UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA FASE PRÉ-ESCOLAR Myrian Clayse de Assis Mendes Rio de Janeiro, jan. de 2007.

i UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA FASE PRÉ-ESCOLAR Trabalho monográfico de conclusão do curso de pósgraduação em Psicopedagogia, apresentado à UCAM como requisito parcial para obtenção do título de licenciada em Psicopedagogia, sob a orientação do Professor Vilson Sérgio de Carvalho. Rio de Janeiro, jan. de 2007.

ii AGRADECIMENTOS Agradeço ao professor Vilson Sérgio de Carvalho por toda a força, carinho e estímulo durante os meses de convívio. Às minhas amigas de turma Marseille e Miriam pela amizade verdadeira. A todos os meus familiares e principalmente ao meu marido Davi Mendes.

iii DEDICATÓRIA Dedico a realização desta monografia ao professor Vilson Sérgio de Carvalho, que a tornou possível graças à sua eficiente orientação e ajuda.

iv MENDES, Myrian Clayse de Assis (RE) A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA FASE PRÉ-ESCOLAR Tendo em vista o reconhecimento da brincadeira infantil como uma atividade natural e espontânea da criança, um meio pela qual ela apreende a cultura da qual faz parte, esta monografia tem como finalidade principal abordar a importância desta atividade no desenvolvimento integral da criança na fase préescolar, onde a metodologia abordada é a de propiciar o conhecimento na construção de uma mentalidade científica para a importância das brincadeiras lúdicas no desenvolvimento da criança, a partir da leitura de diversos autores como Brougère (2002), Winnicott (1975), Piaget (1975), Vygotsky (1998), Almeida (1984), Kishimoto (2002), entre outros, os quais vêem a brincadeira infantil como a mais autêntica atividade na vida e no desenvolvimento da criança. Outro ponto de considerável importância é demonstrar a relevância do jogo, bem como seus colaboradores na construção do conhecimento das crianças, seguindo algumas idéias propostas pelos autores citados anteriormente, por permitir a exploração do mundo exterior e interior, exercitando a socialização e desenvolvendo aspectos cognitivos e afetivos. É preciso que os educadores pensem o brincar, os jogos e as situações-problema, como sendo recursos úteis para uma aprendizagem diferenciada e significativa, reavaliando seu papel e suas atitudes, se fazendo um profissional ativo, que saiba tomar decisões e aceitar as formas de pensar de cada criança. Enfim, cabe aos educadores reconhecer e refletir sobre o papel do jogo como estratégia pedagógica, explorando seu potencial educativo e buscando assim o sucesso escolar.

Os professores podem guiar as crianças proporcionando-lhes os materiais apropriados, mas o essencial é que, para que uma criança entenda, deve construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado, aquilo que permitimos que descubra por si mesma, permanecerá com ela. Jean Piaget v

vi SUMÁRIO Resumo Epígrafe iv v INTRODUÇÃO 01 Capítulo I TEORIAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA INFANTIL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 04 1.1 Algumas Considerações sobre o Brincar e o Desenvolvimento Infantil 04 Capítulo II O ASPECTO AFETIVO DA BRINCADEIRA 11 2.1 A Relação entre a Criança, o Brinquedo e o Adulto 11 2.2 Como podemos ajudar a criança a brincar 13 2.3 Os benefícios do método lúdico 14 2.3.1 Estimular os sentidos 15 2.3.2 Desenvolvimento motor 15 2.3.3 Desenvolvimento intelectual 15 2.3.4 Desenvolvimento afetivo e emocional 15 2.3.5 Desenvolvimento social 16 Capítulo III BRINCAR, UMA NECESSIDADE DE TODA CRIANÇA 17 3.1 Brincadeiras Lúdicas 17 3.1.1 Brincar com os outros favorecendo a integração social com o grupo 17 3.2 Brincadeiras Cooperativas 18 3.2.1 Cooperação Complexa 19 3.3 Brincadeira de Faz-de-Conta 21 3.4 Brincadeira de Super-Herói 22 3.5 Brincadeira com Sucata 23 3.6 A Importância dos Jogos e Brincadeiras na Educação Atual 25 CONCLUSÃO 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31

1 INTRODUÇÃO Com o passar dos anos, observou-se a eficácia do aprendizado através das brincadeiras. As crianças têm a capacidade de absorver melhor e mais rápido algo que tenha significado para elas e para o seu universo, pois a brincadeira faz parte da essência da criança e por isso precisa ser adaptada de forma mais efetiva ao currículo da Educação Infantil. A brincadeira é uma forma de divertimento típico da infância, isto é, uma atividade natural da criança, que não implica em compromisso, planejamento ou seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer. Ela é transmitida à criança através de seus próprios familiares, de forma expressiva, de uma geração à outra, ou pode ser aprendida pela criança de forma espontânea. A escolha do tema consistiu em uma postura pedagógica, com uma visão educacional voltada para as necessidades e características da criança que se encontra em idade pré-escolar, uma conscientização de que através da brincadeira a criança interage com o mundo, percebendo e assimilando o ambiente no qual está inserido. Este trabalho abordou as brincadeiras e os jogos infantis, fator fundamental ao desenvolvimento das aptidões físicas e mentais da criança, sendo um agente facilitador para que esta estabeleça vínculos sociais com os seus semelhantes, descubra sua personalidade, aprenda a viver em sociedade e prepare-se para as funções que assumirá na idade adulta. A brincadeira e os jogos são fundamentais no desenvolvimento da criança, pois brincando ela tem a oportunidade de descobrir, aprender, inventar, desenvolver habilidades, além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, que lhe serão exigidas na vida adulta. O brincar dá à criança a oportunidade de formular e resolver seus problemas, através de experiências anteriores, levando-a a examinar novos materiais e recursos. É com a exploração e com esforços mentais da criança em observar, testar e experimentar que o domínio será atingido.

