ESTUDO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO PORTUGAL FASHION



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Transcrição:

ESTUDO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO PORTUGAL FASHION

Portugal Fashion - uma Marca afirmada, que está convidada a entrar num novo ciclo: criar um verdadeiro Sistema de Moda em Portugal no único espaço possível, o Mundo, assente numa competência central, o Conhecimento, com um saber próprio, Ligar Pessoas, Projetos, Organizações e com a linguagem certa, a Digital, constituindo-se como nó na Rede da Criatividade e da Inovação. 2

Portugal Fashion - uma Marca com poder para ultrapassar a sua origem mono produto, centrada em desfiles e no têxtil e vestuário, devendo ambicionar um lugar na fileira criativa mais ampla, atraindo e gerando Talento para um Portugal aberto ao Mundo. PF, marca de Nova Geração que potencia o viver na Cidade e que vive em compatibilidade permanente com outras grandes marcas de outros sectores de atividade, de onde resultam valiosas parcerias.

Índice 1. Análise Qualitativa Objetivos...6 Metodologia...7 Moda: Actores...8 Moda: Processos...25 Moda: Eventos e Comunidade...37 Zoom PF...44 2. Análise Económica O Sector Moda....61 Análise do Sistema Moda e o seu futuro. Visão Professor Augusto Mateus...69

1. ANÁLISE QUALITATIVA 5

Conhecer a opinião dos stakeholders do sector da Moda acerca do Portugal Fashion e do seu lugar perante os distintos actores Enquadrar a Opinião numa visão estratégica do Sistema de Moda, em Portugal revisão de conceitos, mapa de oportunidades Identificar campos de intervenção acionável, que cruzem dinâmicas da Procura com competências PF, no plano nacional e internacional 6

Com o objectivo de mapear o conjunto de actores e de representações que se articulam em torno de uma marca/instituição como o PF, recorreu-se a um conjunto de ferramentas metodológicas da área das ciências sociais e humanas, numa perpectiva interdisciplinar: 1.Observação de ambiente: permitiu uma incursão qualitativa e narrativa, in loco, para estabelecimento de directrizes e posterior teorização sobre a realidade estudada. Duração: 17-20 de Outubro, Porto, certame Portugal Fashion 2012. Equipa: 4 pessoas 2. Inquéritos: foram realizados com o objectivo de mapear as representações dos diversos participantes no evento, recolher informação quantitativa e obter uma amostra com alguma representatividade. O inquérito era composto por conjunto de 21 afirmações. A primeira parte contemplava uma caracterização sócio-profissional dos inquiridos, enquanto que na segunda lhes era pedido que respondessem, de acordo com uma escala de medição estipulada que oscilava entre o concordo totalmente e discurso totalmente. O inquérito encontrava-se ainda sectorializado por áreas de discussão que contemplam os percursos da produção da moda em Portugal, no geral, e o conjunto de valências do PF enquanto marca e instituição, em particular. Foram aplicados um total de 320 inquéritos, a um conjunto de 175 mulheres e 165 homens, com idades compreendidas entre os 18 e os 70 anos de idade. 3. Entrevistas: com o objectivo de reunir informação qualitativa, no sentido de alargar e aprofundar o escopo da discussão, foram realizadas 23 entrevistas a actores-chave envolvidos no sistema moda português, entre os quais criadores/as, manequins, professores de design de moda, fotógrafos e jornalistas. As entrevistas, com cerca de uma hora de duração, foram estruturadas sob a forma semi-dirigida com o objectivo de estabelecer linhas directoras específicas, mas que permitissem a flexibilização da conversa, de acordo com o contexto específico e com os interesses dos entrevistados e as mutações próprias a estes contextos. A partir das suas transcrições foi possível proceder a uma análise de conteúdo, cujos resultados se reflectem no estudo final e no conjunto de recomendações apresentadas neste Relatório. Duração e local: Novembro de 2012, Lisboa e Porto Equipa: 3 pessoas 7

