MATEMÁTICA E MÚSICA: UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL



Documentos relacionados
Copos e trava-línguas: materiais sonoros para a composição na aula de música

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

CONSTRUÇÃO DE QUADRINHOS ATRELADOS A EPISÓDIOS HISTÓRICOS PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA RESUMO

Objetivo principal: aprender como definir e chamar funções.

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO Introdução Mídias na educação

À Procura de Mozart Resumo Canal 123 da Embratel Canal 112 da SKY,

TONALIDADE X FREQUÊNICA

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

INVESTIGANDO O ENSINO MÉDIO E REFLETINDO SOBRE A INCLUSÃO DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA PÚBLICA: AÇÕES DO PROLICEN EM MATEMÁTICA

A Música na Antiguidade


Exercícios Teóricos Resolvidos

5 Considerações finais

REFLEXÕES SOBRE A PRODUÇÃO DE SIGNIFICADO NA MATEMÁTICA ESCOLAR

TÍTULO: Entendendo a divisão celular. NÍVEL DA TURMA: 1º ano do ensino médio. DURAÇÃO: 1h e 80 minutos (3 aulas)

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

OS MEMORIAIS DE FORMAÇÃO COMO UMA POSSIBILIDADE DE COMPREENSÃO DA PRÁTICA DE PROFESSORES ACERCA DA EDUCAÇÃO (MATEMÁTICA) INCLUSIVA.

COMO MINIMIZAR AS DÍVIDAS DE UM IMÓVEL ARREMATADO

Papo com a Especialista

18/11/2005. Discurso do Presidente da República

A PRÁTICA DA CRIAÇÃO E A APRECIAÇÃO MUSICAL COM ADULTOS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA. Bernadete Zagonel

O QUE OS ALUNOS DIZEM SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: VOZES E VISÕES

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

A MODELAGEM MATEMÁTICA E A INTERNET MÓVEL. Palavras-chave: Modelagem Matemática; Educação de Jovens e Adultos (EJA); Internet móvel.

A IMPORTÂNCIA DO USO DO LABORATÓRIO DE GEOMETRIA NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES

Escola Bilíngüe. O texto que se segue pretende descrever a escola bilíngüe com base nas

QUANTO VALE O MEU DINHEIRO? EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PARA O CONSUMO.

EXPRESSÃO CORPORAL: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA

Desafio para a família

Investigando números consecutivos no 3º ano do Ensino Fundamental

PEDAGOGIA ENADE 2005 PADRÃO DE RESPOSTAS - QUESTÕES DISCURSIVAS COMPONENTE ESPECÍFICO

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira!

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Modelagem Matemática Aplicada ao Ensino de Cálculo 1

ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO INICIAL DOS GRADUANDOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

PROJETO DE ESTÁGIO CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL CIRCUITO: 9 PERIODO: 5º

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA PARA O DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS MATEMÁTICOS NO ENSINO FUNDAMENTAL I

JOGOS MATEMÁTICOS: EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

ENTREVISTA Alfabetização na inclusão

OFICINA DE ESTRANGEIRISMO E O ALUNO DO ENSINO MÉDIO: PERSPECTIVAS E REFLEXÕES

Áudio GUIA DO PROFESSOR. Idéias evolucionistas e evolução biológica

ENSINO E APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, COM A UTILIZAÇÃO DE JOGOS DIDÁTICOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Transcriça o da Entrevista

Aula 05 - Compromissos


Gabriela Zilioti, graduanda de Licenciatura e Bacharelado em Geografia na Universidade Estadual de Campinas.

Programação em papel quadriculado

UTILIZANDO BLOG PARA DIVULGAÇÃO DO PROJETO MAPEAMENTO DE PLANTAS MEDICINAIS RESUMO

O uso de tecnologia digital na educação musical

EDUCAÇÃO ALGÉBRICA, DIÁLOGOS E APRENDIZAGEM: UM RELATO DO TRABALHO COM UMA PROPOSTA DIDÁTICA 1

05/12/2006. Discurso do Presidente da República

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

A INFORMÁTICA E O ENSINO DA MATEMÁTICA

SIMULADO DO TESTE DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

VII E P A E M Encontro Paraense de Educação Matemática Cultura e Educação Matemática na Amazônia

Realizado de 25 a 31 de julho de Porto Alegre - RS, ISBN

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE DE LICENCIANDOS EM MATEMÁTICA

APÊNDICE. Planejando a mudança. O kit correto

UNIDADE I OS PRIMEIROS PASSOS PARA O SURGIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO.

TRAÇOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA EM SÃO LUÍS- MA: UM DIAGNÓSTICO DO PERFIL SOCIOCULTURAL E EDUCACIONAL DE ALUNOS DAS ESCOLAS PARCEIRAS DO PIBID.

PRÁTICAS LÚDICAS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA DO INFANTIL IV E V DA ESCOLA SIMÃO BARBOSA DE MERUOCA-CE

Anexo F Grelha de Categorização da Entrevista à Educadora Cooperante

RECURSOS DIDÁTICOS E SUA UTILIZAÇÃO NO ENSINO DE MATEMÁTICA

Densímetro de posto de gasolina

GESTÃO DEMOCRÁTICA EDUCACIONAL

ENSINO DE CIÊNCIAS PARA SURDOS UMA INVESTIGAÇÃO COM PROFESSORES E INTÉRPRETES DE LIBRAS.

Pesquisa de Impacto Social. Aprendizagem COMBEMI

INSTRUTOR Zeh Blackie. CURSO DE GUITARRA Nível Básico. 7º Passo

O USO DO TANGRAM EM SALA DE AULA: DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO MÉDIO

Educação Patrimonial Centro de Memória

O QUE É A ESCALA RICHTER? (OU COMO SE MEDE UM TERREMOTO)

Programa de Pós-Graduação em Educação

_Márcio Moreno, 28 Sou um rapaz comum da geração do raprockandrollpsicodeliahardcoreragga. marciomoreno.com

Narrativa reflexiva sobre planejamento de aulas

RELATÓRIO DA OFICINA: COMO AGIR NA COMUNIDADE E NO DIA A DIA DO SEU TRABALHO. Facilitadoras: Liliane Lott Pires e Maria Inês Castanha de Queiroz

As 10 Melhores Dicas de Como Fazer um Planejamento Financeiro Pessoal Poderoso

1. INTRODUÇÃO. [Digite texto]

COMPOSIÇÃO COMO RECURSO NO PROCESSO ENSINO / APRENDIZAGEM MUSICAL

LEITURA E ESCRITA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA DE APRENDIZAGEM COM LUDICIDADE

SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NOS ANOS INICIAIS: UMA PERSPECTIVA INTERGERACIONAL

ANÁLISE DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DE XINGUARA, PARÁ SOBRE O ENSINO DE FRAÇÕES

SUPERVISOR DARLAN B. OLIVEIRA

O mundo lá fora oficinas de sensibilização para línguas estrangeiras

POR QUE FAZER ENGENHARIA FÍSICA NO BRASIL? QUEM ESTÁ CURSANDO ENGENHARIA FÍSICA NA UFSCAR?

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

O MATERIAL DIDÁTICO PEÇAS RETANGULARES

Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Matemática versus Estágio Supervisionado

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

1) 2) 3) CD 4 Faixas:

CURIOSOS E PESQUISADORES: POSSIBILIDADES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

O ENSINO DA DANÇA E DO RITMO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM RELATO DE EXPERIENCIA NA REDE ESTADUAL

A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA As Fronteiras do Espaço

Observação das aulas Algumas indicações para observar as aulas

6.1 A Simulação Empresarial tem utilização em larga escala nos cursos de Administração, em seus diversos níveis de ensino no Brasil?

O PIPE I LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Transcrição:

MATEMÁTICA E MÚSICA: UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL Fábio Alexandre Borges 1 Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão - FECILCAM Universidade Estadual de Maringá - UEM/PCM João Paulo Cechella Gomes 2 Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão - FECILCAM Resumo: Considerando a possibilidade da Interdisciplinaridade para o ensino de Matemática, lança-se um olhar sobre as relações já anunciadas entre Música e Matemática com o intuito de uma abordagem de atividades que, além dessa relação, explore sua potencialidade no ensino da disciplina. Relatamos nesse trabalho a realização de um minicurso com a participação de alunos das 6 as e 7 as séries do Ensino Fundamental. Usamos a analogia presente entre Frações e Figuras Rítmicas, e observamos que usando tal analogia muitos alunos que não compreendia operações simples com Frações, puderam repensar conceitos relacionados à esse conteúdo e evidenciar sua importância. Além disso, outros objetivos foram traçados, dentre eles, contribuir para uma formação dos educandos vinculada com a história e a cultura musical. Palavras-chave: Ensino de Matemática, Frações, Música e construção de instrumentos musicais. Introdução Quando ouvimos um concerto musical ou apreciamos um instrumento construído por um Luthier 3, muitos de nós não atentamos para o fato de que por trás dessas duas artes existem inúmeras relações matemáticas. Desde a antiguidade se sabe sobre o enlace harmonioso entre a matemática e a música. Contudo, com o passar do tempo, as discussões acerca das relações entre essas duas áreas foram se perdendo. Tal fato talvez se dê considerando que seus registros em quase todas as civilizações antigas eram feitos separadamente. Isso nos faz pensar que em algum momento o homem tenha começado a avaliar as relações entre a Matemática e a Música em uma perspectiva mais científica, como por exemplo: o assoprar de um osso, verificando que este produzia sons diferentes, os 1 Docente da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão FECILCAM. Doutorando do PCM/UEM (Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência e a Matemática. 2 Licenciado em Matemática pela FECILCAM Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão. 3 Nome do ofício daqueles que constrói artesanalmente instrumentos musicais 1