2 As brincadeiras e os jogos servem para simular situações de trocas que se estabelecem durante toda a vida entre o indivíduo e o meio no qual está inserido. Portanto podemos dizer que as trocas que ocorrem no período da infância são uma aprendizagem necessária para a vida adulta do indivíduo. Essencialmente, para a criança em idade pré-escolar, a brincadeira é a coisa mais importante do mundo, tão necessária ao seu desenvolvimento quanto o alimento e o descanso, por isso é muito importante que a escola compreenda a sua importância e utilize os jogos infantis para favorecer a evolução dos processos de desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança. O ato de brincar é o meio pelo qual a criança trava conhecimento com o mundo e adapta-se ao que a rodeia. Por isso quando a criança chega à escola é preciso não toler a sua criatividade, suas dúvidas, incertezas e questionamentos. É preciso entender o processo de construção do seu desenvolvimento cognitivo, a fim de que recursos lúdicos favoreçam a aprendizagem dos alunos. A escola, por sua vez, recebe as crianças com algumas deficiências no processo do seu desenvolvimento e com dificuldades de relacionamento com o grupo e cabe ao professor identificar as necessidades e procurar sanálas através das brincadeiras. Para isto os professores devem aproveitar todas as manifestações que as crianças exprimem naturalmente, e suas alegrias e tristezas, e tentar direcioná-las educacionalmente, objetivando a integração com o grupo. As situações problemas contidas na manipulação dos jogos e brincadeiras fazem a criança crescer através da procura de soluções e de alternativas. Enquanto a criança brinca alcança níveis de desempenho psicomotor que só são possíveis devido à motivação da própria brincadeira. Ao mesmo tempo favorece a concentração, a atenção, o engajamento e a imaginação. Como conseqüência a criança fica mais calma, relaxada e aprende a pensar, estimulando sua inteligência. Para que o brinquedo seja significativo para a criança é preciso que tenha pontos de contato com a sua realidade. Através da observação do desempenho das crianças com seus brinquedos podemos avaliar o nível de

3 seu desenvolvimento motor e cognitivo. No lúdico manifestam-se suas potencialidades e ao observá-las poderemos enriquecer sua aprendizagem, fornecendo através dos brinquedos os nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. Assim sendo, o presente trabalho abordou as contribuições teóricas sobre o brincar como instrumento útil para favorecer o aprendizado da criança, bem como o aspecto afetivo da brincadeira e as mais variadas brincadeiras lúdicas. Isso se deu através dos três capítulos. No primeiro capítulo pretendeu-se expor algumas considerações sobre o brincar e o desenvolvimento infantil na ótica de alguns autores, contrapondo os mais diversos pontos de vista, entendendo como a brincadeira pode facilitar a aprendizagem da criança. Já no segundo capítulo comentou-se sobre o aspecto afetivo da brincadeira e como a fase da infância é uma das etapas mais importantes no desenvolvimento social, afetivo e cognitivo, sendo assim uma preparação para a vida adulta. No terceiro capítulo tratou-se da brincadeira como uma necessidade de toda criança, além de abordar algumas das brincadeiras lúdicas que são úteis para favorecer a integração social da criança, a fim de adaptá-la melhor ao ambiente no qual está inserida. A conclusão ressalta que é importante que os educadores e psicopedagogos estejam atentos aos recursos lúdicos e sua utilização como meio de minimizar as dificuldades de aprendizagem.

4 CAPÍTULO I TEORIAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA INFANTIL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA Quando se discute o uso de jogos na educação, aparecem duas correntes: há autores que destacam sua importância e outros ressaltam seus limites e cuidados. É importante essa ressalva, pois no contexto educativo o jogo deve ser usado de maneira justa para que não venha a substituir a realidade. 1.1 Algumas Considerações Sobre o Brincar e o Desenvolvimento Infantil É importante observarmos a definição do que é aprender, jogo e brincadeira. Segundo o Aurélio (1999): Aprender: tomar conhecimento de. Tornar-se apto ou capaz de alguma coisa, em conseqüência de estudo, observação, experiência, etc. Jogo: uma atividade física ou mental organizada que por um sistema de regras definem quem perde ou ganha. Brincadeira: passatempo, entretenimento. Destacamos alguns autores e suas posições sobre a importância dos jogos e brincadeiras na vida do ser humano. Em Huizinga (1977) encontramos a expressão homo ludens para demonstrar que na vida humana além da capacidade de raciocinar há uma outra função importante que é o jogo, o qual se faz presente também entre os animais. Para este autor, o jogo é considerado um fenômeno cultural, reiterando que é no jogo e pelo jogo que a civilização surge e se desenvolve. Fica claro que Huizinga emprega também o termo jogo como sinônimo de brincadeira no sentido que aqui damos ao termo.

5 Brougère (2002) atribui à brincadeira o resultado de relações interindividuais, a qual pressupõe uma aprendizagem social, o que quer dizer que a brincadeira é uma atividade aprendida, complementando brincar não é uma dinâmica interna do indivíduo, mas uma atividade dotada de uma significação social precisa que, como outras, necessita de aprendizagem. (Brougère, 2002, p.20) Château (1987) vê no jogo a expressão do buscar o outro e, em especial, a expressão do buscar o adulto, a quem a criança procura imitar, salientando que [...] por não poder trabalhar com o adulto a criança vai primeiramente imitar as atividades. É por isso que nos jogos de imitação tão freqüentes entre 3 e 7 anos, as cenas imitadas são quase unicamente as da vida adulta. (Château,1987, p. 37) Segundo a visão psicanalítica do jogo, Winnicott (1975), diz que a brincadeira fornece a organização das relações emocionais proporcionando o desenvolvimento de contatos sociais, e assume a função de elo entre a relação do indivíduo com a realidade interior, e entre o indivíduo e a realidade externa. Foi a partir da primeira metade do século XX que as brincadeiras passaram a ser também objeto de estudo entre os teóricos que dedicaram suas pesquisas às representações mentais. Surgem então as contribuições teóricas de autores como Piaget, Vygotsky, Leontiev e Elkonin, que mostram a importância e o valor das brincadeiras no desenvolvimento infantil e na aquisição de conhecimentos. As pesquisas desses cientistas influenciaram diretamente o campo educacional e até hoje suas ilustres contribuições fazem parte das atividades curriculares das escolas e de outras pesquisas na área. Piaget (1975), através dos processos de assimilação e acomodação, propôs uma análise de como o jogo se processa ao longo do desenvolvimento da criança, realizando uma classificação baseada na evolução das estruturas mentais que estão ligadas aos estágios de desenvolvimento da criança: sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos), operatório concreto (7 a 11 anos) e formal (11 a 15 anos), traçando um paralelo entre o aparecimento desses estágios de desenvolvimento e dos jogos.

