução de Cláudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2002 Autora de inúmeros trabalhos de filosofia do direito e de filosofia política, em Fundamentos da ordem jurídica, Simone Goyard-Fabre discute a ideia de democracia e sua trajetória ao longo dos séculos. Partindo do pressuposto de que mais que um regime político a democracia corresponde a um tipo de mentalidade, a autora alerta: uma crise endêmica paira sobre a democracia e ameaça-a de ruptura. E conclui: a grande aventura democrática é um fardo pesado de carregar. 15

O conceito de direito tornou-se mais problemático do que nunca, oscilando em seus próprios fundamentos entre o direito natural por um lado, e o positivismo por outro. É importante repensar suas fundações, evitando dessa vez os obstáculos dos dias de hoje que são as orientações sociologizantes, historicistas, vitalistas ou materialistas. Qual é então a essência do direito? O que explica a juridicidade em geral? Para responder a todas essas questões, a autora expõe o papel fundamental das exigências de ordem, de sentido e de valor. O Estado de Direito, que se difere do Estado do Direito, possui conceitos diversos e deve ser observado com atenção, de acordo com as transformações históricas que contribuíram para o desenvolvimento da atual noção que temos sobre o tema. Esta diferenciação entre Estado Do Direito e Estado De Direito pode ser observada na obra de Goyard-Fabre. Para a autora, no Estado Do Direito se opera a síntese entre a ordem e a liberdade, e é também considerado sob um olhar distinto, o que se chama na nossa época sublinhando a inspiração liberal, que lhe cabe vincular, o Estado de Direito. E ainda, para se apreender os princípios filosóficos que tornam possível a articulação entre o Estado Do Direito e o Estado De Direito, devendo-se recordar da conveniência em se indagar sobre a síntese entre a ordem e a liberdade que se opera no direito político moderno. Ademais, no mundo anglo-saxão, a autora relembra que a expressão Rule of Law não traduz exatamente a expressão da palavra alemã Rechtsstaat. Ao citar Bobbio, menciona que alguns autores procuram as origens do Estado de Direito nas teses do jusnaturalismo, segundo os quais o direito do Estado é submetido a um direito superior ou, em sua figura "clássica", desejado por Deus "e derivado da natureza das coisas ou, na sua versão "moderna", ligada essencialmente à natureza do homem". Entrementes, "outros procuram as origens do Estado de Direito num sistema como o de Licurgo ou Sólon, segundo o qual, em um procedimento que, por um anacronismo evidente, poder-se-ia qualificar como "positivista", é o próprio Estado que enuncia os preceitos jurídicos que todo governante, longe de ser solutus legibus, deve observar. De qualquer maneira, a autora parte da filosofia política francesa do século XVIII, alertando-nos de que mesmo se o espírito de liberdade fosse a lança de pedra da Declaração de 1789, esta, em sua literalidade, não comportava a expressão "Estado de Direito". E foi na Alemanha que nasceu tal conceito, contrapondose ao de "Estado de polícia". Ao prosseguir com seu estudo, demonstra que Carré de Malberg constatou que alguns juristas alemães, especialmente Jhering, associavam as noções de Estado de Direito ao de autolimitação do Estado. Ainda quanto à utilização terminológica, Goyard-Fabre observa que a oposição doutrinária alemã do conceito de Rechtsstaat ao de Obrigkeitsstaat (Estado de polícia), fez surgir uma terceira acepção, geralmente conhecida como Estado de Direito. KELSEN, H. Teoria Pura do Direito. Tradução de João Batista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 1996 16

