RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO - SINTÉTICO



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Transcrição:

1 RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO - SINTÉTICO TC 044.365/2012-8 Fiscalização 1361/2012 DA FISCALIZAÇÃO Modalidade: conformidade Ato originário: Acórdão 2.382/2011 - Plenário Objeto da fiscalização: Obras de duplicação da BR-381/MG - Lote 3.1 Funcional programática: 26.782.2075.10IX.0031/2012 - Adequação de Trecho Rodoviário - Entroncamento BR-116/259/451 (Governador Valadares) - Entroncamento MG-020 - na BR-381 - no Estado de Minas Gerais Tipo da obra: Rodovia - Duplicação Período abrangido pela fiscalização: 18/2/2013 a 21/6/2013 DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO Órgão/entidade fiscalizado: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes Vinculação (ministério): Ministério dos Transportes Vinculação TCU (unidade técnica): Secretaria de Fiscalização de Obras Rodoviárias Responsável pelo órgão/entidade: nome: Jorge Ernesto Pinto Fraxe cargo: Diretor-Geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT período: a partir de 2/9/2011 Outros responsáveis: vide rol na peça: Rol de Responsáveis - BR-381/MG PROCESSO DE INTERESSE - TC 044.365/2012-8

2 RESUMO Trata-se de auditoria realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT, no período compreendido entre 18/02/2013 e 21/6/2013. A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar o Lote 3.1 do Edital 165/2013, relativo à obra de adequação da rodovia BR-381/MG no segmento: Km 288,4 - Km 317,0. Pretendeu-se avaliar, especialmente: a aderência das cláusulas do edital às normas estabelecidas na Lei 12.462/2011 e na Lei de Licitações, no que era cabível; as disposições do edital no intuito de mitigar os riscos inerentes à contratação integrada; e a adequação do preço de referência do certame. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas: 1) Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de mercado? 2) O procedimento licitatório foi regular? Para a realização deste trabalho, foram observados os padrões de auditoria de conformidade adotados pelo TCU. No planejamento da auditoria solicitaram-se ao Dnit informações preliminares e documentação relativa ao Edital 165/2013. Durante a fase de execução, a equipe de auditoria analisou a documentação fornecida, como também realizou visita ao local de execução da obra. Para responder as questões de auditoria levantadas, foram utilizadas as técnicas de exame documental, confronto de informações e documentos, conferência de cálculos e revisão analítica. Neste trabalho, constatou-se, o seguinte achado de auditoria:fragilidade ou deficiência na fase preparatória de licitação do RDC. Por se tratar de edital de licitação no Regime de Diferenciado de Contratação (RDC) na modalidade contratação integrada, o volume de recursos fiscalizados para o Lote 3.1 do Edital 165/2013 é sigiloso, conforme o art. 6º da Lei 12.462/2011. Importante mencionar que a abertura das propostas de preços do referido edital foi realizada em 13/06/2013. O processo licitatório encontra-se em fase de análise das propostas técnicas. Os benefícios quantificáveis somam R$ 7.284.663,49 (maio/2012), referentes ao valor da redução no preço de referência da licitação para o lote 3.1 da BR-381/MG. Ressalta-se que os apontamentos feitos pela equipe de auditoria, acerca das impropriedades encontradas no orçamento da obra do Lote 3.1, foram recorrentes nos demais lotes da rodovia BR-381/MG, sendo, inclusive, tratados também nos processos TC 044.370/2012-1 e TC 044.371/2012-8. Desse modo, considerando todos os lotes da rodovia, objetos do Edital 165/2013, os benefícios decorrentes das reduções de preços alcançam o montante de R$ 51.612.934,46 (maio/2012). Ademais, entre os benefícios não quantificáveis verificados nesta fiscalização, pode-se destacar: melhoria das condicionantes para garantia de execução de objeto compatível com o anteprojeto, publicada na 3ª Errata do Edital 165/2013, em atendimento ao Ofício de Requisição TCU 06/12; exclusão da duplicidade da parcela de incerteza da reserva de contingência, nos lotes cuja base de dados é proveniente de revisão de projeto em fase de obras, em atendimento ao Ofício de

3 Requisição TCU 12/2013; expectativa de melhoria da metodologia de análise de risco proposta pelo Dnit para o regime de execução por contratação integrada. Ainda, pode-se mencionar como benefícios: o possível aprimoramento da gestão de projetos, a melhoria nos controles internos e a manutenção da expectativa do controle. As propostas de encaminhamento para a principal constatação contemplam audiência de responsável e oitiva.

4 S U M Á R I O Título Página 1 - APRESENTAÇÃO 5 2 - INTRODUÇÃO 5 2.1 - Deliberação que originou o trabalho 5 2.2 - Visão geral do objeto 5 2.3 - Objetivo e questões de auditoria 8 2.4 - Metodologia Utilizada 8 2.5 - Volume de recursos fiscalizados 8 2.6 - Benefícios estimados da fiscalização 8 3 - ACHADOS DE AUDITORIA 9 C) 3.1 - Fragilidade ou deficiência na fase preparatória de licitação do RDC (IG- 9 4 - CONCLUSÃO 46 5 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 49 6 - ANEXO 51 6.1 - Dados cadastrais 51 6.1.1 - Projeto básico 51 6.1.2 - Execução física e financeira 51 6.1.3 - Editais 51 6.1.4 - Histórico de fiscalizações 52 6.2 - Deliberações do TCU 52 6.3 - Fotos da Rodovia BR-381/MG 54

