UMA REFLEXÃO SOBRE METODOLOGIAS INOVADORAS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA

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Transcrição:

UMA REFLEXÃO SOBRE METODOLOGIAS INOVADORAS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA Ana Beatriz Fróes de Mendonça dos Santos 1 Michele Barth Maggi 2 RESUMO: O presente artigo visa proporcionar ao leitor uma reflexão sobre metodologias inovadoras no ensino da Língua Inglesa, visto que os métodos tradicionais que as escolas insistem em utilizar encontram-se descontextualizados com a realidade dos alunos que evoluíram nos aspectos cognitivos e comportamentais. Para tal, necessário se faz entender como a Língua Inglesa está inserida na matriz escolar e através dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira é possível identificar algumas orientações válidas para o ensino da língua como, também, algumas considerações a serem atualizadas, partindo-se do princípio que os documentos referentes ao ensino fundamental e médio possuem, respectivamente, 19 e 15 anos de existência. Em seguida, serão abordados alguns aspectos sobre o processo de ensino-aprendizagem, bem como a importância da escolha dos recursos a serem utilizados em sala de aula. Os Blogs e os Webquests são duas das ferramentas comunicativas escolhidas para a aplicação de metodologias inovadoras que tem como base a internet. Por fim, a metodologia de pesquisa foi majoritariamente a revisão bibliográfica, com referências a livros, revistas, artigos e publicações eletrônicas. Palavras-chave: Metodologias inovadoras; Língua Inglesa; Ensino-aprendizagem; Internet. ABSTRACT This article aims to provide the reader with a reflection on innovative methodologies in the teaching of the English language, since the traditional methods that the schools insist on using are decontextualized with the reality of the students who evolved in the cognitive and behavioral aspects. To do this, it is necessary to understand how the English Language is inserted in the school schedule and through the National Curriculum Parameters of Foreign Language it is possible to identify some valid guidelines for the teaching of the language as well as some considerations to be updated, starting from the principle that the documents referring to primary and secondary education are respectively 19 and 15 years old. Then, some aspects about the teaching-learning process will be addressed, as well as the importance of the choice of resources to be used in the classroom. Blogs and Webquests are two of the communicative tools chosen for the application of innovative, internet-based methodologies. Finally, the research methodology was mostly the bibliographical review, with references to books, magazines, articles and electronic publications. Keywords: Innovative methodologies; English Language; Teaching-learning; Internet. 1 Aluna de letras ana_fut9@hotmail.com 2 Professora UNIVAG

INTRODUÇÃO Ao recordar-me da minha trajetória como aluna nas aulas de língua Inglesa do ensino fundamental, notei uma insistência, quase que obrigatória, em refazer exercícios frasais voltados à gramática, sem levar em conta o contexto em que foram utilizadas tais frases aleatórias. Dessa forma, tornava-se uma aula descontextualizada que resultava em um consequente desinteresse pela disciplina em questão. Após exatos treze anos, ao tornar-me estagiária no ensino de Língua Inglesa no 9ºano do ensino fundamental, deparei-me com os repetitivos exercícios gramaticais como única forma de ensino-aprendizagem da Língua Inglesa. Nessa direção, uma reflexão sobre metodologias inovadoras no ensino da Língua Inglesa, faz-se necessária devido à posição alcançada pelo Brasil em exames e provas. Em outras palavras, o Brasil ocupa o 41º lugar em um total de 70 países, o que é demonstrado, na edição 2015 do índice de proficiência em inglês, organizado pela empresa de educação internacional especializada em intercâmbio EF- Education First. Dessa forma, o presente estudo visa, através de uma revisão bibliográfica, não só investigar as potenciais causas para o baixo desempenho, identificando as principais dificuldades referentes ao aprendizado da língua, como também as possíveis alternativas para que se alcance melhores resultados no processo de aprendizagem, propondo aulas mais dinâmicas que sejam voltadas para ações formativas e para realidade cotidiana dos alunos. Antes de mais nada, é necessário que se verifique como a disciplina tem sido inserida na matriz escolar através dos Parâmetros curriculares Nacionais de Língua Estrangeira. 2. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (1998, p.19): A aprendizagem de uma língua estrangeira, juntamente com a língua materna, é um direito de todo cidadão, conforme expresso na Lei de Diretrizes e Bases e na Declaração Universal dos Direitos Lingüísticos, publicada pelo Centro Internacional Escarré para Minorias Étnicas e Nações (Ciemen) e pelo PEN-Club Internacional. Sendo assim, a escola não pode mais se omitir em relação a essa aprendizagem. A reflexão dos PCNs da Língua Estrangeira (LE), mais especificamente de Língua inglesa (LI) no presente artigo, é tarefa obrigatória para qualquer professor da referida Língua,

