Textos originais, revisados pelos membros do conselho editorial. O Editor Científico



Documentos relacionados
A escola para todos: uma reflexão necessária

A INFORMÁTICA E O ENSINO DA MATEMÁTICA

Consumidor e produtor devem estar

DE ARTIGO CIENTÍFICO

Interpretação do art. 966 do novo Código Civil

Portal do Projeto Tempo de Ser

TÉCNICAS DE PROGRAMAÇÃO

O Planejamento Participativo

OBJETIVO VISÃO GERAL SUAS ANOTAÇÕES

Organização em Enfermagem

UNIÃO EDUCACIONAL DO NORTE UNINORTE AUTOR (ES) AUTOR (ES) TÍTULO DO PROJETO

MANUAL DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR TI - INTEGRADOR FAN CEUNSP

ORGANIZAÇÃO DE COMPUTADORES MÓDULO 1

Coesão e Coerência no Texto Jurídico: Reflexões para uma Comunicação mais eficiente

TIPOS DE REUNIÕES. Mariangela de Paiva Oliveira. As pessoas se encontram em diferentes âmbitos:

Coleta de Dados: a) Questionário

Curso: Diagnóstico Comunitário Participativo.

PESQUISA EM INFORMÁTICA -ESTILOS DE PESQUISA EM COMPUTAÇÃO. Prof. Angelo Augusto Frozza, M.Sc.

PREVISÃO DE DEMANDA - O QUE PREVISÃO DE DEMANDA - TIPOS E TÉCNICAS DE PREVISÃO DE DEMANDA - MÉTODOS DE PREVISÃO - EXERCÍCIOS

CADERNOS DE INFORMÁTICA Nº 1. Fundamentos de Informática I - Word Sumário

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

Roteiro para autores

COMO ESTUDAR 1. Nereide Saviani 2

NÃO ESQUEÇA AS FONTES

Módulo 9 A Avaliação de Desempenho faz parte do subsistema de aplicação de recursos humanos.

III SEMINÁRIO EM PROL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Desafios Educacionais

Administração de Pessoas

A SEGUIR ALGUMAS DICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO CIENTÍFICO

PARADOXO DA REALIZAÇÃO DE TRABALHO PELA FORÇA MAGNÉTICA

WebQualis 3.0 MANUAL CAPES/MEC. Diretoria de Avaliação - DAV

AS PROFISSÕES DE CONTADOR, ECONOMISTA E ADMINISTRADOR: O QUE FAZEM E ONDE TRABALHAM

Manual de Estágio Supervisionado

1 COMO ENCAMINHAR UMA PESQUISA 1.1 QUE É PESQUISA

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO Introdução Mídias na educação

Permitir a troca de mensagens de texto entre os dois alunos; Permitir que um aluno enviasse para o outro uma cópia de prova;

Diretrizes para Autores

Maurício Piragino /Xixo Escola de Governo de São Paulo.

Este artigo abaixo foi produzido originalmente para a Network Core Wiki. Reproduzo-a aqui na íntegra. Publicado originalmente em 07/12/2007.

Guia de utilização da notação BPMN

análisederisco empresarial

Gerenciamento de Projetos Modulo II Clico de Vida e Organização

Preparação do Trabalho de Pesquisa

COMO COMEÇAR 2016 se organizando?

PRODUTOS DO COMPONENTE Modelo de Gestão Organizacional Formulado e Regulamentado

Exercícios Teóricos Resolvidos

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

PROGRAMA: GRAVIDEZ SAUDÁVEL, PARTO HUMANIZADO

Aula 4 Estatística Conceitos básicos

QUALIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE PESSOAL EM CORROSÃO E PROTEÇÃO

Gerenciamento da Integração (PMBoK 5ª ed.)

1. INTRODUÇÃO. Espero que faça um bom proveito do conteúdo e que, de alguma forma, este e-book facilite a sua decisão de adquirir um planejamento.

Módulo 6 Cultura organizacional, Liderança e Motivação

ITIL v3 - Operação de Serviço - Parte 1

NOTA TÉCNICA N.º 01 /DMSC/DSST/SIT Brasília, 14 de janeiro de 2005.