quais eram proporcionais ao tamanho do osso, ou dependia da posição dos buracos. Seria essa a origem da flauta? [...] em algum momento o homem tenha começado a conjecturar relações entre a matemática e a música seja, por exemplo, através do fato de que a corda de um arco e flecha maior, mais grossa ou ainda menos tensa produza sons mais graves [...] (ABDOUNUR, 2006, p.7) Hoje, no seio das discussões acerca do Ensino de Matemática, surgem diversas possibilidades de atividades que dêem significados aos conceitos ensinados na escola. O presente relato apresenta uma experiência didática no ensino de Matemática em caráter de Estágio Supervisionado, em um estabelecimento público da cidade de Campo Mourão (PR). Trata-se de uma proposta de atividades que explorem a potencialidade pedagógica da construção, análise de instrumentos musicais, ou mesmo em composições. O objetivo principal foi fazer das relações entre a Matemática e a Música uma transposição de conhecimentos e conceitos presentes nessas duas ciências para a sala de aula, e não simplesmente apresentar algo diferente aos alunos sem qualquer objetivo pedagógico. Cabe ressaltar a escassez de trabalhos que tratem da relação Música e Matemática no âmbito pedagógico. Para a realização desta experiência, serviram de apoio teórico os trabalhos de Vaz (2006) e Ratton (2003). A proposta do minicurso: Matemática e Música. A escola disponibilizou uma sala com espaço suficiente para a realização da oficina, bem como um data-show e um computador. Os alunos convidados eram das 6 as e 7 as séries do Ensino Fundamental e estudavam no período matutino, sendo o minicurso realizado durante a tarde. Na primeira turma em que fizemos a divulgação, falamos que tratava-se de um curso relacionando música com a matemática, e quase todos os alunos (apenas 2 não levantaram a mão) prontificaram-se a participar do minicurso. Com o passar do tempo, porém, uma parte deles deixou de comparecer às atividades. 2

O minicurso foi dividido em três dias de 2 horas/aula cada. Descrevemos a seguir as atividades, os recursos e os procedimentos realizados durante cada dia da oficina. 1 dia Como objetivo inicial para esse dia, buscou-se definir de maneira informal música e seus elementos, conceitualizar ritmo, pulsação, bem como relacionar as figuras rítmicas com o conteúdo de frações e explanar sobre as notas musicais, além de definir sons graves a agudos. Os recursos foram: Notebook e data-show, lápis e papel, quadro e pincel, violão, relógio com cronômetro e Cd com músicas. A aula iniciou-se com um questionário, para que os alunos escrevessem suas relações com a matemática e com a música. O questionário tinha as seguintes questões: 1 - Você ou alguém da sua família tem algum contato com a música (gosta de ouvir, faz algum curso ou já fez, costuma freqüentar shows, etc)? 2 - Você gosta de matemática? Como você considera o seu aprendizado nessa disciplina? 3 - Você acha que a matemática e a música podem apresentar alguma relação? Explique. 4 - Uma vez eu ouvi uma história que falava sobre um homem chamado Pitágoras. Segundo ele, a matemática e a música possuem coisas em comum. Você acredita nessa história? A finalidade das questões foi obter informações sobre os conhecimentos prévios que eles tinham sobre a música e a relação que eles percebiam (ou não) com a matemática, para que pudéssemos compreender um pouco mais aqueles estudantes e sua convivência com os temas. Em seguida, foi proposta uma questão para que pudéssemos definir Música, bem como seus elementos. A partir dessa reflexão, definimos formalmente os elementos da Música: Melodia, Ritmo e Harmonia, dando maior atenção para os dois primeiros. A primeira atividade foi colocar uma música para os alunos e pedido para que eles contassem quantas batidas (acompanhando o andamento da música com a mão, ou o pé, por exemplo) por minuto a música possuía. A partir daí foi apresentada uma 3