Hans Kelsen (1891-1973) desenvolveu ao longo de várias décadas uma doutrina "pura" do Direito que pretendeu ser "a mais consistente versão da corrente jurisprudencial a que se chama positivismo jurídico". No extenso catálogo da produção científica de Kelsen - que inclui várias centenas de títulos -, a Teoria Pura do Direito ressalta como a mais importante obra de filosofia jurídica do século XX. Estudada e debatida em todo o mundo, sobretudo a partir da 2.ª edição de 1960, ascendeu depressa ao panteão das obras "clássicas" sem ter por isso perdido influência. Kelsen desenvolveu uma teoria jurídica pura, ou seja, filtrada de qualquer ideologia política e de todos os aspectos de ciência natural, com o objetivo de enaltecer a Jurisprudência, que, segundo ele, se limitava quase completamente a raciocínios de política jurídica. Sua Teoria pura do direito vislumbrava, portanto, elevar o direito à altura de uma genuína ciência, de uma ciência do espírito. Tinha em mente a distinção muito relevante entre a ciência natural e as ciências sociais. É nessa última categoria que coloca a ciência jurídica. E a Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo - do Direito positivo em sua natureza geral, não de um ordenamento jurídico específico. Como teoria, visa exclusivamente conhecer o seu objeto particular. Tenta responder a pergunta: o que é e como é o Direito? Entretanto, não é importante a questão de conhecer como deve ser o Direito, ou como deve ser feito. É ciência jurídica e não política do Direito. Uma das maiores preocupações do jurista em sua obra era buscar a distinção entre ciência jurídica e direito no que se diz respeito à validade formal afastando do direito as questões de conduta, se são verídicas ou falsas, o questionamento é com relação à interpretação com relação a validade formal das normas. Pois para Kelsen a questão da justiça é relativa. A tarefa de discutir sobre isto é da ética. O projeto de Kelsen era que houvesse uma ciência das normas que atingisse a neutralidade e objetividade, construindo assim uma autonomia disciplinar para a ciência jurídica. As normas jurídicas devem ser estudadas pela ciência do direito, as normas morais pertencem ao campo da ética. O raciocínio da ciência jurídica vai primar pela questão da validade, sobre o que vai ser valido ou não. O relativismo axiológico de Kelsen reduziu a ciência jurídica aos estreitos limites do formalismo normativista. A hermenêutica da teoria de Kelsen na maioria das vezes tem por seus intérpretes uma aplicação ideológica profundamente burguesa, visando à satisfação dos grupos restritos dominantes. A essência da hermenêutica jurídica consiste em uma operação mental que acompanha o processo e aplicação do direito de uma escala superior a uma escala inferior. Pode - se assim interpretar em qualquer hierarquia que se encontre a norma, o que define na verdade é o grau de liberdade da atividade hermenêutica. A interpretação dos órgãos aplicadores é denominada por Kelsen como a interpretação autêntica, e as demais são interpretadas como não autênticas. Aquela que cria direitos e normas e as que não criam, isto é, quando um órgão se pronuncia sobre o conteúdo de uma norma produzindo um enunciado normativo 17

vinculante, os demais entes ao interpretarem não produzem este enunciado mesmo que diga qual o sentido da norma. No contexto de interpretação o raciocínio do jurista deve se constituir a partir de uma norma jurídica dada, para chegar na própria norma jurídica dada. Para o positivismo de Kelsen a norma jurídica é o Alfa e o Ômega do sistema normativo o princípio e o fim de todo sistema. A purificação da norma ansiada por Kelsen, não pretendia isolar a ciência do direito do mundo sócio econômico e político. Porém, era sua intenção reformular a teoria do direito livrando-o de toda ideologia, como função do pensamento imaginário dos juristas burgueses com um certo modo invertido de interpretação das norma. Ressalta ainda que a ciência do direito tem função meramente descritiva, pois ela não deve criticar o direito vigente e nem propor-lhe alterações. Consequentemente, a ciência fica inteiramente no campo da razão, identificando a moldura adequada e as possibilidades para seu preenchimento. Com a Teoria Pura do Direito buscou-se resgatar o objeto próprio da ciência do direito, voltando