JORNALISTAS No que se refere à Moda, o jornalismo praticado em Portugal tende a ser visto como impreparado e pouco competente, sem tradição crítica. A esta perceção junta-se o agravar da crise nas empresas de media, com redução de profissionais e maior pressão sobre os efetivos que estão nas redações. Apesar disto, as iniciativas PF são vistas como fornecedoras de bons conteúdos, seja no plano do Social, seja nos temas e personagens que compõem o sistema de Moda e toda a sua criatividade e glamour. Tópicos como novos talentos e internacionalização revelam-se com bom potencial de publicação. A experiência e marca PF tem condições para atuar como fornecedor de saberes e linguagens para uma classe disponível para saber mais, se houver elevada conveniência na entrega desses saberes Faltam mais pessoas, faltam mais pessoas, também.. faltam mais pessoas. Mas eu acho que o que está a acontecer neste momento é que eles andam a despedir pessoas porque não têm dinheiro para lhes pagar, a nível de imprensa e tudo. Tenho amigas minhas que eram jornalistas e estão a ficar desempregadas. Retalhista E acho que temos um grande carinho a nível de imprensa, porque as pessoas ligam-nos e pedem-nos coisas e etc. Era isso que eu lhe estava a dizer, eu também tento fazer um bocado; ainda no sábado cheguei de Lisboa e tive que ir para um festa na Casa da Música porque estava lá toda a gente que nos interessava, percebe? Designer É um país pequeno e com muito pouca cultura de, de.. A imprensa é preguiçosa, nós temos muito pouca cultura de trabalho. A nossa imprensa, geralmente, é muito preguiçosa. E eu vejo isso até pelo meu contacto com a imprensa, daquilo que é feito. Olhe, muitas vezes, comigo, não há o mínimo cuidado de perceber o que é que a pessoa faz de facto: fazer alguma pesquisa e contextualizar a pessoa. Há muita preguiça, muita malandrice na área da imprensa; e isso reflecte-se muito no trabalho. Fotógrafo 8

CONSUMIDORES O estudo revela um consumidor português que se liga com a Moda a partir das grandes marcas retalhistas. No quadro de uma experiência globalmente muito positiva quanto à relação com lojas e centros comerciais, que tem caracterizado a sociedade de consumo em Portugal, as pessoas identificam lojas de marca com tendências de moda Este é um consumidor interessado no tema, nas suas manifestações mais mass market, com baixa literacia e consequentes dificuldades de valorização do trabalho de estilistas. Complementarmente registe-se a ideia de que haverá uma elite mais exigente e disponível para responder a outro tipo de proposta de valor, mas pautada por uma cultura de moda conservadora. Haverá um importante trabalho a fazer pela Marca PF no sentido de levar até ao consumidor comum a notícia de que há um sector da Moda em Portugal que cria, inova e que não se reduz à exportação industrial. E há muita mais gente com tendência para comprar coisas da Dolce & Gabbana, e daquelas marcas assim mais corriqueiras, mas que têm nome e é internacional, do que propriamente o criador português, não é? Retalhista Sim, em determinados casos era demasiado conservador. Porquê? Porque temos.. porque, hoje em dia, continuamos a ter um público, ou seja, um público que tem capacidade para consumir, digamos um produto alto, médio alto. É, de facto, um público conservador, na sua maioria. Hmmm, isto se quisermos falar em termos gerais, se calhar há 1 a 3% desse público que são arquitectos, designers, pronto.. Designer Eu acho que para além de ter de haver uma divulgação maior e mais acessível ao público de outras classes, classes mais baixas, o próprio público tem de ter sensibilidade para conseguir analisar o trabalho dos estilistas. Isto é claro que é complicado, para o mundo da moda, estar a tentar implementar isso no público. Mulher, FG Porto 9

ESCOLAS O tema Escolas de Moda não reúne consenso na amostra entrevistada, mas pode-se falar num contributo positivo de Portugal Fashion no sentido de criar um poder de atração para a área Moda, pela abordagem aspiracional que transporta consigo. A antinomia escolas mais profissionais vs cursos superiores surge no discurso de profissionais do sector com claras vantagens para as primeiras, até pelo maior realismo com que podem perspetivar o futuro dos alunos no período pós formação. Acompanhando outras áreas do conhecimento e da formação, o tema do horizonte de desemprego surge nas entrevistas, refletindo deficits de articulação entre ensino e empresas. A PF é pedido, ao longo do estudo no seu conjunto, que intensifique a aposta na revelação de novos valores, permitindo lhes testar formas de ver e criar com públicos da fileira profissional, de modo a ajustar curricula. Eu acho que temos excelentes escolas em Portugal. Citex chegou a ser um modelo de escola para toda a Europa, há uns anos atrás. É uma escola maravilhosa. Esta coisa dos cursos superiores de Design de Moda; a maior parte das vezes são um flop. Designer da Indústria É uma questão de estruturação. Eu acho que a culpa também é das escolas. Quando estão a formar estes activos, não lhes explicam como é que isto vai funcionar um dia. Jornalista de Moda...hoje em dia há escolas de mais por isso há muito mais desemprego. (...) já não é Citex. E essa é a melhor escola de Moda. É de onde saem os melhores. Mas as escolas de Moda são.. Eu não sei como é que elas estão a funcionar, mas deviam ter.. eu acho que elas funcionam com estágios e não sei quê, mas pronto, acho que nós estamos a criar.. vem gente.. Eu acho que, no fundo, as escolas funcionam melhor hoje em dia do que há uns tempos atrás, quando nem sequer haviam. Produtora 10

