Grupo de Trabalho: IV Estado, mercado, sociedade civil e garantia dos direitos humanos de meninas, meninos e adolescentes na América Latina.



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Transcrição:

Grupo de Trabalho: IV Estado, mercado, sociedade civil e garantia dos direitos humanos de meninas, meninos e adolescentes na América Latina. Comitê de Proteção Integral às Crianças e aos Adolescentes: A experiência da cidade do Rio de Janeiro nos Megaeventos. Autoras: Cristiane da Silva Santana 1, Karina da Silva Pinto 2 e Ludmila Queiroz 3 Apresentadoras: Karina da Silva Pinto e Ludmila Queiroz. RESUMO: Este trabalho pretende apresentar a experiência do Comitê Integrado de Proteção à Criança e ao Adolescente do Rio de Janeiro para os megaeventos, a partir da construção de redes de proteção à violação de direitos deste segmento. O estudo está pautado na formação e atuação do mesmo, baseado na perspectiva da doutrina da Proteção Integral à violação de direitos. Apresentaremos as potencialidades e os limites para a construção de redes integradas de prevenção à violência, buscando apreender os processos de consolidação de parcerias e fortalecimentos das ações já existentes, de forma a conjugar e otimizar os esforços e recursos. A metodologia utilizada de formação de rede na tomada de decisões, está embasada no consenso entre os atores participantes. Os resultados evidenciam que, diante das dificuldades para a atuação em rede, faz-se necessário: romper com a lógica do trabalho setorizado e verticalizado; promover o exercício constante de comunicação e de troca de informações; capacitar permanentemente profissionais e pessoas; incorporar as propostas do Plano de Ação para operacionalizar a proteção, prevenção e incentivar a participação de crianças e adolescentes no processo de formulação de políticas públicas sociais. Concluindo, pode-se afirmar que a construção da rede de proteção integral infantojuvenil demanda etapas complexas, um novo olhar para a construção coletiva; plantar soluções intersetoriais ao enfrentamento à 1 Assistente Social servidora da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Coordenadoria Geral de Direitos Humanos, Mestre em Politicas Publicas e Saúde pela ENSP/FIOCRUZ. 2 Assistente Social servidora da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Coordenadoria Geral de Direitos Humanos. 3 Graduanda em Marketing Assessora de Projetos da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Coordenadoria Geral de Direitos Humanos. 1

violação de direitos de criança e adolescente, de forma a legitimar e consolidar a sinergia das ações propostas. Palavras-chave: Rede, Prevenção, Violência, Criança e Adolescente APRESENTAÇÃO O presente artigo propõe descrever o processo de formação do Comitê de Proteção Integral às crianças e os adolescentes e as atividades desenvolvidas nos megaeventos na cidade do Rio de Janeiro. A proposta do Comitê Local é identificar e fortalecer a rede de proteção integral à Criança e Adolescente no âmbito local, na perspectiva de atuação frente ao cenário de violação dos Direitos Humanos, antes, durante e depois dos megaeventos. Nesse sentido, torna-se imprescindível conceituar a importância da formação das redes sociais no enfrentamento às violações dos direitos sociais das crianças e adolescentes. De acordo com Oliveira et ali (2006): A rede é um padrão organizacional que prima pela descentralização na tomada de decisão e pela democracia, pela flexibilidade e pelo dinamismo de sua estrutura, pelo alto grau de autonomia de seus membros e pela horizontalidade das relações entre os seus elementos. A rede opera por meio de um processo de radical desconcentração de poder. (OLIVEIRA et ali, 2006) Há de se considerar que, a proximidade espacial propicia uma reciprocidade e maior dinâmica. Deste ponto de vista, as redes sociais incorporam a noção de território para enfatizar as ações simultâneas e localizadas, que permitem aproximar diferentes atores sociais em prol de uma causa. O trabalho em rede não se configura, à priori, como uma iniciativa de criação de um novo serviço ou programa, mas sim, a integração dos já existentes, assim como se constitui como um prévio diagnóstico da necessidade de complementação, ou não, dos serviços ou estruturas existentes. Ao articular a rede de proteção integral infantojuvenil no âmbito municipal, o Comitê Local contribui para a responsabilização, promoção, proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes de acordo com o preconizado pela Resolução 113/2006 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente 2