6 De acordo com Piaget (1975), ao longo do desenvolvimento da criança ocorrem três formas de jogos: os jogos de exercícios, os jogos simbólicos e os jogos de regras. O jogo de exercício é o primeiro a aparecer no desenvolvimento da criança, prolongando-se até os primeiros dezoito meses de vida. São jogos que não supõem qualquer técnica em particular, são apenas exercícios que implicam no próprio prazer e funcionamento dos gestos. No jogo de exercício não está suposto o pensamento, nem qualquer estrutura representativa especificamente lúdica, são jogos que implicam basicamente atividades motoras de repetição de gestos e movimentos. Através desses jogos acontecem os primeiros contatos da criança com os objetos, com as pessoas e com o mundo ao seu redor. Já o jogo simbólico surge na criança a partir do segundo ano de vida juntamente com o aparecimento da linguagem e da representação, quando a criança começa a substituir um objeto ausente por outro. A função do jogo simbólico para a criança consiste em assimilar a realidade, ou seja, através da situação imaginária a criança realiza sonhos, revela conflitos e se autoexpressa, reproduzindo diversos papéis, imitando situações da vida real. Finalmente, por volta dos 4 aos 7 anos surgem as primeiras manifestações dos jogos com regras, que se desenvolverão ainda mais dos 7 aos 12 anos, e até mesmo na vida futura. Nessa fase, a criança perde progressivamente o egocentrismo inicial que vai sendo substituído por um cooperativismo, tornando sua atividade mais socializada. Para Piaget (1975): [...] os jogos de regras são jogos de combinações sensório-motoras (corridas, jogos de bola de gude ou com bolas etc.) ou intelectuais (cartas, xadrez etc.), com competição dos indivíduos (sem o que a regra seria inútil) e regulamentados quer por um código transmitido de gerações em gerações, quer por acordos momentâneos. (Piaget, 1975, p.84) Para Vygotsky (1998) e Leontiev (1998), o brinquedo tem intrínseca relação com o desenvolvimento infantil, especialmente na idade pré-escolar. Embora os autores não o considerem como o único aspecto predominante na infância, é o brinquedo que proporciona o maior avanço na capacidade cognitiva da criança. É por meio do brinquedo que a criança se apropria do

7 mundo real, domina conhecimentos, se relaciona e se integra culturalmente. Ao brincar e criar uma situação imaginária, a criança pode assumir diferentes papéis: ela pode se tornar um adulto, outra criança, um animal ou um herói televisivo; ela pode mudar o seu comportamento e agir e se comportar como se fosse mais velha do que realmente é, pois ao representar o papel de mãe ela irá seguir as regras de comportamento maternal, porque agora ela pode ser a mãe, e procura agir como uma mãe age. É no brinquedo que a criança consegue ir além do seu comportamento habitual, atuando num nível superior ao que ela realmente se encontra. No entender de Vygotsky (1998) é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva que depende de motivações internas. Para uma criança muito pequena os objetos têm força motivadora, determinando o curso de sua ação, já na situação de brinquedo os objetos perdem essa força motivadora e a criança, quando vê o objeto, consegue agir de forma diferente em relação ao que vê, pois ocorre uma diferenciação entre os campos do significado e da visão, e o pensamento que antes era determinado pelos objetos do exterior, passa a ser determinado pelas idéias. A criança pode, por exemplo, utilizar um palito de madeira como uma seringa, folhas de árvore como dinheiro, enfim, ela pode utilizar diversos materiais que venham a representar uma outra realidade. Numa situação de brinquedo a imaginação da criança é, segundo Vygotsky (1998), uma atividade especificamente humana e consciente, que surge da ação. Em suas ações, a criança representa situações as quais já foram de alguma forma vivenciadas por ela em seu meio sócio-cultural, ou seja, a sua representação no brinquedo está muito mais próxima de uma lembrança de algo que já tenha acontecido do que da pura imaginação. De acordo com Leontiev (1998), o brinquedo surge na criança no início da idade pré-escolar, no momento em que ela sente a necessidade de agir não apenas com os objetos que fazem parte de seu ambiente físico e que são acessíveis a ela, mas com objetos a que ela ainda não tem acesso, e que são objetos pertencentes ao mundo dos adultos. Para superar essa necessidade a criança brinca, e durante a atividade lúdica ela vai compreendendo à sua