ESCOLAS As Escolas revelam-se, ainda, pouco consistentes no equilibrar das dimensões teórica e prática, revelando fraquezas no domínio da experiência concreta em sede de criação de peças, da sua aproximação ao mundo da produção. Esta menor ligação com a realidade do processo, sobrevalorizando-se o estético implica em frustrações graves para alunos e docentes há um sentido de facilidade e de rapidez que não corresponde ao real. Refletindo a heterogeneidade da oferta educativa, há quem refira, pelo contrário, que aprendeu acerca do que poderia esperar, depois de completar a escola, no lado da indústria, marcando as diferenças entre tempo de atelier, de conceção e tempo de fábrica, de produção, com toda o seu enquadramento de negócio, de produtividade para o mercado. É reconhecido por todos, a este propósito, que a relação entre Estilismo e Indústria faz parte do código genético de PF, enquanto Marca, pelo que se poderia esperar que essa experiência acumulada fosse comunicada, pedagogicamente, ao universo de alunos. Tirei o curso na Academia de Moda do Porto, que já não existe. E que, a nível conceptual e de.. foi incrível, a nível técnico acho que não havia docentes suficientes para a coisa funcionar: não era o melhor possível. Mas acho que dentro daquilo que se pode fazer, fez-se o melhor possível. Jovem Designer Requer muita dedicação, muito tempo. Hoje em dia, acho que os jovens designers não têm muito essa noção. Eu percebo isso pelos estagiários que nós temos, acham que é tudo imediato e que as coisas acontecem no fim do curso, em 6 meses ou 1 ano. Designer Não sei se haverá essa disciplina de gestão de carreira. Mas sim, há uma preocupação da parte dos cursos, pelo menos no meu houve, de nos prepararem para as dificuldades em termos de indústrias; o que é que é mais possível fazer; o que é que se pode fazer em atelier, o que é que se pode fazer numa indústria. Jornalista de Moda 11

ESCOLAS Há, também, testemunhos de quem apostou na sua formação a partir de uma vocação na grande área do Design, procurando criteriosamente formas de satisfazer essa inclinação, investindo no processo de aprendizagem e sabendo juntar aproveitamento escolar com possibilidade de entrada em estágio de âmbito profissional fora do país, mas com suficiente nível de conveniência espacial e temporal para viabilizar o projeto. O tópico do irrealismo ou desajuste entre tema e condições de trabalho, de enquadramento nos limites do país é, entretanto, recorrente nas entrevistas aos profissionais, quando se referem aos seus mais jovens colaboradores. Eu sempre gostei de design, mas não ligava a calçado, então preferi entrar pela roupa. Olhe, tirei o curso de Design e Moda na escola profissional Cenatex, em Guimarães. (...) Sim, sim, toda cá de cima. Tirei em Guimarães. Depois, como tinha boas notas e fazia um bom trabalho fui estagiar para Sevilha, na altura do Natal. Designer Eles vêm cheios de sonhos, mas dá-me a sensação que as aulas são muito teóricas e quando cá chegam eles não sabem fazer nada. É preciso trabalhar no terreno para perceber as dificuldades que nós temos. Um editor em França telefona para um showroom e manda vir o look 13 da Louis Vuitton. Aqui, não manda vir o número 13 porque o número 13 nunca cá chega. As peças não vêm dos showrooms internacionais, não chegam ao mercado nacional, pelo menos para as revistas portuguesas; obviamente que as revistas internacionais têm outras facilidades, mas é óbvio que os miúdos vêm cheios de sonhos e acham que todas as revistas são aspiracionais. Editora de Moda É notória a relação que o PF mantém com escolas/cursos de moda e design Como vimos em estudos anteriores, o sentimento das escolas face ao PF é de gratidão, no essencial, pelo facto de manterem vivo o tema Moda através dos eventos anuais, possibilitando acesso físico a este mundo de grande produção. Uma autoridade PF que legitimaria uma maior aproximação da Marca ao universo escolar aportando realismo e adequação de expectativas. Concordo Muito Não concordo nem discordo Concordo em Parte Discordo em Parte Discordo Totalmente 2% 60% 22% 16% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 1% 12