5 1 - APRESENTAÇÃO O presente relatório apresenta os resultados da fiscalização realizada no Lote 3.1 do Edital 165/2013, publicado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit, licitado mediante o Regime Diferenciado de Contratações (RDC) por contratação integrada, cujo objeto é a contratação de empresa para elaboração dos projetos básico e executivo e execução das obras de adequação de capacidade da rodovia BR-381/MG, incluindo duplicação, melhoramentos e ampliação de capacidade e segurança, no segmento compreendido entre os quilômetros 288,4 e 317,0 (Entr. MG-320 (p/jaguaraçu) - Ribeirão Prainha). Importância socioeconômica Segundo o Dnit, a obra destina-se a ampliar a capacidade de segmentos rodoviários saturados na rodovia BR-381 no estado de Minas Gerais, de forma a reduzir os índices de acidentes com os usuários e o custo dos transportes, contribuindo para o desenvolvimento e interligação das regiões norte e nordeste de Minas Gerais com o estado de São Paulo e o sul do Brasil, sendo ainda essa rodovia de grande importância nas ligações entre pólos industriais. 2 - INTRODUÇÃO 2.1 - Deliberação que originou o trabalho Em cumprimento ao Acórdão 367/2012 - Plenário, realizou-se auditoria no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT, no período compreendido entre 18/02/2013 e 21/06/2013. 2.2 - Visão geral do objeto O objeto desta fiscalização é o Lote 3.1 do Edital 165/2013, referente ao trecho compreendido entre Entrº. MG-320 (p/jaguaraçu) Ribeirão Prainha, segmento: Km 288,4 Km 317,0. O Edital 165/2013 foi publicado pelo Dnit para ser licitado mediante o RDC no regime de contratação integrada, visando à contratação de empresas para elaboração dos projetos básico e executivo e execução das obras de adequação de capacidade da BR-381/MG, incluindo duplicação, melhoramentos e ampliação de capacidade e segurança, no trecho Norte da rodovia, compreendido entre os municípios de Governador Valadares e Belo Horizonte, segmento: km 155,4 km 458,4. Esse edital foi dividido em onze lotes, a saber: - Lote 01 - Subtrecho: Entr. BR-116/MG (Governador Valadares) - Entr. Acesso a Belo Oriente; Segmento: km 155,4 - km 228,2; Extensão: 72,8 km; Código do PNV: 381BMG0160, 381BMG0170 e 381BMG0180; - Lote 02 - Subtrecho: Entr. Acesso a Belo Oriente - Entr. MG-320 (p/jaguaraçu); Segmento: km 228,2 - km 288,4; Extensão: 60,2 km; Código do PNV: 381BMG0185/190/230;

6 - Lote 3.1 - Subtrecho: Entr. MG-320 (p/jaguaraçu) - Ribeirão Prainha; Segmento: km 288,4 - km 317,0; Extensão: 28,6 km; Código do PNV: 381BMG0260; - Lote 3.2 - Subtrecho: Entr. MG-320 (p/jaguaraçu) - Ribeirão Prainha; Segmento: Túneis Rio Piracicaba (Pista da direita e da esquerda); Extensão: 825 m; Código do PNV: 381BMG0260; - Lote 3.3 - Subtrecho: Entr. MG-320 (p/jaguaraçu) - Ribeirão Prainha; Segmento: Túneis Antônio Dias e Prainha; Extensão: 1.280 m; Código do PNV: 381BMG0260; - Lote 04 - Subtrecho: Ribeirão Prainha - Entr. Acesso Sul de Nova Era; Segmento: km 317,0 - km 335,8; Extensão: 18,8 km; Código do PNV: 381BMG0260, 381BMG0265 e 381BMG0270; - Lote 05 - Subtrecho: Entr. Acesso Sul de Nova Era - João Monlevade; Segmento: km 335,8 - km 356,5; Extensão: 20,7 km; Código do PNV: 381BMG0275 e 381BMG0290; - Lote 06 - Subtrecho: João Monlevade - Rio Una; Segmento: km 356,5 - km 389,5; Extensão: 33,0 km; Código do PNV: 381BMG0260; - Lote 07 - Subtrecho: Rio Una - Entr. MG-435 (Caeté); Segmento: km 389,5 - km 427,0; Extensão: 37,5 km; Código do PNV: 381BMG0310/0330/0335; - Lote 8A - Subtrecho: Entr. MG-435 (Caeté) - Entr. MG-020; Segmento: km 427 - km 445; Extensão: 18,0 km; Código do PNV: 381BMG0360/0370; - Lote 8B - Subtrecho: Entr. MG-435 (Caeté) - Entr. MG-020 (Av. Cristiano Machado/Belo Horizonte); Segmento: km 445 - km 458,4; Extensão: 13,4 km; Código do PNV: 381BMG0360/0370. Ressalta-se que inicialmente as obras de adequação do trecho Norte da BR-381/MG seriam licitadas por meio dos Editais 654/2012 (lotes 3.1, 3.2, 3.3, 4, 6 e 8A) e 751/2012 (lotes 1, 2, 5 e 8B), mediante o RDC no regime de empreitada por preço global, haja vista que os projetos básico e executivo, contratados pelo órgão, já haviam sido aprovados pelo Dnit. Entretanto, tais editais foram revogados por interesse da Autarquia em 28/3/2013. Posteriormente, em 28/03/2013, a Autarquia publicou o Edital 165/2013 sob a modalidade de RDC no regime de contratação integrada, contemplando todos os lotes da BR-381/MG que faziam parte dos Editais 654/2012 e 751/2012. Dessa forma, uma vez que a contratação integrada compreende, nos termos do 1º do art. 9º da Lei 12.462/2011, a elaboração dos projetos básico e executivo e a execução de obras, aqueles projetos executivos, que já haviam sido aprovados, passaram a ser considerados como anteprojetos da nova licitação (Edital 165/2013), sem que fossem alteradas quaisquer características do objeto. Frisa-se que, no caso do Edital 165/2013, mesmo se tratando de contratação integrada, esses projetos continham os orçamentos detalhados de todos os serviços previstos para a execução das obras. Com a publicação do novo edital, o Dnit introduziu, de forma pioneira, três particularidades: i) incorporação do montante de reserva de contigência ao orçamento da obra;

7 ii) exigência de contratação de seguro de risco de engenharia; e iii) maior grau de exigência da garantia prestada pelo contratado. Conforme consta do referido instrumento convocatório, as principais premissas que fundamentaram a opção do Dnit pela utilização do RDC no regime de contratação integrada para execução do empreendimento foram as seguintes: i) obtenção de soluções técnicas inovadoras que reduzam o prazo de execução da obra e os custos diretos do empreendimento; ii) busca por maior simplificação, celeridade, transparência e eficiência nos procedimentos para dispêndio de recursos públicos; iii) aproximação entre as contratações públicas e as sistemáticas utilizadas no setor privado; e iv) compartilhamento do risco do empreendimento. O projeto que veio posteriormente ser designado de anteprojeto das obras de adequação do Lote 3.1 foi elaborado por meio do contrato 569/2009, celebrado entre o Dnit e a empresa Enecon S.A. - Engenheiros e Economistas Consultores, em 01/10/2009. Sua aprovação deu-se mediante a Portaria n.1.084, expedida em 18/10/2012 pelo Diretor de Planejamento e Pesquisa do Dnit. Importante mencionar que a abertura das propostas de preços do referido edital foi realizada em 13/06/2013. O processo licitatório encontra-se em fase de análise das propostas técnicas. A localização do trecho referente ao Lote 3.1 está inserida no trecho do Lote 3, conforme ilustrado na figura abaixo:

8 2.3 - Objetivo e questões de auditoria A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar o Lote 3.1 do Edital 165/2013, relativo à obra de adequação da rodovia BR-381/MG no segmento: Km 288,4 - Km 317,0. Pretendeu-se avaliar, especialmente: a aderência das cláusulas do edital às normas estabelecidas na Lei 12.462/2011 e na Lei de Licitações, no que era cabível; as disposições do edital no intuito de mitigar os riscos inerentes à contratação integrada; e a adequação do preço de referência do certame. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas: 1) Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de mercado? 2) O procedimento licitatório foi regular? 2.4 - Metodologia utilizada Para a realização deste trabalho, foram observados os padrões de auditoria de conformidade adotados pelo TCU. No planejamento da auditoria solicitaram-se ao Dnit informações preliminares e documentação relativa ao Edital 165/2013. Durante a fase de execução, a equipe de auditoria analisou a documentação fornecida, como também realizou visita ao local de execução das obras. Para responder as questões de auditoria levantadas, foram utilizadas as técnicas de exame documental, confronto de informações e documentos, conferência de cálculos e revisão analítica. 2.5 - Volume de recursos fiscalizados O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 323.038.695,81. Este valor refere-se ao preço global de referência, a preços de maio de 2012, estimado pelo Dnit para o Lote 3.1 do Edital 165/2013 (ressalta-se que este orçamento é sigiloso, conforme o art. 6º da Lei 12.462/2012). 2.6 - Benefícios estimados da fiscalização Os benefícios quantificáveis somam R$ 7.284.663,49 (maio/2012), referentes ao valor da redução no preço de referência da licitação para o Lote 3.1 da BR-381/MG. Considerando todos os lotes da rodovia, objetos do Edital 165/2013, os benefícios decorrentes das reduções de preços alcançam o montante de R$ 51.612.934,46 (maio/2012). Ademais, entre os benefícios não quantificáveis verificados nesta fiscalização, pode-se destacar:

9 - melhoria das condicionantes para garantia de execução de objeto compatível com o anteprojeto, publicada na 3ª Errata do Edital 165/2013, em atendimento ao Ofício de Requisição TCU 06/12; - exclusão da duplicidade da parcela de incerteza da reserva de contingência, nos lotes cuja base de dados é proveniente de revisão de projeto em fase de obras, em atendimento ao Ofício de Requisição TCU 12/2013; - expectativa de melhoria da metodologia de análise de risco proposta pelo Dnit para o regime de execução por contratação integrada. Ainda, pode-se mencionar como benefícios: o possível aprimoramento da gestão de projetos, a melhoria nos controles internos e a manutenção da expectativa do controle. 3 - ACHADOS DE AUDITORIA 3.1 - Fragilidade ou deficiência na fase preparatória de licitação do RDC 3.1.1 - Tipificação do achado: Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C) Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - Os fatos constatados não se mostram materialmente relevantes, não apresentando potencialidade de ocasionar grave dano ao erário, de modo que não se enquadram no art. 93, inc. IV, da LDO 2013. 3.1.2 - Situação encontrada: Identificaram-se algumas deficiências no processo licitatório para a contratação integrada, mediante o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), das obras de adequação da BR-381/MG, objeto do Edital 165/2013, que afrontam as normas relativas às licitações e contratações públicas, com o potencial de ensejar a não obtenção dos resultados almejados pela Administração. Os trabalhos de fiscalização tiveram início na vigência do Edital 654/2012, realizado na modalidade RDC com preço global, abragendo seis lotes. Posteriormente, tal edital foi revogado pela Autarquia, vindo a ser substituído pelo Edital 165/2013, no regime RDC com contratação integrada, passando a contemplar onze lotes da BR-381/MG. Vale destacar que este novo processo licitatório traz algumas particularidades formuladas pelo Dnit, de forma pioneira, relacionadas ao regime de contratação, tais como: o adicional de reserva de contingência incorporado ao valor do orçamento da obra para remuneração dos riscos do contratado, o incremento das exigências relativas à prestação de garantia contratual e a exigência de contratação de seguro de risco de engenharia. Nesse contexto, o achado de auditoria será abordado neste relatório nos seguintes tópicos separados: a) irregularidades relativas às cláusulas do Edital a.1) ausência de previsão no edital de condicionantes suficientes para garantia de execução de objeto compatível com o anteprojeto;

10 a.2) insuficiência de justificativa técnica e econômica para adoção da contratação integrada; a.3) ofensa ao tratamento isonômico entre os participantes da licitação e contradições entre o disposto no edital e o caderno de perguntas e respostas; a.4) restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e julgamento. b) ausência de amparo legal para implementação da reserva de contingência; c) impropriedades relativas à metodologia de cálculo da remuneração de riscos; d) impropriedades relativas à garantia contratual e ao seguro de risco de engenharia; e) impropriedades relativas ao orçamento do anteprojeto de engenharia. a) IRREGULARIDADES RELATIVAS ÀS CLÁUSULAS DO EDITAL Em análise do Edital 165/2013, verificaram-se irregularidades no regramento ali estabelecido para nortear a licitação e a execução do contrato. Uma das irregularidades, de significativa importância, relaciona-se ao estabelecimento de critérios técnicos mínimos a serem cumpridos pelo contratado na elaboração dos projetos básico e executivo das obras, com vistas à execução de objeto compatível com o anteprojeto. Outra situação identificada foi a restrição à competitividade da licitação em razão de critérios inadequados de habilitação e julgamento. Verificaram-se ainda ofensa ao tratamento isonômico entre os participantes da licitação e contradições entre o edital e o caderno de perguntas e respostas. Tais irregularidades serão abordadas a seguir: a.1) ausência de previsão no edital de condicionantes suficientes para garantia de execução de objeto compatível com o anteprojeto Identificou-se que o Edital 165/2013, ao estabelecer as especificações a serem cumpridas pelo contratado na execução do contrato, deixou de contemplar condicionantes necessárias para garantir a obtenção de um produto compatível com aquele previsto no anteprojeto de engenharia. Sem uma definição prévia dessas condicionantes, vislumbra-se a possibilidade de o contratado executar uma rodovia com qualidade e durabilidade aquém daquela advinda do anteprojeto, incorrendo-se ainda em possível dano ao Erário. As especificações a serem cumpridas pelo contratado foram estabelecidas no Anexo I do Edital 165/2013. Este documento, no seu item 19, define o escopo da contratação, dividindo-a em dois produtos principais: execução dos projetos básico e executivo de engenharia; e execução das obras de adequação de capacidade da rodovia. No que se refere à execução dos projetos, o Anexo I do edital inicialmente definiu que deveriam ser seguidas as concepções adotadas e os elementos técnicos fornecidos pelo Dnit no anteprojeto de engenharia, os quais, no entanto, poderiam ser alterados pelo contratado, desde que mantivessem ou

