ANÁLISE DO TAMANHO DO CRISTALITO E MICRODEFORMAÇÃO DA REDE CRISTALINA DO CARBETO DE TUNGSTÊNIO MOÍDOS EM MOINHO DE ALTA ENERGIA.



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Transcrição:

ANÁLISE DO TAMANHO DO CRISTALITO E MICRODEFORMAÇÃO DA REDE CRISTALINA DO CARBETO DE TUNGSTÊNIO MOÍDOS EM MOINHO DE ALTA ENERGIA. F. T. da Silva 1,a. ; M. A. M. Nunes 1 ; R. M. V. de Oliveira 2 ; G. G. da Silva 2 ; C. P. de Souza 3 ; U. U. Gomes 3. 1 Programa de Pós-graduação em Ciências e Engenharia de Materiais PPGCEM/UFRN a Rua Mercúrio, 465 Santa Tereza Parnamirim/RN CEP: 59150-000 / fabteixeira@bol.com.br 2 Instituto Federal do Rio Grande do Norte - IFRN 3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN RESUMO O carbeto de tungstênio () tem grande aplicação devido as suas propriedades como elevado ponto de fusão, alta dureza, resistência ao desgaste, resistência a oxidação e boa condutividade elétrica. As características microestruturais dos pós de partida influenciam nas propriedades finais do carbeto. Nesse contexto, a utilização de pós nanoparticulados é uma forma eficiente de melhoria das propriedades finais do. A moagem de alta energia destaca-se dos demais processos de obtenção de pós nanométricos devido às constantes alterações microestruturais provocadas por esse processo. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi realizar uma análise das características microestruturais quanto ao tamanho do cristalito e micro deformação da rede cristalina utilizando a técnica de difração de raios X (DRX) através de refinamento pelo Método de Rietveld. Os resultados mostram uma eficiência do processo de moagem na redução do tamanho do cristalito, levando a uma significativa deformação na rede cristalina do a partir de 5h de moagem. Palavras-chave: tamanho do cristalito, microdeformação, moagem de alta energia,. INTRODUÇÃO O carbeto de tungstênio () encontra aplicações potenciais, devido às suas propriedades incomuns, tais como alto ponto de fusão, alta dureza, baixo coeficiente de atrito, alta resistência a oxidação e boa condutividade elétrica (1). Devido a isto, é amplamente utilizado na produção de ferramentas de corte, capazes de trabalhar em temperaturas altas, ambientes agressivos e sob altos esforços mecânicos sendo utilizados também na fabricação de peças que exijam alta resistência e na produção de catalisadores industriais. 527

Há uma série de processos para a síntese de pós de e cada processo varia nas características do pó produzido, incluindo carburação direta do pó de tungstênio, reação em estado sólido, carburação redução, moagem mecânica e rotas utilizando poliméricos precursores de alcóxidos metálicos (2-3). Em relação ao processamento dos pós, destaca-se a moagem de alta energia, a qual permite aos pós significativas reduções microestrutural, além de permiti um refinamento dos pós para escala nanométrica. O processo de Moagem de Alta Energia (MAE) é uma síntese mecano-química onde as misturas de pós de diferentes metais ou ligas são moídas conjuntamente para obtenção de uma liga homogênea, através da transferência de massa (4). O evento central na MAE é a colisão entre os corpos de moagem e as partículas de pó que se encontram entre os corpos de moagem. A colisão das partículas com os corpos de moagem e destes de encontro com as paredes do recipiente de moagem causam repetidos ciclos de deformação, soldagem a frio e fraturas das partículas. Estes processos de deformação, soldagem a frio e fratura definem a estrutura final do material (5). Segundo Pinto (6) (2008), com a moagem de alta energia a qual provoca constantes deformações e fratura dos pós de moagem com as paredes e os corpos de moagem, há uma intensa redução no tamanho do cristalito o que leva a uma microdeformação na rede cristalina do. Essa redução do cristalito facilita o desenvolvimento de produtos à base de carbeto de tungstênio com alta qualidade e eficácia de propriedades devido ao tamanho nanométrico que a moagem produz no pó final. Com o objetivo de analisar o tamanho de cristalito e a microdeformação da rede cristalina o presente trabalho utiliza o Método de Rietveld para refinamento dos padrões de difração de raios X (DRX) a fim de caracterizar a eficiência do processo de moagem quanto ao refinamento e microdeformação do carbeto de tungstênio. MATERIAIS E MÉTODOS O material usado para realização desse trabalho foi o, fornecido pelo fabricante Wolfram, Breglau-u. Hutten-GMBH com tamanho médio de partícula igual a 0,87µm. A massa utilizada para a moagem foi de 10g de. O pó de foi 528