visto que o documento tem por objetivo ser uma referência para discussões e tomada de posição sobre ensinar e aprender Língua Estrangeira nas escolas brasileiras (1998, p.19). Fato é que o referido documento possui quase vinte anos de existência e encontra-se distante da real necessidade de alunos que evoluíram tanto no aspecto cognitivo quanto no comportamental e trazem consigo um conhecimento de mundo e uma bagagem cultural muito mais vastos do que em qualquer outra época. De acordo com o PCN + Ensino Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais Volume Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (BRASIL, 2002), nos dias de hoje, é impossível conceber um indivíduo que, ao término do ensino médio, prosseguindo ou não sua formação acadêmica, seja incapaz de fazer uso da língua estrangeira em situações da vida contemporânea, nas quais se exige a aquisição de informações, porém o que acontece na realidade de alunos tanto de escolas públicas quanto de privadas é que estes se sentem incapazes de aprender a língua somente através das aulas regulares, reforçando, dessa forma, a enorme importância que ainda tem as instituições especializadas no ensino de línguas. Os documentos supracitados enfatizam a relação entre a língua estrangeira a ser aprendida e a língua materna já adquirida. O discente já domina a sua língua tanto no uso quanto na estrutura e o docente pode fazer uso de suas semelhanças a fim de facilitar a construção do conhecimento e significados da língua estrangeira dentro de um processo sociointeracional, ou seja, enquanto ouvinte, falante, leitor e escritor no mundo social. 2.1 LEI DE DIRETRIZES E BASES (LDB) 9394/96 E A FORMAÇÂO DO PROFESSOR DE LÍNGUA ESTRANGEIRA No mundo globalizado de hoje, sabe-se da importância e do papel que a Língua Inglesa assume não só para fins de comunicação, mas também no âmbito dos negócios, política, comércio, enfim, em todas as esferas sociais. A possibilidade do contato diário com a referida língua, partindo-se do princípio de que o Inglês é a língua mais falada do mundo no que se refere a falantes não nativos, e o acesso fácil às novas informações que chegam todos os dias em velocidade recorde, obrigam o professor de LI a ter uma boa formação e estar constantemente atualizado. Fato é que nem sempre as autoridades responsáveis pela educação deram a devida importância à Língua Inglesa ao ponto de não a incluírem como disciplina obrigatória nas Leis de Diretrizes e Bases de 1961 e de 1971, nessa última presente apenas como recomendação como se pode observar no parecer 853/71 de 12/11/1971:

Não subestimamos a importância crescente que assumem os idiomas no mundo de hoje, que se apequena, mas também não ignoramos a circunstância de que, na maioria de nossas escolas, o seu ensino é feito sem um mínimo de eficácia. Para sublinhar aquela importância, indicamos expressamente a "língua estrangeira moderna" e, para levar em conta esta realidade, fizêmo-la (sic) a título de recomendação, não de obrigatoriedade, e sob as condições de autenticidade que se impõem. A não obrigatoriedade do ensino de Língua inglesa trouxe como consequência a ausência de uma política nacional de ensino de línguas estrangeiras para todo o país; a diminuição drástica da carga horária, chegando a apenas uma aula por semana em várias instituições; e um status inferior ao das disciplinas obrigatórias, pois, em alguns estados, as línguas estrangeiras perdem o "poder" de reprovar. A atual Lei de Diretrizes e Bases n. 9394, de 1996, define a obrigatoriedade de uma língua estrangeira moderna, a ser escolhida pela comunidade escolar, mas, na prática, muito pouco é feito para que ela seja ensinada com sucesso, ou que o profissional responsável por seu ensino tenha uma boa formação. 2.2 ENSINO-APRENDIZAGEM O processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa se encontra, atualmente, fadado pela utilização arcaica e automática de exercícios gramaticais como método de ensino nos quais o aluno não consegue identificar o seu real propósito nem o valor da aplicação prática no seu cotidiano. Nesse sentido, Almeida Filho reflete sobre a importância da escolha de textos, diálogos e exercícios que sejam relevantes para a prática da língua que o aluno reconhece como experiência válida de formação e crescimento intelectual (1993, p.60). Nessa visão, o aluno deve ser visto como alguém que representa e ocupa um ambiente sociocultural específico, fazendo dele um ser social. Dessa forma, segundo Liberali (2009, p.10): Formam-se indivíduos que tem compromisso colaborativo com o mundo e com o outro para atuarem diferentes contextos sociais. Esses sujeitos aprendem a expor suas ideias e a ouvir as dos demais, percebem a possibilidade de buscar as informações que lhes são necessárias e desejam transformar o meio e a si mesmos.

Ainda a respeito do processo de ensino-aprendizagem, Brown afirma que a motivação deve partir do aluno, mas para que ele se sinta motivado a aprender uma segunda língua o professor deve criar o ambiente perfeito (1994, p.160). Dessa forma, é papel do professor ser o grande incentivador, o motivador e que esteja realmente disposto a compartilhar seus saberes, fazendo com que o aluno passe a enxergar as aulas de língua inglesa com outros olhos, aprendendo de fato. Nessa perspectiva Liberali (2009, p.10) afirma que: O foco da educação está na mediação, e o processo de ensino-aprendizagem realiza-se em contextos históricos, sociais e culturais. A produção de conceitos científicos realiza-se na interação com conceitos cotidianos, por meio de tarefas de desafio e descoberta. Alunos constituem-se como participantes da interação, parceiros na zona de construção. Já o professor atua como mediador e par mais experiente no contexto enfocado. Para que haja o aprendizado alguns fatores devem ser levados em conta como, por exemplo, os recursos a serem utilizados na sala de aula, pois, segundo Amorim o simples uso de uma técnica não é um procedimento formativo, nem tem um caráter pedagógico (1998, p.100). Para tal, é necessária a utilização de instrumentos como TVs, aparelhos de som, vídeos e outros recursos que fazem parte do cotidiano do aluno e que auxiliam na representação da realidade e transportam o conteúdo de sala de aula para as práticas cotidianas. Ainda nesse contexto, Holden (2009, p. 21) ressalta que: Ser realista sobre o que é possível não significa que os professores não queiram o melhor para os alunos, ou que não sejam ambiciosos em termos de qualidade e nível de realização. É, antes, uma questão de analisar os recursos disponíveis e determinar como podem ser usados de forma mais proveitosa. E também quando apropriado, uma questão de pleitear mais recursos. A junção dessas duas práticas (ensinar e aprender) é o que move o processo de construção do conhecimento, tanto para o educador quanto para o educando, resultando numa via de mão dupla de busca pela motivação e o prazer que tais tarefas requerem. 3. METODOLOGIAS INOVADORAS NO ENSINO DE LI: O USO DA TECNOLOGIA Nos dias de hoje, a maioria dos alunos tem acesso à internet e é cada vez maior o número de escolas equipadas com computadores. Os alunos do Ensino fundamental e do