11 melhorassem o nível de serviço e as condições operacionais do complexo rodoviário. Tal premissa foi definida nos seguintes termos: "Caberá à contratada a elaboração dos Projetos Básico e Executivo de Engenharia, necessários e satisfatórios à execução do empreendimento, com nível máximo de detalhamento possível de todas as suas etapas. Para tanto, deverão ser seguidas as concepções adotadas e os elementos técnicos fornecidos pelo Dnit no Anteprojeto de Engenharia (Anexo III), principalmente em termos de geometria e disciplinamento dos fluxos dos tráfegos locais e de passagem da Rodovia. Alterações nestes aspectos poderão ser apresentadas, desde que mantenham ou melhorem o nível de serviço e as condições operacionais do complexo rodoviário em questão. Estas alterações deverão ser submetidas à aprovação do Dnit (...)". Apesar da intenção expressa no edital de manter ou melhorar o nível de serviço e as condições operacionais em relação ao anteprojeto de engenharia, verificou-se que aquele documento, ao tratar das considerações particulares inerentes a cada componente do projeto, estabeleceu critérios de aceitação insuficientes, que permitem que o contratado adote soluções qualitativamente inferiores às sugeridas no anteprojeto. Citam-se como exemplo as especificações para o projeto de pavimentação, definidas no item 19.1.3, "d", do Anexo I do edital, conforme transcrito abaixo: "As soluções adotadas no Anteprojeto de Pavimentação, são referenciais e poderão ser alteradas. Para isto deverá ser utilizado no mínimo 2 (dois) de qualquer dos métodos de dimensionamento de pavimentos flexíveis previstos nas Especificações do DNIT, devendo ser adotada a solução mais segura, tanto em termos de espessuras das camadas, como de desempenho mecanístico. Estas alterações estarão sujeitas à aceitação e aprovação pelo DNIT. Para o desenvolvimento do Projeto Básico de Pavimentação, os seguintes tópicos dos elementos fornecidos no Anteprojeto (Anexo III) poderão ser levados em conta: - estudos geotécnicos; - parâmetros de cálculo do número N (as contagens de tráfego deverão ser atualizadas); - período de vida útil mínimo deverá ser de 10 anos; (...)". Ocorre que os anteprojetos, por sua vez, foram elaborados segundo outros critérios não considerados no Edital 165/2013, os quais conduziram a soluções tecnicamente superiores àquelas possíveis de serem obtidas conforme as premissas deste edital. Cabe lembrar que os anteprojetos não foram concebidos para uma contratação integrada. Os anteprojetos derivam de um projeto executivo. Assim,

12 quando mencionarmos anteprojetos, na verdade, estaremos nos referindo a projeto executivo. Dessa forma, esses anteprojetos foram elaborados a partir de premissas técnicas e econômicas que levaram em conta aspectos particulares da rodovia e o custo futuro de manutenção. Por exemplo, no Lote 3.1, a solução para a especificação do pavimento em concreto foi definida após um estudo econômico entre a solução em pavimento flexível e a solução em pavimento rígido, levando-se em conta o custo presente dos valores envolvidos de manutenção e conservação de ambas as soluções, para um período de 20 anos. Desse modo, no caso dos Lotes 3.1, 7, 8A e 8B, os anteprojetos previram a execução da pista principal com pavimento rígido, considerando um período de vida útil de vinte anos. O contratado, porém, poderá atender às condições do edital oferecendo uma solução de vida útil de dez anos, certamente passível de ser executada mediante um pavimento flexível. Note-se ainda que o edital sequer permite a possibilidade de o contratado adotar o pavimento rígido, já que restringe os métodos de dimensionamento àqueles relativos a pavimentos flexíveis. A situação encontrada também ocorre nos demais lotes, cujos anteprojetos contemplam soluções em pavimento flexível. Em regra, estes anteprojetos previram a execução do pavimento com materiais nobres, tais como asfalto modificado por borracha, Stone Matrix Asphalt (SMA), base com brita graduada tratada com cimento e sub-base com canga e bica corrida. Contudo, conforme consta dos anteprojetos, a definição dos materiais de pavimentação não foi obtida a partir do método de dimensionamento, e sim, com base em diretrizes pré-definidas baseadas na experiência técnica dos projetistas e do Dnit. Dessa forma, vislumbra-se possível que o contratado, ao aplicar os métodos de dimensionamento do Dnit, obtenha soluções com desempenhos inferiores àquelas previstas nos anteprojetos, tais como o uso de asfalto comum ou de base de brita sem tratamento com cimento. Também se observou situação similar em relação às especificações para o projeto de drenagem e de obras de arte correntes (OAC). Neste caso, a possibilidade de o contratado adotar soluções inferiores às do anteprojeto se mostrou mais evidente no Lote 6. Neste lote, o anteprojeto previu a execução de bueiros tipo mini-túnel em locais onde será necessária a adoção de processo de execução nãodestrutivo e em locais com elevadas alturas de aterro. Cabe ressaltar que, diante da relevância do custo dos bueiros tipo mini-túnel no orçamento do Lote 6, a equipe de auditoria indagou o Dnit acerca da possibilidade de utilização de outras opções tecnicamente viáveis e de menor custo, que atendessem as necessidades previstas no anteprojeto (processo de execução não-destrutivo e suporte a elevadas alturas de aterro), tal como solução de bueiros metálicos, a qual está prevista nas normas técnicas do Dnit (Ofício de Requisição TCU 08/2013). Em resposta, o Diretor de Planejamento e Pesquisa ratificou a necessidade da utilização de bueiros tipo mini-túnel, justificando que a região do trecho do Lote 6 da BR-381/MG seria caracterizada pela ocorrência de carreamentos de materiais abrasivos, como pedras e galhos, por meio dos cursos de água que atravessam a rodovia, o que exigiria bueiros de maior resistência mecânica, tais quais o do tipo mini-túnel. Segundo o Diretor, tal requisito não se observa nos bueiros metálicos, os quais, inclusive, vêm historicamente apresentando problemas, segundo relatos das unidades locais do Dnit. O Diretor acrescentou ainda que o bueiro tipo mini-túnel possui vida útil maior que o bueiro metálico, o que acabaria por se tornar uma solução econômico-financeira mais barata e mais adequada nos médio e