8 maneira o que faz parte desse mundo, esforçando-se para agir como um adulto. A contradição existente entre a necessidade da criança agir com os objetos do mundo adulto e a impossibilidade de operar de acordo com tais ações, vem a ser solucionada pela criança através de suas brincadeiras. É na atividade e, sobretudo, no brinquedo que a criança supera os limites da manipulação dos objetos que a cercam e se insere num mundo mais amplo. Para Leontiev (1998), o brinquedo é a atividade principal da criança, aquela em conexão com a qual ocorrem as mais significativas mudanças no desenvolvimento psíquico do sujeito e na qual se desenvolvem os processos psicológicos que preparam o caminho da transição da criança em direção a um novo e mais elevado nível de desenvolvimento. De acordo com Almeida (1984): É na fase pré-escolar que o brinquedo torna-se a atividade principal na criança, a qual se caracteriza como uma atividade cujo motivo reside no próprio processo e não no resultado da ação. A atividade da criança não a conduz a um resultado de modo que satisfaça suas reais necessidades. O motivo que a conduz a determinada ação é, na verdade, o conteúdo do processo real da atividade. Como um exemplo disso, podemos citar uma criança construindo com pequenos blocos de madeira. O alvo da brincadeira não consiste em chegar a um resultado final como montar uma pequena cidade com todos os detalhes que a caracterizam como tal, e sim no próprio conteúdo da ação, no fazer da atividade. (Almeida, 1984, p. 39) O prazer também pode ser reconhecido como um elemento presente na maioria dos brinquedos. Entretanto, para Vygotsky (1998), o brinquedo não pode ser definido somente pelo prazer que a atividade lúdica dá à criança, pois a criança pode ter mais prazer em outras atividades e porque, algumas vezes, o brinquedo envolve desprazer. O autor afirma também que uma brincadeira que interessa a uma criança de três anos pode não despertar nenhum interesse a uma criança de seis anos ou mais; isso ocorre porque a brincadeira não é uma atividade estática, ela evolui e se modifica à medida que a criança cresce. Outro aspecto importante a ser examinado na brincadeira infantil e sua função no desenvolvimento da criança é o conceito de zona de desenvolvimento proximal, ou zona de desenvolvimento imediato. Vygotsky

9 (1998), afirma que o brinquedo cria na criança uma zona de desenvolvimento proximal, que é por ele definida como: [...] a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (Vygotsky, 1998, p.85) Para esse autor, o nível de desenvolvimento real refere-se a tudo aquilo que a criança já tem consolidado em seu desenvolvimento, e que ela é capaz de realizar sozinha sem a interferência de um adulto ou de uma criança mais experiente. Já a zona de desenvolvimento proximal refere-se aos processos mentais que estão em construção na criança, ou que ainda não amadureceram. A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um domínio psicológico em constantes transformações, aquilo que a criança é capaz de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã. É nesse sentido que a brincadeira pode ser considerada um excelente recurso a ser usado quando a criança chega na escola, por ser parte essencial de sua natureza, podendo favorecer tanto aqueles processos que estão em formação, como outros que serão completados. Visto dessa forma, não há dúvidas do quanto o brinquedo influencia o desenvolvimento da criança. Ainda que não seja o aspecto predominante na infância, é através dele que a criança obtém as suas maiores aquisições. A brincadeira de faz-de-conta também foi tema de valiosos estudos do autor russo Elkonin (1998). Para este autor, a base do jogo de faz-de-conta, também denominado por ele de jogo de papéis ou jogo protagonizado, é de natureza e origem social, tornando-se um meio pelo qual a criança assimila e recria a experiência sócio-cultural dos adultos. Para ele, os temas dos jogos das crianças são extremamente variados e são o reflexo das condições concretas vivenciadas pelas crianças. É indispensável que a criança sinta-se atraída pelo brinquedo e cabe a nós mostrar a ela as possibilidades de exploração que ele oferece, dando-lhe tempo para observar e motivar-se.

10 A criança deve explorar livremente o brinquedo, mesmo que a exploração não seja a que esperávamos. Não cabe a nós, pais e educadores, interromper o pensamento da criança ou atrapalhar a simbolização que está fazendo. Devemos nos limitar a sugerir, a estimular, a explicar, sem impor nossa forma de agir, para que a criança aprenda descobrindo e compreendendo, e não por simples imitação. A participação do adulto é para ouvir, motivá-la a falar, pensar e inventar. Segundo Maranhão (2003): Brincando a criança desenvolve seu senso de companheirismo. Jogando com amigos, aprende a conviver, ganhando ou perdendo, procurando aprender regras e conseguir uma participação satisfatória. No jogo, ela aprende a aceitar regras, esperar sua vez, aceitar o resultado, lidar com frustrações e elevar o nível de motivação. Nas dramatizações, a criança vive personagens diferentes, ampliando sua compreensão sobre os diferentes papéis e relacionamentos humanos. (Maranhão, 2003, p.47) As relações cognitivas e afetivas da interação lúdica propiciam amadurecimento emocional e vão pouco a pouco construindo a sociabilidade infantil. O momento em que a criança está absorvida pelo brinquedo é um momento mágico e precioso, em que está sendo exercitada a capacidade de observar e manter a atenção concentrada e que irá influenciar na sua eficiência e produtividade quando adulto. A participação do adulto na brincadeira da criança eleva o nível de interesse, enriquece e contribui para o esclarecimento de dúvidas durante o jogo. Ao mesmo tempo, a criança sente-se prestigiada e desafiada, descobrindo e vivendo experiências que tornam o brinquedo um recurso mais estimulante e mais rico em aprendizado.

11 CAPÍTULO II O ASPECTO AFETIVO DA BRINCADEIRA 2.1 A relação entre a criança, o brinquedo e o adulto As crianças aprendem o tempo todo, mas não necessariamente aquilo que os pais ou professores tentam ensinar-lhes de forma intencional. A relação de ensino-aprendizagem nem sempre é linear, direta, pois nem tudo que se ensina se aprende e às vezes elas causam surpresa com coisas que não se pretendia ensinar. As crianças absorvem aquilo que tem a ver com elas e se interessam por algo que lhes dá prazer, desta forma ao brincar elas se apropriam do conhecimento, que se torna significativo e capaz de permanecer nelas por toda a vida. Os brinquedos e as brincadeiras ocupam um papel importante nas vidas das crianças. Brincar é a principal atividade na infância na qual as crianças, sem dúvida, empenham a maior parte do seu tempo. A brincadeira é um impulso que desde pequenos nos estimula a descobrir, manipular, observar e interpretar o mundo que nos rodeia. É interessante notar que a brincadeira faz parte da essência natural da criança, pois nenhuma criança é ensinada a brincar, ela por si só desde os seus primeiros anos de vida já começa a brincar com os objetos, com os adultos. É algo tão espontâneo que aos poucos esse processo vai amadurecendo a criança e mais tarde ela já começa a brincar com outras crianças. A fase da infância é uma das etapas mais importantes na vida de uma pessoa. É o momento da descontração, da brincadeira, da total falta de compromisso com a sociedade, da alegria, do divertimento, enfim de tudo é natural da criança, mas também é o momento de formação da sua personalidade, autonomia, autoconfiança, auto-estima, entre outros, por isso é