Ensino Médio cresceram na presença de computadores, tecnologia digital e internet fazendo parte de suas vidas, o que se tornou tão real para eles como era a televisão para a geração anterior. Porém, não quer dizer que todos têm, necessariamente, um computador em casa e sim, que estão perfeitamente acostumados a utilizá-los para acessar, principalmente, à internet. É grande a quantidade de professores que estão familiarizados com esse mundo digital, seja por meio das redes sociais, de blogs, sites voltados para educação ou por aplicativos de trocas de mensagens entre outros, então por que não utilizá-los em prol de um ensino com uma abordagem comunicativa? Almeida Filho (1998) afirma que: O ensino comunicativo é aquele que organiza as experiências de aprender em termos de atividades relevantes/tarefas de real interesse e/ou necessidade do aluno para que ele se capacite a usar a língua-alvo para realizar ações de verdade na interação com outros falantes-usuários dessa língua. O acesso à comunicação eletrônica permite uma série de possibilidades para reforçar e expandir o que é realizado em sala de aula, dependendo da seleção do professor sobre o que é útil desses recursos em potencial. Os chamados BLOGS (palavra derivada de web-log) são uma excelente ferramenta para o ensino da Língua Inglesa, visto que proporcionam contextos reais para a escrita e a leitura (HOLDEN, 2009, p.84). Nesses contextos reais o aluno (escritor) tem a oportunidade de se comunicar com uma variedade de leitores através de comentários, proporcionando uma interação imediata e estimulante. O professor tem papel fundamental nessa proposta, pois é ele quem dirige e orienta as atividades através de postagens de ideias para tarefa de casa, recomendações de leitura de textos e se propõe a sanar eventuais dúvidas que possam aparecer durante a execução das atividades. Outra ferramenta que contribui para o aprendizado tanto dentro quanto fora da sala de aula são os WEBQUESTS que podem ser definidos como pequenos projetos que utilizam a internet como fonte de pesquisa e são utilizados como extensão de um assunto já introduzido pelo livro didático, inclusive de outras disciplinas, e discutido em sala de aula. Um exemplo de aplicação prática é dividir a turma em grupos e eleger assuntos/ temas que sejam de interesse dos alunos. Cada grupo fará a pesquisa sobre o assunto/ tema em questão e apresentará para a turma, utilizando o inglês. Dessa forma, o propósito da atividade é relacionar a prática controlada do idioma na sala de aula à sua aplicação fora da sala de aula. Os recursos supracitados tem em comum a abordagem de produção como característica, na definição de Jesus e Maciel, a abordagem de produção se particulariza pelo

desenvolvimento de atividades de autoria e pela integração de vários recursos tecnológicos e webtecnológicos durante o desenvolvimento de atividades de ensino de Língua Inglesa (2015, p.45). Nesta abordagem, o professor fomenta a autonomia e a criatividade do aluno, sobretudo ao possibilitar inúmeras situações de aprendizagem, abraçando uma postura de orientador no processo (JESUS; MACIEL, 2015, p.45). É importante ressaltar que um método comunicativo não é aquele que faz com que um professor execre a gramática ou outros métodos formais de ensino, pois não se descarta a possiblidade de criar na sala momentos de explicitação de regras e de prática rotinizante dos subsistemas gramaticais (como dos pronomes, terminações de verbos etc.) (ALMEIDA FILHO, 1998, p.36). Nesse caso, no momento em que for necessária a explicação sobre um determinado conteúdo curricular, um tópico gramatical, por exemplo, o professor pode utilizar a webtecnologia como recurso no preparo da sua aula, através de textos e conteúdos teóricos selecionados da internet e expostos na aula por meio do Datashow. Tudo que é novo causa certa desconfiança a princípio, e quando se trata da tecnologia aliada à educação a primeira atitude é de rejeição. Porém, a tecnologia começa, aos poucos, a fazer parte das práticas sociais da linguagem, fazendo com que as escolas acabem por incorporá-la nas suas práticas pedagógicas. Segundo Bax (2003, p.24-25), há sete estágios para que se alcance a normalização das atividades de ensino de línguas através do uso do computador. No primeiro estágio, por curiosidade, surgem os primeiros adeptos e alguns poucos professores e escolas aderem à tecnologia. No segundo estágio, a maioria das pessoas demonstra ceticismo ou ignora a tecnologia. No terceiro estágio, as pessoas experimentam, mas rejeitam diante das primeiras dificuldades. No quarto, elas tentam novamente, pois alguém as convence de que a tecnologia funciona e aí conseguem enxergar algumas vantagens. No quinto estágio, mais pessoas começam a aderir à nova ferramenta, mas ainda existe medo ou expectativas exageradas. No sexto estágio, a tecnologia já é vista como algo normal e, no último, integra-se em nossas vidas e se torna invisível, normalizada. No Brasil, nos serviços bancários, por exemplo, o computador já atingiu o estágio de normalização, porém quando se trata de outros serviços como a educação, temos avançado aos poucos, visto que grande parte das pessoas ainda vê a tecnologia com certa desconfiança. Diante disso, acredita-se que a busca pelo estado de normatização seja constante e que, em breve, o computador possa ser usado todos os dias por alunos e professores como parte integrante das aulas, da mesma forma como acontece com a caneta e o livro. Por fim, talvez o computador não chegue a todos os lugares do Brasil, visto que, no país, há lugares em que o acesso à internet ainda é limitado, mas é preciso ter a consciência