INDÚSTRIA Tal como sucede com o universo das escolas, também no modo como a Indústria é percebida se encontram olhares muito diferenciados, refletindo um universo instável, em que a informação circula de forma irregular, penalizando uma visão minimamente harmoniosa, segura sobre o que está a acontecer no terreno. Nestes três depoimentos de outros tantos entrevistados podemos observar o entusiasmo perante o nascimento de um projeto de marca, em que juventude, criatividade e indústria estavam juntas. Mas, também se pode ler uma afirmação que vai no sentido da avaliação positiva da pouca indústria que resiste, ao lado de outra que aponta para sérias dificuldades desta mesma pouca indústria, que existe em Portugal. Enquanto Marca de convergência do sector, PF poderia atuar como editor sereno e seguro do que realmente se passa no mercado, dando coerência e algum sentido de sustentabilidade ao mundo da Moda em Portugal. Então apostei mais na ideia de indústria, de começar a aprender para indústria. Então surgiu a ideia de ir para a Red Oak, que era uma marca que estava começar na altura, com muita gente nova, e eu também achei interessante a ideia de começar um projecto de início, uma marca interessante. E fui para lá e estagiei lá. Jovem Designer A nível de empresas eu acho que somos pouquíssimas empresas. Acho não, tenho a certeza: somos cada vez menos. Mas as que estão cá eu acho que estão a fazer um bom trabalho. Designer da Indústria Eu muitas vezes abria o leque para tentar que eles se formassem noutros sentidos. Porque eu, com os anos de experiência que tenho, se for daqui embora, não tenho para onde ir. Tenho porque as escolas continuam abertas e com o currículo que eu tenho de ter dado aulas, entro em qualquer uma. Mas na indústria não há, não há mais. Há a Lion of Porches, há a Dielmar, a Lanidor, a Salsa, a Tiffosi, a QuebraMar e... (...) Há a Globe, que pertence à Throttleman, que está falida. A Red Oak está falida, que também é do mesmo grupo. A Lanidor também está toda trémula. Designer da Indústria 13

INDÚSTRIA Os designers de moda, que não têm relação orgânica com a Indústria olham para esta de forma crítica. Uma das abordagens menos positiva assenta numa alegada falta de vontade ou capacidade de investir em verdadeiras marcas, com escala, em enquadramentos competitivos superiores. Noutra via crítica, registe-se a ideia de uma indústria insensível às necessidades (necessariamente modestas, em quantidade) de designers, que precisam de materializar as suas criações, sem conseguir reunir argumentos válidos para convencer os industriais Quanto aos designers inseridos em organizações industriais, a queixa vem de um desajuste entre tendências de vanguarda e capacidade de absorção do mercado, aqui representado por comerciais, cujos padrões estéticos seriam discutíveis desajustes de tempo, pelo menos, com disfunções perturbadoras no fluir do sistema. Da parte do industrial, que acaba sempre por não acreditar. Há uma falta de confiança - continua a haver - e uma falta de taxa de esforço ou de poder financeiro para fazer com que uma marca, com muito investimento, chegasse a um patamar que uma marca... Designer Se você disser: quero 20 peças destas, a indústria não nos faz. Portanto, a indústria também esteve sempre desligada do autor. Eles que não se queixem agora, porque eles estiveram sempre de costas voltadas para os designers. Designer Temos que fazer um bocadinho o que os comerciais querem, e nem sempre são as pessoas que nós respeitamos mais em termos estéticos. Temos que perceber que o mercado que nós vendemos nem sempre é uma mercado de topo e, portanto, anda uma estação atrasada, pelo menos. E eu estou a fazer xadrez azul e vermelho, mas isso só se vai usar para o meu mercado na próxima estação. Portanto, estou adiantado e tenho que recuar: tenho muita pena, mas faço uma para mim. Designer da Indústria 14

