TÍTULO: GASTOS COM MEDICAMENTOS PELOS IDOSOS RESIDENTES EM MUNICÍPIO COM ALTA COBERTURA DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA



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Transcrição:

TÍTULO: GASTOS COM MEDICAMENTOS PELOS IDOSOS RESIDENTES EM MUNICÍPIO COM ALTA COBERTURA DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FARMÁCIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS AUTOR(ES): SYLVIA FORTES RESTREPO ORIENTADOR(ES): AYLENE EMÍLIA MORAES BOUSQUAT, MARLENE ROSIMAR DA SILVA VIEIRA

1. Resumo O objetivo do presente estudo foi analisar e estimar o gasto médio com medicamentos utilizados por indivíduos com 60 anos ou mais de idade, no município de Praia Grande, São Paulo, Brasil. Foi realizado um estudo de corte transversal, com base populacional realizado através de inquérito domiciliar. Foram calculados os gastos com medicamentos obtidos no setor público e privado juntos e analisado sua classe terapêutica química de acordo com a sua composição. Foram 289 idosos entrevistados, no qual 177 consumiram medicamentos nos últimos quinze dias. Foi observado um gasto médio de R$ 87,30 com medicamentos utilizados pelos participantes. Os grupos terapêuticos dos medicamentos mais utilizados foram os do sistema cardiovascular, trato alimentar e metabolismo e sistema nervoso. Palavras-chave: gasto com medicamentos, uso de medicamentos, estratégia saúde da família 2. Introdução No período de 2001 a 2011 o número de idosos brasileiros com 60 anos ou mais aumentou de 15,5 milhões de pessoas para 23,5 milhões, representando assim cerca de 12,03% da população brasileira (IBGE 2013). Em 2020 seremos o sexto país do mundo com maior número de idosos (VERAS, 2007). Uma população em processo de envelhecimento, representa aumento das condições crônicas de saúde, porque estas alterações afetam mais este segmento da população. Mais de 80% dos idosos fazem uso de no mínimo um medicamento e cerca de 34% deles consomem cinco ou mais medicamentos simultaneamente (TEIXEIRA; LEFEVRE, 2001; ANJOS et all, 2009). O gasto familiar com medicamentos cresceu imensamente na segunda metade do século XXI, comprometendo grande parcela da renda das famílias. Este comprometimento é mais impactante para os idosos, que como visto anteriormente, consome um rol elevado de medicamentos. A maioria dos idosos brasileiros possui rendimento mensal de até 1 salário mínimo, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD,2011). Sendo que o

gasto médio mensal com medicamentos é desigual entre idosos que recebem até um salário mínimo e os que recebem mais de dez salários mínimos. A população idosa com menores recursos financeiros gasta cerca de 4,1% de seu rendimento com remédios, enquanto os idosos com mais recursos financeiros gastam cerca de 1,9% de seu rendimento total, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) (GARCIA et all, 2013). Este cenário cobra novas pesquisas que dialoguem com a realidade sociodemográfica brasileira no século XXI, sendo também de grande importância os programas que garantem o acesso a medicamentos gratuitos ou com descontos, como a Farmácia de Alto Custo do SUS e o Programa Farmácia Popular, respectivamente. (ANJOS et all 2009). A maior aquisição e distribuição de medicamentos destinados ao tratamento de doenças crônicas pelo setor público é de suma importância, pois assim reduzirá a necessidade de aquisição no comercio (LIMA, M.G; 2008). 3. Objetivos No presente trabalho teve como objetivo analisar o gasto médio mensal com medicamentos utilizados por indivíduos com 60 anos ou mais residentes no município de Praia Grande, São Paulo, Brasil. 4. Metodologia Caracterização do Estudo Este é um estudo de corte transversal, com base populacional, realizado através de inquérito domiciliar. Esta iniciação científica já concluída está inserida no Projeto Mix Público Privado na Utilização de Serviços de Atenção Primária, com financiamento do CNPq que foi realizado no Município de Praia Grande, no período de outubro de 2012 até maio de 2013, coordenado pela Professora Aylene Bousquat. A presente iniciação avaliou os gastos com medicamentos pelos idosos de Praia Grande, com idade igual ou superior a 60 anos, no qual foram estimados, analisados e calculados seus gastos com medicamentos.

