As portas do nosso passado estão no Museu de Évora Visite-nos! O Museu de Évora, para além de oferecer as designadas «visitas clássicas» que criam pontes de contacto entre os diversos públicos que o visitam e os conteúdos do seu rico espólio, procura igualmente desenvolver programas que correspondam aos interesses mais variados de todos os seus visitantes, salientando não só a importância de cada um das suas coleções como fomentando uma atividade crítica, histórica e essencialmente cívica nos grupos que venham a aderir ao estímulo que o museu pretende criar - aliás, uma das suas principais funções enquanto instituição da cultura e da cidadania. Por isso, e pelo forte desígnio cultural, refletivo e lúdico que nos assiste, o Museu de Évora realizará visitas guiadas a temáticas específicas tendo em vista enriquecer o conhecimento e criar dinâmicas entre passado e presente, sendo elas:
16 de janeiro, 14h30-15h30 Recordar a Restauração da Independência de 1640: a galeria dos Bragança do Museu de Évora O século XVII, mais do que qualquer outra época, foi marcado pela importância das imagens enquanto instrumentos políticos e diplomáticos. Assim, as artes visuais tornaram-se armas essenciais, para todos aqueles que tinham algum tipo de pretensão social, política ou mesmo cultural no contexto das sociedades em que estavam inseridos. Reis, rainhas, príncipes e princesas terão sido as principais personagens retratadas, sempre com efeitos e mensagens específicas, de forma a criar uma imagem, uma representação idealizada da monarquia e que enaltecesse o seu poder. Neste âmbito, Portugal não foi exceção, e a partir de 1640 ano em que a Coroa portuguesa se separa do governo espanhol com a entronização de uma dinastia natural (os Bragança), assiste-se a um investimento num mecenato artístico significativo de imagens e textos só compreensíveis perante a necessidade dos novos monarcas se afirmarem na política internacional. Sendo o Museu de Évora depositário de alguns dos retratos desses primeiros reis da dinastia brigantina, é importante revisitar essas representações enquanto testemunhos da intensa propaganda desenvolvida por D. João IV e que pretendem testemunhar o distanciamento em relação a Espanha como a legitimidade do seu poder.
23 de janeiro, 14h30-15h30 Formas de interpretar as naturezas-mortas A arte da «natureza morta» irrompeu com força nos finais do século XVI, um pouco por toda a Europa. Mas foi no século XVII que conquistou importância na pintura, desde os Países Baixos até ao Sul Ibérico, adquirindo destaque nas encomendas solicitadas a vários pintores. Alguns exemplos apontam para um verdadeiro negócio em função da grande procura no mercado das artes e pelo seu aspeto essencialmente decorativo. Mas será que a representação de objetos inanimados teria apenas essas funções? Partindo de um pressuposto que as pinturas que a retratavam constituíam, como disse Vanessa Fragoso, um verdadeiro testemunho da realidade cultural vivida, não só para o caso ibérico, sobre o qual incidiu o seu estudo, mas para outras realidades europeias, parecem existir outras mensagens a desvendar em torno dessas obras. Tendo por base essa premissa, o visitante será desafiado a conhecer, a analisar e a decifrar as pinturas que o Museu de Évora possui no campo das naturezas-mortas de artistas como Baltasar Gomes Figueira, Josefa d Óbidos ou Morgado de Setúbal.
30 de janeiro, 14h30-14h30 A romanização no sul da Lusitânia: o caso de Liberalitas Ivlia Ebora A cidade de Évora, ponto central da peneplanície alentejana, tem merecido enormes considerações no que toca à sua origem e desenvolvimento urbano. É difícil, contudo, chegar-se a uma opinião consensual com base nos testemunhos arqueológicos até agora encontrados, mesmo quando estes são confrontados com os saberes de outras ciências. Sabemos que, em época romana, foi uma das mais importantes cidades do atual território português, recebendo, desde muito cedo e na sequência das alterações verificadas nos finais da República, o estatuto municipal. Assim sendo, a urbe romana passou a desempenhar um papel importante na estruturação de uma vasta região o território da ciuitas sendo dotada de imponentes monumentos e de um plano urbanístico que, ainda hoje, é possível contemplar através do trabalho incansável de arqueólogos e de todos os achados que a nossa instituição tem o prazer de mostrar ao público, permitindo um percurso pela riqueza e monumentalidade da antiga cidade de Liberalitas Ivlia Ebora.
13 de fevereiro, 15-16h30 Évora, uma Corte da Renascença O século XVI - período de afirmação dos chamados Estados Modernos e do renascer dos gostos clássicos no viver e no pensar -, corresponde ao auge da cidade de Évora no cenário nacional, sob uma perspectiva essencialmente cultural. Deve-o, sobretudo, ao rei D. Manuel I (1495-1521), que lhe renovou o foral em 1501, acompanhado de uma reformulação urbanística e arquitetónica, que misturou os novos gostos e estéticas proporcionados pelos descobrimentos marítimos e pelo Humanismo europeu. A riqueza e o esplendor provenientes da expansão ultramarina, a consolidação da linhagem régia através de um ramo colateral dos Avis com o duque de Beja (D. Manuel) e a abertura de Portugal aos «exotismos» dos novos continentes, permitiram introduzir mudanças substanciais mas não por isso menos importantes - no panorama artístico português, visíveis em muitas pinturas e esculturas que atualmente constituem um dos ex-libris do nosso acervo museológico. É na apologia da cidade, enquanto urbe renascentista, enquanto capital de mecenato artístico de difusão, de debate, de pedagogia que se centrará a visita tendo por base as pinturas de influência flamenga e a escultura de gramática nitidamente italiana.