EXPERIÊNCIAS DOCENTES UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS DIVERSIFICADAS PARA O ENSINO DE ECONOMIA A ALUNOS DE GESTÃO NO ENSINO POLITÉCNICO



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Transcrição:

EXPERIÊNCIAS DOCENTES UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS DIVERSIFICADAS PARA O ENSINO DE ECONOMIA A ALUNOS DE GESTÃO NO ENSINO POLITÉCNICO Luísa Margarida Cagica Carvalho (lcarvalho@esce.ips.pt) Boguslawa M. Barszczak Sardinha (bsardinha@esce.ips.pt) Pedro M. Dominguinhos (pdominguinhos@esce.ips.pt) Instituto Politécnico de Setúbal Escola Superior de Ciências Empresariais Departamento de Economia e Gestão CAMPUS DO IPS Estefanilha 2914-503 Setúbal Portugal Tel:+351 265 709 352 Fax:+351 265 709 301 RESUMO Este trabalho descreve experiências de ensino de economia a alunos de gestão, em duas disciplinas: Princípios de Economia (disciplina de carácter introdutório) e Ambiente Económico (disciplina de continuação), através da diversificação das estratégias de aprendizagem, distanciando-se do ensino tradicional expositivo onde o docente é o principal protagonista. Considerando, a natureza específica de cada disciplina, na disciplina introdutória deverão ser adquiridos conceitos instrumentais, de uma forma clara que permita gerar segurança, para que, quando aplicados na disciplina de continuação os alunos sejam capazes de questionar e discutir. Ou seja, a disciplina introdutória transmitiria um saber certo (mais próximo do ensino secundário), enquanto que, a disciplina de continuação apostaria num saber relativo, questionável e apelante ao espírito crítico. Estas estratégias pedagógicas diversificadas permitem responder de forma mais adequada a turmas cada vez mais heterogéneas e aumentar a literacia económica. PALAVRAS CHAVE: estratégias pedagógicas diversificadas; literacia económica; saber certo; saber relativo ABSTRACT: This work describes the experience of teaching two courses of economics to management students at a polytechnic in Portugal. The teaching strategies used in the introductory course, The Principles of Economics, and the following course The Economic Environment, are neither of the traditional lecture type nor with the teacher s role as one of sage on the stage. The objectives of the first course are to enable students to clearly understand the concepts and instruments they will need to question and discuss in their following course. The introductory subject is expected to provide the descriptive knowledge (similar to their secondary-school knowledge), while the following discipline should provide for procedural knowledge which helps cultivate a critical spirit in the students. These diverse strategies represent a way of responding to the needs of students in increasingly larger heterogeneous classes with the objective of improving students economic literacy. Key Words: Diversify pedagogical strategies, economic literacy, descriptive and procedural knowledge.