INDÚSTRIA A imagem e reputação da indústria portuguesa junto de profissionais da comunidade Moda entrevistada tem, ainda, outras dimensões críticas, como se percebe nestes extratos de entrevista. Uma acusação tem a ver com o predomínio do curto prazo nos processos de decisão algo que impediria o investimento em projetos de risco, no sentido da incerteza de resultados da criatividade nacional, levando à mais segura adoção de modelos de subcontratação. A noção de que teremos, em Portugal, do lado da indústria uma mentalidade e uma prática assente na cópia está, entretanto, muito disseminada. Questões de ordem económica, de poupança de custos, mas também de cultura de algum facilitismo, porventura de pragmatismo de correspondência entre Oferta e probabilidade de acertar no que a Procura precisa estariam na base desta opção consciente pelo modelo de cópia. Ou seja, eu acho que houve um período.. hoje em dia menos, mas continuo a ver um bocadinho de falta visão, de falta de investimento por parte pare dos industriais. Porque se.. Assumindo que todos são ou têm uma postura séria. Se eles conseguirem apoiar esse criador, se esse criador conseguir crescer no mercado nacional ou internacional, logicamente que vai querer manter esse vínculo e, por aí, poderá ganhar.. poderá não ganhar nos primeiros dois ou três anos, mas quem sabe no final do terceiro, do quarto, do quinto ano.. essa marca poderá estar a vender milhares. Ou seja, há esta falta de visão e.. pronto.. e que aqui, o facto de esta indústria de confecção, que existia em Portugal, ter falido, ter fechado, está um bocado relacionado com isto, ou seja: basicamente nós produzíamos para marcas estrangeiras que, quando surgiram mercados mais competitivos, mudaram-se e as fábricas ficaram sem trabalho. Designer Sim, seriam menos desfiles. E acho que eu também passaria, por exemplo, a parte da indústria para uma feira paralela, tipo a feira Modtissimo. Acho que a indústria não tem sentido estar ali, porque tem colecções mesmo muito desinteressantes. Designer É a mentalidade dos industriais e dos designers. Porque os industriais vêem que é mais barato viajarem, irem às marcas que eles copiam. Compram as peças, chegam cá e mandam copiar. Eles fazem todos isso, todos: Lanidor, Decenios... todos. São meus clientes, mas eu sei como é que eles trabalham, todos. É mais fácil e mais barato comprar.. Já está lá o molde feito, é só copiar.. Produtor Não, isso não é assim noutros países. As marcas contratam os criadores. Aqui, a indústria funcionava de outra forma. Iam ao Prêt-àporter, compravam dois ou três modelos e copiavam em série. Nunca houve essa abertura, dá-me a sensação, da parte da indústria; nunca teve muito a ver com os criadores nacionais.. nunca houve essa abertura de contratar um profissional para fazer uma colecção. Editora de Moda 15

INDÚSTRIA Uma evidente atitude de alheamento pelo (mesmo que pequeno) mundo de criadores portugueses completa o quadro de baixa ligação entre os dois mundos, tal como é entendida pelos profissionais mais ligados à criatividade. O consumidor final, pelo seu lado, procura guiar-se pelas marcas de retalho, atribuindo-lhes um duplo papel: domínio da produção (tecido, corte, tamanhos) e referência de estilo ( apesar da moda ). Dito de outro modo, as marcas comerciais operam, com sucesso, inspirando confiança pela constância dos seus comportamentos, a transição entre a plataforma de inovação e criatividade representada pelos desfiles e a acessibilidade ao consumidor comum. Uma missão bem recebida, conciliando os dois níveis em que se materializa a moda para uso quotidiano. Não, isso não é assim noutros países. As marcas contratam os criadores. Aqui, a indústria funcionava de outra forma. Iam ao Prêt-à-porter, compravam dois ou três modelos e copiavam em série. Nunca houve essa abertura, dá-me a sensação, da parte da indústria; nunca teve muito a ver com os criadores nacionais.. nunca houve essa abertura de contratar um profissional para fazer uma colecção. Editora de Moda Há certas marcas que nos deixam andar confortáveis, já sabemos qual é o corte das peças, qual é o tipo de tecido que utiliza, se a gente preferir malhas, sedas há sempre aquelas marcas que a gente sabe que seguem aquele padrão, apesar da moda. Mulher, FG Porto Vi uma vez numa reportagem que nos desfiles, as roupas que são usadas são sempre exageradas, seja em corte, dimensões, o que é comercializado depois pela marca, é menos Mulher, FG Porto 16