apenas para a norma posta. A intenção não era de se purificar a norma, mas garantir autonomia à ciência que estuda a norma, purificando-a de todos os enfoques que não sejam a norma em si. E é teoria pura do Direito porque se propõe assegurar um saber somente direcionado ao Direito e excluir desse saber tudo quanto não faça parte de seu objeto. A Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen se propõe, portanto, a libertar a ciência jurídica de todos os aspectos que lhe são alienígenas. Esse é o seu princípio metodológico fundamental. MATA MACHADO, E.G. Elementos de Teoria Geral do Direito: Introdução ao Direito. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1995; Entre as obras publicadas por Edgar Godoy da Mata Machado, seu livro "Elementos de Teoria Geral do Direito" foi, por muitos anos, um dos mais adotados nos cursos de direito do Brasil. De orientação católica e influenciado pela doutrina social da igreja, seu pensamento e as atividades político-sociais que participou trazem a marca do intelectual engajado na construção de um mundo cristão e de uma ordem jurídica de molde jusnaturalista. A atuação política de Mata Machado foi marcada por uma militância em defesa da liberdade, do Estado Social de Direito e da afirmação e expansão dos direitos humanos. Seu pensamento jurídico tem como base a perspectiva jusnaturalista, de base aristotélico-tomista. Teve influência marcante de Georges Bernanos e de Jacques Maritain (que traduziu para o português), além de Emmanuel Mounier e de Alceu Amoroso Lima, com quem compartilhava a militância político-católica. Segundo seu ex-aluno, o ministro Patrus Ananias, também político, jurista e católico, "Edgar de Godoi da Mata Machado, buscando a confluência de duas vertentes, tornou-se, entre nós, um dos mais lúcidos e 18

instigantes precursores do Estado Democrático de Direito, enfatizando a dignidade da pessoa humana nas duas dimensões básicas: a que antecede o Estado na intangibilidade dos direitos subjetivos e a que emerge da sociabilidade humana na construção compartilhada do bem comum". Personalidade marcante na intelectualidade mineira e brasileira, Edgar da Mata Machado morreu, aos 82 anos, em 1995 tendo deixado gravado seu nome e sua obra nas áreas jurídica e política. MATOS, A.S.M.C. Filosofia do Direito e Justiça na Obra de Hans Kelsen, 2ª.ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006; O livro busca resgatar e discutir, de forma crítica e aberta, uma parte da obra de Hans Kelsen que, por várias razões, permanece ainda pouco conhecida no Brasil: sua concepção jusfilosófica. Tendo examinado as definições de justiça estruturadas pelo pensamento ocidental - desde os gregos até a contemporaneidade - Kelsen destaca a relatividade e o subjetivismo da justiça, alertando-nos para o perigo da adoção de valores absolutos, que normalmente correspondem a práticas político-jurídica autocráticas. Assuntos da obra: Pressupostos: A formação do Pensamento Kelseniano; O Normativismo Jurídico de Hans Kelsen. A Concepção Kelseniana de Justiça: Impossibilidade de uma ideia absoluta de Justiça; O Relativismo da Justiça em Hans Kelsen; Além de outros. 3. Filosofia e Sociologia BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001; Um pouco sobre Zigmunt Bauman Nasceu na Polônia em 1925, de onde fugiu com a família em 1939, indo viver na Rússia. Ao final da guerra volta à Polônia e filia-se ao Partido Comunista. Estudou na Universidade de Varsóvia de onde foi afastado em 1968 após escrever alguns livros e artigos que foram censurados. Passou por vários países até se fixar em 1971 como chefe do departamento de sociologia na Universidade de Lees, na Inglaterra, onde vive até hoje. Tem 54 livros escritos, sendo 29 deles após 1990 quando aposentou-se. A obra O que torna Modernidade Líquida uma obra especial é que nela se altera a forma de crítica normalmente adotada pelos teóricos, pois Bauman não apenas coleta os signos e elabora conceitos que marcam a distância entre o presente e o passado recente, mas, e acima de tudo, preocupa-se com a atualidade dos discursos críticos próprios da época moderna, aqueles discursos que questionaram a ordem social tendo em vista a possibilidade e a necessidade de uma nova e boa ordem que se construiria no futuro, mas que, depois, passam a mostrar uma inquietude com as ameaças implícitas à liberdade individual na forma em que alguns impõem sua visão do bem. O título da obra decorre da modernidade da sociedade que avança em vários sentidos, porém, questionável 19