13 longo prazos (Resposta ao Ofício de Requisição TCU 08/2013 - Evidência 12). Em suma, verifica-se que a Autarquia entende ser indispensável o uso dos bueiros tipo mini-túnel, por cumprirem principalmente os requisitos de resistência mecânica e vida útil. No entanto, as especificações particulares para o projeto de drenagem e obras de arte correntes (OAC) previstas no Edital 165/2013 não fixaram estes requisitos como condições para aceitação do projeto. O item 19.1.3, "c", do Anexo I do edital definiu como premissa de aceitação do projeto: "Para elaboração do Projeto de Drenagem deverão ser considerados os elementos fornecidos no Anteprojeto de Engenharia (Anexo III), no que couber, sendo permitida a apresentação de soluções alternativas, que mantenham ou melhorem as condições de condução das águas que atingem a rodovia." Dessa forma, uma vez que o edital somente estabeleceu como critério de aceitação a manutenção ou melhoria das condições de condução das águas, o contratado poderá apresentar, por exemplo, uma solução em bueiro metálico, o que não atenderia as expectativas da Administração. Além do mais, uma vez que o orçamento de referência fundamentou-se naquelas soluções do anteprojeto, vislumbra-se a possibilidade de ocorrência de superfaturamento no contrato, caso a contratada vença a licitação com preço global próximo ao valor de referência do Dnit, mas elabore um projeto contemplando soluções de qualidade inferior às previstas no anteprojeto, cujo custo de execução será também inferior. Após ser instado a se manifestar a respeito do achado (Ofício de Requisição TCU 06/2013, de 12/4/2013), o Dnit publicou, em 18/4/2013, a 3ªerrata referente ao Edital 165/2013, promovendo ajustes, dentre os quais se destacam: - nos itens que orientam a fase de desenvolvimento dos projetos pela contratada, onde antes se previa a aprovação do projeto pelo Dnit, passou-se a denominar aceitação do projeto pelo Dnit; - quanto às condições gerais de elaboração dos projetos básico e executivo (item 19.1 do Anexo I), onde se lia: "cabe ressaltar que as condições operacionais esperadas, tal como previsto no Anteprojeto de Engenharia fornecido pelo DNIT, deverão ser no mínimo garantidas, ou melhoradas"; passou-se a: "cabe ressaltar que as características técnicas, bem como as condições operacionais esperadas, tal como previsto nos documentos (Anexo III) fornecido pelo DNIT, deverão ser no mínimo garantidas ou melhoradas"; - quanto ao projeto de pavimentação (item 19.1.3), onde se lia: "o período de vida útil mínimo deverá ser de 10 anos"; passou-se a: "período de vida útil mínimo conforme estabelecido nos documentos supra citados". Em resposta ao Ofício de Requisição TCU 06/2013, o Diretor de Planejamento e Pesquisa reconheceu o achado e informou seu entendimento de que a 3ª errata teria consolidado suas correções. Ademais, ressaltou: "com a errata, as normas, soluções técnicas e demais premissas estabelecidas nos anteprojetos prevalecem e (...) as mesmas estão registradas na memória justificativa dos projetos de todos os 11 lotes do empreendimento (...)" (Evidência 9).

14 Verifica-se que a regra de vinculação do projeto básico/executivo ao anteprojeto está no Edital 165/2013 essencialmente estabelecida na cláusula: "as características técnicas, bem como as condições operacionais esperadas, tal como previsto nos documentos (Anexo III) fornecidos pelo DNIT, deverão ser no mínimo garantidas ou melhoradas". A inclusão do termo características técnicas, por meio da 3ª errata, de fato conferiu uma maior vinculação ao anteprojeto. No entanto ainda poderá haver subjetividade na definição daquilo que seria uma solução equivalente ou melhor que a prevista no anteprojeto. Esta subjetividade poderia ser minimizada mediante o estabelecimento de critérios objetivos para a aceitação do projeto básico/executivo. A título exemplificativo, seriam possíveis, entre outros, os seguintes critérios objetivos: - fixar como obrigatório o tipo de pavimento (rígido ou flexível) ou de revestimento (asfalto borracha, SMA) proposto conforme o anteprojeto; - condicionar a aceitação de soluções diferentes para o pavimento ao atendimento de parâmetros de vida útil, verificados em análise mecanística, iguais ou superiores aos do anteprojeto; - explicitar características técnicas a serem observadas como condição de aceitação de soluções de drenagem e OAC, a exemplo de vida útil ou durabilidade, extensíveis também às obras de arte especiais (OAE). Nesse sentido, questionou-se o Dnit sobre a possibilidade de inclusão de critérios objetivos no edital a serem cumpridos pela contratada na apresentação do projeto básico/executivo, de forma que a Administração de fato obtenha um produto com características técnicas e condições operacionais equivalentes ou superiores às previstas no anteprojeto (Ofício de Requisição TCU 13/2013). Em resposta, o Diretor de Planejamento e Pesquisa manifestou-se conforme segue: "Sobre a necessidade de estabelecer critérios objetivos de aceitação do projeto básico/executivo relativo à pavimentação, temos a considerar que o que está projetado para os pavimentos deverá ser mantido conforme estabelecido nos documentos do projeto (Anexo III) tanto quanto ao tipo de pavimento quanto ao tempo de vida útil. Eventuais alternativas de solução deverão manter os parâmetros já definidos de vida útil de forma a que sejam iguais ou superiores àqueles do anteprojeto (Anexo III), com verificação por meio de análise mecanística. Quanto às características técnicas das obras de concreto, estas também deverão ser mantidas, no mínimo, em patamar equivalente aos parâmetros descritos no anteprojeto (Anexo III), inclusive quanto a sua durabilidade. Os ajustes ao Anexo I do Edital 165/2013 sugeridos implicariam na edição de nova Errata, que teria como consequência, entre outras, um novo adiamento do processo licitatório, com grande prejuízo em termos de desgaste da credibilidade das instituições envolvidas.