1. NOTA INTRODUTÓRIA Neste trabalho descrevem-se experiências de ensino utilizando estratégias que se distanciam do ensino tradicional expositivo, e que permitem aperfeiçoar o processo de ensino/aprendizagem, nas disciplinas de Economia inseridas em cursos de gestão. Estas experiências, decorreram ou estão a decorrer, no ensino de duas disciplinas de Economia: Princípios de Economia (disciplina introdutória) e Ambiente Económico (disciplina de continuação). Cada disciplina é frequentada por cerca de 600 alunos. Ambas as disciplinas fazem parte do currículo dos cinco cursos (Gestão da Distribuição e Logística, Gestão dos Sistemas de rmação, Gestão de Recursos Humanos, Marketing e Contabilidade e Finanças, em regime nocturno e diurno) existentes na Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal. 2. OBJECTIVOS A massificação do ensino superior, conduziu-nos a turmas cada vez mais heterogéneas, com dificuldades diversas. Esta realidade impõe a utilização de diferentes instrumentos, individualizando, tanto quanto possível o ensino. Por outro lado, a natureza do currículo e a característica de cada disciplina impõem a utilização de métodos diversos. Este contexto, implica a adopção de estratégias pedagógicas considerando os seguintes objectivos: - Responder às múltiplas dificuldades manifestadas pelo público-alvo com estratégias pedagógicas diversificadas; - Diferenciar métodos e técnicas pedagógicas, de acordo com o currículo, consoante a disciplina seja introdutória (aquisição de instrumentos básicos fundamentais) ou sequencial (utilização de instrumentos económicos para análise económica) - Aumentar a literacia económica; 3. PÚBLICO-ALVO E SUA CARACTERIZAÇÃO Público-Alvo: Alunos dos cursos de gestão do ensino superior politécnico Caracterização do público-alvo 1 : - Alunos com idades compreendidas entre os 17 e os 24 anos (maioritariamente), que revelam dificuldades múltiplas, nos seguintes domínios: - apreensão de conhecimentos que impliquem raciocínios lógicos; - reconhecimento de paradigmas no âmbito das áreas de estudo; - reflexão; - sistematização de ideias; - aplicação de conhecimentos; - argumentação e defesa de ideias; - interpretação, selecção e avaliação do valor da informação; - juízo critico; - aplicação de conhecimentos obtidos; - desenvolvimento de atitude multidisciplinar e de atitude de aprendizagem ao longo da vida. 4. DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES UTILIZADAS PARA ENSINAR ECONOMIA A ALUNOS DE GESTÃO Este trabalho pretende descrever algumas actividades para ensinar economia a alunos de gestão. Esta descrição divide-se em duas partes: 4.1. Ensino de uma disciplina introdutória 4.2. Ensino de uma disciplina de continuação 1 A experiência vivida durante vários anos pelos docentes ajudou a caracterizar e a apontar os principais problemas do públicoalvo

4.1. ENSINO DE UMA DISCIPLINA INTRODUTÓRIA 4.1.1. ENQUADRAMENTO A disciplina introdutória, denomina-se por Princípios de Economia, está no currículo de todos os cursos de gestão da Escola Superior de Ciências Empresariais, no 1º ano, 1º semestre. Considerando, que se torna mais aliciante para os alunos aprenderem as noções económicas recorrendo às suas experiências como agentes económicos, propõe-se a utilização do método construtivista (figura 1, em anexo) (Carvalho, 1999). Este método possibilita a introdução das principais noções de economia através da dedução e generalização das múltiplas experiências vividas por um público heterogéneo presente na sala de aula. Desta forma, é possível construir o conhecimento em relação às principais leis económicas. Considerando as potencialidades da avaliação formativa para o processo de aprendizagem, sugerem-se e relatam-se experiências de avaliação formativa, no ensino da disciplina introdutória. No ano lectivo de 2002/2003, introduziu-se pela primeira vez a avaliação formativa, através da colocação de questões oralmente (nas aulas teóricas no final de cada semana), de modo a incentivar os alunos a estudar regularmente, ganhando hábitos de estudo e de trabalho. Esta estratégia, foi considerada como relevante na opinião dos alunos, pois segundo estes não teriam estudado regularmente se não fossem obrigados. Parecendo esta estratégia, um pouco rígida para o ensino superior, não nos poderemos esquecer que estamos a falar de uma disciplina introdutória, do 1º ano, 1º semestre, onde os alunos são pouco autónomos e em alguns casos, até pouco responsáveis. Assim, caso não tenhamos um papel mais interventivo e responsabilizador, o processo ensino/aprendizagem ficará comprometido. No actual ano lectivo 2003/2004, continuamos esta estratégia, mas introduzimos testes formativos escritos, através de pequenos exercícios, seguindo a ideia dos one minute paper (Magnan, 1991) e (Chizmar, 1998), ou seja, no final de cada capítulo, convidamos os alunos a resolverem nos últimos 10 a 15 minutos da aula um exercício simples, sobre a matéria leccionada 2. Esses testes são recolhidos, corrigidos pelos docentes e devolvidos com considerações e correcções. De acordo com os alunos, estes testes, têm permitido uma autoavaliação e mostrado a necessidade de estudar com maior profundidade determinadas matérias. Outra estratégia seguida, ao longo do actual ano lectivo, tem sido a da colocação no final da aula de duas questões: uma referente aos aspectos considerados pelos alunos como os mais importantes na aula daquele dia, e, outra, sobre aspectos que não tenham compreendido ou que precisem de explicação suplementar. Estas respostas são recolhidas e devolvidas na aula seguinte, explorando-se partes da matéria onde os alunos individualmente revelaram ter dúvidas. Esta estratégia é bastante apreciada pelos alunos, pois segundo estes a mesma manifesta a preocupação e cuidado dos docentes com o seu processo de aprendizagem. 4.1.2. ACTIVIDADES: JOGOS, SIMULAÇÕES DA REALIDADE EMPRESARIAL Consoante o currículo utilizam-se jogos ou simulações. Tais como: - Custo de oportunidade: Simulação de uma situação real fazendo cada grupo de trabalho (alunos das aulas práticas a trabalhar em grupo) uma análise custo benefício, de modo a encontrar o melhor resultado, nas aulas práticas dos cursos de Contabilidade e Finanças (que contam com duas horas lectivas semanais). Os alunos trouxeram materiais e construíram graficamente a Fronteira de Possibilidades de Produção, compreendendo assim a aplicação real do conceito e sua representação gráfica; - Mercados: Utilização de empresas fictícias ou reais para estudar a situação da empresa e decidir qual a estratégia adequada aos objectivos da empresa. Aplicam-se exercícios que apelam a situações actuais e reais da situação económica; - Teoria de Jogos Jogo de Negociação (cada equipa define a sua estratégia e sem conluio com outras equipas joga jogo único ou jogos repetidos). 2 Até 30 de Novembro foram resolvidos 4 testes formativos.

