Políticas de apoio à agricultura urbana em Lisboa e Presidente Prudente



Documentos relacionados
Conferência eletrônica O uso de águas servidas não tratadas na agricultura dos países mais pobres

Ideal Qualificação Profissional. Projeto Cultive esta ideia

PATRUS ANANIAS DE SOUZA Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Caracterização do território

A porta de entrada para você receber os benefícios dos programas sociais do Governo Federal.

Uma ação que integra Sesc, empresas doadoras, entidades filantrópicas e voluntários, com o intuito de reduzir carências alimentares e o desperdício.

Identificação do projeto

Caracterização do território

A criação de cobaias (porquinhos-da-índia) em zonas urbanas e periurbanas

Combate à Insegurança Alimentar na Amazônia: a participação do PNUD

Caracterização do território

Caracterização do território

agricultura familiar

Caracterização do território

PROJETO DE LEI Nº 433/2015 CAPÍTULO I DOS CONCEITOS

Proposta de redação - texto dissertativo-argumentativo: sustentabilidade

Norwegian State Housing Bank Resumo de Atividades 2010

Mostra de Projetos Grupo Horizonte: amigo do meio ambiente. Autor(es): Maria Helena Von Borstel, Marlise Sulzbach Ricardi e Lúcia Henz

APPA Associação de Proteção e Preservação Ambiental de Araras A natureza, quando agredida, não se defende; porém,ela se vinga.

Pedagogia Estácio FAMAP

PROGRAMA TÉMATICO: 6214 TRABALHO, EMPREGO E RENDA

Microcrédito e investimentos para a agricultura urbana em São Petersburgo, Rússia

Estatuto da Cidade - Lei 10257/01

erradicar a pobreza extrema e a fome

O que é. Horta no telhado. Faculdade Cantareira

O PAPEL DOS MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO SUL NA AMPLIAÇÃO DO ATENDIMENTO EM CRECHE ÀS CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS

CAPÍTULO 1 Introduzindo SIG

Taxa de desemprego estimada em 11,9%

CÓDIGO DE CONDUTA VOLUNTÁRIO PARA HORTICULTURA ORNAMENTAL SUSTENTÁVEL

PUBLICO ESCOLAR QUE VISITA OS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE MANAUS DURANTE A SEMANA DO MEIO AMBIENTE

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Programa de Pós-graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA)

O EMPREGO DOMÉSTICO. Boletim especial sobre o mercado de trabalho feminino na Região Metropolitana de São Paulo. Abril 2007

Os direitos do idoso

PROJETO SEMEANDO SUSTENTABILIDADE EDITAL DE SELEÇÃO PARA O II CURSO ECOLOGIA DA FLORESTA. Porto Velho e Itapuã do Oeste/RO 27 a 30 de novembro de 2013

Portuguese version 1

Questão 13 Questão 14

PED ABC Novembro 2015

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO ENSINO SUPERIOR: um estudo sobre o perfil dos estudantes usuários dos programas de assistência estudantil da UAG/UFRPE

Meio Ambiente discute soluções para lixo

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

POLÍTICA AGRÍCOLA NOS ESTADOS UNIDOS. A) A democratização da terra ou da propriedade da terra (estrutura fundiária)

AULA 6 Esquemas Elétricos Básicos das Subestações Elétricas

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PRPPG

Entenda o Programa Fome Zero

Floresta pode ajudar a tirar o Brasil da crise financeira

NÚCLEO DE ORIENTAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE:

Estado do Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Planejamento Urbano

Tipos de Diabetes e 10 Super Alimentos Para Controlar a Diabetes

Violações das regras do ordenamento do território Habitação não licenciada num parque natural EFA S13 Pedro Pires

Unidade 8. Ciclos Biogeoquímicos e Interferências Humanas

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Governo Municipal de Salinópolis ORÇAMENTO PROGRAMA PARA Consolidado

COLÉGIO O BOM PASTOR PROF. RAFAEL CARLOS SOCIOLOGIA 3º ANO. Material Complementar Módulos 01 a 05: Os modos de produção.