CONANDA, que trata da composição do Sistema de Garantia de Direitos SGD. Entende-se como direitos sociais das crianças e adolescentes, aqueles historicamente garantidos na Constituição Federal de 1988, Estatuto da Criança e do Adolescente ECA (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990), Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, entre outros. Cabe destacar, que a promulgação dos marcos legais, como o ECA, foram frutos de anos de reivindicações e empenho de diversos segmentos da sociedade, que pressionavam pela formação das bases legais. A atuação dos movimentos populares para o restabelecimento da democracia brasileira, teve eco nas conquistas da Constituição de 1988 e em particular na aprovação do ECA em 1990. A retomada de um Estado de Direitos propiciou a construção de um novo paradigma de organização político-institucional, no qual o município é reafirmado enquanto o espaço privilegiado à democracia através da participação política e exercício da cidadania (SARTORI E LONGO, 1999). Assim, as crianças e adolescentes passam a ser reconhecidos como sujeitos de direitos, que precisam ser protegidos e ter prioridade absoluta na formulação de Políticas Públicas. Com o advento dos megaeventos, como a Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016, torna-se evidente a necessidade de proteger os direitos humanos da criança e do adolescente, frente a exacerbação da violência contra este segmento em tais eventos esportivos, em que ficam expostos a diferentes formas de negligência e violações, como: trabalho infantil, exploração sexual comercial, tráfico de pessoas, desaparecimento, dentre outras. Com a mobilização e articulação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) e das Redes Nacionais de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, formadas pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, a Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (ANCED), o Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA), a End Child Prostitution, Child Pornography and Trafficking of Children for Sexual Purposes (ECPAT Brasil), e o Fórum Nacional 3

de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Fórum PETI), instituiu-se em 2012 a Agenda de Convergência Proteja Brasil. Esta iniciativa é realizada em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Childhood Brasil e a Fundação Itaú Social. Neste período, o governo federal lança a Agenda de Convergência Proteja Brasil para os Megaeventos, com o objetivo de prevenir a violação de direitos humanos de crianças e adolescentes na Copa das Confederações em 2013 nas seis cidades sedes; na Jornada Mundial da Juventude em 2013 no Rio de Janeiro, e na Copa do Mundo de 2014 nas 12 cidades sedes, além de ações integradas com os municípios do entorno destas. Dando prosseguimento ao que foi pactuado pela Agenda de Convergência, o Comitê Nacional foi estruturado no mesmo ano, contribuindo para constituição dos Comitês Locais de Proteção Integral às Crianças e aos Adolescentes, assim como para a difusão e unificação de suas ações. Inicialmente nas seis capitais onde se realizaram os jogos da Copa das Confederações: Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA). Estes desempenham funções de planejamento e implementação de ações pactuadas coletivamente pelos integrantes da Agenda Convergência. A sua estruturação está pautada em quatro conjuntos de ações, de acordo com o Guia de referência: 1- Ações de proteção durante a realização dos megaeventos que delega ao Comitê Local, a instalação do Plantão Integrado de Proteção e Espaços Temporários de Convivência para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade/ violações de direitos, no entorno dos locais de realização dos jogos e nos pontos da cidade com grande aglomeração de pessoas. 2- Ações de fortalecimento das redes para a proteção integral infantojuvenil, disseminando a Campanha Nacional de Proteção Integral de Crianças e Adolescentes; formação de profissionais de segurança pública e privada; formulação de parâmetros e orientação para a mídia; 3- Ações pós-evento que consiste na avaliação de resultados e sistematização das metodologias de gestão intersetorial e proteção integral, visando a difusão das experiências das cidades sedes da Copa das Confederações. 4

