Índice de Sustentabilidade Local: uma avaliação da sustentabilidade dos municípios do entorno do Parque Estadual do Rio Doce (MG) 1



Documentos relacionados
Índice de sustentabilidade urbana 1

DESENVOLVIMENTO DE INDICADOR DE QUALIDADE DE SANEAMENTO AMBIENTAL URBANO E APLICAÇÃO NAS MAIORES CIDADES PARANAENSES

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2016

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O ENFRENTAMENTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM ÁREAS URBANAS: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE BELÉM, PARÁ, BRASIL

Avaliação Econômica. Relação entre Desempenho Escolar e os Salários no Brasil

A Importância de Inventários de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) em Governos Locais

MIGRANTES EM UBERLÂNDIA/MG NO PERÍODO RECENTE

PROJETO DE LEI Nº 433/2015 CAPÍTULO I DOS CONCEITOS

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2006

PROJETO DE LEI Nº, DE (Do Sr. SARNEY FILHO) O Congresso Nacional decreta:

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2015

Diagnóstico da Área de Preservação Permanente (APP) do Açude Grande no Município de Cajazeiras PB.

PROJETO DE LEI Nº, DE (Do Sr. Fausto Pinato)

CARTA EMPRESARIAL PELA CONSERVAÇÃO E USO SUSTENTÁVEL DA BIODIVERSIDADE

Analise este mapa topográfico, em que está representada uma paisagem serrana de Minas Gerais:

Projeto de Revitalização da Microbacia do Rio Abóboras Bacia Hidrográfica São Lamberto

Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

Gestão de impactos sociais nos empreendimentos Riscos e oportunidades. Por Sérgio Avelar, Fábio Risério, Viviane Freitas e Cristiano Machado

SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

RUMO AO FUTURO QUE QUEREMOS. Acabar com a fome e fazer a transição para sistemas agrícolas e alimentares sustentáveis

Mudanças Socioespaciais em um Mundo Globalizado

Sistema de Gestão Estratégica

PROGRAMA DE REFLORESTAMENTO DAS MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS DA REPRESA BILLINGS NO MUNICÍPIO DE SANTO ANDRÉ SP

Fuvest 2014 Geografia 2ª Fase (Segundo Dia) A região metropolitana do litoral sul paulista é constituída pelos municípios representados no mapa:

Contribuição da Atividade de Projeto para o Desenvolvimento Sustentável

SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE SEMA DEPARTAMENTO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS E GESTAO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DEMUC

O PAPEL DOS MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO SUL NA AMPLIAÇÃO DO ATENDIMENTO EM CRECHE ÀS CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS

Carta Verde das Américas 2013

Água, fonte de vida. Aula 6 A conexão das águas. Rio 2016 Versão 1.0

A DEMANDA POR SAÚDE PÚBLICA EM GOIÁS

PLANO NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA PNMC

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo*

OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES: Território, Coesão e Governança Democrática

02/12/2012. Geografia

V ESTUDO TEMPORAL DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO GUAMÁ. BELÉM-PA.

INDUSTRIALIZAÇÃO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP: UMA ANÁLISE DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO DISTRITO INDUSTRIAL DO CHÁCARAS REUNIDAS

ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS: PERFIL E CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS PROFESSORES EM FEIRA DE SANTANA Simone Souza 1 ; Antonia Silva 2

TEXTO PARA DISCUSSÃO N 225 ÍNDICES DE SUSTENTABILIDADE MUNICIPAL: O DESAFIO DE MENSURAR

SONDAGEM ESPECIAL PRODUTIVIDADE RIO GRANDE DO SUL. Sondagem Especial Produtividade Unidade de Estudos Econômicos Sistema FIERGS

MODELANDO O TAMANHO DO LIXO

Tatiana Marchetti Panza 1 & Davis Gruber Sansolo 2

9.3 Descrição das ações nos Sistemas de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário

Água e Floresta As lições da crise na região Sudeste

Curso de Nivelamento em Avaliação Ambiental Estratégica Módulo IV (11 e 12/05/2009)