12 uma fase que deve ser bem estruturada por parte da família e bem acolhida pela escola de uma maneira bem cuidadosa, com o objetivo de garantir que a escola seja realmente um lugar de alegria e ideal para favorecer o aprendizado da criança. Para Moyles (2002): Se faz necessário que os professores repensem sua prática, quando esta considera mais importantes os exercícios de lápis e papel, desprezando ou negligenciando o brincar. Com isto as oportunidades e habilidades infantis de solucionar problemas práticos permanecerão limitadas ou mesmo inexistentes. Estas oportunidades existem constantemente, sendo preciso que os adultos envolvidos as reconheçam e pensem em como aproveitá-las. (Moyles, 2002, p. 34) O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual da criança. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento. Segundo Piaget (1975), o desenvolvimento intelectual tem dois componentes paralelos: um cognitivo e outro afetivo. Afeto inclui sentimentos, desejos, interesses, tendências, valores e emoções em geral e apresenta várias dimensões, incluindo os sentimentos de amor, raiva, depressão, etc. e expressões como sorrisos, gritos, lágrimas, etc. O afeto é o princípio norteador da auto-estima. Atendendo as necessidades afetivas das crianças, a aprendizagem acontecerá naturalmente. Na ótica de Cury (2003): o que gera os vínculos inconscientes não é só o que você diz a eles, mas também o que eles vêem em você. (Cury, 2003, p.23) A criança que se sente aceita, amada e respeitada, adquire autonomia, confiança e aprende a amar, desenvolvendo um sentimento de autovalorização e importância. A auto-estima é uma coisa que se aprende. Se uma criança tem uma opinião positiva sobre si mesma e sobre os outros, terá maiores condições de aprender. Nas brincadeiras das crianças o adulto tem um papel fundamental de facilitar as condições necessárias para que a brincadeira se desenrole de forma natural e espontânea. As crianças precisam ter à sua disposição cenários de brincadeira adequados que convidem à descoberta e à imaginação.

13 É importante que as crianças tenham amigos e amigas para compartilhar as brincadeiras e momentos ao ar livre para proporcionar o contato com o ambiente físico, além de contar com a participação dos adultos, que deverão favorecer a alegria e a troca de experiências. 2.2 Como podemos ajudar a criança a brincar Sendo parte da essência da criança, a brincadeira deve ser incentivada e trabalhada de forma mais efetiva dentro das escolas. O jogo dá à criança ou adolescente a oportunidade de se desenvolver e enfrentar situações problemas que certamente mais tarde como adulto terá que enfrentar no seu dia-a-dia. As situações problemas contidas na manipulação dos jogos e brincadeiras fazem a criança crescer enquanto exercita a procura de soluções e alternativas. De acordo com Almeida (1984): O brinquedo é a oportunidade de desenvolvimento. Brincando a criança descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e atenção. (Almeida, 1984, p.25) Por isso é essencial que os educadores tenham consciência da importância de ensinar utilizando os recursos dos jogos e brincadeiras lúdicas, oferecendo aos alunos uma aula e um conteúdo mais dinâmico, explorando os conhecimentos científicos formais, aliados à informalidade das brincadeiras lúdicas e jogos didáticos. Os jogos são tão importantes que ensinam a criança a entender a si mesma, e também a compreender o seu papel dentro de uma sociedade, pois é de pequeno que começam as primeiras noções de regras sociais que irão ser ensinadas e posteriormente cobradas pela escola, pela família e pela sociedade.

14 Ensinar usando jogos e brincadeiras é muito interessante, pois a criança tem a sensação de que está apenas brincando, e ao brincar surgem inúmeras reações de imaginação, alegria, contentamento, confronto de opiniões, às vezes choro, raiva, entre outras. Essa intensa relação com o objeto, ambiente e com os amiguinhos produz uma troca de informações que acabam produzindo o aprendizado mais significativo para a criança. Os jogos são utilizados desde o tempo antigo e até hoje continuam sendo utilizados como recurso para o desenvolvimento motor, cognitivo, lingüístico, emocional e afetivo da criança. O lúdico faz parte essencialmente da vida de todas as pessoas, umas com mais e outras com menos intensidade, e através dos jogos é possível ensinar a criança a viver e a se comportar socialmente, garantindo-lhe atitudes de respeito mútuo, cidadania, respeito às diferenças, integridade, etc. Para ensinar com jogos é necessário que o professor compreenda bem o mesmo e saiba escolher os jogos de acordo com a faixa etária adequada e o amadurecimento cognitivo dos seus alunos, para proporcionar o interesse e o aproveitamento da turma. É essencial também fazer uma avaliação sobre a atividade proposta através do jogo, para verificar se este realmente atingiu o seu objetivo. Faz-se necessário que os educadores possam cada vez mais se aprimorar no sentido de ensinar usando as brincadeiras e os jogos, para que o aluno tenha prazer em aprender e alegria em participar das atividades escolares, garantindo um aprendizado significativo para as nossas crianças. 2.3 Os benefícios do método lúdico As brincadeiras e os brinquedos devem ser atrativos e estimulantes, devendo permitir que a criança desenvolva brincadeiras ricas e versáteis, permitindo desenvolver as diferentes facetas da sua personalidade. Embora, as brincadeiras e os brinquedos estimulem o desenvolvimento global das crianças, cabe-nos destacar o papel de alguns brinquedos em áreas