submetido a moagem de alta em moinho Planetário Fritsch Pulverisette-5 com cadinho e esferas de metal duro. As condições de moagem foram: relação de massa de bolas por massa de pó 10:1, a velocidade de moagem foi de 400 rpm nos tempos de 5 e 10 horas de moagem. Para difratometria de raios X foi utilizado um difratômetro Schimadzu, modelo XRD-6000, com radiação de cobre K α (λ= 1,5406 Å) com potência de 30 kv e 30 må com geometria de Brag Bretanno e mocromador de grafite. A varredura foi feita com passo de 0,02º, tempo de passo 1,20s, e ângulos de de 30º a 100º. A partir dos padrões de DRX dos pós de foi aplicado o refinamento utilizando o Método de Rietveld, o perfil experimental foi ajustado segundo a função pseudo-voigt, pois está função refere-se do tamanho do cristalito e microdeformação da rede. O software utilizado para realização do refinamento pelo método de Rietveld foi o DBWS. Os parâmetros de confiabilidade dos resultados foram ajustados a fim de ser ter uma melhor exatidão dos resultados de refinamento. O Sigma menor do que três, o valor de R-wp menor que 20 e a linha de base mais regular possível. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de difratometria foi feita no pó de inicial, a fim de verificar as fases presentes no pó de partida antes de serem realizadas as etapas de moagem. A Fig. 1 apresenta a difratometria do pó inicial, confirmando a presença apenas da fase de. 5000 4000 Intensidade [U.A.] 3000 2000 1000 0 30 40 50 60 70 80 90 100 Figura 1 Difratometria de Raios X do pó inicial. 529

Na Fig. 2 é apresenta o gráfico de difratometria de raios X para os pós de moídos por 5h e 10h. Observa-se a manutenção das características principais dos picos de difratometria do inicial. Não houve alteração significativa nas características do pico, não havendo, portanto a formação de fases indesejáveis, durante o processo de moagem mesmo este sendo feito em cadinho e esferas de metal duro o que proporciona um aumento de temperatura no pó provocado pelas colisões entre as partículas durante a moagem. Segundo Pinto (6) (2008) a moagem de alta energia provoca o alargamento dos picos de difratometria no pó de carbeto de tungstênio. Esse alargamento pode ser conseqüência da microdeformação e/ou da diminuição do tamanho do cristalito da rede cristalina, provocado durante o processo de moagem. Na Fig. 3 é apresentado uma ampliação do pico de maior intensidade do. Assim, podemos observa o alargamento do pico de influenciado principalmente pelo aumento do tempo de moagem de 5h para 10h. 5000 4000 3000 - moagem 5h 2000 Intensidade [U.A.] 1000 5000 0 4000 3000 2000 1000 - moagem 10h 0 30 40 50 60 70 80 90 100 Figura 2 - Difratometria de Raios X dos pós moídos nos tempos de 5h e 10h. Figura 3 Ampliação dos picos de. 530

Esse alargamento dos picos pode ser quantificado quanto aos dois fatores que influenciam tal comportamento através do método de Rietveld. Para cada um dos fatores foi aplicado o método de Rietveld a fim de determinar as mudanças cristalográficas que provocaram tal comportamento. O resultado do refinamento para o inicial do tamanho de cristalito é da ordem de 43nm e a microdeformação é de 3,055x10-4 %. Este último valor está de acordo ao encontrado por Pinto (2008), que quantifica o valor de microdeformação para o pó inicial de em um valor positivo de 7,5x10-2 %. A Fig. 4 apresenta o gráfico de Williamsom-Hall para o inicial. Vale ressaltar que essas informações dadas pelo gráfico Williamsom-Hall não são valores precisos, pois os pontos experimentais não estão perfeitamente alinhados, ou seja, para se conseguir valores aceitáveis é necessário fazer uma regressão linear de pontos experimentais que possuem certa dispersãoneste trabalho a dispersão teve um nível aceitável nas amostras, permitindo termos uma idéia do valor para a microdeformação. 0,00245 0,00240 0,00235 (inicial) Y = A + XB A = 0,00191 B = 0,0007932 β(cos θ)/λ 0,00230 0,00225 0,00220 0,00215 0,00210 0,00205 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 sen θ Figura 4 Gráfico de Williamsom Hall para o inicial. Analisando o gráfico da Fig. 4 observamos que o pó de inicial teve declividade positiva, o que segundo Santos (7) (2007), indica uma expansão da rede cristalina e maior tamanho de cristalitos conseqüentemente maiores microdeformações na rede cristalina. Como era de se esperar, o pó inicial segundo sua curva de Williamsom Hall apresentou valores de microdeformação bastantes baixos, devido a este não ter passado por nenhum processo de moagem. Na Tab. 1 apresentamos os valores de microdeforção e tamanho do cristalito para as amostra moídas em moinho de alta energia nos tempos de 5 e 10h. 531