Instrumento O instrumento utilizado na pesquisa foi dividido em perguntas específicas para as condições socioeconômicas, dados do domicílio, e relativas ao sexo feminino, masculino e crianças. E também pacientes hipertensos, diabéticos e uso de medicamentos e serviços de saúde. Modo de Aplicação dos questionários A aplicação dos questionários foi realizada por 20 entrevistadores que foram previamente treinados, sendo dois alunos de iniciação científica, uma mestranda em Saúde Coletiva e duas mestres em Saúde Coletiva que coordenam o campo da pesquisa, os demais entrevistadores foram os ACS de Praia Grande. As entrevistas foram feitas em duplas, face a face com os moradores, utilizando o netbook. Em média as entrevistas duram de 40 minutos a 1 hora, porque todos os moradores necessitam responder seu questionário individualmente, então varia de acordo com o número de moradores do domicílio. Aspectos éticos A proposta desta pesquisa foi registrada no Comitê de Ética da Universidade Católica de Santos. A qual foi submetida à apreciação do Comitê e obteve parecer favorável à sua realização, parecer nº 01341012400005536. Os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, atendendo à Resolução 196/96 do Ministério da Saúde para pesquisa com seres humanos. 5. Desenvolvimento Plano de análise Foi realizada uma análise através do banco de dados do inquérito domiciliar de todos os medicamentos citados como utilizados pelos indivíduos com 60 anos ou mais do município de Praia Grande, no qual foi pesquisado o preço máximo pago ao comercio pela aquisição de tais medicamentos, segundo a lista de preços de medicamentos da Câmara de Regulação do

Mercado de Medicamentos (CMED), Anvisa, do mês de outubro de 2012. Com base nas informações sobre princípio ativo, apresentação farmacêutica, laboratórios e nos valores com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 18%, relativo ao estado de São Paulo, considerando os medicamentos genéricos por ter preço menor que medicamentos de referência e intercambialidade confiável. Foi realizada uma média de valor para o medicamento cujo entrevistado não recordava o valor pago pela aquisição. Este valor médio foi obtido a partir de todos os preços de medicamentos dos laboratórios disponíveis na lista da CMED. Foi padronizando os mesmos com a forma farmacêutica de comprimidos ou drágeas e capsulas, com a menor dosagem possível nos casos de medicamentos sem relato de posologia e forma farmacêutica. A determinação do preço considerou a unidade posológica de cada medicamento e a posologia padrão do mesmo em sua indicação principal. Estes dados foram analisados através do bulario disponibilizado no site da Anvisa. As categorias terapêuticas consideradas na classificação dos medicamentos foram os presentes no ATC. O gasto foi expresso na unidade de moeda corrente no Brasil, o Real (R$). Os medicamentos manipulados, insulinas, fitoterápicos, homeopáticos, anestésicos locais, injetáveis odontológicos e de notificação simplificada não foram incluídos pela ausência de instrumento de padronização de preços. Os gastos foram descritos por meio de medidas de tendência central (média, mediana) e de dispersão (desvio padrão). A análise estatística foi realizada empregando-se o programa SPSS 11.5 (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos). 6. Resultados O estudo incluiu 1086 indivíduos, sendo que 9,3% foram perdas e recusas, resultando em 985 pessoas entrevistadas. Houve predomínio do sexo feminino (62,9%) e idade entre 19 e 104 anos, com média de 48,4 anos. Destes 985 entrevistados, 289 são idosos, no qual apenas 177 responderam sim à pergunta você usou medicamentos nos últimos quinze dias?,