que nem o livro nem o computador farão milagres no processo de aprendizagem. O alcance do sucesso na aprendizagem de uma língua estrangeira requer que o aprendiz esteja inserido em atividades de uso social da língua, ao contrário, dependendo do uso que se faça da tecnologia, estaremos apenas levando os velhos modelos presentes nos livros didáticos para a tela do computador. 4. CONSIDERAÇÕES Para refletir sobre as metodologias inovadoras no ensino de Língua Inglesa é necessário que se verifique como está a situação atual do ensino da língua nas escolas, bem como seu público alvo, os maiores interessados, os alunos. As propostas feitas nos PCNs estão um tanto quanto distantes da realidade dos alunos, alunos estes que são diferentes daqueles de quase vinte anos atrás, quando o primeiro documento foi publicado. A quantidade de aulas semanais também é um fator contribuinte para o baixo índice de proficiência da língua, visto que, por muitos anos, a lei de diretrizes e bases via o ensino de Língua Inglesa como mera recomendação, contribuindo para o desprestígio da classe. Fato é que o inglês está presente em todas as esferas sociais e é impossível conceber uma sociedade sem uma boa formação tanto para o profissional responsável pelo seu ensino, quanto para o aluno. Nessa direção, novas metodologias se tornam grandes aliadas para o ensino de Língua Inglesa, apesar do novo causar certa resistência a princípio. A internet tem papel fundamental nessa nova temática referente ao ensino de língua inglesa mediado por tecnologias e webtecnologias e certamente a percepção de tal temática não se encerra com essa pesquisa, podendo ser levada em conta a realidade de outros contextos. Por fim, a reflexão sobre o presente artigo fomenta não só sentimentos e inquietações sobre a realidade que se configura nas escolas brasileiras, mas também o compromisso e a preocupação com uma formação e educação de qualidades. REFERÊNCIAS ALMEIDA FILHO, J.C.P. Dimensões Comunicativas no Ensino de Línguas. 2º. Ed. Campinas: Pontes. 75 pgs, 1998. AMORIN, Vanessa. Cem aulas sem tédio: sugestões práticas, dinâmicas e divertidas para o professor de língua estrangeira. Santa Cruz: Ed. Pe. Reus, 1998.

BAX, S. CALL: past, present and future. System. v. 31, p. 13-28, 2003. BRASIL. Presidência da República. Lei n. 5692/71, 11/08/1971. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília: Congresso Nacional, 1971. BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei 9394/96. Brasília: MEC/SEF, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais (3º e 4º ciclos do ensino fundamental). Brasília: MEC, 1998. BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCNs+ Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, 2002. BROWN, H. D. Personality Factors. In: Teaching by principles: an interactive approach to language pedagogy. New Jersey: Prentice Hall Regents, 1994, p. 134 a 161. DÁNIE JESUS, D, M.(Org.); MACIEL, R. (Org.). Olhares sobre tecnologias digitais: linguagens, ensino, formação e prática docente. 1. ed. Campinas: Pontes, 2015. v. 44. HOLDEN, Susan. O ensino da língua inglesa nos dias atuais. São Paulo: Special Book Services Livraria, 2009. LIBERALI, Fernanda Coelho. Atividade Social nas aulas de língua estrangeira. São Paulo: Moderna, 2009.