em suas atitudes e o seu contexto enquanto sociedade. A liquidez, a qual Bauman propõe vem do fato que os líquidos não têm uma forma, ou seja, são fluídos que se moldam conforme o recipiente nos quais estão contidos, diferentemente dos sólidos que são rígidos e precisam sofrer uma tensão de forças para moldar-se a novas formas. Os fluídos movem-se facilmente, quer dizer: simplesmente fluem, escorrem entre os dedos, transbordam, vazam, preenchem vazios com leveza e fluidez. Muitas vezes não são facilmente contidos, como por exemplo, em uma hidrelétrica ou num túnel de metro, lugar que se pode observar as goteiras, as rachaduras ou uma pequena gota numa fenda mínima. Os líquidos penetram nos lugares, nas pessoas, contornam o todo, vão e vem ao sabor das ondas do mar. O livro parte da mensuração da proximidade e distância entre o presente e o passado recente. A proximidade é a constatação de que continuamos modernos, simplesmente porque a Modernidade significa o fim da crença em uma ordem revelada e mantida por Deus e a assunção de que os humanos encontramse no mundo por conta própria. Deste modo, o que o homem fez pode ser desfeito: a Modernidade é a época da história que pensa a si mesma historicamente. Esta forma de aproximação obriga a construir a diferença. Nosso passado recente torna-se a fase sólida da Modernidade. Embora em Marx tenha-se a constatação de que tudo que é sólido desmancha no ar, esta fase inerentemente transgressiva só se dava a tarefa de liquefazer os sólidos herdados da tradição para construir bons e duráveis sólidos no futuro. Por isso, Bauman escolhe como sua metáfora a fábrica fordista; afinal, o sonho de Lênin era livrar este modelo do caos do mercado e estender a organização científica do trabalho para a sociedade como um todo. A boa ordem a vigorar no futuro seria inimiga da contingência, da variedade e da ambigüidade. Deste modo, a Modernidade pesada, embora refletisse normativamente sobre a sociedade e confiasse no vínculo entre ação intencional dos indivíduos e transformação coletiva da sociedade, tinha uma tendência totalitária. A ordem a construir era imaginada como homogeneidade compulsória. Inevitável, assim que a teoria crítica, desde a Escola de Frankfurt ao menos, temesse que a primeira vítima da boa ordem fosse a liberdade individual e se desse como principal objetivo a defesa da autonomia e a luta contra a invasão da esfera privada pela esfera pública. Nosso presente, a Modernidade Líquida, é uma versão privatizada e individualizada da Modernidade. Só acreditamos ser capazes de transformar a nós mesmos para nos preparar para as inumeráveis transformações sociais que experimentamos cotidianamente. Os sólidos que se derreteram na fase líquida da Modernidade são os elos que entrelaçavam os projetos individuais em projetos e ações coletivas. Cada um por si procura ser flexível para se capacitar para as incertezas do futuro; ao mesmo tempo, ninguém se crê capaz de transformar a sociedade como um todo. Conceituando precisamente, a Modernidade Líquida tem uma estrutura sistêmica remota, inalcançável e inquestionável, ao mesmo tempo em que o cenário do cotidiano relações familiares e amorosas, emprego e cidade - é fluido e não-estruturado. Deste modo, experimentamos uma clivagem entre a ação humana transformadora e a ordem como um todo. O mais interessante é que este mundo evidentemente distópico, onde o futuro é catástrofe e incerteza que força 20