A PRODUÇÃO DE VÍDEOS COMO RECURSO METODOLÓGICO INTERDISCIPLINAR



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Transcrição:

A PRODUÇÃO DE VÍDEOS COMO RECURSO METODOLÓGICO INTERDISCIPLINAR Maria Aparecida Monteiro Deponti (cida_mw@yahoo.com.br) Carlos Henrique Campanher (carloscampanher@oi.com.br ) Resumo O presente trabalho tem enfoque interdisciplinar e relata uma prática realizada com alunos do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Apolinário Porto Alegre, localizado na cidade de Santiago - RS, em 2012, usando como estratégia de ensino a experimentação e a exposição da prática através de vídeos. A atividade desenvolvida foi norteada pelos professores de Física e de Química e consistiu na produção de vídeos, elaborados pelos alunos, contendo experimentos sobre os conteúdos de Hidrostática, Termologia, Soluções ou Termoquímica. O objetivo desta atividade foi proporcionar ao estudante do Ensino Médio uma maneira de conciliar a teoria com a prática como forma de compreensão, experimentação e expressão dos conhecimentos adquiridos nas aulas e realizar ações integradoras e articuladas entre as disciplinas de Física e de Química buscando a vivência de uma prática diferenciada no ensino destas Ciências. Para consolidar a realização das atividades experimentais adotamos como referencial teórico Vygotsky que estabelece a teoria sócio interacionista onde o desenvolvimento cognitivo do ser humano parte da interação social para interiorizar-se no indivíduo; é a conversão de relações sociais em funções mentais. Palavras chave: Experimentação, Ensino, Prática. 1. CONTEXTO DO RELATO Somos professores de Física e de Química do 2º e 3º anos do Ensino Médio, no Colégio Estadual Apolinário Porto Alegre, localizado no município de Santiago, RS, que possui três modalidades de ensino: a Educação de Jovens e Adultos, o Ensino Fundamental, o Ensino Médio e Politécnico. Esta instituição, que tem a equipe diretiva composta por uma diretora e três vice-diretoras, possui cerca de 1067 alunos e, atualmente, conta com o trabalho de uma equipe de 85 professores entre todas as modalidades de ensino e 29 funcionários distribuídos nos três turnos de trabalho e atuando em diferentes setores. A proposta deste trabalho foi pautada na produção de vídeos, onde os alunos foram os autores, podendo relacionar e experimentar na prática os conteúdos aprendidos com o cotidiano. Dessa forma, a metodologia teve a intenção de consolidar a aprendizagem e dar significado aos conteúdos estudados de forma integrada, possibilitando a reflexão acerca do trabalho docente e a avaliação da aprendizagem dos alunos acerca dos temas propostos.

2. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES Na intenção de implementar técnicas e abordagens que favoreçam um ensino de Física e de Química mais significativo para o aluno, planejamos a estratégia didática de produção de vídeos para viabilizar o processo da construção de conceitos científicos através da experimentação e para colocar em prática os conhecimentos adquiridos durante as aulas dessas disciplinas de forma articulada, possibilitando aos alunos vivenciar novas metodologias de ensino que promovam a curiosidade, a investigação, a expressão e a ação. A interdisciplinaridade é o elo de ligação entre os profissionais do ensino, como forma de reciprocidade, de reflexão mútua, em substituição à concepção fragmentária do conhecimento, fazendo com que estes agentes do ensino tenham uma atitude diferenciada perante os obstáculos educacionais.( AZEVEDO e ANDRADE, 2007) Somos professores em constante busca de aperfeiçoamento, inovação e melhoria da qualidade do ensino. As metodologias tradicionais, excesso de aulas expositivas, a falta de interesse dos alunos são alguns aspectos que nos impulsionaram a adotar uma postura mais atualizada para o Ensino de Ciências. Nessa perspectiva, pensamos numa maneira de tornar a experimentação como parte integrante do planejamento do professor e viável para ser feita na sala de aula. Integrante, porque para ensinar Física e/ou Química as práticas experimentais assumem um papel importante no processo de ensino-aprendizagem e são, portanto, necessárias no trabalho didático do professor, podendo ser um recurso potencial para relacionar os conteúdos estudados nas disciplinas. Viável, porque nem sempre é possível realizar na escola um experimento devido à inexistência de um laboratório equipado ou ausência de materiais que possibilitem a efetivação da prática. "...nesse enfoque, o laboratório ou experimento torna-se importante, como um instrumento gerador de observações e de dados para as reflexões, ampliando a argumentação dos alunos. No experimento, tem-se o objeto em que ocorre manipulação do concreto, pelo qual o aluno interage através do tato, da visão e da audição, contribuindo para as deduções e as considerações abstratas sobre o fenômeno observado".( Villatorre, Higa e Tychanowicz, 2009, p. 107) Elaboramos a proposta desse trabalho impulsionados pela hipótese de que as demonstrações experimentais em sala de aula, sendo bem planejadas, podem ser construídas e proporcionar situações específicas de aprendizagem e compreensão do conteúdo, dificilmente percebidas em aulas meramente expositivas que favorecem a transmissão linear do conteúdo e que não proporcionam a motivação dos alunos. Esta proposta está embasada na teoria sócio interacionista de Vygotsky. A teoria Vygotskyana destaca a importância da interação do indivíduo com seu meio social e cultural de forma a contemplar o desenvolvimento do conhecimento. Vygotsky concebe que a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento, onde a aprendizagem não é um ato solitário, mas de interação com o outro e que os fatores sociais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento intelectual. Então o desenvolvimento cognitivo ocorre pelo processo de interação social, onde a sala de aula é um ambiente social, embora composta por indivíduos que vivem num contexto de circunstâncias distintas. O ambiente escolar pode dispor de elementos oferecidos pela cultura e, de acordo com a perspectiva vygotskyana, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica origina o

processo de ensino-aprendizagem, assumindo um papel de suma importância na construção do ser psicológico adulto, oferecendo condições à seus alunos de conviver e aprender em grupo. Cabe ao professor propor atividades desafiadoras que despertem o interesse dos seus alunos, exercendo um papel de destaque no processo de ensino-aprendizagem onde o seu trabalho pode possibilitar avanços nos alunos com sua influência na zona de desenvolvimento proximal. Inicialmente pensamos numa proposta de trabalho que contemplasse os conteúdos afins que são trabalhados nas disciplinas de Física e de Química no 2º ano do Ensino Médio. Fizemos a exposição da proposta aos alunos, solicitando que realizassem experimentos envolvendo os assuntos que se relacionam nas disciplinas e que pudessem ser explorados nessa prática. A atividade de produção de vídeos foi feita por três turmas de 2º ano. O trabalho foi realizado em grupos de quatro a cinco alunos, onde desenvolveram um experimento que possibilitassem a abordagem de fenômenos e conceitos de Física e de Química. Os alunos foram desafiados a escolher um experimento sobre o conteúdo de Hidrostática, Termologia, Soluções ou Termoquímica, buscando o enfoque interdisciplinar e o tipo de prática que gostariam de desenvolver. Durante todo o processo de elaboração do experimento e de produção dos vídeos, foram orientados pelos professores. As estratégias para a construção dos vídeos foram organizadas de modo a reforçar o desenvolvimento do conteúdo como um todo. Para isso, foram destacados alguns elementos com a intenção de organizar a elaboração do trabalho e evidenciar os dados necessários à identificação do assunto (autores, investigação e exposição dos conceitos, objetivos, justificativa, práticas da experimentação, conclusão) e os alunos usaram a criatividade e atuaram nas cenas, explicando e descrevendo o experimento desenvolvido nos vídeos que construíram. Figura 01- Atividade experimental sobre Pressão Atmosférica

Figura 02 - Atividade experimental sobre Fluídos Figura 03- Atividade experimental sobre Propagação de calor O experimento realizado sobre pressão (figura 01), se refere à diferença de temperatura entre as partes interna e externa da lata. As alunas mediram a temperatura atingida pela água no interior da lata e a água da vasilha que estava a temperatura ambiente. Ao retirar a lata da chama e colocar na vasilha com água, pode-se verificar que ela amassa. Então, no vídeo, as alunas detalharam o procedimento do experimento, explicaram os conceitos envolvidos no fenômeno e relacionaram os conteúdos de Física e de Química de forma articulada. A apresentação dos vídeos foi feita durante 2 h/a, na sala de multimídia do Colégio, para a exposição socializada entre alunos e professores. Os alunos fizeram questionamentos acerca dos experimentos realizados pelos colegas, se envolveram na atividade e demonstraram interesse e muita satisfação em realizar esta prática.