4- Ações estruturais que consistem na mobilização das redes locais de proteção integral à criança e ao adolescente nas cidades sede da Copa das Confederações para a instituição do Comitê Local de Proteção Integral. Em fevereiro de 2013, a SDH-PR convidou a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social SMDS Rio para promover o lançamento da Campanha Não Desvie o Olhar. Além deste trabalho, ocorreram eventos de sensibilização em todos os territórios das Coordenadorias de Desenvolvimento Social 4, de forma unificada e integrada, durante a semana do 18 de maio 5 nos dois últimos anos. Depois do lançamento, ocorreram duas grandes reuniões com a participação da SMDS (Subsecretaria de Proteção Social Básica e Especial e Coordenadoria Geral de Direitos Humanos); Secretarias de Educação e Saúde; Fundação para a Infância e a Adolescência - FIA, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescentes - CMDCA e Sociedade Civil. Este trabalho serviu de embrião para o desenvolvimento do Comitê Rio que foi constituído em março de 2013, por uma iniciativa da sociedade civil organizada, dos governos estadual e municipal e da SDH- PR, que encontrou no Rio de Janeiro a sinergia favorável dos órgãos do SGD que vinham se articulando para promover ações de enfrentamento à violência sexual infantojuvenil. A SMDS, através da sua Coordenadoria Geral de Direitos Humanos, o Governo Estadual, através da FIA e o ECPAT Brasil, assumiram a coordenação do Comitê Local de Proteção Integral de Crianças e Adolescentes do Rio de Janeiro. No entanto, estes três entes, necessitavam envolver outros segmentos das politicas sociais, bem como, o sistema de justiça e de segurança pública, outras instituições da sociedade civil e organismos internacionais. A saber: Órgãos Estaduais: Secretaria Saúde, de Educação, de Esporte e Lazer, de Segurança Pública, de Turismo, de Trabalho e Renda, de Cultura, Casa Civil/Escritório de Gerenciamento de Projetos e Assembleia 4 A SMDS é dividida em 10 áreas de gestão da Politica de Desenvolvimento Social. Estas Coordenadorias de Desenvolvimento Social são as responsáveis para articulação das redes do sistema de garantia em seus territórios. 5 O 18 de maio é o Dia Nacional de luta contra o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. A escolha da data é uma lembrança a toda a sociedade brasileira sobre a menina sequestrada em 1973, Araceli, então com oito anos, que foi estuprada e morta por membros de uma tradicional família capixaba. Muita gente acompanhou o desenrolar do caso, poucos, entretanto, foram capazes de denunciar o acontecido. O silêncio de muitos acabaria por decretar a impunidade dos criminosos. 5

Legislativa/Comissão da Criança. Órgãos Municipais: Secretaria de Saúde, de Esporte e Lazer, de Educação, de Cultura, Ordem Pública/Guarda Municipal, Riotur, Rio Eventos e Empresa Municipal Olímpica. Órgãos de Defesa: Ministério Público do Trabalho, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Coordenação das Promotorias de Infância e Juventude, Coordenação das Defensoria Pública dos Direitos da Criança e do Adolescente, Vara da infância, Juventude e Idoso, Associação Estadual de Conselhos Tutelares e Associação Municipal de Conselhos Tutelares. Redes da Sociedade Civil e Articulações: Instituto Brasileiro de Inovações Pró-Sociedade Saudável, Instituto NOOS, Redes Corporativas: Associação Brasileira Terra dos Homens, Fórum Programa Erradicação do Trabalho Infantil, Associação Nacional de Centros de Defesa da Criança e do Adolescente-RJ, Disque-Denúncia, Rede da Primeira Infância, Comitê Estadual de Sub-Registro de Nascimento. JUSTIFICATIVA: O Brasil nos últimos anos passou a integrar uma extensa agenda de eventos esportivos internacionais, que iniciou em 2007 com os Jogos Pan-Americanos, 2011 com os Jogos Mundiais Militares, 2013 com a Copa das Confederações e 2014 com a Copa do Mundo da FIFA. Em 2016, o Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos e, na sequência, os Jogos Paralímpicos. Apesar da expectativa dos governantes para realização destes grandes eventos esportivos, surgiram notícias que colocavam em dúvida a capacidade do país em realizar grandiosos eventos e inúmeras manifestações contrárias aos gastos públicos em obras de infraestrutura e construção de estádios. Frente a este cenário, a Copa do Mundo da FIFA de 2014 no Brasil foi consagrada como uma das melhores da história das Copas. Em especial, o Rio de 6