PROJETO DE LEI N O, DE 2015

RESUMO EXPANDIDO. O Novo Código Florestal: impacto sobre os produtores rurais de Juína e região

ESTRUTURA DO MACROSSETOR

DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO MUNICÍPIO DE CANHOBA/SE

Pesquisa Pantanal. Job: 13/0528

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE UMA ESCOLA TÉCNICA AGRÍCOLA POR MEIO DE INDICADORES

ECOLOGIA GERAL ECOLOGIA DE POPULAÇÕES (DINÂMICA POPULACIONAL E DISPERSÃO)

Biodiversidade em Minas Gerais

MINAS, IDEB E PROVA BRASIL

Art. 6 o O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:

CAPÍTULO 15 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Regionalização Brasileira

Copyright Proibida Reprodução. Prof. Éder Clementino dos Santos

SÍNDROME DE DOWN E A INCLUSÃO SOCIAL NA ESCOLA

Sistema de Gestão Ambiental & Certificação SGA - ISO

GT de Juventude do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

Termo de Referência para Elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) TR GERAL

REGULAMENTO. 10º Prêmio de Responsabilidade Social

EDITAL DE APOIO A PESQUISAS REALIZADAS NA RPPN URU, LAPA, PARANÁ

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES RELATÓRIO I ESTUDO DE DEMANDA

PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES

Índices de sustentabilidade municipal:

CAPITAL DE GIRO: ESSÊNCIA DA VIDA EMPRESARIAL

POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DAS EMPRESAS ELETROBRAS

Anais da Semana de Ciência e Tecnologia, Ouro Preto, v. 4, p , 2012.

Estado da tecnologia avançada na gestão dos recursos genéticos animais

6. O Diagnóstico Rápido Participativo. 6.1 Aspectos teóricos. 6.2 Metodologia do Diagnóstico Participativo da bacia hidrográfica do rio Sesmaria

A política e os programas privados de desenvolvimento comunitário

O Estado da Biodiversidade Brasileira: Genes, Espécies e Biomas

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

CICLOVIAS COMO ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL PARA A MOBILIDADE URBANA UM ESTUDO DE CASO DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO BONITO - SP

IMPLANTAÇÃO DOS PILARES DA MPT NO DESEMPENHO OPERACIONAL EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DE COSMÉTICOS. XV INIC / XI EPG - UNIVAP 2011

Finanças Públicas Estaduais: uma breve análise do impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal sobre alguns indicadores orçamentários

Disciplina Corpo Humano e Saúde: Uma Visão Integrada - Módulo 3

1. Seu município enfrenta problemas com a seca? 43 Sim... 53% 38 Não... 47%

ACORDO DE PARIS: A RECEITA PARA UM BOM RESULTADO

Métodos de mapeamento para fenômenos qualitativos e quantitativos

Mapeamento Participativo em Sete Unidades de Conservação no Extrativismo Não Madeireiro

Ensino Fundamental II

LEI N , DE 17 DE JANEIRO DE INSTITUI A POLÍTICA ESTADUAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL DA AGRICULTURA FAMILIAR.

MINUTA PROJETO DE LEI. Súmula: Institui a Política Estadual sobre Mudança do Clima.

GEOGRAFIA - 2 o ANO MÓDULO 15 AGROPECUÁRIA E MEIO AMBIENTE

O BANCO DE DADOS GESTÃO PÚBLICA E CIDADANIA- CICLO DE PREMIAÇÃO 2001

CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA PARA CAMPINA GRANDE-PB: A OPINIÃO DA SOCIEDADE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PRPPG

Projeto de inovação do processo de monitoramento de safra da Conab

Profa.ª Zenaide Campos Escola Municipal Prof. ª Noilde Pessoa Ramalho - Natal/RN

Proposta de Plano de Desenvolvimento Local para a região do AHE Jirau

Razões para Investir em Fundos de Fundos de Private Equity

INDICADORES EM ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE PARA A CADEIA PRODUTIVA DE GÁS NATURAL

A Sustentabilidade e a Inovação na formação dos Engenheiros Brasileiros. Prof.Dr. Marco Antônio Dias CEETEPS