15 concretas do desenvolvimento, como a motricidade, a sensibilidade ou o intelecto. 2.3.1 Estimular os sentidos Brinquedos como os móbiles, os caleidoscópios, os jogos de modelar convidam ao desenvolvimento dos sentidos e favorecem o descobrimento e o gozo de novas sensações. Estes tipos de brinquedos facilitam o conhecimento e domínio do próprio corpo e estimulam a criança desde nova a entrar em contato com o mundo ao seu redor. 2.3.2 Desenvolvimento motor Existem brinquedos que constituem uma forma fascinante de dominar o próprio corpo, ganhando agilidade, coordenação e equilíbrio, tais como brinquedos de arrastar, de corrida, patins, skate, etc. Esses brinquedos estimulam o desenvolvimento motor da criança. 2.3.3 Desenvolvimento intelectual Incluem-se os jogos de mesa, quebra-cabeças, etc., brinquedos que estimulam o raciocínio, a concentração e o domínio da linguagem. Já os jogos de construção geram estímulos divertidos para a imaginação e a criatividade. Em situações de aprendizagem, o jogo é um excelente recurso que, de uma forma atrativa, animam as crianças a familiarizarem-se com conteúdos mais formais como por exemplo, as letras e os números. 2.3.4 Desenvolvimento afetivo e emocional As marionetes, as bonecas ou figuras de heróis de ação promovem a expressão e manifestação de sentimentos, desejos, medos e emoções. As crianças gostam de ser postas à prova. Os desafios que lhes são propostos nas brincadeiras, os disfarces e as representações em miniatura de elementos do mundo real (carros, lojas, cozinhas) permitem representar e

16 imaginar diversas situações do mundo dos adultos experimentando diferentes papéis que as ajudarão a caracterizar a sua própria identidade. 2.3.5 Desenvolvimento social Os jogos que favorecem as relações entre as pessoas e a participação de mais de um jogador ajudam as crianças a relacionar-se com os demais e a se comunicar, favorecendo a troca de idéias, materiais e experiências. Jogos que usam regras pré-estabelecidas pelos participantes, como os jogos de mesa, os desportivos e as brincadeiras que envolvem imitações, facilitam a familiarização com normas sociais, o respeito aos outros e a aceitação de acordos, que são aspectos básicos nas relações sociais.

17 CAPÍTULO III BRINCAR, UMA NECESSIDADE DE TODA CRIANÇA 3.1 - Brincadeiras Lúdicas Uma modificação muito grande acontece quando a criança passa a mostrar interesse nas atividades de outras crianças. No início, tal interesse parecerá bastante passivo, e a criança vai gastar boa parte do tempo observando as brincadeiras. Pode-se notar, porém, que esse comportamento será bem diferente de uma olhada sem compromisso, pois a criança estará obviamente envolvida, muito absorvida em sua observação, e com o tempo vai tentar integrar-se ao grupo. o grupo 3.1.1 Brincar com os outros favorecendo a integração social com Os primeiros movimentos em direção a juntar-se às brincadeiras de um grupo tanto podem ser tranqüilos quanto tempestuosos; isto depende do grupo em questão e da criança que pretende juntar-se. Seja como for, os relacionamentos no interior do grupo tendem a se formar rapidamente, talvez cessar com a mesma rapidez e, freqüentemente, se refazer minutos depois. Existem dois tipos característicos de brincadeiras nessa fase: O primeiro tipo envolve fazer o que todos estão fazendo, apenas para não ser diferente, ou talvez como um meio de tornar-se um membro do grupo. É o que pode acontecer, por exemplo, quando um pequeno grupo de crianças está correndo juntas, gritando qualquer coisa. O segundo tipo surge quando membros do grupo estão engajados numa mesma atividade, como, por exemplo, desenhando ou montando um

18 quebra-cabeça em volta de uma mesa, tendo, porém, como principal interesse conversar entre si. O assunto da conversa pode afastar-se completamente da atividade que esteja sendo desenvolvida e incluir a troca de informações sobre os pais, os acontecimentos especiais como aniversários e passeios. A atividade em si pode ser mencionada na conversa, mas outra vez ocorrerá em uma situação mais ampla, relacionada com o que as crianças gostam ou não gostam, ou sobre o que cada uma está fazendo. 3.2 Brincadeiras Cooperativas Na brincadeira cooperativa é muito importante pertencer ao grupo. Em algum momento, o interesse do grupo se desvia da troca de idéias para o jogo no qual está envolvido. No grupo a criança tem um lugar definido, bastante diferente daquele decorrente da atividade individual que caracteriza as brincadeiras solitárias ou em paralelo (com mais uma ou duas crianças no máximo), e diferente até da simples socialização que é característica do processo de se juntar a um grupo (cooperação simples). Brincadeiras cooperativas podem constituir, simplesmente, a atividade conjunta de montar objetos com peças de encaixe, ou fazer castelos de areia. A criança toma parte em atividades compartilhadas, fazendo as mesmas coisas, divide brinquedos, espera a sua vez, trabalha com os outros. A conversa é principalmente em torno da própria atividade. As brincadeiras e os jogos cooperativos podem produzir na criança alegrias e momentos de desafios pessoais e sociais, pois todos os participantes buscam alcançar um objetivo comum que favoreça um resultado onde todos os integrantes sejam igualmente qualificados. Já as brincadeiras e os jogos competitivos produzem na criança prazer de jogar contra o outro. A vida é um verdadeiro jogo e em nossa sociedade depara-se com algumas surpresas que necessitarão de algumas jogadas de inteligência, dinamismo, cooperação, criatividade, respeito mútuo, organização, determinação, entre