50 pontos do programa de governo do PSOL - Ivanete Prefeita para transformar Duque de Caxias:

VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS: UM ESTUDO DE CASOS RELATADOS EM CONSELHOS TUTELARES DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA.

Moção Divulgação de Documentos

PROJETO DE LEI Nº Institui

Gestão de impactos sociais nos empreendimentos Riscos e oportunidades. Por Sérgio Avelar, Fábio Risério, Viviane Freitas e Cristiano Machado

1. Garantir a educação de qualidade

Projetos Eficiência Energética 2014

A Fome no Mundo e no Brasil. Profª Drª Beatriz Jansen Ferreira

A Sustentabilidade e a Inovação na formação dos Engenheiros Brasileiros. Prof.Dr. Marco Antônio Dias CEETEPS

SONDAGEM ESPECIAL PRODUTIVIDADE RIO GRANDE DO SUL. Sondagem Especial Produtividade Unidade de Estudos Econômicos Sistema FIERGS

Estrutura para a avaliação de estratégias fiscais para Certificação Empresas B

REGULAMENTO GERAL. Projecto Hortas Comunitárias inserido no Programa Hortas de Cascais

2. Referencial Prático 2.1 Setor das Telecomunicações

A ESCOLHA DOS TRABALHADORES

COMO SURGIU A NOOCITY? A Noocity é uma empresa luso brasileira dedicada a desenvolver soluções práticas e eficientes para agricultura urbana.

Alternativas falhadas ao CED

Proposta para que o PAA possa apoiar a regularização ambiental

UMA ABORDAGEM BASEADA NA ELABORAÇÃO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO (SEPLAN) Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE)

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Objetivo principal: aprender como definir e chamar funções.

DIFUSÃO DO GREENING DOS CITROS NA REGIÃO DE BROTAS.

Nas cidades industriais mais antigas do estado de Nova Jersey, alguns bairros ainda mantêm uma infraestrutura de agricultura urbana.

PROJETO HORTA FELIZ CEDRO-PE

A taxa de desemprego do 3º trimestre de 2007 foi de 7,9%

Conceitos trabalhados na disciplina, textos de apoio da biblioteca e elementos da disciplina.

EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: UMA EXPERIÊNCIA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO ENTORNO DO LIXÃO DE CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL.

DIAGNÓSTICO DA COLETA E DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS-GO

Pesquisa Pantanal. Job: 13/0528

PROJETO QUALIFEIRAS QUALIDADE NAS FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA - ES

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO lei 9.985/ Conceitos Básicos

ENTREVISTA Questões para Adauto José Gonçalves de Araújo, FIOCRUZ, em 12/11/2009

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo*

OLIMPIADAS DE MATEMÁTICA E O DESPERTAR PELO PRAZER DE ESTUDAR MATEMÁTICA

Documento Base do Plano Estadual de Educação do Ceará. Eixo Temático Educação Infantil

A AGROFLORESTA AGROECOLÓGICA: UM MOMENTO DE SÍNTESE DA AGROECOLOGIA, UMA AGRICULTURA QUE CUIDA DO MEIO AMBIENTE.

A unificação monetária européia

Número de casos de aids em pessoas acima de 60 anos é extremamente preocupante

Diferentes variedades de investimento em agricultura urbana no Zimbábue As experiências dos projetos de Musikavanhu e no Condado do Lago Kintyre

NOTA INFORMATIVA Nº 20/2014 de 07 de novembro de Assunto: processo de pactuação de vagas Prezados Coordenadores,

Microtecnologias para centros urbanos congestionados na Etiópia

Aumenta a desigualdade mundial, apesar do crescimento econômico

DESCRIÇÃO DAS PRÁTICAS DE GESTÃO DA INICIATIVA

Transporte fluvial Mobilidade com Desenvolvimento Turístico Urbano e Inclusão Social

Transcrição:

Políticas de apoio à agricultura urbana em Lisboa e Presidente Prudente Isabel Maria Madaleno Isabel-Madaleno@clix.pt Instituto Tropical, Lisboa, Portugal Foto 1: I. Madaleno - Agricultor urbano em Presidente Prudente Foto 2: I. Madaleno - Produção de composto em Lisboa Durante vários anos, o Instituto Tropical, de Lisboa, veio examinando a agricultura intraurbana, com particular interesse em dois aspectos: as hortas domésticas, mais voltadas para o auto-abastecimento, e as hortas maiores, com fins comerciais ou de subsistência, ou mistos. As hortas domésticas, que normalmente não têm qualquer apoio nem figuram nas estatísticas, são cuidadas pelas famílias, principalmente pelas mulheres da casa. Existem áreas ao redor da casa, ou mesmo em pátios interiores ou nos telhados de complexos residenciais, onde as árvores frutíferas e ornamentais combinam-se com hortaliças, plantas medicinais e aromáticas, e às vezes até com alguns animais. As hortas maiores, comerciais, mistas ou de subsistência, ocupam principalmente os terrenos vazios existentes nas áreas urbanizadas. Freqüentemente essas áreas são cultivadas ilegalmente, por pessoas desempregadas ou sub-empregadas que as utilizam para cultivos anuais, em um esforço para auto-gerarem seus postos-de-trabalho, obterem alimentos ou simplesmente aumentar seu contato com a natureza ou se manterem ocupados, preservando sua estabilidade física e mental. Ambas as formas de agricultura urbana trazem benefícios, não apenas sociais e econômicos mas também ecológicos. Embora a agricultura urbana tenha sempre existido nas cidades e em seus arredores, muitas vezes ela é esquecida e ainda pior é excluída do planejamento urbano formal, subestimada nas políticas de gerenciamento urbano, e invisível para muitos pesquisadores. file:///c /Documents%20and%20Settings/Administrado...ducto/CD%20AU%20Portugues%20(F)/AU4/AU4lisboa.html (1 of 5)06/12/2005 06:11:32 p.m.

Entretanto, existem alguns programas públicos importantes cujo objetivo é não apenas ensinar mas também promover a produção alimentar, o processamento e a comercialização de alimentos pelas populações urbanas, nas cidades e áreas metropolitanas de todo o mundo. Esse é o caso de duas cidades muito diferentes, unidas apenas por um idioma comum. Lisboa, a capital de Portugal, e Presidente Prudente, um centro urbano no interior do sudeste do Brasil, no estado de São Paulo. Enquanto que o município de Lisboa tem cerca de 700.000 habitantes, Presidente Prudente tem 170.000. Lisboa tem um clima mediterrâneo, com uma temperatura moderada, ao contrário de Presidente Prudente, que conta com um clima subtropical úmido. Na cidade brasileira, a renda média por pessoa é a metade da verificada na capital portuguesa, e portanto não surpreende que os objetivos principais de seus programas de agricultura urbana sejam bem diferentes. Hortas pedagógicas em Lisboa No município de Lisboa, a agricultura intra-urbana é um fenômeno de micro-escala, porém amplamente praticado nos pátios interiores, onde podem ser encontradas árvores frutíferas, como pés de laranja, banana e abacate, cultivadas junto a pequenas hortas domésticas. Nos bairros mais periféricos, algumas áreas desocupadas são utilizadas para o cultivo de alimentos e a criação de pequenos animais, quase sempre consumidos diretamente pelas famílias dos produtores. Algumas dessas áreas são arrendadas à municipalidade por um preço simbólico, já que em Lisboa o preço da terra é dos mais altos na Europa. O problema é que os espaços desocupados estão se tornando cada vez mais escassos. Os agricultores vêem-se forçados a vender suas propriedades para o desenvolvimento urbano. Edifícios modernos e caros substituem moradias muito antigas, e assim os espaços verdes se vão reduzindo. Como a taxa de residentes mais idosos em Lisboa também vinha aumentando em um ritmo preocupante, a municipalidade começou a construir blocos de apartamentos subsidiados, muito mais baratos e acessíveis, para os jovens, em detrimento da agricultura periurbana e até de zonas ecológicas institucionalizadas. Por outro lado, as zonas industriais foram limpas e reurbanizadas, embelezadas, como ocorreu na área da Expo 98, que contribuiu para revitalizar toda a parte oriental da cidade. file:///c /Documents%20and%20Settings/Administrado...ducto/CD%20AU%20Portugues%20(F)/AU4/AU4lisboa.html (2 of 5)06/12/2005 06:11:32 p.m.