ALTERNATIVAS APRESENTADAS PELOS PROFESSORES PARA O TRABALHO COM A LEITURA EM SALA DE AULA

PROCEDIMENTOS PARA ORGANIZAÇÃO E ENTREGA DE DOCUMENTOS NOVOS

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

FORMAÇÃO DE JOGADORES NO FUTEBOL BRASILEIRO PRECISAMOS MELHORAR O PROCESSO? OUTUBRO / 2013

Implementando uma Classe e Criando Objetos a partir dela

Aula 8 ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA. Weverton Santos de Jesus João Paulo Mendonça Lima

INFORMÁTICA BÁSICA. Word. Professor: Enir da Silva Fonseca

Hábito e Estudo: Uma Parceria que DáD. Certo. Marcia Neves Gago Rodrigues CRP 06/5233

Objetivo: descrever como abrir uma solicitação de suporte técnico através da internet.

Nós o Tempo e a Qualidade de Vida.

1. Explicando Roteamento um exemplo prático. Através da análise de uns exemplos simples será possível compreender como o roteamento funciona.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA N. 15/2014 TÓPICO DE ESTUDO: PLANO DE TRABALHO/PLANO DE AÇÃO OS SENTIDOS E AS RAZÕES! 1 INICIANDO...

DISCIPLINAS ON-LINE GUIA DO ALUNO GRADUAÇÕES

1Ò&/(2'(('8&$d 2$',67Æ1&,$1($' PROCEDIMENTOS PARA DISCIPLINAS A DISTÂNCIA MANUAL DO ALUNO

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Bacharelado em Sistemas de Informação Trabalho de Diplomação

Brasil. 5 O Direito à Convivência Familiar e Comunitária: Os abrigos para crianças e adolescentes no

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO DA SMS-RIO

O guia completo para uma presença. online IMBATÍVEL!

PLANEJAMENTO OPERACIONAL - MARKETING E PRODUÇÃO MÓDULO 11 PESQUISA DE MERCADO

Título do Case: Diversidades que renovam, transformando novas realidades

PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA INTERNA

O PSICÓLOGO (A) E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ¹ RESUMO

Sobre o Sistema FiliaWEB

Escola de Contas Públicas Tribunal de Contas do Estado de São Paulo

Curso em Sistema de Editoração Eletrônica de Revistas (SEER) - Tutorial Editores/Editores de Seção

Soma dos direitos creditórios R$ ,00 Diferencial (ou deságio) (R$ 4.000,00) Ad Valorem (R$ 500,00) IOF (R$ 500,00) Valor líquido R$ 95.

O termo compliance é originário do verbo, em inglês, to comply, e significa estar em conformidade com regras, normas e procedimentos.

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

08/05/2009. Cursos Superiores de. Prof.: Fernando Hadad Zaidan. Disciplina: PIP - Projeto Integrador de Pesquisa. Objetivos gerais e específicos

Mantis. Solicitando suporte. Manual do Cliente

Faculdade de Educação, Ciências e Letras D O N D O M Ê N I C O

Projeto - por que não se arriscar com um trabalho diferente?

Preencha a ficha de cadastro no final deste livro e receba gratuitamente informações sobre os lançamentos e as promoções da Elsevier.

Processos de gerenciamento de projetos em um projeto

MANUAL DE UTILIZAÇÃO. Produtos: Saúde Pró Faturamento Saúde Pró Upload. Versão:

Um jogo de preencher casas

IPTU: RECLAMAÇÃO E REVISÃO DO LANÇAMENTO

Estruturando o Pré Projeto

Esta é uma história sobre 4 (quatro) pessoas: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.

COMO FUNCIONA NOSSA CONSULTORIA DE MARKETING DIGITAL ESPECIALIZADA EM VENDAS ONLINE

Disciplina: Alfabetização

Transcrição:

São Bern@rdo.com.br Revista Acadêmica do Grupo Comunicacional de São Bernardo www.metodista.br/unesco/gcsb/index.htm Ano 1 - nº 1 - (janeiro/junho de 2004) Textos originais, revisados pelos membros do conselho editorial O Editor Científico Waldemar Luiz Kunsch* (Universidade Metodista de São Paulo - Brasil) Resumo Introdução Preparação de originais Revisão de texto Normalização editorial e científica O editor científico Referências bibliográficas Resumo Os editores de revistas científicas lidam com sua estrutura e seu funcionamento. Mas, muitas vezes, não atentam devidamente para o que diz respeito aos textos a serem inseridos na publicação. Uma vez acolhidos pelo conselho editorial, estes, freqüentemente, costumam receber apenas uma ligeira revisão e pequenas adequações. É preciso, em função da "unidade" da revista, ter mais cuidado com os textos, que freqüentemente apresentam grandes diferenças de estilo e de procedimento por parte dos respectivos autores. Deve-se dar mais atenção à "preparação de originais", no que se refere não apenas à "técnica", mas também ao "conteúdo". Trata-se muito mais do que uma mera "revisão de texto". É necessário fazer uma "normalização dos originais", tanto no aspecto "editorial" quanto no "científico". Palavras-chave: Revista científica Editor científico Editor de texto Revisão Normalização.

Introdução O "editor" deve envolver-se, antes de qualquer coisa, com a estrutura e o funcionamento de uma revista científica. Missão, visão e valores. Padrão, formato, tamanho, periodicidade. Seções e agenda. Corpo editorial. Comitê editorial, cujos componentes coordenam dossiês ligados a diferentes linhas temáticas. Conselho editorial ou de referees, formado por pesquisadores externos à instituição, reconhecidos por sua maturidade acadêmica. Regras estipuladas por órgãos normalizadores. Indexação nacional e internacional. Qualidade, visibilidade, credibilidade, acessibilidade e sustentabilidade da publicação. Tudo isso está entre as macro-funções de quem chamaríamos de "editor executivo". Mas o que desejamos focar neste artigo são os aspectos "textuais-normativos" reservados ao profissional que denominamos "editor científico" ou "editor de texto". Preparação de originais Sabemos que a evolução da universidade e o aperfeiçoamento dos pesquisadores trouxeram consigo o progresso das ciências, letras e artes, através da pesquisa. O aumento da produção científica obrigou os transmissores de idéias a obedecer a determinados procedimentos de organização e normalização. Surgiu, assim, a editoração científica, para permitir aos pesquisadores apresentarem textos escritos dentro de normas. É claro que, segundo Cláudio de Moura Castro (1976, p. VIII), "não será apenas a obediência a essas regras que vai garantir sequer um mínimo de mérito ou valor a qualquer publicação. O seu valor está necessariamente no conteúdo, na importância da informação oferecida. Contudo, tratando-se de trabalho científico, a eficiência da comunicação depende da aderência a critérios de padronização". Vale notar aqui a diferença entre "contexto de descoberta" e "contexto de apresentação". A princípio, um autor se dedica a "pensar" e, quando sente que as idéias estão arrumadas, procura "apresentá-las" aos outros. Quer dizer, existe o "estilo do pesquisador". Mas deve existir também uma "ortografia do pesquisador". Não se trata só da correção de acentos, pontuação, concordâncias. Mas também da "ortografia" num sentido mais amplo, envolvendo normas, que, por mais desagradável que seja o seu aprendizado, são especialmente úteis em ciência. Trata-se aqui da organização dos capítulos, da disposição da matéria segundo um roteiro predeterminado, da exposição das idéias, das referências bibliográficas, das notas de rodapé, das ilustrações etc. A experiência mostra que são os trechos iniciais de um texto que mais carecem de revisão e, também, de burilamento. Uma introdução mal feita afugenta o leitor bem intencionado. Outras vezes são os títulos e entretítulos que não estão bem arquitetados ou não têm nexo com o desenvolvimento da matéria, denotando um texto de construção deficiente. Às vezes há passagens deslocadas ou mal formuladas, que podem ser reposicionadas ou copidescadas. Ninguém ignora que, por mais que se ensinem técnicas de redação e metodologia científica, sempre há autores, em nível não só de iniciação científica, mas também de mestrado, doutorado e pós-doutorado, que, infelizmente, nem sempre conseguem fazer uma boa apresentação do que pensaram, estruturar bem o seu trabalho, escrever corretamente. E é aqui que o editor científico passa a exercer um papel de relevância.