TERMO DE REFERÊNCIA PARA ELABORAÇÃO DE ESTUDO DE VIABILIDADE AMBIENTAL - EVA

As áreas temáticas visadas na construção da síntese de diagnóstico apresentam-se no Quadro 2.77

Energia Elétrica: Previsão da Carga dos Sistemas Interligados 2 a Revisão Quadrimestral de 2004

A especialização do Brasil no mapa das exportações mundiais

Transcrição:

Índice de Sustentabilidade Local: uma avaliação da sustentabilidade dos municípios do entorno do Parque Estadual do Rio Doce (MG) 1 Tânia Moreira Braga UFMG/CEDEPLAR Ana Paula Gonçalves de Freitas UFMG/CEDEPLAR Palavras-chave: sustentabilidade, indicadores, meio ambiente, qualidade de vida. Introdução Data do final da década de 80 o surgimento de propostas de construção de indicadores ambientais e de sustentabilidade. Tais propostas possuem em comum o objetivo de fornecer subsídios à formulação de políticas nacionais e acordos internacionais, bem como à tomada de decisão por atores públicos e privados. Também buscam descrever a interação entre a atividade antrópica e o meio ambiente e conferir ao conceito de sustentabilidade maior concretude e funcionalidade. As tentativas de construção de indicadores ambientais e de sustentabilidade seguem três vertentes principais. A primeira delas, de vertente biocêntrica, consiste principalmente na busca por indicadores biológicos, físico-químicos ou energéticos de equilíbrio ecológico de ecossistemas. A segunda, de vertente econômica, consiste em avaliações monetárias do capital natural e do uso de recursos naturais. A terceira vertente busca construir índices síntese de sustentabilidade e qualidade ambiental que combinem aspectos do ecossistema natural a aspectos do sistema econômico e da qualidade de vida humana, sendo que em alguns casos, também são levados em consideração aspectos dos sistemas político, cultural e institucional. Os índices ambientais existentes são, via de regra, modelos de interação atividade antrópica/meio ambiente que podem ser classificados em três tipos principais: estado; Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002. 1 Este artigo é parte das pesquisas realizadas no CEDEPLAR/UFMG sobre "Impacto antrópico e qualidade ambiental na Bacia do Rio Piracicaba" com o apoio da FAPEMIG e do PIE/PELD-CNPq

pressão; resposta. Enquanto os indicadores de estado buscam descrever a situação presente, física ou biológica, dos sistemas naturais, os indicadores de pressão tentam medir/avaliar as pressões exercidas que as atividades antrópicas sobre os sistemas naturais e os chamados indicadores de resposta buscam avaliar a qualidade das políticas e acordos formulados para responder/minimizar os impactos antrópicos (HERCULANO, 1998; ISLA, 1998; ESI, 2002). Em geral, suas avaliações incidem sobre o curto/médio prazo 2 e se defrontam com dificuldades metodológicas referentes à concepção conceitual, à definição de variáveis e à obtenção e tratamento dos dados. Uma primeira dificuldade diz respeito aos diferentes conceitos e concepções sobre o que seja sustentabilidade e qualidade ambiental, o que torna obscuro o processo de escolha das variáveis a serem utilizadas na mensuração. ISLA (1998) ressalta que no caso dos indicadores ambientais locais, devido à ausência de uma definição conceitual, o que se vê são antes listas de indicadores isolados sem relações claras de causalidade e hierarquia, que um sistema coerente de mensuração/avaliação do fenômeno. Portanto, um primeiro passo de importância crucial na construção de indicadores e índices é a explicitação da abordagem conceitual utilizada. No caso do presente trabalho, estamos em busca de indicadores de sustentabilidade local. A conceituação de sustentabilidade local aqui adotada combina a definição adotada pelo URBAN WORLD FORUM (2002) 3 com a terceira das matrizes discursivas de sustentabilidade urbana identificadas por ACSERALD (1999) 4. Uma localidade é considerada sustentável na medida em que é capaz de evitar a degradação e manter a saúde de seu sistema ambiental, reduzir a desigualdade social, prover seus habitantes de um ambiente construído saudável, bem como construir pactos políticos e ações de cidadania que o permitam enfrentar desafios presentes e futuros. 2 O ESI, desenvolvido pelas universidades de Yale e Columbia com o apoio do World Economic Forum, é uma destacada exceção, pois incorpora indicadores que traduzem a capacidade política/institucional de resposta a mudanças na condição de sustentabilidade no médio/longo prazo. 3 While the priorities for local sustainability are overcoming poverty and equity, enhancing security and preventing environmental degradation, there is a need to pay more attention to social capital and cultural vitality in order to foster citizenship and civic engagement. (URBAN WORLD FÓRUM, 2002) 4 Noção de sustentabilidade urbana centrada na reconstituição da legitimidade das políticas urbanas, que combina modelos de eficiência e eqüidade e remete a sustentabilidade à construção de pactos políticos capazes de reproduzir suas próprias condições de legitimidade e assim dar sustentação a políticas urbanas que possam adaptar a oferta de serviços urbanos às demandas qualitativas e quantitativas da população. 2