totalizando 61,2% dos idosos entrevistados. Foram analisados neste trabalho apenas os dados de quem usou medicamentos nos últimos 15 dias. A tabela 1 descreve a amostra de idosos que utilizaram medicamentos e o obtiveram tanto no sistema público como no sistema privado. Tabela 1 Perfil dos idosos que consumiram medicamentos nos últimos 15 dias anteriores à entrevista domiciliar. Variável Idosos n % Total 177 100,0 Sexo Masculino 63 35,6 Feminino 114 64,4 Idade (anos) 60-64 50 28 65-69 53 30 70-74 36 20 75-79 19 11 80 ou mais 19 11 Nível econômico E 5 2,8 D 16 9 A,B,C 156 88,2 Escolaridade Analfabeto/até 3.a série Fundamental 61 34,4 Até 4.a série Fundamental 49 27,7 Fundamental Completo 32 18,1 Médio Completo/Sup. Incompleto 26 14,7 Superior Completo 7 4 NSA 2 1,1 Trabalho Ativo 37 20,9 Inativo 140 79,1 Possui programa especial

Sim 4 2,3 Não 173 97,7 Doença crônica Hipertensão 115 65 Diabetes Mellitus 57 32,2 Cobertura ESF Sim 134 75,7 Não 43 24,3 Convênio Sim 51 28,8 Não 126 71,2 Utilizou serviço de saúde nos últimos 12 meses Sim 135 76,3 Não 42 23,7 Serviço de saúde de referencia Sistema público 134 75,7 Sistema privado 40 22,6 Sem referencia 3 1,7 Indicação dos medicamentos Médico ou dentista do SUS 122 68,9 Médico ou dentista do convênio 55 31,1 Recebeu orientação quanto aos medicamentos Sim 174 98,3 Não 3 1,7 Entre os idosos, a média de idade foi de 69,3 anos, sendo a mediana de 67,6 anos e um desvio padrão de 7,02156. As idades variaram de 60 a 102 anos. Entre os idosos, 64,4% eram do sexo feminino e 35,6% do sexo masculino. Possuem convenio cerca de 51 idosos (28,7%), enquanto 126 idosos (71,3%) não possuem convenio. Foi observada uma elevada porcentagem de hipertensos na população idosa de Praia Grande, que possui 116 idosos com hipertensão arterial sistêmica (65,2%), enquanto apenas 62 idosos não possuem a doença (34,8%). Quando a diabetes mellitus, apenas 57 idosos declararam possuir a doença (32,2%). Quanto ao nível econômico, a maioria dos idosos pertencia ao estrato C1 com um percentual de 37,3%, seguidos de C2 com 54 idosos totalizando 30,5%, a faixa de renda B2 com 18,1% dos idosos, faixa D com 9% de idosos, faixa E