Janeiro gerou uma receita de R$ 4.4 bilhões de reais 6, recebendo 886 mil turistas, sendo 471 mil estrangeiros e 415 mil brasileiros, que permaneceram em média, 9 dias, com gasto médio de R$639,52 por dia. 7 Em pesquisa realizada com os turistas estrangeiros: 98,8% tiveram suas expectativas atingidas ou superadas; 98,3% recomendariam o destino a parentes e amigos e 97,1% elogiaram hospitalidade carioca. 8 A mídia positiva gerada em torno dos números e o sucesso da Copa do Mundo no país, corroboram para aumentar a expectativa do Rio de Janeiro em sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Considerando que na Copa do Mundo da FIFA DE 2014, os eventos aconteceram espraiados em várias regiões do país, em 2016, o Rio de Janeiro concentrará o maior encontro esportivo do mundo, com previsão de 10.500 atletas olímpicos oriundos de 200 nações que competirão em 28 modalidades 9. Aliada a capacidade demonstrada em sediar grandes eventos e o já consagrado potencial turístico, a cidade maravilhosa também é reconhecida internacionalmente pelas desigualdades sociais, violência, impunidade e como rota de exploração sexual por meio do turismo 10. Segundo este último, de acordo com o Disque-Denúncia 11, o Rio de Janeiro é a cidade com o segundo maior número de denúncias no país, representando mais de 8% do total nacional. Acredita-se, porém, que esse dado é muito maior, dado os inúmeros tabus acerca do tema e sua consequente subnotificação. Neste ensejo, o Comitê de Proteção Integral à Criança e ao Adolescente do Rio de Janeiro, propõe a sensibilização de todos os atores sociais 6 Dados do Balanço Final divulgado pela Secretaria Estadual de Turismo, Riotur e a FIFA. 7 Fonte: Observatório do Turismo/UFF, ESPM, Riotur e Sebrae/RJ. 8 Fonte: GMR Inteligência de Mercado. 9 Fonte:http://www.rio2016.com/ 10 Optamos em utilizar o termo exploração sexual por meio do turismo por consideramos ser o corrento, pois, segundo a Organização Mundial de Turismo - OMT e órgãos públicos de diversos países - incluindo o Ministério do Turismo, no Brasil, preferem não usar o termo turismo sexual, pois entendem que ele equipara a prática às demais modalidades de turismo, consideradas legítimas e desejáveis - turismo cultural, turismo de negócios, turismo rural, turismo de aventura. O Código de Ética Mundial para o Turismo, da OMT, condena em seu Artigo 2 a exploração dos seres humanos sob todas as suas formas, principalmente sexual e especialmente no caso de crianças. Segundo o documento, esse tipo de prática vai contra os objetivos fundamentais do turismo e constitui sua própria negação e, portanto, deve ser rigorosamente combatida, com a colaboração quer dos países visitados, quer dos países de origem dos atores desses atos. 11 O Disque Denuncia é uma central de recebimento de denuncias, para que qualquer cidadão possa, através do anonimato, fazer a contribuir com a investigação de crimes em geral. No Estado do Rio de janeiro ele opera desde 1995. 7

e a sociedade em geral, para o fortalecimento de uma rede de proteção integral que abarque toda a cidade, frente as disparidades sociais entre suas regiões e a desigual no acesso às Politicas Públicas. Assim, o Comitê do Rio de Janeiro tem como desafio, o aprimoramento constante de uma metodologia capaz de identificar, articular e monitorar a rede de cuidados e de proteção integral para crianças e adolescentes, expostos a todo tipo de violência, tendo em vista, a dinâmica dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 para toda a cidade. OBJETIVOS: 3.1 - Objetivo Geral: Implementar, avaliar e sistematizar as experiências de prevenção e proteção de crianças e adolescentes, transformando-a em protocolos de referência no âmbito do SGD para a realização dos megaeventos esportivos e grandes empreendimentos no município. 3.2- Objetivos Específicos Fortalecer a capacidade dos órgãos e instituições do SGD para a prática intersetorial, propiciando ações de atenção integrada e especializada durante a realização dos jogos e eventos correlatos; Desenvolver ações de capacitação e sensibilização com os profissionais do SGD, para identificar, atender, acompanhar e prevenir os casos de violações de direitos de crianças e adolescentes; Promover estratégias para a participação efetiva de crianças e adolescentes no enfrentamento à violação de seus direitos; Realizar campanhas educativas de informação e de mobilização social de proteção das crianças/adolescentes, para prevenção de potenciais situações de riscos com a realização de megaeventos; Disseminar os resultados do Plano de Ação Rio 2016 proposto pelo Comitê. METODOLOGIA: 8