19 outras, pois o ser humano está inserido num grande contexto social, que requer competidores preparados para as demandas que a sociedade necessita e busca no ser humano. Os jogos e brincadeiras com estilo competitivo, são jogos em que todos os participantes buscam alcançar os seus objetivos pessoais, articulando suas jogadas com o objetivo de minimizar as jogadas dos outros competidores. É a busca de um melhor resultado, sem se importar com os outros. Embora o mundo atual seja extremamente competitivo, a cooperação entre as pessoas ainda é muito forte; existe a preocupação com o outro, a disposição em ajudar ainda que seja com pouco, repartir com quem tem mais necessidade. O sentimento social ainda é capaz de mobilizar as pessoas, embora tente se impor que a competição é fato predominante no ser humano. A competição tem seus aspectos positivos e negativos. Positivos quando causam bem-estar entre todos que competem, produzindo a socialização entre os que compõem o grupo, a auto-confiança, habilidades cognitivas, etc. Negativos quando causam sentimentos de inferioridade, síndrome da perda. Há pessoas que não sabem e nem aceitam perder, achando-se superiores aos outros. Por isso toda competição deve ser saudável e não deve produzir exageros extremos, tornando-se algo prazeroso, desenvolvendo a criatividade natural do ser humano. Este processo se inicia na infância e dura por toda a vida do indivíduo. Por esse motivo a aprendizagem cooperativa é algo muito importante que precisa ser incentivada por parte das instituições escolares, pois a cooperação entre os alunos é algo saudável, que promove a troca de experiências entre todos os envolvidos, na busca por um objetivo comum, promovendo a socialização e integração de grupos extremamente diversificados. 3.2.1 Cooperação Complexa Nesse tipo de brincadeira as crianças assumem papéis, esperam a vez, e toda a atividade depende mais do desempenho conjunto do grupo. A criança brinca de faz-de-conta, assume um papel e o representa. Participa também de jogos com regras complexas. Certas brincadeiras, como

20 imitar papai e mamãe, por exemplo, podem durar vários dias ou semanas, com graus variáveis de elaboração e com interrupções causadas por outros interesses. A conversa gira principalmente em torno dos papéis representados. À medida que cresce, a criança vai incluindo mais tipos de brincadeiras em suas atividades. Assim, aos dois anos ela não é capaz de brincar cooperativamente, mas aos quatro já consegue. As brincadeiras sociais vão se desenvolvendo à proporção em que a criança descobre como se comunicar com as outras, usando a palavra. De um modo geral, somente aos dois anos ela começa a se interessar em observar outras crianças brincando, e até tentar brincar junto. Mas sempre estas crianças são suas rivais, e quando encontra problemas, procura a mãe. Aos três anos ela começa a brincar mais com outras crianças, fica feliz em ser aceita em um grupo. A partir dos quatro anos participa de jogos de faz-deconta, além de brincar de forma cooperativa simples, em paralelo ou solitária. Nessa idade a criança gosta de todos os tipos de atividade. Observando as brincadeiras das crianças, vamos notar o desenvolvimento e as mudanças em seus interesses e nos padrões de seu relacionamento social. Tal compreensão tem a vantagem adicional de nos ajudar a lidar com crianças pequenas. Por exemplo, sabemos que uma festa de aniversário com muitas crianças de dois anos de idade não terá o sucesso desejado. Já aos três anos enquanto algumas crianças estão prontas para participar de brincadeiras de grupo, outras ainda se encontram no estágio solitário ou em paralelo (quando a criança brinca com uma ou duas crianças). A maior parte das crianças que brinca sozinha, leva mais tempo para atravessar diversos estágios de aprender a brincar em grupo. Nunca devemos forçar uma criança a participar de brincadeiras em grupo se ela não quiser; é perfeitamente possível que ela não saiba como fazer isto, por ainda não estar preparada.

21 3.3 Brincadeira de Faz-de-Conta Até algum tempo atrás, quando víamos uma criança brincando em um mundo da fantasia, acreditava-se que ela não estava fazendo nada de sério, estando fora da realidade. Hoje esta visão tem mudado, vários estudos têm apontado a importância da brincadeira para o desenvolvimento psicológico do indivíduo, utilizando meios comportamentais retirados de suas experiências vividas em cada período de sua vida. É através da brincadeira de faz-de-conta que as crianças estão construindo e compartilhando significados. Para Wallon (2000): O intercâmbio que a criança estabelece com o meio social implica processos históricos da humanidade e ajuda o espaço psíquico a incluir necessidades e desejos, direcionando a construção de uma vida de representações.(wallon, 2000, p. 96) A seguir citamos algumas características da brincadeira de faz-deconta, segundo Oliveira (2000): a) Transforma os objetos em outra coisa que não é a realidade do objeto Exemplo: uma criança, com uma peça de plástico na mão brinca como se fosse um microfone; b) Representa personagens (mãe, pai, filho, etc.), desenvolvendo regras a serem seguidas pelos participantes da brincadeira; c) Representa animais, assumindo com o uso do corpo as características do animal Exemplo: imitar o leão, andando, rugindo, etc; d) Trata objetos inanimados como animados Exemplo: a vassoura vira um cavalo, a boneca chora como um bebê; e) Utiliza a postura do próprio corpo para chamar personagens que não estão presentes Exemplo: fica de joelho, movimenta a cabeça e range os dentes como um cachorro faz; f) Utiliza a vocalização para representar animais e/ou coisas Exemplo: latir imitando o cachorro ou imitar o barulho de um carro;

22 g) Pronuncia frases que explicam papéis, significados atribuídos a objetos e ao ambiente físico Exemplo: Não saia de casa, filhinha!, uma criança que está no papel de mãe fala para a outra que está no papel de filha. Na brincadeira de faz-de-conta, segundo Vygotsky (apud Oliveira, 2000), a criança substitui o objeto real e uma ação real pela fantasia, mas essas ações têm um fundo na realidade, pois a criança em idade pré-escolar, ainda necessita de um pivô, de um suporte para lidar com o campo do significado. As crianças utilizam gestos, posturas e sons associados aos recursos do ambiente e trazem para a brincadeira personagens e animais não presentes no ambiente, mas em situações já vividas por elas ou por pessoas próximas. Elas criam um elo em torno de todos os seus componentes, desenvolvendo a brincadeira. Esses elos são apoiados em objetos similares, como um fogão de plástico (a criança brincando de cozinhar), mas em outras situações os objetos podem ser subjetivos. Exemplo: uma caixa de papelão passa a ser um carro; uma peça de plástico, um telefone, etc. É necessário que as crianças compartilhem os significados da brincadeira de faz-de-conta para poderem brincar juntas, sendo importante que elas compartilhem as regras do faz-de-conta. Oliveira (2000) afirma que o faz-de-conta serve para a criança experimentar os diferentes papéis que tem do mundo que a cerca, contribuindo para discriminar as representações de si, principalmente quando ocorre na faixa etária de três anos, onde a criança está construindo a sua personalidade. 3.4 Brincadeira de Super-Herói Segundo Kishimoto (2002), é através da brincadeira de super-herói, que a criança tenta compensar as pressões da realidade representando fantasias de ira, hostilidade, desejos de grandeza, imaginando ser algum super-herói, procurando livrar-se do controle dos pais, pois nestas brincadeiras