4.1.3. TIPO DE ENSINO: HÍBRIDO Considerando as vantagens de um ensino híbrido (Giles, 2002), onde o ensino presencial é apoiado pelo ensino online. No ano lectivo de 2002/2003 foi criada a Página web da disciplina, onde se disponibilizaram materiais, se permitiu o acesso a sites relevantes para a disciplina, se podia aceder aos endereços electrónicos da equipa docente, bem como, aos seus horários de atendimento (Carvalho, 2003). Em Janeiro de 2003, a página foi avaliada pelos alunos através de um inquérito (anexo 3), e pelos docentes (reflexão critica) tendo-se identificado alguns pontos fortes e fracos. Os alunos apontaram como principais pontos fortes da página: a informação pertinente (70%); a organização (30%) e o contacto com os docentes via e-mail (10%). E referiram como principais pontos fracos: a actualização (60%); a dificuldade de acesso (20%); as cores e o design (20%) e a ausência das datas de testes e exames (10%). Os alunos sugeriram que se melhorasse a apresentação da página, que se colocassem mais testes e exercícios, mais jogos didácticos e mais links. Os docentes através da reflexão critica, também identificaram pontos fortes e fracos da página. Como principais pontos fortes foram apontados, o aumento da interacção aluno/docente via e-mail, o aumento de diversidade de acesso à informação e a aceitação positiva por parte dos alunos. E foram considerados pontos fracos: a necessidade de existência de um gestor de página com disponibilidade e a necessidade de formação especifica para melhor aproveitamento das possibilidades da tecnologia, sugerindo-se a continuação da experiência, eliminando os pontos fracos detectados. (Dominguinhos, Sardinha, Carvalho, 2003). No início do actual ano lectivo, a página foi remodelada (www.esce.ips.pt/principioseconomia), considerando as sugestões dos alunos e dos docentes. Pretende-se, avaliar novamente a página no final do semestre (em Janeiro de 2004), introduzindo questões que permitam aferir a importância desta para o processo de aprendizagem. 4.2 ENSINO DE UMA DISCIPLINA DE CONTINUAÇÃO 4.2.1. ENQUADRAMENTO A disciplina de continuação (Ambiente Económico), situa-se no currículo do 1º ano, 2º semestre para os cursos de Gestão de Sistemas de rmação, Gestão da Distribuição e Logística e Contabilidade e Finanças diurno, e, situam-se no 2º ano, 1º semestre para os restantes cursos. Nesta disciplina, os alunos deverão conseguir utilizar os instrumentos e noções adquiridas na disciplina introdutória, para fazer análise económica. Análise económica é sem dúvida um dos pontos mais complicados no ensino de economia. Para fazer a análise o aluno necessita de uma série de conhecimentos e competências, tais como, a competência de escrever, de falar, de apresentar e de defender os seus pontos de vista. Muitas dessas competências conseguem-se adquirir utilizando o modelo de flexibilidade cognitiva (figura 2, em anexo). Assim, aposta-se na aplicação de micro casos, com o objectivo de analisar situações económicas reais. O propósito deste método é desenvolver a capacidade de pensamento crítico, questionando as situações reais (actuais ou históricas). 4.2.2. ACTIVIDADES: CONSTRUÇÃO DE MIND MAPS, MINI CASOS, CADERNO DE ENTRADAS SEMANAIS Propõem-se três actividades, e descrevem-se de seguida as experiências obtidas com as que já foram desenvolvidas: - Mind maps: através de conceitos e ideias os alunos via online constituindo-se em grupos de trabalho e produzem conhecimento. Introduzindo-se o conceito de Collaborative Learning. A construção de mind maps permite treinar as interligações económicas e a complexidade das ligações macroeconómicas, prevê-se a introdução desta actividade no 2º semestre deste ano lectivo; - Mini casos (Conway, 2001): Escolhendo-se semanalmente pequenos casos relacionados com a actividade económica e empresarial, submetendo-os à leitura e reflexão na aula prática e dirigindo-se um conjunto de questões, que no final permitem uma ligação entre a realidade e