A metodologia de funcionamento do Comitê é baseada no consenso entre os atores que o compõe para a tomada de decisões. Os encontros são realizados mensalmente na sede da FIA, com todos os integrantes. Acontecem também, reuniões de Grupos de Trabalho por Eixos Temáticos, com periodicidade diferenciada, a partir da necessidade de cada eixo. Estes GTs tem o objetivo de se debruçar e aprofundar a discussão, a fim de concretizar e operacionalizar as propostas do Plano de Ação Rio 2016. A metodologia de operacionalização do trabalho prático do comitê nos megaeventos, se dá através do Plantão integrado e do Espaço Temporário de Convivência, que consiste na disponibilização de um ambiente lúdico e acolhedor para que a rede acolha e atenda as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade de forma mais adequada e técnica. Além disto, há equipes volantes encarregadas de realizar a vigilância do território, abordagem de crianças e adolescentes, e de estabelecer a conexão entre o plantão, o espaço de convivência e demais equipamentos de SGD. Como forma de difundir a temática, durante a realização dos grandes eventos, atuamos com o viés da prevenção, distribuindo materiais das Campanhas de enfrentamento à violência sexual e do trabalho infantil que divulguem os meios de proteção em português, inglês e espanhol. RESULTADOS OBTIDOS: Acreditamos que o principal resultado deste trabalho de articulação se materializou no processo de integração da rede, possibilitando alcançar os seguintes resultados. além de proporcionar o (re)conhecimento dos atores e seus respectivos papéis dentro do SGD. Neste sentido, apontamos as principais atividades realizadas que demonstram uma experiência bem sucedida de integração: Realização de Campanhas de Sensibilização contra a exploração sexual em todos os territórios das 10 Coordenadorias de Desenvolvimento Social, de forma integrada, durante a semana do 18 de Maio nos dois últimos anos. Totalizando mais de 36 eventos de sensibilização e debate nos serviços de convivência familiar e comunitária nos Centros de Referência de Assistência Social CRAS. 9

Construção do Seminário de Avaliação e Planejamento do Comitê para Copa, Olimpíadas e Paralimpíadas - Realizado em 1º de novembro de 2013, na sede da FIA, com objetivo de: Elaborar o Plano de Ação Rio 2016 para os Membros titulares e suplentes do Comitê, discutindo os setes eixos temáticos: (I) Diagnóstico e Sistemas de Informação, (II) Prevenção e Campanhas, (III) Atendimento e Proteção, (IV) Participação Infanto Juvenil, (V) Defesa e Responsabilização, (VI) Capacitação e (VII) Gestão. Neste seminário também foi apresentado o Termo de Cooperação Técnica entre os três entes federativos, estabelecendo mutua cooperação na implementação das ações de proteção integral de crianças e adolescentes no contexto dos grandes eventos. O Comitê Rio integra a Agenda de Convergência e participou dos 09 Encontros da Agenda de Convergência realizados em Brasília (abril/2013 a maio/2014) para divulgar e socializar as boas práticas desenvolvidas nas 06 cidades sedes da Copa das Confederações, como também de megaeventos como o Carnaval. Esses encontros serviram de preparação para elaboração da metodologia nos grandes eventos. No caso do Rio de Janeiro, além da Copa das Confederações e da Copa do Mundo da FIFA, atuamos também na Jornada Mundial da Juventude - JMJ, Rock in Rio, Reveillon 2014 e Carnaval 2014. Em agosto de 2013, o Comitê Nacional entra em nova fase, em preparação para a Copa do Mundo, buscando ampliar sua composição, intensificando sua atuação junto ao Grupo Executivo da Copa do Mundo do governo federal e os comitês da FIFA, sistematizando as ações desenvolvidas durante a Copa das Confederações, elaborando e aprovando o Plano de Ação Estratégico para a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. O Plantão Integrado estruturado através da conjunção de esforços e do trabalho em rede de diferentes atores do SGD, funcionou na Copa das Confederações no Rio, contando com seguintes atores: 1ª Vara da Infância e Juventude e do Idoso, Ministério Publico, Defensoria Pública, representantes da SMDS, Fia, CMDCA, Conselho Tutelar e representantes da sociedade civil organizada. Na Jornada Mundial da Juventude junho 2013 tivemos também o Espaço Temporário de Convivência, predominando o atendimento aos peregrinos perdidos de seus grupos, em busca de informações sobre a localização dos bens e 10