INDÚSTRIA Para quem conseguiu um trabalho numa fábrica com nome no mercado o balanço é positivo. A estabilidade conquistada contrasta claramente com as tentativas feitas por conta própria, em que a insegurança de recebimentos, por exemplo, ou os custos de abordagem e negociação com a indústria se revelavam muito altos. Surge, entretanto, uma valorização muito intensa das empresas industriais que investiram e conseguiram criar verdadeiras marcas símbolo de uma geração, que sabe e gosta de se reconhecer no seu nome, linguagem, iconografia. O tópico da pouca divulgação da atividade de moda em Portugal ganha aqui particular acuidade, deixando entender que se essa divulgação existisse outro clima pró moda poderia ser criado, recompensando os que vivem e trabalham neste universo e trazendo outro valor para o negócio. Trabalhava na indústria. Eu ainda agora estou na indústria, mas gosto porque comecei primeiro como fardas, por conta própria. Depois houve faltas de pagamentos e tudo, e descartei. Não dava, porque era muito incerto E depois consegui um trabalho na C.R.S.. Consegui esse trabalho com a Modtissimo, com um stand que nós tínhamos na altura, que eu achava que era muito boa ideia. Também continuam a ter, aqueles que ganham os prémio têm direito a um stand na Alfandega. Foi por aí que arranjei esse trabalho. (...) Então, nós depois íamos às fábricas. Na altura eu vi-me um bocado aflita porque as peças eram muito complicadas e as fábricas, realmente, não gostam de sair da linha de peças que costumam fazer, porque têm que parar tudo e é complicado. Mas consegui arranjar uma empresa com a qual eu ainda trabalho. Jovem Designer Não há grande divulgação. Em termos de marcas, indústria, eu reparo que agora, com algumas modelos que vêm para fazer trabalhos cá - como editoriais de Moda - muitas adoram a Salsa. Jornalista de Moda 17

DESIGNERS Existe nos designers uma convicção de seriedade, de que trabalharam para lá chegar e de que estão em posse dos conhecimentos necessários. É um orgulho sereno, que afirma a profissionalidade dos seus trabalhos. Aponte-se o envolvimento com o espaço do trabalho, os ateliers, os bastidores. Sentem-se dedicados ao universo da moda. Este trabalho de criação e dedicação parece ser visto como a ideia de fazer moda. Nesta última citação temos uma acção criadora perante um estado menos apetecível da moda. A moda não estava bem, tinham de intervir. Destaque ainda para a importância da formação, da aprendizagem. A existência de um trabalho de crescimento, de etapas, justifica uma posição: esta é uma profissão séria. E o que eu lhe posso dizer é que acho que sim, acho que com um certo êxito, na medida em que nós estivemos sempre vinculados a uma ideia de trabalhar honestamente na Moda, com muito profissionalismo, privilegiarmos muito, portanto, o trabalho, de bastidores, de atelier. É o nosso mundo, gostamos de estar com ateleistas, no terreno, mesmo a trabalhar. Temos uma escola, estudamos muito de moda, temos um conhecimento muito profundo da escola clássica de Moda, de toda a maneira de trabalhar que envolve o atelier, em termos da construção, em termos da criação de volumes, em termos das estruturas, como é que se faz; os segredos. Designer Tendo sido iniciado quase ainda 2 anos antes, ou seja, em 2003, 2001, pronto, e, pronto, este projecto surgiu ainda durante a faculdade. Foi, no fundo, um resumo, um balanço do que foi a nossa aprendizagem na faculdade, no nosso curso de 5 anos. Fez-se uma análise daquilo que seria, ou era, a Moda portuguesa, na altura, e achámos que havia um certo cinzentismo, e achámos que, achámos que devíamos trazer um pouco mais de cor à Moda portuguesa. E.. esta cor é no sentido metafórico, não é só em relação à própria cor das peças. Designer 18