15 No entanto, alternativamente, as informações, definições e sugestões serão apresentadas como "esclarecimentos adicionais", inseridos em respostas a questionamentos, e fornecidas a todos os adquirentes do Edital, bem como disponibilizados na rede (web), no endereço eletrônico http//www.dnit.gov.br/licitações/editais-da-sede. Vale observar que as expressões e termos usados no Edital em relação às características técnicas, soluções de engenharia e condições operacionais que foram objeto de observações e recomendações por parte da equipe de Auditoria do TCU não prevalecerão quanto ao que foi definido no Anexo III do anteprojeto. Mais uma vez, lembramos que o documento em questão deixa claro que as soluções a serem adotadas, se alteradas, deverão ser no mínimo garantidas ou melhoradas. Para garantir a efetividade dessas condições, elas serão consideradas nos editais de supervisão e gerenciamento da obra, bem como serão objeto de instrumento/documento administrativo interno do DNIT. Este documento terá como objetivo balizar a ação da Comissão de Fiscalização, que deverá assegurar que aquelas condições técnicas e operacionais e soluções de engenharia sejam implementadas." As medidas informadas pelo Dnit, relativas à instituição de mecanismos de controle no âmbito da fiscalização e ao gerenciamento dos contratos, podem atenuar a possibilidade de riscos à Administração decorrente de perda de qualidade em relação ao objeto inicialmente pretendido. No que se refere à publicação de esclarecimentos adicionais no âmbito das respostas aos questionamentos dos licitantes, em análise do 1º caderno de perguntas e respostas, publicado em 12/6/2013, não se observam esclarecimentos suficientes para garantir a qualidade da obra, pois deixaram de abranger os questionamentos apontados pela equipe de auditoria, tais como: condicionantes para estabelecer as possíveis soluções de revestimento e parâmetros de vida útil ou durabilidade para as soluções de drenagem, OAC e OAE. Os esclarecimentos restringiram-se à definição sobre a necessidade duplicação e sobre os tipos de pavimento (rígido ou flexível) que deverão ser adotados em cada lote, a exemplo do que consta da resposta ao item 27.3 do questionamento 12 do referido caderno. Portanto, entende-se que o Dnit não adotou as medidas saneadoras necessárias a fim de evitar possíveis soluções técnicas inferiores às estabelecidas no anteprojeto. A definição clara das regras da contratação integrada é fundamental para evitar impasses futuros entre o contratado e o Dnit, mormente na fase de aprovação ou aceitação do projeto básico/executivo, os quais poderão ensejar atrasos na execução ou mesmo inviabilizar a realização do empreendimento. a.2) Insuficiência de justificativa técnica e econômica para adoção da contratação integrada

16 As obras de duplicação da BR-381/MG foram licitadas, inicialmente, por meio do Edital 654/2012, na modalidade RDC com preço global, abrangendo seis lotes do empreendimento. Em seguida, foi publicado o Edital 791/2012, também na modalidade RDC com preço global, para licitação de outros quatro lotes da BR-381/MG. Posteriormente, tais editais foram revogados por razões de interesse público (conformes avisos de revogação publicados no Diário Oficial da União em 28/03/2013), sendo substituídos pelo Edital 165/2013, no regime RDC com contratação integrada, passando a contemplar 11 lotes. Com essa alteração do regime de execução das obras, os projetos executivos, os quais já haviam sido aprovados, passaram a ser considerados como anteprojetos da nova licitação. Estes deverão balizar a elaboração de novos projetos básico e executivo que serão, nos termos do edital, objeto de aceitação pela Autarquia, desde que atendam aos requisitos do anteprojeto. Verifica-se, portanto, que mesmo dispondo de projetos executivos elaborados e aprovados, o órgão decidiu fazer nova licitação da obra, sem que fossem alteradas quaisquer características do objeto. A opção pelo uso do RDC foi apresentada na página 46 do Edital 165/2013, nos seguintes termos: "O art. 13 da Lei nº 12.462/2011 e o art. 8º, II c/c art. 13, do Decreto nº. 7.581/2011 informam que as licitações deverão ser realizadas preferencialmente sob a forma eletrônica, porém, este DNIT não possui ainda ferramentas de informática que permitam a realização deste procedimento. Considerando que a Lei do RDC inseriu a modalidade de Contratação Integrada, entendeu este DNIT que com tal modalidade a efetiva contratação das Obras de Duplicação da Rodovia BR-381/MG (Norte), incluindo Melhoramentos para Adequação de Capacidade e Segurança será viabilizada, pois será permitido ao Contratado definir o melhor método construtivo. Por meio da contratação integrada o DNIT espera obter soluções técnicas inovadoras que reduzam o prazo de execução das obras e os custos diretos do empreendimento, bem como os custos de operação do segmento, com retorno econômico imediato à região. O Decreto que regulamenta o RDC estabelece um elenco de procedimentos a ser seguido pela Administração Pública, a fim de que esta possa definir, de modo preciso e satisfatório, as condições da disputa e do contrato a ser executado. Alguns itens foram significativos para escolha da modalidade: - Busca por maior simplificação, celeridade, transparência e eficiência nos procedimentos para dispêndio de recursos públicos; - Aproximar as contratações públicas das sistemáticas utilizadas no Setor Privado.