serviços públicos e privados. Já no Rock in Rio, foi montado a estrutura do Plantão na Cidade do Rock, onde os atendimentos se resumiram a adolescentes em uso abusivo de álcool e uma atendimento de adolescente em ato infracional. No Réveillon 2014, equipes volantes fizeram o trabalho de abordagem na orla carioca, em especial na praia de Copacabana. No Carnaval 2014 o trabalho aconteceu com a Equipe volante no sambódromo, nos principais blocos da cidade, e plantão integrado no Passarela do Samba 12. Na Copa do Mundo da FIFA de 2014, tivemos a participação das Equipes da SMDS, Conselhos Tutelares, FIA e SDH-PR. Organização do Seminário de Convergência das Campanhas Não desvie o olhar da Frente Nacional dos Prefeitos/ SESI com o Proteja Brasil da SDH- PR e UNICEF, maio de 2014, como preparação para as atividades da Copa do Mundo da FIFA de 2014, com a participação de 400 pessoas, momento no qual foi assinado o Termo de Cooperação entre os três entes federativos e lançado o aplicativo Proteja Brasil pela UNICEF, que possibilita realizar denúncias pelo aparelho de celular e apresenta informações sobre as formas de violência contra a criança e o adolescente. Cabe ressaltar que o Comitê do Rio foi o único no Brasil que conseguiu convergir as duas maiores campanhas de enfrentamento à violência sexual para os megaeventos. Encontro Preparatório para Atuação na Copa do Mundo da FIFA de 2014, com 200 profissionais que atuaram direta ou indiretamente nos Plantões Integrados, Espaços Temporários de Convivência e Equipes Volantes das diversas secretarias. Neste encontro, realizado em 05 de junho de 2014, foram discutidos os fluxos de atendimento, apresentada a ficha de notificação, os locais e horários de funcionamento dos plantões e dos Conselhos Tutelares durante todo o período do evento. Houve ainda, a sensibilização da importância da coleta de dados do publico atendido para o cruzamento das informações com os demais órgão do SGD, com o objetivo de iniciar um processo de monitoramento e análise das incidências de violência sexual no período de realização dos grandes eventos. 12 Passarela do Samba ou Sambódromo é o estádio do samba. Consiste na Avenida de desfiles e várias estruturas independentes de concreto para os espectadores (os chamados setores) ao longo de ambos os lados da Avenida Marques de Sapucaí. Projetado pelo arquiteto brasileiro, o modernista Oscar Niemeyer. Ele foi especialmente construído para o Desfile das Escolas de Samba, inaugurado em 1984. 11

Espaço Temporário de Convivência, espaço destinado as crianças e adolescentes que estejam em uma situação de risco ou de violação de direitos para que possam aguardar a análise do caso pelos órgãos do sistema de garantia de direitos. Esses espaços, contam com estrutura específica e profissionais adequados para o atendimento de crianças e adolescentes; Equipes Volantes, compostas por assistentes sociais e educadores sociais, com o objetivo de identificar crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, especialmente nos casos de exploração sexual. Esta equipe realizou a vigilância do território e panfletagem dos materiais da campanha Não desvie o Olhar e a tabela dos jogos com a Campanha do Cartão Vermelho contra o Trabalho Infantil. 5.1- Resultados quantitativos: Copa das Confederações - 07 Plantões Integrados/Espaço Temporário de Convivência na sede da ONG Contato, Grajaú. JMJ - 06 Plantões Integrados/Espaço Temporário de Convivência, 03 contêiner na orla de Copacabana (Av. Atlântica esquina com Rua Princesa Isabel). Carnaval 2014-05 Plantões Integrados/Espaço Temporário de Convivência, sendo dois nos contêiners localizados na Praça da Apoteose no Sambódromo. Rock in Rio 2013-06 Plantões Integrados em um contêiner na Cidade do Rock, Jacarepaguá. Copa do Mundo da FIFA de 2014 28 dias de Plantões Integrados/Espaço Temporário de Convivência Plantões em três locais, 02 contêiners na orla de Copacabana (Av. Atlântica esquina com a Rua Rodolfo Dantas) próximo a FIFA FAN FEST; Espaço Crescer e Viver na Praça Onze e sede do Conselho Tutelar Vila Isabel, próximo a Arena Maracanã e Alzirão 13. Atendemos nestes 3 espaços um total de 33 casos, com o preenchimento da ficha de Notificação, sendo 11 crianças e 22 adolescentes, 15 do sexo feminino e 18 do sexo 13 Tradicional reduto na Tijuca, Zona Norte do Rio, para os torcedores brasileiros acompanharem os jogos da Seleção Brasileira nas Copa do Mundo. 12