as noções económicas, sobretudo com os instrumentos económicos adquiridos na disciplina introdutória; - Caderno de entradas semanais 3 : onde os alunos podem todas as semanas escrever ou comentar situações económicas e notícias. O caderno de entradas semanais, tem por objectivo analisar uma notícia fornecida pelo docente, permitindo que os alunos desenvolvam ou treinem a capacidade de expor as suas ideias, a reflexão crítica e a análise económica. Esta actividade foi aplicada pela primeira vez no ano lectivo de 2002/2003. Os cadernos eram semanalmente recolhidos e corrigidos pelos docentes, permitindo o aperfeiçoamento das respostas dos alunos. Esta actividade revelou-se pertinente para o processo ensino/aprendizagem, pois estimulou o interesse dos alunos pelas notícias económicas, e permitiu-lhes praticar análise económica. 4.2.3. TIPO DE ENSINO Utilização do ensino presencial com apoio online (web page: www.esce.ips.pt/ambienteeconomico) (Chickering,1996). A página de ambiente económico foi criada no presente ano lectivo, e será avaliada no final do semestre. 5. O PAPEL DO PROFESSOR Em ambos os casos, o papel do professor será o de ajudar na generalização das situações introduzindo a simplificação e generalização elevando o nível da abstracção dos dados para possibilitar a construção de um modelo económico O professor introduzirá gradualmente a terminologia económica de forma a ajudar os alunos na familiarização e na utilização correcta do dicionário económico, evitando a recorrência ao bom-senso e à linguagem standard que nem sempre utiliza a expressões económicas de foram adequada. A equipa de docentes, de modo a adequar o modelo de aprendizagem em tempo real às dificuldades dos alunos, efectua mensalmente reuniões com os seus representantes, onde recolhe sugestões e comentários, que permitem moldar as estratégias pedagógicas de acordo com o público-alvo. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Alguns alunos resistem às novas formas de aprendizagem e preferem o modelo de transmissão de conhecimentos tradicional, onde o seu papel é passivo. Pois, verificam que serem protagonistas activos do processo de aprendizagem, implica trabalhar diariamente e intervir na construção do conhecimento. Parece-nos, no entanto, que esta resistência pode derivar da habituação a um ensino com recurso a métodos mais tradicionais. Isto configura, inequivocamente uma resistência cultural que, apenas pode ser ultrapassada se este tipo de metodologias forem partilhadas noutras disciplinas. A resolução de testes formativos permite monitorizar em tempo real dificuldades e adaptar o processo de aprendizagem. Incutindo nos alunos a necessidade de estudar regularmente. O ensino híbrido, revela potencialidades, sobretudo para os trabalhadores estudantes, que acedem via Web à informação, flexibilizando o acesso à informação. As estratégias para ensinar economia a alunos de gestão, está a ser aperfeiçoada através de interacção alunos/professores, sugestões e novas ideias vão sendo introduzidas no sentido de melhorar o processo de aprendizagem. Sendo um processo dinâmico, é flexível e adaptável consoante as motivações e enquadramento de modo a aproveitar vivências e experiências trazidas pelos alunos 3 Ideia apresentada/debatida no I Encontro sobre o Ensino de Economia, Maio de 2001, Universidade de Évora