17 - Compartilhamento do Risco do Empreendimento" (grifo nosso). Dispõe a Lei 12.462/2011, que instituiu o RDC, em seu art. 1º, 1º, que o RDC tem por objetivos: "I - ampliar a eficiência nas contratações públicas e a competitividade entre os licitantes; II - promover a troca de experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o setor público; III - incentivar a inovação tecnológica; e IV - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública". Nesse contexto, traz-se a reflexão sobre a adequabilidade da utilização desse regime licitatório para essa obra rodoviária, em especial na modalidade de contratação integrada. Prescreve a Lei 12.462/2011: "Art. 9º Nas licitações de obras e serviços de engenharia, no âmbito do RDC, poderá ser utilizada a contratação integrada, desde que técnica e economicamente justificada. (grifo nosso) 1º A contratação integrada compreende a elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de testes, a préoperação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto. (...) Art. 20. No julgamento pela melhor combinação de técnica e preço, deverão ser avaliadas e ponderadas as propostas técnicas e de preço apresentadas pelos licitantes, mediante a utilização de parâmetros objetivos obrigatoriamente inseridos no instrumento convocatório. 1º O critério de julgamento a que se refere o caput deste artigo será utilizado quando a avaliação e a ponderação da qualidade técnica das propostas que superarem os requisitos mínimos estabelecidos no instrumento convocatório forem relevantes aos fins pretendidos pela administração pública, e destinar-se-á exclusivamente a objetos:

18 I - de natureza predominantemente intelectual e de inovação tecnológica ou técnica; ou II - que possam ser executados com diferentes metodologias ou tecnologias de domínio restrito no mercado, pontuando-se as vantagens e qualidades que eventualmente forem oferecidas para cada produto ou solução" (grifos nossos). Da transcrição anterior, não foi possível verificar no edital, justificativa consistente abordando os aspectos técnicos e econômicos a embasar a adoção da modalidade de contratação integrada. Apesar de a Lei 12.462/2011, no 1º do art. 8º, prever que a adoção do regime de contratação integrada é preferencial para serviços e obras de engenharia, ao lado dos regimes de empreitada integral e por preço global, a inteligência da norma leva a depreender, de acordo com o art. 9º c/c art. 20 da referida lei, que a adoção da contratação integrada teria caráter excepcional, já que afirma que poderá ser utilizada, desde que atenda os requisitos propostos. O fato de o contratado passar a se responsabilizar também pela elaboração dos projetos caracteriza-se como a diferença básica entre esse regime e os demais constantes da Lei de Licitações e Contratos. Além disso, deve ser considerado o disposto no art. 20 da Lei 12.462/2011 como contorno, também, dos objetos a serem licitados pelo regime de contratação integrada. Dessa forma, outros elementos da obra ou serviço de engenharia devem estar presentes para consubstanciar a vantagem do novo instituto, em detrimento das outras preferências (regimes global e integral). Ressalta-se que, no item 2.2 do Anexo I do edital, o Dnit, ao justificar a opção pelo uso do RDC na modalidade de contratação integrada, relata que espera obter soluções técnicas inovadoras que possam reduzir o prazo das obras e os custos do empreendimento, bem como os custos de operação do segmento. Porém, essa justificativa, na verdade se trata de uma mera expectativa, já que o termo "espera" carrega sentido de incerteza, carecendo de demonstração de que tal modalidade de contratação traria melhor solução técnica ou que ela venha a ser efetivamente mais econômica para a obra da BR-381/MG, especificamente. Dessa forma, não ficou demonstrado que outras modalidades de contratação, previstas no RDC ou na Lei 8.666/93 não propiciariam essas mesmas vantagens buscadas pelo Dnit. Ademais, deve-se considerar que para este empreendimento já havia um projeto executivo, que custou R$ 23.841.750,37 aos cofres públicos, com razoável grau de detalhamento, contando com soluções que tinham por objetivo atingir maior vida útil do que se fossem colocadas soluções de projeto convencionais. Deve-se considerar também que tais soluções, previstas no projeto, são consequentemente mais onerosas, o que se reflete diretamente na definição do custo do empreendimento. No caso da obra da BR-381/MG, a responsabilidade pela sua posterior manutenção e a sua operação após sua entrega caberá ao Poder Público. Segundo o doutrinador Maurício Portugal Ribeiro (em Regime Diferenciado de Contratação, 2012, editora Atlas), implicitamente, há incentivo para que o contratado pela Administração utilize materiais, ou insumos diferentes do previsto, com qualidade mais baixa do que o esperado com o objetivo de baratear os seus custos, maximizando assim a sua lucratividade no contrato da obra. E é justamente, em vista desse risco (o de obras realizadas com

19 qualidade inferior ao esperado), que o RDC estabeleceu a contratação integrada como algo excepcional: que só pode ser utilizada quando técnica e economicamente justificável. Ainda de acordo com o doutrinador, a respeito da contratação integrada, a única forma de proteger o Poder Público adequadamente contra a delegação ao contratado de decisões importantes sobre o projeto da obra é transferir ao contratado a responsabilidade por cuidar da obra por prazos longos (pelo menos quatro a cinco anos). Afirma ainda, o autor, que a contratação integrada será técnica e economicamente justificável quando for transferida ao contratado da obra a responsabilidade de implantá-la, em conjunto com a responsabilidade de operá-la e mantê-la. Isso porque, segundo ele, somente nesse caso a contratação integrada estaria inserida em um contexto de incentivos para a produção de ganhos de eficiência no cumprimento adequado do contrato, evitando o subinvestimento na qualidade da obra a ser entregue ao Poder Público. Outro ponto, que deveria ser levado em conta pela Autarquia na adoção da contratação integrada, e desse modo caracterizar uma vantagem técnica de se licitar por esse regime, refere-se ao julgamento das propostas técnicas. Não obstante o órgão justificar que espera obter soluções técnicas inovadoras que reduzam o prazo de execução das obras e os custos diretos do empreendimento, bem como os custos de operação do segmento, com retorno econômico imediato à região, essas alternativas de soluções técnicas não foram objeto de pontuação. Concederam-se pontos, somente, para a experiência das contratadas e seus responsáveis técnicos, mas não para as soluções em si - essas, sim, capazes de render outras vantagens que não somente o preço. Preescreve o art. 9º, 3º, da Lei 12.462/2011: " 3º Caso seja permitida no anteprojeto de engenharia a apresentação de projetos com metodologias diferenciadas de execução, o instrumento convocatório estabelecerá critérios objetivos para avaliação e julgamento das propostas". Dessa forma, e consoante com o que foi transcrito acima, esses critérios podem ser de qualidade, produtividade, rendimento, durabilidade, segurança, prazo de entrega, economia ou outro benefício objetivamente mensurável, a ser necessariamente considerado nos critérios de julgamento do certame. A coerência com a lógica do regime impõe essa valoração, à época do julgamento. Portanto, não ficou demonstrada a viabilidade e a utilidade técnica de atribuir ao particular a elaboração dos projetos básicos e executivos. Ademais, esses já foram elaborados por projetistas especializadas, tendo demandado dois anos de trabalho, prazo muito superior ao estabelecido para a empresa que for contratada para execução da obra e não menos importante, é o fato de os projetos já foram devidamente pagos pela Administração. Diante disso, entende-se que faltam justificativas consistentes para se alterar o regime de execução inicialmente proposto, cuja licitação já continha projeto executivo aprovado para uma licitação por contratação integrada. Isto faz com que a Administração arque com mais custos para elaboração de projetos, fato que está em desacordo com o princípio constitucional da economicidade e também, será despendido mais prazo para se analisarem novos projetos básico e executivo para os onze lotes do empreendimento, e, ainda, haverá o risco de não se ter a mesma qualidade esperada de um projeto já