masculino. Houve um caso de suspeita de exploração sexual de uma adolescente na região da Lapa, a mesma foi identificada e encaminhada para o plantão integral no Espaço Crescer e Viver e em seguida direcionada para a Central de Recepção de Adolescentes 14 pelo conselheiro tutelar para o acompanhamento técnico e um possível acolhimento institucional e/ou retorno a família. Foram dois casos de trabalho infantil, atendidos pelo conselheiro tutelar no Plantão Integrado que aplicou as medidas protetivas cabíveis. Tivemos também, atendimentos de adolescentes em uso abusivo de bebidas alcoólicas encaminhados pelos Postos de Saúde da Fan Fest. Além de diversos atendimentos de crianças e adolescentes perdidos. Ao final do plantão houve o quantitativo de 83 atendimentos em que a ficha de notificação não foi preenchida, o que prejudicou a identificação da situação e analise dos dados. Observamos o consumo de bebidas alcoólicas por adolescente dentro da Fan Fest. Estes, em sua maioria foram encaminhados ao Plantão Integrado pelos profissionais dos 3 postos de saúde localizados dentro do evento para que pudêssemos tomar as devidas providências junto ao Conselho Tutelar. Esta é mais uma das ações que precisam ser trabalhadas junto aos organizadores do Evento, a fim de articular as ações para sensibilizar e criar um clima de intolerância ao uso abusivo de bebidas alcoólicas por adolescentes, e ainda realizar a fiscalização e a sua comercialização. O uso de álcool entre adolescentes é, naturalmente, um tema controverso no meio social e acadêmico brasileiro. Ao mesmo tempo em que a lei brasileira define como proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos (Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996), é prática comum o consumo de álcool pelos jovens seja no ambiente domiciliar, em festividades, ou mesmo em ambientes públicos. A sociedade como um todo adota atitudes paradoxais frente ao tema: por um lado, condena o abuso de álcool pelos jovens, mas é tipicamente permissiva ao estímulo do consumo por meio da propaganda. Este é um tema 14 Equipamento Municipal de Recepção de Adolescentes em situação de vulnerabilidade, é o responsável pela recepção e estudo do caso de cada adolescente que é encaminhado para este serviço, a fim melhor entender o contexto para dar andamento ao atendimento do mesmo. 13

que precisamos discutir para que não se repita nos próximos eventos. 5.2 - Os principais desafios para a efetivação do trabalho do Comitê. Um dos maiores desafios para a efetivação e consolidação das ações do Comitê é a garantia de recursos orçamentários oriundos das três esferas governamentais, tendo em vista, que este recurso, no que se refere ao município do Rio de Janeiro, ainda não está disponível para este exercício, precisando entrar na agenda orçamentária do PPA 15 de 2015; Implantar o PAIR Programa de Ações Integrais e Referenciadas de Enfrentamento à Violência Sexual a Crianças e Adolescentes no Município, que também é uma metodologia de trabalho articulado em rede especifica para violência sexual infantojuvenil, que necessita ser legitimada pelos diversos setores dos SGD, que por sua diversidade de atores foge a governabilidade do comitê; Instituir o Observatório de Politicas para Crianças e Adolescentes para produção do conhecimento e de proposições políticas sobre a infância e adolescência, com o objetivo de elaboração de conceitos, metodologias, projetos, programas e práticas que contribuam na formulação e avaliação de políticas públicas voltadas para a superação das violações de direitos; Fomentar a discussão do debate da necessidade da criação de equipamentos que funcionem permanentemente durante os grandes eventos, voltados para o público-alvo das ações do Comitê Rio, bem como, criar mecanismos de fortalecimento e dotação de melhores estruturas das unidades públicas e privadas para atender casos de exploração sexual e trabalho infantil; Um outro grande desafio é a necessidade de inserir a discussão da Politica de Proteção Integral à Criança e ao Adolescente no planejamento das Entidades 15 O Plano Plurianual (PPA) é um instrumento previsto no art. 165 da Constituição Federal destinado a organizar e viabilizar a ação pública, com vistas a cumprir os fundamentos e os objetivos da Republica. Através dele, é declarado o conjunto das politicas públicas do governo para um período de quatro anos e os caminhos trilhados para viabilizar as metas previstas, pelas três esferas de poder, construindo um Brasil melhor. O PPA orienta o Estado e a sociedade no sentido de viabilizar os objetivos da Republica. O Plano apresenta a visão de futuro, para a esfera de poder que a elabora, macro desafios e valores que guiam o comportamento para o conjunto da Administração Pública. Por meio dele, o governo declara e organiza sua atuação, a fim de elaborar e executar politicas públicas necessárias, além de ser um instrumento de controle da sociedade civil sobre as ações do governo. <>htpp://www.planejamento.gov.br/ministerio 14