DESIGNERS Apesar da confiança em si próprios, há muitos desafios que se põem aos designers. Primeiro há que lidar com a crítica. Se por um lado muitas pessoas falam da qualidade dos nossos designers, outros dizem que só alguns realmente fazem a diferença. Parece faltar ainda uma verdadeira afirmação da classe. Segue-se a difícil tarefa de vender o seu trabalho, visto que os designers não são retalhistas, nem comerciais, nem tão pouco têm a devida formação. Este desfasamento entre a criação e a sua distribuição atravessa todo o estudo e permanece um verdadeiro desafio para todos os envolvidos. No caso da relação entre designers e indústrias mantém-se a aparente incompreensão das últimas para com a criatividade natural dos primeiros. Para os designers, os limites realistas das indústrias são ainda obstáculos significativos. Os casos de sucesso de colaboração são escassos, ou pouco conhecidos, aumentando o intervalo entre estes dois campos. Chegou a trabalha aqui comigo, a desenhar a colecção de senhora, mas também não se adaptou à indústria. Portanto, se mesmo essas pessoas que são muito especiais, que têm uma forma de mostrar as coisas e de fazer as coisas com muito valor, não conseguem sobreviver, estar a criar.. Designer da Indústria Dos criadores com nome próprio, acho que temos imensos valores. Designer da Indústria É, e a nível de criadores portugueses também não é fácil: só há 2 ou 3 que.. Retalhista Ver se a pessoa está a trabalhar como deve ser toda a parte de logística, produção, distribuição etc. etc. porque abrir uma loja por abrir uma loja não vale a pena. Ou temos uma máquina que alimenta todo o processo da loja a nível de fornecimento de produto, da questão das montras, da imagem, do trabalhar também isso com os clientes.. Acho que não se pode pegar num designer e "vamos lá abrir uma loja e ver o que é que acontece Designer Agora eu posso dar esse meu know how que já o fiz, por acaso já o dei no passado, durante 3 anos ou 2 anos, 3 anos na grande indústria e fi-lo muito bem. Mas isso não se pode imiscuir, não se pode.. são realidades completamente diferentes, são discursos completamente diferentes e cada um tem o seu terreno, o seu campo de trabalho, pronto. Designer 19

DESIGNERS Para os outros actores do sistema, a imagem dos designers portugueses corresponde a um caminho que, ainda que esforçado, resulta numa posição semi-elitista (porque não vendem para as massas) e semiprofissional (porque não se submetem às regras da indústria/retalho). Se para uns é a questão da construção da marca que está em causa, para a maioria dos entrevistados o sucesso real parece ser medido em termos de negócios. Não havendo um crescimento, ou um salto significativo dos designers, forma-se a ideia de estagnação de afunilamento. Na prática, a falta de contacto no dia-a-dia com o trabalho destes players, ou seja, a impossibilidade de nos cruzarmos com uma loja, com uma montra, com uma proposta de compra, torna mais difícil imaginar que estes profissionais existam para além dos desfiles. O criador, fora o Felipe que é uma coisa que se passa lá fora.. nós temos uns criadores cá que, fora o Luís Buchinho e talvez o Miguel Vieira, gastam aquele dinheiro, fazem aquela colecção, vendem aquela colecção aos amigos, voltam a fazer colecção. Portanto, o negócio não passa dali, é um afunilar.. não é um afunilar, nunca conseguiram ter.. Produtora Que era o que eu via o Buchinho a ter que ir passar, porque não havia dinheiro para ir a lado nenhum. E eles esforçaram-se imenso, eles merecem o lugar que têm neste momento, que foram 20 anos ali a dar no duro - todos eles. E merecem mesmo, e merecem estas ajudas. (...) Eles mereciam é que estas ajudas fossem de facto ajudas mesmo. Os 20 anos que eles têm, de colecções, muitas delas tão bem desenvolvidas, tão bem feitas, com tanto esforço, não era para eles ainda continuarem a ser uma classe média. Designer da Indústria Agora, nós vemos aquelas duas edições, por causa das colecções e, durante anos, pensamos: "Mas esta gente vive como? Faz colecções para os amigos. Onde é que as pessoas compram?". Meia dúzia de pessoas sabe onde é que eles têm os ateliers, porque eles não fazem para as massas. Mesmo que quisessem fazer para as massas.. Jornalista de Moda São irregulares, não são profissionais. Isto é um negócio.. É evidente que quando se trabalho com novos designers há sempre um risco, mas esse risco é normal.. Mas quando há muita falta de profissionalismo.. E para eles fazer roupa é fazer a passagem e acabou; e isso é o início do trabalho, isso é o início do trabalho. Não é só desenhar a roupa e ir à costureira e fazê-la, é mais do que isso. Ter uma marca.. Retalhista 20