23 as crianças estão dotadas de super poderes como voar, esticar-se, força, velocidade, etc., possuindo mais poderes que seus pais, fugindo da dura realidade, tendo consciência do pouco poder que elas têm no mundo do adulto. Pais e educadores vêem a brincadeira de super-herói como algo prejudicial ao desenvolvimento da criança, como sendo violento ou caótico, mas a realidade é outra. É através deste tipo de brincadeira que a criança tem oportunidade de aumentar suas habilidades lingüísticas, solucionar problemas, desenvolver a cooperação ajudando na construção da autoconfiança, pois leva a superar obstáculos da vida real como vestir, comer um alimento sem deixar cair ou até mesmo fazer amigos, encaixando-se em um mundo adulto, graças a algumas características dos super-heróis que as crianças acabam identificando-se. Citaremos algumas características dos super-heróis e heroínas: a) Bondade, sabedoria, coragem, inteligência e força; b) Solucionar qualquer problema e ultrapassar obstáculos. Suas decisões são sempre aceitas por todos; c) Não recebem ordem de ninguém e resolvem os problemas dos outros; d) Estão certos sempre, nunca se enganam; e) Estão acima de frustrações e fraquezas como a maioria das pessoas; f) São aprovados e reconhecidos por todos; g) Todos são seus amigos. As crianças desejam ter estas características para não precisarem enfrentar todos os problemas que o ser humano normal tem que enfrentar, criando um mundo imaginário, mas com traços de realidade. 3.5 - Brincadeira com Sucata A brincadeira com sucata é um exemplo de brincadeira que estimula muito as crianças, pois é um exemplo de material que é retirado do cotidiano da criança.

24 Sucata é qualquer material ou coisa considerada inútil depois de ter sido utilizada e reaproveitada de uma maneira diferente. Trabalhar com sucata na sala de aula pode facilitar a aprendizagem e o interesse das crianças pelas aulas ministradas. Ao manusear a sucata elas são capazes de vivenciar a grande mágica de verem simples objetos considerados como lixo e que elas conhecem e podem facilmente colecionar, transformando-se em bonecos, bichos, fantoches, carros, etc. Segundo Machado (1994): Quando a criança tem a espontaneidade da brincadeira com sucata, ela está exercendo sua capacidade de escolha e a liberdade para utilizar o material que escolheu, como queira. É mais fácil dar essa liberdade com materiais de sucata do que com os brinquedos comprados. (Machado, 1994, p.30) Hoje em dia é difícil a criança ter oportunidade de criar alguma coisa e muitas vezes as pessoas acham que apenas materiais caros serão capazes de despertar o interesse da criança, mas, ao contrário, pode-se levar a criança a fazer uma reciclagem com embalagens e começar a trabalhar conceitos e valores superficialmente. A sucata vai desenvolver a criatividade da criança e também sua coordenação motora fina. É surpreendente o que uma criança pequena pode aprender brincando apenas com caixas de papelão, rolo de papel higiênico, ou como pode ser construtivo, alegre e educativo poder brincar com caixas vazias que se tornam verdadeiros brinquedos preferidos pelas crianças. Materiais criados com sucata permitem à criança expressar sentimentos, interesses e desenvolver-se em vários aspectos cognitivos. É importante que o professor sabia encontrar na utilização da sucata recursos úteis para trabalhar nas aulas como Alfabetização, Matemática, Linguagem, Natureza e Sociedade e não utilizar-se desse recurso somente nas aulas de Educação Artística.

25 3.6 A Importância dos Jogos e Brincadeiras na Educação Atual A família, sendo o lugar ideal para a criança expandir-se, tornou-se o lugar comum, onde cada integrante tem o seu papel definido dentro do lar. Infelizmente em muitos lares a criança, em vez de ser a fonte de alegria, acaba sendo um desmancha prazer, porque atrapalha a programação idealizada pelos pais como, por exemplo, entreter-se com programas de futebol, novelas, computador, enfim, tudo é mais importante do que perder tempo brincando com os filhos. Muitas vezes os pais, sobrecarregados pelos encargos da vida e pelas preocupações, não têm força nem coragem para estar sorridentes e tranqüilos quando os filhos estão à sua volta. A criança é capaz de perceber quando não é bem vinda e isso poderá acarretar danos irreparáveis para ela, pois é como se os pais não tivessem nenhum interesse por ela. Estudos comprovam que a infância bem vivida gera adolescência, juventude, maturidade e velhice bem estruturada e feliz. Sabe-se que os pais de hoje efetivamente têm pouco tempo para estar com os filhos, mas o pouco de tempo que ainda possuem devem procurar vivêlo intensamente, organizando com os filhos programas variados de entretenimento. O que as crianças realmente desejam é que os pais se alegrem com a sua presença e que estejam dispostos a brincar e alegrar o ambiente familiar. Importa mais para a criança a presença ativa de seus pais no seu dia-a-dia do que a quantidade de brinquedos que possui. É preciso que tenham um lugar seguro sempre que precisarem, a qualquer momento mais difícil que venham a enfrentar. Cury (2003) diz: Pais brilhantes dão algo incomparavelmente mais valioso aos filhos. Algo que todo o dinheiro do mundo não pode comprar: o seu ser, a sua história, as suas experiências, as suas lágrimas, o seu tempo. (Cury, 2003, p.21). O papel da família integrado ao papel social da escola deve propor uma mudança na educação para a sociedade atual. As brincadeiras e os jogos devem ser estimulados tanto pela família como também pelas instituições escolares, na busca do crescimento e desenvolvimento integral da criança. É