Observa-se uma redução bastante significativa do tamanho do cristalito já a partir de 5h de moagem o que, conseqüentemente aumenta a microdeformação em virtude da redução do volume e do aumento da área superficial da estrutura cristalina dos pós. Tabela 1 Refinamento dos pós de moídos por 5h e 10h por MAE pelo método Rietveld. MATERIAL TEMPO DE MOAGEM (h) TAMANHO DO CRISTALITO (nm) MICRODEFORMAÇÃO DA REDE CRISTALINA 0 43,5526 3,055x10-4 % 5 40,9270 4,7x10-4 % 10 37,2083 5,662x10-4 % Na Fig. 5 observamos os gráficos de Williamsom Hall para os pós moídos em moinho de alta energia por 5e 10h. 0,0027 0,0030 0,0026 0,0029 β(cos θ)/λ 0,0025 0,0024 0,0023 (moído 5h) Y = A + XB A = 0,00183 B = 0,00122 β(cos θ)/λ 0,0028 0,0027 0,0026 0,0025 (moído 10h) Y = A + XB A = 0,00194 B = 0,00147 0,0022 0,0024 0,0021 0,0023 0,0020 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 sen θ 0,0022 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 sen θ Figura 5 Gráficos de Williamsom Hall para os pós moídos por 5 e 10h. Na Fig. 6 apresenta-se o gráfico do perfil observado versus o calculado das amostras refinadas por Rietveld. 532

Yobs Ycalc Yobs - Ycalc Rwp = 20.57% Yobs Ycalc Yobs - Ycalc Rwp = 19.17% Intensidade (u.a.) Intensidade (u.a.) 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 (inicial) 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 (moído 5h) Yobs Ycalc Yobs - Ycalc Rwp = 18.85% Intensidade (u.a.) 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 (moído 10h) Figura 6 Padrão observado versus o calculado para as amostras. A linha base de ajuste para as amostras refinadas apresenta característica regular com presença de pequenos ruídos. Assim, pode se dizer que a linha de base apresenta-se de forma satisfatória, indicando que o refinamento foi adequado. CONCLUSÃO Os resultados mostram que a aplicação do processo de moagem de alta energia nos pós de foi efetiva, não produzindo alteração na composição de fases presentes. A moagem de alta energia demonstrou ser um eficiente método para o refino do tamanho do cristalito, além de produzir microdeformações na rede cristalina do. A partir de 5h de moagem é observada uma significativa redução do cristalito além de aumentar a microdeformação na rede. Com a moagem de 10h essa redução do cristalito e aumento da microdeformação torna-se ainda mais evidente o que caracteriza a eficiência deste processo a fim de produzir nanoestruturados. 533

REFERÊNCIAS 1, MA, J.; ZHU, S.G. Direct solid-state synthesis of tungsten carbide nanoparticles from mechanically activated tungsten oxide and graphite. Int. Journal of Refractory Metals and Hard Materials, v.28, n. 5, p. 623-627, 2010. 2. Riberio FH, Dalla Betta RA, Guskey GY, Boudart M. Preparation and surface composition of tungsten carbide powders with high specific surface area. Chem Mater, 1991;3:805 12. 3. Mederios F.F.P, De Oliveria S.A, De Souza CP, Da Silva A.G.P, Gomes U.U., De Souza J.F. Synthesis of tungsten carbide through gas-solid reaction at low temperatures. Mater Sci Eng A, 2001;315:58 62. 4. SURYANARAYANA, C. Mechanical alloying and milling. Progress in Materials Science. Pergamon Press. Vol. 46, pp. 1-184. 2001. 5. MILHEIRO, F. A. C. Produção e caracterização de pós compósitos nanoestruturados do metal duro -10Co por moagem de alta energia, Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais) UENF/CCT-RJ. Campos dos Goytacazes/RJ, 2006. 6. PINTO, G.B., Análise do efeito do tempo de moagem de alta energia no tamanho de cristalito e microdeformação da rede cristalina do -Co, 2008, 82p. Dissertação (Mestrado em Eng. Mecânica Materiais) - UFRN, Natal/RN. 7. SANTOS, A.C.P., Redução aluminotérmica do óxido de tântalo usando uma tocha de plasma como ignitor, 2007, 123p. Tese (Doutorado em Ciênciais e Engenharia dos Materiais) UFRN, Natal/RN. ANALYSIS OF CRYSTALLITE SIZE AND MICRODEFORMATION CRYSTAL LATTICE THE TUNGSTEN CARBIDE MILLING IN MILL HIGH ENERGY. The tungsten carbide () has wide application due to its properties like high melting point, high hardness, wear resistance, oxidation resistance and good electrical conductivity. The microstructural characteristics of the starting powders influences the final properties of the carbide. In this context, the use of nanoparticle powders is an efficient way to improve the final properties of the. The high energy milling stands out from other processes to obtain nanometric powders due to constant microstructural changes caused by this process. Therefore, the objective is to undertake an analysis of microstructural characteristics on the crystallite size and microdeformations of the crystal lattice using the technique of X-ray diffraction (XRD) using the Rietveld refinement. The results show an efficiency of the milling process to reduce the crystallite size, leading to a significant deformation in the crystal lattice of from 5h milling. Keywords: crystallite size, microdeformations, high energy milling,. 534