Portanto, a sustentabilidade local é aqui avaliada a partir de uma combinação de indicadores de estado, pressão e resposta, incluso indicadores de capacidade política e institucional que indiquem tendências de resposta a pressões e desafios futuros. A carência de informações sistemáticas, tanto em relação à qualidade de vida quanto em relação ao meio ambiente, é problema recorrente para aqueles que trabalham com indicadores ambientais. A construção dos índices envolve ainda a complicação adicional de tornar compatíveis dados de diferentes fontes, produzidos a partir de escalas distintas, com cobertura e distribuição espacial e temporal diversas. Daí a necessidade de se buscar formas alternativas e aproximadas para imputar dados faltantes e construir proxys adequadas e representativas de informações inexistentes. O Índice de Sustentabilidade Local aqui proposto é uma contribuição ao esforço acadêmico recente de construção de índices ambientais. Inspira-se, em especial, em duas fontes: i) o estudo sobre o ambiente, a população, a economia, a sociedade e a vida política realizados em pesquisa anterior desenvolvida pelo CEDEPLAR/UFMG e o ICB/UFMG, que deu origem ao livro: Biodiversidade, População e Economia 5 ; ii) o Environmental Sustainability Index (ESI) desenvolvido pelas universidades de Columbia e Yale para 142 países. Desta forma, o Índice poderá ser utilizado não apenas para a avaliação comparativa da qualidade de vida e do ambiente na região estudada, como também para auxiliar no processo de planejamento das cidades e micro-regiões em relação à integração entre meio ambiente e crescimento/desenvolvimento econômico. Índice de Sustentabilidade Local: concepção metodológica O Índice de Sustentabilidade Local é composto por quatro índices temáticos: i) qualidade do sistema ambiental local; ii) qualidade de vida; iii) redução do impacto, ou pressão, exercido pelas atividades antrópicas sobre as bases de reprodução no espaço intra-urbano e no entorno; iv) capacidade política e institucional de intervenção ambiental local. Os índices temáticos, por sua vez são compostos a partir de um conjunto de 12 indicadores associados a variáveis que o exprimem quantitativa e qualitativamente. 5 In PAULA, João A. et al. Biodiversidade, População e Economia: Uma região de Mata Atlântica. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar; ECMXC; PADCT/CIAMB, 1997. 3