Ressalte-se, desde já, que nem todos os textos submetidos ao editor são "problemáticos". Muitos lhe dão pouca preocupação. Por outro lado, não faltam aqueles que, pela deficiência na abordagem do tema, na argumentação, na metodologia e na redação, serão recusados se não passarem por um burilamento por parte dos autores. E há, ainda, aqueles que, embora mal apresentados, criando até mesmo dificuldades para os próprios autores, no que se refere, por exemplo, à disparidade de citações incompletas e referências não-localizáveis, podem ser melhorados pelo editor, em conjunto com os autores, o que hoje se vê muito facilitado com o correio eletrônico. Um autor apresenta seu original para ser publicado e este é aceito pelo conselho editorial de uma revista. Vamos simplesmente mandar o original para o paginador, junto com outros originais, entre os quais costuma haver grandes diferenças de estilo e de método? É o que acontece com muitos textos publicados, nos quais se percebe que foram feitas tãosomente uma revisão sumária e algumas unificações mínimas e nada mais. Ou seja, se a editora não tem quem faça a editoração dos textos, estes saem publicados praticamente como foram encaminhados. Cremos que se trata de um procedimento equivocado. Os resultados são facilmente percebidos pelo leitor, quando não se precisa chegar ao cúmulo de imprimir folhas com "erratas", que, no mais, só apontarão erros gritantes. Fazer a editoração científica de uma revista não é tão simples como pode parecer. O objetivo é obter um trabalho bem organizado, que só se valorizará com sua coerência em termos de redação e metodologia, o que constitui para o documento original fator condicionante de maior aceitação pelo público. Em suma, o que se deve buscar é uma apresentação unificada quanto à forma extrínseca e intrínseca do original (cf. Dória, p. 31). Trata-se de uma tarefa complexa quando se considera que uma revista é formada por uma coletânea de textos de diferentes autores, cada um dos quais com suas peculiaridades e, eventualmente, com um determinado tipo de problema. "Editoração", no processo de comunicação escrita, significa preparar originais para publicação, não apenas tecnicamente, mas também quanto ao conteúdo. No caso de uma revista, trata-se de "preparar os originais" que compõem determinada edição cada original isoladamente, assim como todos os originais entre si. Para tanto, duas coisas entram em consideração, segundo Ivani Kotait (p. 12-13) e Antônio Houaiss (1975a/b): a revisão e a normalização. A revisão liga-se com a correção da gramática e do texto. Observa-se, comumente, que a grande dificuldade na transmissão da informação é devida quase que exclusivamente à falta de conhecimento da gramática e de técnicas de redação. A normalização diz respeito às regras científicas e da própria editora, abrangendo do artigo à monografia. Nem sempre uma editora tem pessoal capacitado para editorar trabalhos científicos, o que envolve domínio da língua, adoção de um "manual de estilo", posse de uma ampla cultura geral, conhecimento de normas, zelo pela qualidade, uma boa dose de paciência e muita diplomacia. Uma coisa é certa: se, como diz Severino (1978, apud Kotait, p. 13), não se admite a elaboração de um trabalho científico "ao sabor da inspiração intuitiva e espontânea, sem que se obedeça a um planejamento e à aplicação de um método", o mesmo vale, a nosso ver, para o editor científico. Revisão de texto A revisão começa com o próprio autor. Escrever implica reescrever um texto quantas vezes for necessário, como faziam os grandes escritores do tempo do lápis e da borracha ou das velhas máquinas de escrever. Muita coisa se modifica no curso das versões sucessivamente melhoradas. Mesmo assim, o editor deve revisar os textos. Ante um erro ou uma ambigüidade, o leitor não saberá se se trata de uma revisão que deixou de ser feita ou de uma falha no raciocínio ou nos procedimentos do autor. Segundo Castro (op. cit.), "um trabalho medíocre não passará a ser bom na fase de revisão; mas um trabalho, por excelente que seja, não sobrevive a uma revisão descuidada".