organizadoras dos megaeventos, como FIFA e Comitê Olímpico; O Comitê Rio ter maior capacidade de articulação para o envolvimento da sociedade civil no Plantão Integrado, além de incentivar e criar condições efetivas da participação e do protagonismo infantojuvenil no Comitê; Ampliar a visibilidade do fenômeno da violência sexual de Criança e Adolescente, de acordo a proposta do Comitê; Elaborar instrumentos concisos e adequados para melhorar a apuração e registos das informações, facilitando sua análise e comparabilidade dos dados coletados nas diversos órgãos do SGD. Assim como, contribuir para dinamizar os fluxos de resposta rápida para o atendimento/encaminhamento de crianças e adolescentes que tenham seus direitos violados, visando à cessação imediata das violências. Desenvolver uma maior articulação entre as organizações sociais, governamentais ou não, de modo que as ações de proteção, de prevenção de violência ou de risco, se configurem, como uma proposta da rede interconectada, pois a constituição de uma rede de prevenção à violência exige, quase sempre, um movimento mais intenso, mais contínuo, para integrar diferentes sujeitos e equipamentos sociais (seja através de uma rede informatizada ou não). Além da necessidade de compartilhamento de um mesmo código de comunicação, o que significa ter a mesma compreensão das diferentes formas de violência, suas causas e consequências, é preciso que os participantes ajam em sincronia frente à urgente demanda de intervenção. Esta ação em conjunto, representa a busca dos incompletos, almejando a completude complexa em transformação continua, lenta, de saltos e sobressaltos do processo de implementação de uma política pública de direitos sociais e, portanto, da justiça e equidade (CETP-MS, 2007). Referencias Bibliográficas BRASIL. Manual de aplicação dos roteiros de entrevistas - Diagnóstico rápido participativo. Secretaria especial dos direitos humanos da presidência da república, SDH-PR, fundação de apoio à pesquisa, ao ensino e à cultura FAPEC, universidade federal de mato grosso do sul UFMS, 2007. 15

. CONANDA. Resolução n. 113 de 19 de abril de 2006 e suas alterações sobre os parâmetros para a institucionalização e fortalecimento ao sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente.. Lei n.º 9.294/1996. Dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do 4 do art. 220 da Constituição Federal. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9294.htm Comitê de Enfrentamento ao Trafico de Pessoas de Mato Grosso do Sul, 2007, Folder de Divulgação da Companha do CETP-MS, 2007, OLIVEIRA et al. Redes de Proteção: Novo Paradigma de Atuação Experiência de Curitiba. In Cláudia Araújo de Lima (Coord) et al: Violência faz mal à saúde - Brasília: Ministério da Saúde, 2006. NJAINE, Kathie et al. Redes de prevenção à violência: da utopia à ação. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 11, supl. Jan. 2006. Available from <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1413-81232006000500020&lng=en&nrm=iso>. access on 29 July 2014. http://dx.doi.org/10.1590/s1413-81232006000500020. SARTORI E LONGO, I. O impacto do ECA nas políticas públicas de atendimento à criança e ao adolescente e no trabalho infanto-juvenil. VI Encontro Nacional de Estudos do Trabalho da ABET. Anais da ABET. Belo Horizonte, Minas Gerais: outubro, 1999. http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes/agenda-de-convergencia /guia-de-referencia-agenda-de-convergencia. Consultado em 27/07/2014. 16