com apenas 2,8% de idosos, faixa B1 com 1,7% dos idosos e por final a faixa A2 com apenas 0,6% no qual compõe apenas um idoso. A maioria dos idosos possui uma baixa escolaridade, com 34,4% dos idosos sendo analfabetos ou cursado até a 3ª série do ensino fundamental e 27,7% cursado até a 4ª série do ensino fundamental. Dos 177 idosos que consumiram medicamentos, a maior parte dos mesmos não recebem nenhum programa especial (97,7%) e apenas 4 idosos (2,3%) possuem algum programa especial, sendo eles 1 idoso que possui o benefício de prestação e 3 possuem programa do governo federal Bolsa Família. Estão inativos no mercado de trabalho 140 idosos (79,1%) e apenas 37 (20,9%) estão ativos no mercado. Quanto à renda familiar, a grande maioria dos idosos possui uma renda de 1 a 3 salários mínimos (64,4%), visto que o salário mínimo no ano de 2012 era de R$ 622,00. Possuem uma renda familiar menor que um salário mínimo 11,3% dos idosos e apenas 4 idosos possuem renda familiar de 6 a 10 salários mínimos. Utilizaram o serviço de saúde nos últimos 12 meses 135 idosos (76,3%) e uma pequena composição de 42 idosos relata não ter utilizado o serviço de saúde (23,7%). O sistema público de saúde é referência para 134 dos 177 idosos que utilizaram medicamentos (75,7%). O sistema privado de saúde é referência para 40 idosos (22,6%) e apenas 3 idosos relatam não possuir nenhuma referência de saúde (1,7%). Conforme demonstra a Tabela 2, receberam indicação para uso do medicamento pelo médico ou dentista do convenio/privado cerca de 55 idosos (31,1%), e destes apenas 40 idosos possuem convenio e 15 idosos não os possuem. E receberam indicação para uso do medicamento pelo médico ou dentista do SUS 122 idosos (68,9%), no qual 11 idosos possuem convenio e 111 não os possuem. A maioria dos idosos, 178 (98,3%), receberam orientação para o uso de medicamentos, sendo que apenas 3 idosos não recebeu nenhuma orientação quanto ao uso correto dos medicamentos. Tabela 2 Analise da indicação de medicamentos por parte do sistema publico e privado de saúde e o uso de convenio pelos idosos que consumiram medicamentos nos últimos 15 dias anterior à entrevista domiciliar Variável Medico ou dentista do convênio/privado Medico ou dentista do SUS

n % n % Convenio Sim 40 78,4 11 21,6 Não 15 11,9 111 88,1 A média de gasto com medicamentos totais, ou seja, tanto do sistema público quanto do sistema privado juntos foi de 87,2994 com um desvio padrão de 110,96759. São cobertos pelo ESF 134 idosos (75,7%), sendo que apenas 43 idosos (24,3%) não possuem cobertura pelo mesmo. Os 134 idosos que são cobertos pelo ESF possuem um gasto médio maior com medicamentos que os 43 idosos que não possuem cobertura, com uma média de gasto respectivamente de 99,0570 e 50,6595. Tabela 3 Analise do gasto médio dos idosos que consumiram medicamentos nos últimos 15 dias anterior a entrevista domiciliar quanto à cobertura da Estratégia Saúde da Família Variável n Média de gasto Cobertura de ESF Sim 134 99,0570 Não 43 50,6595 Total 177 87,2994 Os idosos consumiram 474 medicamentos, que variou de 1 a 10 medicamentos utilizados por pessoa. Segundo a ATC (Anatomical Therapeutic Chemical) que, desde 1996, passou a ser reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como padrão internacional para os estudos de utilização de drogas, as classes terapêuticas mais utilizadas pelos idosos que adquiriram medicamentos no sistema público de saúde foram respectivamente: sistema cardiovascular com 196 medicamentos, trato alimentar e metabolismo com 80 medicamentos utilizados e sistema nervoso com 49 medicamentos utilizados. A classe terapêutica mais utilizada pelos idosos que adquiriram medicamentos no setor privado também foram respectivamente: 46 medicamentos do sistema cardiovascular, 24 medicamentos do trato alimentar e metabolismo e 15 medicamentos do sistema nervoso.