Como se pode ver, "revisão" não é tão-somente uma questão de corrigir falhas de ortografia ou concordância, mas também de burilamento da estrutura e da exposição. Erros de concordância, regência, colocação e pontuação podem ser corrigidos impunemente, sem que a substância da mensagem seja modificada. No caso de "infrações textuais", que podem acontecer por descuido do autor ou, por outro lado, em razão de um especial domínio do idioma por parte dele, é preciso muito cuidado com a revisão. O fato é que deve ser preservada a autenticidade e a fidedignidade do original. Por isso, é preciso consultar o autor para saber se as alterações com vistas a uma melhor formulação do original não agridem a substância da mensagem que ele tem em mente, principalmente no caso de passagens obscuras. O perigo a evitar é que, não sendo o preparador um bom conhecedor da matéria, se subverta, altere ou mesmo inverta o sentido de trechos ou, ainda, se provoque uma matização não desejada pelo autor (cf. Houaiss, 1975a, p. 63). Enfim, principalmente em casos mais críticos, o que se faz necessário é que sempre haja um diálogo entre o preparador de texto e o autor. Normalização editorial e científica O editor científico deve preocupar-se com a normalização editorial dos textos de cada texto isoladamente e do conjunto de originais. Presume-se que toda editora proceda a uma normalização dos textos que aceita para publicação. Para isso ela geralmente tem ou deveria ter seu "manual de estilo", que leva em consideração aspectos como os que se ligam à apresentação organizada dos originais, à estrutura do texto, à numeração ou não da entretitulação, ao uso de maiúsculas e minúsculas, à formatação, à tipologia a ser empregada, ao emprego de italics, negritos ou sublinhados etc. Mas o editor deve envolver-se também com a normalização científica dos textos. É preciso controlar a adoção correta de regras estabelecidas, com relação ao texto, pelas instituições normativas, como, entre nós, uma Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou uma Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Estamos lidando com textos que são diferentes dos textos opinativos, interpretativos ou de entretenimento das revistas de interesse geral, informativas ou de interesse específico do campo da grande-imprensa. Trata-se aqui de revistas especializadas e, mais concretamente, de revistas científicas, voltadas para discussões universitárias e de institutos de pesquisa. Exceto em seções especiais como as de registros de eventos, notícias, notas e informações ou mesmo de memórias, os demais textos têm a apresentação característica do trabalho científico, representado por artigos analíticos, resenhas, comentários, relatos de pesquisas etc. Se, como dissemos, grande parte dos autores tem dificuldade em construir um trabalho plenamente correto, cabe ao editor levar a efeito a necessária normalização, sempre mantendo um diálogo com o autor para resolver dúvidas, promover esclarecimentos e complementações etc. O editor científico É este, a nosso ver, o papel de um "editor científico". Que é muito mais do que apenas um "revisor", mesmo que se veja neste mais do que um simples detectador de erros ortográficos ou tipográficos. É assim que exercemos a tarefa de "editoração científica" na revista Comunicação & Sociedade, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo. É uma filosofia e política de trabalho que adotamos também em coletâneas de ciências da comunicação. As revistas científicas, aliás, até mesmo pelo formato muito comum na

área, assumem muitas características de uma coletânea, especialmente quando se trata de revistas temáticas, com dossiês planejados. Com esse procedimento, todos têm a ganhar. Tanto documentaristas, bibliotecários e responsáveis por editoras, quanto os próprios autores e, sobretudo, o campo científico e a produção por ele gerada. Referências bibliográficas CASTRO, Cláudio de Moura. Estrutura e apresentação de publicações científicas. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1976. DÓRIA, Irene de Menezes. Apresentação de originais. In: MAGALHÃES, Aluísio et al. Editoração hoje. Rio de Janeiro: FGV, 1975. p. 29-57. HOUAISS, Antônio. Preparação de originais I. In: MAGALHÃES, Aluísio et al. Editoração hoje. Rio de Janeiro: FGV, 1975a. p. 59-79. HOUAISS, Antônio. Preparação de originais II. In: MAGALHÃES, Aluísio et al. Editoração hoje. Rio de Janeiro: FGV, 1975b. p. 81-92. KOTAIT, Ivani. Editoração científica. São Paulo: Ática, 1981. * Jornalista, relações-públicas e filósofo. Foi editor de diversas publicações setoriais (culturais e comerciais). É editor-adjunto da revista científica Comunicação & Sociedade, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, além de editor de Relações Públicas e editor de texto da revista Estudos de Jornalismo e Relações Públicas, da Faculdade de Jornalismo e Relações Públicas da mesma instituição. Editou uma série de coletâneas de Comunicação Social. E.mail: wlkunsch@uol.com.br.