Além disso, à medida que a taxa de crescimento diminui em todo o país há anos, as escolas na maior parte dos bairros mais antigos de Lisboa começam a se esvaziar. Para trazer novas crianças para essas velhas escolas, a municipalidade, juntamente com o Ministério da Educação, concebeu algumas estratégias, tais como deixar que os pais escolhessem uma escola mais perto de seu local de trabalho, ou criando tarefas alternativas para os professores e atividades atraentes para os alunos. Assim, durante os anos 90, a agricultura pedagógica foi promovida em toda a cidade. Os planos de construção de todas as escolas preparatórias e primárias passaram a incluir sua própria horta para o cultivo de alimentos. As escolas mais antigas e que tinham espaço para plantios também receberam a orientação e os equipamentos necessários. A educação ambiental não somente é bem aceita pelos adultos como também é uma forma de envolvê-los mais com atividades de agricultura urbana. Os pais contribuem com lixo orgânico para a produção de composto e são convidados a comprar os produtos cultivados organicamente quando há produção excedente. As hortas pedagógicas tiveram tanto êxito que em 1996 a municipalidade (por meio do Conselho Verde ) implantou e desenvolveu a "Cidade Agrícola", em Olivais, Lisboa, aberta à visitação pública e onde, além do cultivo de vários alimentos, criam-se patos, coelhos, porcos e ovelhas. Os visitantes mais de 100 mil por ano - são convidados a participar do preparo de pães, queijos e outros produtos processados a partir das matérias primas produzidas no local. Além disso, a partir de 2001 foi criado um concurso, patrocinado por um banco local em colaboração com a prefeitura, para premiar as hortas mais bem cultivadas da capital portuguesa. Dezenas de escolas e de horticultores privados inscrevem-se anualmente. Essas iniciativas municipais e do setor privado são um esforço inicial para reintegrar os cada vez mais numerosos horticultores anônimos de LIsboa no planejamento da cidade, e revisar as posturas municipais para facilitar o uso múltiplo das terras lisboetas. O programa Alimente Prudente A cidade de Presidente Prudente está localizada em uma área altamente industrializada do estado de São Paulo, no sudeste do Brasil. O programa Alimente Prudente foi criado para estimular o aproveitamento de terrenos sem construção para o cultivo de hortaliças por famílias de baixa renda. As autoridades locais carecem de fundos para manter bem conservadas e limpas as áreas públicas baldias. Como foi verificado em levantamento realizado em 1999, são os aposentados e os desempregados, especialmente os homens, que produzem nesses terrenos, de modo extensivo, batata-doce, mandioca e uma variedade de leguminosas durante todo o ano, usando fertilizantes orgânicos. Os serviços de extensão fornecem arados, bombas d água e sementes grátis para a primeira semeadura, ao mesmo tempo que se evita a criação de gado bovino dentro da cidade (Madaleno, 2000). Os objetivos iniciais do programa foram apoiar a horticultura comunitária, melhorar o acesso das famílias a alimentos com maior valor nutricional, propiciar às pessoas mais velhas uma file:///c /Documents%20and%20Settings/Administrado...ducto/CD%20AU%20Portugues%20(F)/AU4/AU4lisboa.html (3 of 5)06/12/2005 06:11:32 p.m.

