Taxas de serviço aos comerciantes na utilização de cartões de pagamento



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Transcrição:

Taxas de serviço aos comerciantes na utilização de cartões de pagamento Caso comparativo Portugal vs. Espanha JULHO 2007

Síntese de conclusões Mais de 14% dos cartões de pagamento na Europa dos 15 são detidos na Península Ibérica, cartões esses que anualmente efectuam cerca de 8% dos pagamentos com cartão. O mercado ibérico de pagamentos com cartão é actualmente um dos mais desenvolvidos da Europa, tendo vindo a registar crescimentos assinaláveis e desfrutando de bons níveis de qualidade. Entre as maiores instituições europeias presentes no mercado de pagamento com cartões, como emissores ou acquirers, constam já um número assinalável de representantes Ibéricos. 2

2005. N ú mero de cartões por habitante 1,66 1,65 Valor das compras com cartões relativamente ao PIB 12,80% 9,76% 9,70% 0,27 Península Ibérica EU-15 EU-25 Península Ibérica EU-15 EU-25 N ú mero de ATMs por mil habitantes Número de POS por mil habitantes 1,30 0,79 0,73 23,52 18,17 17,14 Península Ibérica EU-15 EU-25 Península Ibérica EU-15 EU-25 Fonte: Banco Central Europeu (Blue Book) Neste contexto, Portugal dispõe actualmente de níveis e condições de utilização de cartões de pagamento que, face à informação disponível para o mercado espanhol, comparam de forma globalmente positiva. 3

Os consumidores portugueses utilizam os cartões de pagamento de forma mais generalizada e com níveis de comodidade, segurança e preço que comparam favoravelmente com os registados no país vizinho (e mesmo com as médias europeias). Apesar dos bons níveis de utilização, factores como o diferencial de poder de compra e a abrangência pelo sistema de um elevado número de transacções de pequeno montante, contribuem para a verificação em Portugal de um valor médio por transacção significativamente inferior à média europeia e mesmo a Espanha (36 em Portugal face a 54 em Espanha). 4

Face a Portugal, em Espanha é maior o peso das marcas internacionais e dos cartões de crédito. Os volumes de aceitação de marcas internacionais em Espanha foram em 2006 quase seis vezes os registados em Portugal ( 79 mil milhões face a 14 mil milhões). Os cartões de crédito representam 56% da facturação total com cartões em Espanha ao passo que em Portugal não atingem os 25%. O esquema doméstico de débito tem em Portugal um papel de relevo (Multibanco), representando cerca de 40% da facturação total de compras, ao passo que em Espanha os esquemas domésticos existentes não têm expressão de relevo no pagamento de compras em ponto de venda, sendo aplicadas as condições das marcas internacionais de cartões (Visa, MasterCard, American Express, etc.) à generalidade das compras. 5

Para os comerciantes, as taxas de serviço (TSC) cobradas pela aceitação de cartões de pagamento estão alinhadas com as praticadas em Espanha: em 2006 os valores médios de TSC foram de 1,13% em Espanha, face a 1,16% em Portugal. Este alinhamento actual das taxas reflecte uma tendência de redução das mesmas, que tem sido mais acentuada e constante em Portugal: cerca de 9% de redução ao ano desde 2002, com um ritmo regular, face a um período de estagnação em Espanha que só em 2006 foi ultrapassado mediante intervenção regulatória. 6

A percepção de taxas mais elevadas em Portugal, foi no passado agravado pelo facto de as taxas máximas praticadas na aceitação de cartões internacionais serem significativamente mais altas que o verificado actualmente: em 2002, um comerciante português aceitante das marcas internacionais de maior dimensão (Visa, MasterCard), podia pagar uma taxa de 5%. Uma vez mais, a realidade actual é significativamente distinta e, após uma descida de mais 15% ao ano nas TSC máximas portuguesas para aceitação de cartões internacionais, em 2006 a taxa máxima em Portugal foi de 2,50%, ao passo que em Espanha um inquérito da Dirección General de Política Comercial apontava para a existência de taxas superiores a 2,75% em mais de 10% dos comerciantes (incluindo taxas ainda superiores a 4,5%). 7

Embora naturalmente as TSC médias não reflictam directamente diferenças que possam subsistir a nível sectorial, nomeadamente em sectores onde a dimensão relativa das empresas é significativamente distinta entre os dois mercados, na generalidade, em sectores com características e perfis de utilização de cartões no dia-adia, como é o caso do sector da restauração, este alinhamento de taxas é confirmado: por exemplo, a este sector em Portugal foi aplicada em 2006 uma taxa média de 1,7%, em linha com os 1,68% observados em Espanha. 8

Globalmente, Portugal tem vindo a encontrar soluções que permitiram o estabelecimento das condições de uma utilização generalizada e com bons níveis de serviço e segurança e que, em paralelo, têm permitido ganhos de eficiência traduzidos em reduções significativas e regulares de preço. O desafio futuro está pois na manutenção das tendências de evolução registadas, a ritmos que assegurem a consolidação de uma posição favorável no contexto da área de pagamentos europeia (SEPA). 9