partitura, e explicados alguns conceitos básicos da linguagem musical, como pauta, clave, tempo, compasso, fórmula de compasso, sendo também apresentadas aos alunos as figuras rítmicas, tentando já aí relacionar matematicamente esse tema com frações. Foram propostos alguns exercícios de soma de figuras rítmicas e de leitura rítmica. No final da aula foi falado sobre as notas musicais, sons graves e agudos, finalizando com uma atividade de descontração, igual à brincadeira do Morto e Vivo, porém com sons graves (baixo, morto) e agudos (alto, vivo). 2 dia No segundo dia procuramos relacionar o conceito de fração com figuras rítmicas, de modo que o aluno conseguisse somar frações simples, bem como entender frações equivalentes. Musicalmente, o aluno teria condições de criar ritmos musicais por meio das somas de frações, isso tudo para que ele pudesse, além de aprender as operações citadas, começar possivelmente a perceber a relação entre a Matemática e a Música. Os recursos utilizados foram: Notebook e data-show, lápis e papel, quadro e pincel, violão e o software Guitar Pro 5 4. A aula teve início com uma breve explanação sobre frações. Em seguida, foram propostos alguns exercícios simples de somas de fração e outros de fração equivalente de um modo mais tradicional. Aqui cabe ressaltar que muitos alunos tiverem dificuldades e quase todos se equivocaram nos exercícios. Logo em seguida, foi apresentada a eles uma tabela com subdivisões de um inteiro, e ao lado as Figuras Rítmicas de forma similar. Seguem abaixo as figuras e exercícios apresentados aos alunos. FRAÇÃO E RITMO 4 Software de diagramação musical que permite, além de escrever as notas musicais na pauta musical, ou pauta tablaturada, é possível ouvir tudo o que é escrito em formato MIDI. 4

1) A partir das tabelas acima calcule quanto é: a) ¼ + ¼= b) ½ + ½= c) ¼ + 1/8 +1/8= d) ½ + 1/4= e) 2/4 + 1/8= f) 3/8 + 2/16= 2) Marque as frações equivalentes: a) 2/4 e 1/2 b) 2/3 e 1/6 c) 4/8 e 1/2 d) 4/8 e 2/4 e) 3/4 e 6/8 f) 3/8 e 6/16 g)3/4 e 5/8 h) 5/8 e 10/16 3) Em um compasso 4/4 a semibreve vale 4 tempos, a partir disso responda quantas: a) Colcheias cabem em um compasso? b) Mínimas? c) Semínimas? d) Semicolcheia? 4) Você poderia colocar em um compasso 4/4 três mínimas? Por quê? 5) Nesse momento você dever ter percebido que pode combinar figuras rítmicas em um compasso. Preencha os compassos abaixo. Em seguida, apresentamos o software Guitar Pro 5, especificamente a função que escreve as notas na partitura ou tablatura e ainda permite que tudo o que é escrito possa ser reproduzido em forma de som. 5

Importante registrar também o fato de que, em pesquisas com o envolvimento direto do pesquisador junto aos sujeitos analisados em uma situação didática, ocorrem fatos que exigem do pesquisador uma nova revisão das estratégias de ação. Observou-se a necessidade de uma atenção maior para as questões puramente matemáticas, imaginadas anteriormente como de fácil assimilação pelos alunos, o que não ocorreu na realidade. Usamos as repostas do exercício cinco da atividade fração e ritmo para que pudessem escutar suas composições (no formato percussivo) com o auxílio do software Guitar Pró. Algo interessante é que quando o aluno escrevia na partitura do software, e caso estivesse faltando ou sobrando tempo, ou seja, se em um compasso 4/4 que cabe 1 semibreve, ou 2 semínima, etc., ele colocar 3 semínimas, por exemplo, aparecia o compasso em vermelho indicando que algo estava errado, o que fez com que eles dedicassem maior atenção na hora de somar as frações, pois não queriam que seus compassos ficassem vermelhos 5, motivo de risos entre os alunos. No final colocamos para tocar as criações dos alunos no programa (2 compassos cada um). Muitos saíram falando que eram compositores. Janela Principal do Guitar Pro 5 No software Guitar Pró 5, quando se escreve um compass errado ele mostra tal compasso em vermelho, indicando erro na soma das figuras rítmicas escritas. 6