Conclusão ocupação prazerosa com efeitos terapêuticos, e criar postos de trabalho para os excluídos, combatendo a fome e o desemprego ao mesmo tempo. O programa foi iniciado em 1997 com o objetivo de incluir 200 famílias. Dois anos depois havia 50 famílias oficialmente ligadas ao programa, porém, como se soube depois, muitos outros beneficiários anteriores, que iniciaram seus plantios apoiados pelo programa (no acesso a terreno para plantar e nos impulsos técnico e financeiro iniciais), continuavam plantando, apenas de modo desvinculado do programa, preferindo conduzir suas operações de modo pessoal e independente. De fato, os horticultores da cidade somente costumam pedir ajuda quando querem aumentar a área de seus cultivos - que varia de 500 a 2.000 m2. A Secretaria Municipal de Agricultura fornece assessoria legal gratuita na elaboração dos contratos entre os horticultores e os proprietários dos terrenos privados. O agricultor que aparece na foto acima cultiva duas parcelas, ambas situadas perto de sua casa no bairro de Itapura, onde ele cultiva mandioca, batata-doce, chicória e outras hortaliças. Outra alteração que se mostrou necessária para o plano inicial foi a desistência do trabalho hortícola em bases comunitárias (em grupos), já que as pessoas parecem preferir trabalhar individualmente ou então apenas com suas famílias. O plano previa a utilização de 40.000 m2 de terras públicas, distribuídos em cultivos de mandioca, feijão e milho (10.000 m2 cada), e de batata-doce e abóbora (5.000 m2 cada). No final de 1999, 42 áreas produtivas apoiadas oficialmente pelo programa estavam plantando diversas combinações dos cultivos planejados, e havia oito terrenos dedicados exclusivamente a hortaliças. Os resultados do programa foram, além dos indiscutíveis benefícios alimentar e econômico, o aumento do interesse pela agricultura e pelos produtos orgânicos nas vizinhanças mais pobres, e uma redução nas queixas denunciando a proliferação de insetos e ratos dentro dos limites da cidade. Os problemas que os programas dos governos municipais de Lisboa e de Presidente Prudente procuram resolver valendo-se dos recursos da agricultura urbana são bem diferentes. Na Europa Ocidental, o nível de renda mais alto dos cidadãos permite uma participação menor da municipalidade na provisão de alimentos e nas ações de criação de postos de trabalho, sendo que os mais pobres têm acesso a programas nacionais de ajuda social. Assim, em Lisboa, a agricultura urbana é sinônimo de lazer, de educação ambiental, de produção e processamento de alimentos saudáveis, de manutenção de espaços verdes e de preservação da variedade genética. Por outro lado, no Brasil, as principais metas públicas dos programas de agricultura urbana são o aumento da renda, a criação de empregos e a melhoria da saúde e da nutrição das camadas mais pobres da população. Em conseqüência, a integração da agricultura urbana dentro do planejamento é, comparando-se os dois casos, tão diferenciada, como são diferentes as duas cidades e os seus cidadãos. file:///c /Documents%20and%20Settings/Administrado...ducto/CD%20AU%20Portugues%20(F)/AU4/AU4lisboa.html (4 of 5)06/12/2005 06:11:32 p.m.

Referências FECA 2000. We are Part of the Earth and the Earth is Part of Us. Federação Européia de Cidades Agrícolas. Madaleno I.M. 2000. City Food and Health in Brazil. Trabalho apresentado na Conferência Eletrônica da FAO/ETC, de 21 de agosto a 30 de setembro e disponível em www.fao.org/urbanag ou em www. ruaf.org Smit J. 1998. What Would the World be like in the 21th Century if Cities Were Nutritionally Self- Reliant? Notas de Agricultura Urbana. Vancouver: City Farmer. www.cityfarmer.org Woodsworth A. 2001. Urban Agriculture and Sustainable Cities. Notas de Agricultura Urbana. Vancouver: City Farmer. www.cityfarmer.org/alexandraua.html Sumario Revista No.4 file:///c /Documents%20and%20Settings/Administrado...ducto/CD%20AU%20Portugues%20(F)/AU4/AU4lisboa.html (5 of 5)06/12/2005 06:11:32 p.m.