7. BIBLIOGRAFIA Carvalho A.A. A., Dias P. (1999) A Teoria da Flexibilidade Cognitiva na Formação à Distância: Um estudo na World Wide Web Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, 1º Simpósio Ibérico de rmática Educativa Carvalho, Luísa; Sardinha, Boguslawa (2003) The best practices of e-learning for economics International Conference, Teaching and Learning in Higher Education: New Trends and Innovations, 13-17 Abril, Universidade de Aveiro Chickering A. W., Ehrmann S. C. (1996) Implementing the seven principles: Technology as lever AAHE Bulletin, October, (3-6) Chizmar, J.F. and Ostrosky, A.L. The one minute paper: some empirical findings, Jornal of Economics Education, Winter 1998, (1-8) Magnan, B. Teaching Idea: the one minute paper Teaching Concerns Newsletter of the Teaching Resource Center for Faculty and Teaching Assistants, January 2001, Virginia Conway, Patrick Using cases and activity learning with undergraduate economics classes Spring 2001, University of North Carolina Conway, Patrick The use of case studies as vehicles for activity learning Autumn/Fall 2001, University of North Carolina Dominguinhos, Pedro, Sardinha, Boguslawa; Carvalho, Luísa; (2003) A Educação na Web: Análise de um Modelo de Multimédia Educacional para o Ensino de Economia II Encontro sobre o Ensino de Economia, poster, Universidade de Évora Giles, J. E. (2002) Good in different ways Iona College NY 2002 TOHE Online Conference Expanding Frontiers Indiana University, Purdue University, Fort Wayne Anexos Anexo 1 - Figura 1: Modelo Construtivista rmação +

Características: 1. Os alunos constroem as aprendizagens com base nas suas experiências; 2. Os alunos têm um papel activo na construção do saber; 3. O professor assume o papel de tutor, auxiliando o grupo no processo de construção de conhecimentos; 4. A avaliação baseia-se na qualidade do conhecimento construído. Fonte: Carvalho, 1999 (Adaptado) Anexo 2 - Figura 2 : Modelo de Flexibilidade Cognitiva Definir Domínio Identificar Casos Temas e Perspectivas Controlo De Aprendizagem Mapear Casos Auto Reflexão Características: 1. Trabalha-se utilizando mini casos;

2. Os mini casos conduzem a temas e perspectivas; 3. Tem como grande vantagem a transferência de conhecimentos para novas situações; 4. Os alunos têm um papel dinâmico na construção de conhecimentos. Fonte: Carvalho, 1999 (Adaptado) Anexo 3 INQUÉRITO Este inquérito tem como objectivo avaliar a página Web de Princípios de Economia. PARTE I 1. Curso: 2. Idade 3. Sexo 4. Trabalhador Estudante: Sim Não 5. Onde costuma Consultar a página? a. Em casa b. Na Escola c. No trabalho d. Outro 6. Quantas vezes consultou a página? a. Mais do que uma vez, por semana b. Uma vez por semana c. 1-3 vezes por mês d. 3 vezes durante o semestre e. Menos do que 3 vezes por semestre f. Nunca 7. Que link consultou com maior frequência? a. Programa b. Materiais c. Avaliação d. Docentes e. Links PARTE II Classifique as questões com estrelas: 1 estrela: Muito má qualidade 2 estrelas: Tem um valor limitado 3 estrelas: Valor médio 4 estrelas: Tem muito valor 5 estrelas: Tem um excelente valor 1. Classifique a organização da página: 2. Classifique a página quanto à sua beleza e cor:

3. Qualidade da informação 4. rmação relevante: 5. rmação atempada: 6. rmação completa e apropriada: PARTE III 7. Pontos Fortes da página: a. b. c. 8. Pontos fracos da página: a. b c. 9. Sugestões: Muito obrigado pela sua colaboração. Setúbal, 7 de Janeiro de 2003