3 dia O terceiro e último encontro mostrou que os alunos estavam entusiasmados com as composições rítmicas da aula anterior. Tentamos nesse dia simular a experiência de Pitágoras, mas, ao invés do monocórdio, fazê-la por meio de tubos de mangueira, tipo Flauta Pã, visando explorar frações e relacionando com sons/intervalos musicais. Como recursos, dispomos de: Notebook e data-show, lápis e papel, quadro e pincel, violão, mangueira e tampinhas de plástico para tampar uma das extremidades da mangueira, tesoura e fita adesiva. A aula teve início com uma breve explanação sobre intervalos e consonâncias musicais. Com o violão, foram tocados alguns intervalos consonantes e outros muito dissonantes, sendo que a maioria conseguiu dizer quais intervalos eram agradáveis, e quando ouviam os dissonantes eles faziam uma cara feia. Na sequência, com um tubo de mangueira de 24 cm, começamos a cortar outros tubos com medidas, por exemplo, 1/2, 2/3 e 3/4. Isso fez com que víssemos o cálculo de um número inteiro multiplicado por uma fração. Alguns não lembravam, então achamos interessante voltar para esse tema. Por segurança, nós mesmos cortamos a mangueira com as medidas por eles dadas. Em seguida, assopramos o tubo original com o outro pela metade. Ao perguntarmos se o som combinava com o primeiro, os alunos unânimes responderam que sim. De maneira análoga, fizemos com os outros dois tubos e obtivemos respostas afirmativas para a pergunta inicial, demonstrando assim que consonâncias musicais têm relações com razões de pequenos números inteiros, experiência esta feita por Pitágoras no século VI a.c. Algumas considerações. Devido às inúmeras tecnologias e a vasta quantidade de informações, relacionar a matemática e a música, hoje em dia, não é algo tão difícil. Explorar essas relações didaticamente é que se torna o maior desafio. E ainda, explorar de forma com que o aluno consiga aprender matemática por meio dessas propostas. Logo, se estudarmos as relações entre a matemática e a música no contexto pedagógico-matemático, que é o objetivo desse trabalho, ajudando o aluno a aprender, por exemplo, frações e relacionando-as com figuras rítmicas, estaremos cumprindo 7

aquilo que foi proposto inicialmente, ou seja, estudar tais relações com o objetivo do aluno aprender matemática. Com o desenvolvimento das atividades na oficina, foi possível trabalhar com as relações entre a matemática e a música, e, assim, verificar que essas relações não apenas existem, mas podem ser úteis para a aprendizagem da matemática, seja por meio de analogias, seja como instrumento motivador, ou outra abordagem. Além disso, a matemática sendo abordada dessa nova maneira faz com que os alunos percam um pouco do preconceito em relação a essa disciplina, vendo a importância da matemática em algo que faz parte constantemente de suas vidas, como a música. A analogia feita entre frações e figuras rítmicas é apenas um dos temas em que podemos relacionar a matemática com a música. Durante a pesquisa para a realização desse trabalho, foi possível contemplar outros conteúdos matemáticos, em diversos níveis escolares, relacionando-se com a música, servindo assim de sugestão para futuros trabalhos na área. Podemos citar: 1. Razões X Consonância musical. 2. Senóide X Som. 3. Logaritmos X Temperamento. 4. Série de Fourier X Série harmônica. Finalizando, como podemos observar, a matemática está presente desde a gênese da música: o som, passando pela teoria musical, pelas construções e aprimoramento dos instrumentos musicais, pelos meios de gravação e reprodução de música, até chegarmos atualmente na era da música digital. Como auxílio nas nossas reflexões, segue abaixo a fala de um dos participantes do minicurso, ao final das atividades. 8

Referências ABDOUNUR, Oscar João. Matemática e Música: pensamento analógico na construção de significados. São Paulo: Escrituras Editora, 2006. RATTON, Miguel. Música e Matemática: A Relação Harmoniosa entre Sons e Números. Disponível em <http://www.tvebrasil.com.br/salto/cronograma2003/ame/ametxt5.htm> Acessado em 10/08/2009. VAZ, L.J.L.da Rocha. Música e Matemática: Novas tecnologias do ensino em uma experiência interdisciplinar. 2006. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática) Cefet RJ. Rio de Janeiro. 2006. 9