20 aprovado, o qual foi analisado pelas unidades técnicas da Autarquia, segundo informação da Diretoria de Planejamento e Pesquisa do Dnit, em afronta ao princípio constitucional da eficiência na Administração Pública. a.3) Ofensa ao tratamento isonômico entre os participantes da licitação e contradições entre o disposto no edital e o caderno de perguntas e respostas Verificou-se que a Coordenação Geral de Cadastro e Licitações do Dnit, no 1º Caderno de Perguntas e Respostas do Edital 165/2013 (Evidência 17), ao se pronunciar sobre o questionamento de um licitante, admitiu não haver impedimento para que quaisquer das empresas de consultoria que elaboraram os projetos executivos, agora, transformados em anteprojetos, pudessem vir a associar-se a outras empresas, com vistas a constituir consórcios para participação da licitação de que trata o referido edital. Oportuno apresentar um breve histórico acerca do empreendimento relativo às obras de adequação da BR-381/MG. Inicialmente, esses segmentos foram levados à licitação por meio do RDC no regime de execução por preço global, em dois editais: Edital 654/2012, o qual abrangia os Lotes 3.1, 3.2, 3.3, 4, 6 e 8A (Evidência 18), e Edital 791/2012, que abrangia os Lotes 1, 2, 5 e 8B (Evidência 19). Nessa concepção, as obras seriam licitadas com os projetos executivos de engenharia elaborados por empresas contratadas para tal, com todos os elementos e detalhes suficientes para caracterizar os serviços necessários à execução das obras, inclusive o orçamento detalhado da obra, que no âmbito do RDC por preço global deve ser sigiloso. A elaboração de tais projetos decorreu de concorrência pública, realizada com base no Edital 396/08-06 (Evidência 21), e teve como resultado a seguinte configuração: - Lote 1: Strata Engenharia Ltda. (R$ 2.031.135,05) - Lote 2: Strata Engenharia Ltda. (R$ 2.410.832,03) - Lote 3.1, Lote 3.2 e Lote 3.3: Enecon S.A. (R$ 4.951.975,04) - Lote 4: Consórcio Contécnica/Prodec (R$ 2.009.448,71) - Lote 5: JBR Engenharia Ltda. (R$ 1.622.816,32) - Lote 6: Consórcio Consol/Sotepa (R$ 3.642.998,31) - Lote 7: Consórcio Engesolo/Planex (R$ 3.923.364,68) - Lote 8A e Lote 8B: Ecoplan Engenharia Ltda. (R$ 3.249.180,23) Com essa contratação das empresas projetistas para as obras da BR-381/MG foram gastos R$ 23.841.750,37, a valores iniciais (Resultado final da licitação do edital 396/08-06 - Evidência 20), para a elaboração dos projetos nos onze lotes da rodovia. Posteriormente, as licitações dos editais 654/2012 e 791/2012 das obras de duplicação da BR-381/MG foram revogadas pelo Dnit. Em seguida, a Autarquia publicou o Edital 165/2013, o qual contempla os

21 onze lotes da BR-381/MG e cujo objeto é o mesmo, para cada um dos lotes, dos dois editais anteriormente revogados. Porém, para este novo edital o regime de execução foi o de contratação integrada. Como nessa modalidade a empresa vencedora é responsável pela elaboração e desenvolvimento dos projetos básicos e executivos da obra, o órgão passou a considerar os projetos executivos aprovados, como anteprojetos da nova licitação, os quais deverão balizar a elaboração de novos projetos básicos e executivos que serão, nos termos do edital, objeto de aceitação pelo Dnit. Dessa forma, a Autarquia simplesmente atribuiu nova denominação aos projetos executivos existentes para que estes se adequassem à modalidade de contratação integrada, a qual preconiza que as licitações sejam realizadas com anteprojeto de engenharia. Assim, para a nova licitação das obras da BR- 381/MG, no regime de execução por contratação integrada, o Dnit utilizou os mesmos projetos e orçamentos, elaborados pelos projetista, das empresas de consultoria, para as licitações anteriores, os quais são parte integrante do Edital 165/2013 em seu Anexo III - Anteprojeto de Engenharia. Embora o presidente da Comissão Especial de Licitação tenha afirmado, no 1º caderno de perguntas e respostas, que o Dnit não licitou a elaboração do anteprojeto, cuja confecção foi de autoria da sua competente equipe técnica, tal declaração vai de encontro à documentação integrante do próprio processo licitatório e também às informações repassadas à equipe de auditoria do TCU. Apesar de haver no edital, em seu Anexo I, um documento também chamado de Anteprojeto, assinado por servidores do Dnit, o documento é um mero Termo de Referência que define os requisitos e condições necessários à execução do contrato e, assim, subsidia elaboração das propostas dos licitantes, ao passo que os anteprojetos de engenharia propriamente ditos fazem parte do Anexo III. Frisa-se que nos anteprojetos de engenharia, parte integrante do edital de licitação, constam as informações das empresas que os elaboraram, inclusive a Anotação de Responsabilidade Técnica dos seus autores junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia - CREA. Cabe também destacar que o próprio edital, no item 4.2.9.1.1, veda a participação direta ou indireta nas licitações da pessoa física ou jurídica que elaborou o anteprojeto de engenharia. Bem, a Lei 12.462 de 5/8/2011 trata do tema conforme transcrito abaixo: "Art. 36. É vedada a participação direta ou indireta nas licitações de que trata esta Lei: I - da pessoa física ou jurídica que elaborar o projeto básico ou executivo correspondente; II - da pessoa jurídica que participar de consórcio responsável pela elaboração do projeto básico ou executivo correspondente; III - da pessoa jurídica da qual o autor do projeto básico ou executivo seja administrador, sócio com mais de 5% (cinco por cento) do capital votante, controlador, gerente, responsável técnico ou subcontratado; ou