O gasto médio mensal com medicamentos utilizados pelos idosos do município de Praia Grande se apresentou elevado, considerando que 75,7% dos idosos possuem uma renda familiar menor que 3 salários mínimos e que o salário mínimo no ano de 2012, no qual foi realizado o inquérito domiciliar, era de R$ 622,00. Podemos considerar que alguns idosos podem ter deixado de adquirir algum medicamento necessário ao seu tratamento devido a dificuldades financeiras, situação está que pode ter diminuído o real valor dos gastos com medicamentos. Assim como o gasto pode também ter sido elevado, pois o valor máximo praticado pela câmara de regulação de preços dos medicamentos não é absoluto, sendo que há muitas drogarias que praticam vendas com descontos em seus preços de forma a chamar a atenção do cliente, sendo assim o idoso pode ter pagado um valor menor que o valor máximo pago pelo consumidor determinado pela CMED. A alta porcentagem de idosos de Praia Grande portadores de hipertensão arterial sistêmica está de acordo com outros estudos desta faixa etária, por ser uma doença crônica que tanto afeta aos idosos. Assim como as classes terapêuticas de medicamentos mais utilizados tanto pelo sistema público quanto pelo sistema privado também estão de acordo com a literatura. Segundo a Tabela 3, o gasto médio com medicamentos é maior no setor público que no setor privado, porem isto indica que o idoso tem mais acesso a medicamentos se o mesmo estiver coberto pela Estratégia Saúde da Família do que sem ter sua cobertura. É necessário, portanto, ampliar esta cobertura para que toda população de idosos de Praia Grande possa ter um maior acesso aos medicamentos e diminua seu gasto efetivo com o setor privado, ou mesmo deixe de dar continuidade ao seu tratamento de uso continuo devido à falta de recursos financeiros para adquiri-lo. 7. Considerações finais Este estudo nos apresenta o quanto é importante às ações da Estratégia Saúde da Família voltadas para o acesso a saúde e medicamentos da população, assim como a promoção do uso racional, de modo que diminua o impacto que o gasto causa na renda do idosos. Portanto, os resultados apresentados neste

estudo podem ser úteis para auxiliar no planejamento de ações de saúde voltadas a melhorar o acesso a medicamentos e a elaboração de novas políticas de saúde e acesso a medicamentos voltados aos idosos. 8. Fontes consultadas IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. SÍNTESE DE INDICADORES SOCIAIS. UMA ANALISE DAS CONDIÇOES DE VIDA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/indicadores_sociais/sintese_de_indicadores_sociais_20 12/SIS_2012.pdf> Acesso em 27 de Agosto de 2015 IBGE- INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. INFOGRAFICO E DADOS BASICOS. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=354100> Acesso em 27 de Agosto de 2015 ANJOS, G.L; IRIE, R.M; SILVA, J.A.B; YOSHINAGA, A.M. SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) - Proporção dos gastos com medicamentos em relação à aposentadoria de idosos residentes em área urbana de Jundiaí, São Paulo. Disponível em: <http://www.sbgg.org.br/profissionais/arquivo/revista/volume3- numero3/artigo03.pdf> Acesso em 27 de Agosto de 2015 VERGAS,R. Fórum. Envelhecimento populacional e as informações de saúde do PNAD: demandas e desafios contemporâneos. Introdução. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0102-311x2007001000020&script=sci_arttext> Acesso em 27 de Agosto de 2015 TEIXEIRA,J.J.V.; LEFÈVRE,F. - A prescrição medicamentosa sob a ótica do paciente idoso. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0034-89102001000200016> Acesso em 27 de Agosto de 2015

GARCIA, L.P.; MAGALHÃES, L.C.G.; SANT ANNA, A.C.; FREITAS, L.R.S.; AUREA, A.P. Dimensões do acesso a medicamentos no Brasil: Perfil e desigualdades dos gastos das famílias, segundo as pesquisas de orçamentos familiares 2002-2003 e 2008-2009. Rio de Janeiro,2013. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/pdfs/tds/td_1839.pdf> Acesso em 27 de Agosto de 2015 OMRAM, A. R. The epidemiologic transition: a theory of the epidemiology of population change. Bulletin of the World Health Organization. 79(2), 2001. p. 161 170. Organização Pan-Americana da Saúde. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia saúde da família. Eugênio Vilaça Mendes. Brasília. OPAS/OMS. 2012. LAING, R.; WANING, B.; GRAY, A.; FORD, N.; HOEN, E. 25 Years of the WHO essential medicines lists: progress and challenges. Lancet, v.361, n.9370, p.1723-1729, 2003. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n. 1105, de 5 de julho de 2005. Estabelece normas, responsabilidades e recursos a serem aplicados no financiamento da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica e define o Elenco Mínimo Obrigatório de Medicamentos nesse nível de atenção à saúde. Diário Oficial da União, Brasília, DF,