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO A proposta relatada foi pensada com a intenção de oportunizar aos alunos uma maneira diferenciada de vivenciar os conteúdos trabalhados e consolidar os conhecimentos adquiridos nas aulas de forma integrada. Entre tantas outras metodologias didáticas utilizadas durantes as aulas, o envolvimento dos alunos na construção dos experimentos e vídeos contribuiu para perceber que os conteúdos de Física e de Química são aprendidos e que práticas diferenciadas podem tornar essas disciplinas mais atraentes para os estudantes da Educação Básica. Quando os conteúdos são trabalhados de maneira descontextualizada, dificultam a compreensão dos conceitos científicos. A aplicação desta prática contribuiu de forma significativa para o processo de aproximação da teoria com a prática, e foi feita a partir do delineamento dos critérios para a elaboração e avaliação do conteúdo contido na atividade. Então, pode-se perceber que a produção de vídeos com experimentos foi um trabalho que possibilitou a interação dos estudantes com o conhecimento contextualizado e interdisciplinar, resultando num melhor aprendizado sobre os temas estudados. Alguns vídeos foram divulgados, espontaneamente, no Youtube e no Facebook das turmas. A utilização do recurso de produção de vídeos, planejado e orientado, foi eficaz para melhorar significativamente a aprendizagem e instigar o interesse e a participação dos alunos nas aulas. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento da metodologia interdisciplinar de produção de vídeos com experimentos proporcionou aos alunos a capacidade de estabelecer relações entre os fenômenos e conceitos físicos e químicos, contemplando aspectos importantes do processo de ensino-aprendizagem das disciplinas de Física e de Química: a motivação, interdisciplinaridade, o conhecimento, a criatividade e a aprendizagem. É possível destacar que o uso de atividades experimentais, devidamente planejadas, são essenciais nas aulas de Física e/ou de Química, porque o ensino teórico e experimental convergem para um ponto comum, a consolidação do conhecimento. Especificamente, a metodologia descrita nesse trabalho, desperta a curiosidade e o engajamento dos alunos na preparação do material. Foi possível vivenciar uma prática integradora e, segundo Vygotsky, a interação e a socialização, efetivadas neste ambiente escolar, oportunizaram o desenvolvimento cognitivo dos alunos, a troca de saberes, a compreensão dos fenômenos científicos e o desenvolvimento de práticas contextualizadas e interdisciplinares. Dessa forma, é interessante promover atividades experimentais produzidas na forma de vídeos no decorrer do ano letivo, para ampliar a ideia de aplicação desta prática, podendo variar a metodologia, possibilitando o acesso à prática e à consolidação da aprendizagem dos conceitos trabalhados na sala de aula.

5. REFERÊNCIAS AZEVEDO, M. A. R.; ANDRADE, M. F. R. O conhecimento em sala de aula: a organização do ensino numa perspectiva interdisciplinar. Educar em revista. n.30. Curitiba, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0104-40602007000200015> BICA, A. C.; DORNELLES, C.; MARRANGHELLO, G. F. (orgs) Articulações Universidade-Escola: Perspectivas e Possibilidades. Itajaí: Casa Aberta Editora, 2012. FOUREZ, G.; MAINGAIV, A. e DUFOUR, B. Abordagens didáticas da Interdisciplinaridade. Lisboa: Instituto Piaget, 2002. VIGOTSKI, L. S. A Formação social da mente. COLE, Michael et al (org.). São Paulo: Martins Fontes, 2007. VILLATORRE, A. M.; HIGA, I.; TYCHANOWICZ, S. D. Didática e Avaliação em Física. São Paulo: Saraiva, 2009. AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com apoio do Programa Observatório da Educação, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES/Brasil.