O Índice de Qualidade do Sistema Ambiental, um indicador de estado, mede a saúde do sistema ambiental local, através da qualidade da água e da biota presente nos sedimentos do rio. Nesse contexto, o rio é visto como testemunho-síntese da qualidade do sistema ambiental como um todo, uma vez que registra as alterações e agressões ambientais ocorridas em sua bacia de drenagem. As variáveis físico-químicas que compõem o índice fornecem uma visão estática, um retrato momentâneo da drenagem de sua bacia, enquanto as variáveis biológicas permitem identificar processos mais permanentes, na medida em que a sobrevivência e/ou o desenvolvimento de certos microorganismos vivos refletem as condições ambientais em seu leito por períodos mais dilatados. (PAULA, 1997: 262-3). O Índice de Qualidade de Vida, um indicador de estado, mede aspectos relacionados à qualidade da vida humana e do ambiente construído para o momento atual. As variáveis de desenvolvimento humano refletem o conjunto das oportunidades que os indivíduos possuem a seu favor para alcançar funcionalidades, tanto as elementares nutrição, abrigo e saúde quanto as que envolvem auto-respeito e integração social (SEN, 2000). As variáveis de conforto ambiental urbano e qualidade da habitação refletem a qualidade do ambiente construído no que se refere ao provimento de condições adequadas a uma vida humana saudável. O Índice de Redução da Pressão Antrópica, um indicador de pressão, mede o estresse exercido pela intervenção antrópica urbanização e principais atividades econômicas sobre o sistema ambiental local, com especial atenção para seu potencial poluidor, ritmo de crescimento e concentração espacial. Mensura tanto o estresse interno à localidade quanto o estresse causado por ela ao entorno. Por fim, o Índice de Capacidade Político-Institucional, um indicador de resposta, mede a capacidade dos sistemas político, institucional, social e cultural locais de superar as principais barreiras e oferecer respostas aos desafios presentes e futuros de sustentabilidade. Os indicadores e variáveis foram selecionados a partir de revisão bibliográfica 6 e das matrizes do projeto Biodiversidade, População e Economia (PAULA, 1997), tendo 6 Dentre os trabalhos consultados, aqueles de maior significância foram: ESI, 2002; HERCULANO, 1998; ISLA, 1998; COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES, 1996; TAYLOR, 1998; RAMIERI & COGO, 1998; SAWYER, 1997, 2000a E 2000b; CORRÊA, 2000; BELO HORIZONTE IQVU, 2002; FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1996. 4

como balizador à concepção de sustentabilidade local adotada na pesquisa. Os critérios considerados na escolha foram: Relevância, capacidade da variável em traduzir o fenômeno. Sempre que possível utilizamos variáveis que meçam diretamente o fenômeno, quanto não houve esta possibilidade, optou-se pela utilização de proxy. Aderência local, capacidade da variável (indicador) em captar fenômeno produzido ou passível de transformação no plano local. Disponibilidade, cobertura e atualidade dos dados. Embora o objetivo principal seja o de criar indicadores adequados à realidade da região estudada, um critério adicional utilizado na escolha das variáveis e indicadores foi a possibilidade de cálculo do mesmo para outras localidades, razão pela qual foram abandonados alguns indicadores. Algumas das variáveis selecionadas são facilmente construídas a partir de dados disponíveis em fontes secundárias, outras requerem um trabalho de pesquisa de campo para levantamento de dados primários. Parte das variáveis são compostas por índices e indicadores existentes, outras ainda requerem a construção de índices específicos. Um último caso envolve variáveis que, dada a dificuldade na obtenção de dados, tem seus valores imputados a partir da utilização de proxies ou através de métodos estatísticos de imputação. 5

Quadro 1. Índices temáticos, indicadores e variáveis Índices temáticos Indicadores Variáveis Índice de Qualidade de Água no Período de Seca (Barbosa, Índice de qualidade do sistema ambiental Índice de qualidade de vida Índice de redução da pressão antrópica Índice de capacidade político-institucional Qualidade da água 1997) Índice de Qualidade de Água no Período de Chuvas (Barbosa, 1997) Percentual de habitações sub-normais Qualidade da habitação Densidade Habitacional por Cômodos Índice de Serviços Urbanos (Monte-Mór et al, 1997) Proporção de área verde em relação a área urbanizada Conforto ambiental urbanoocorrências de perturbações ruidosas por área do perímetro urbano Condições de vida Renda Redução da pressão urbana Redução da pressão industrial Mortes violentas anuais per capta Variáveis saúde/longevidade, educação e criança do Índice de Condições de Vida (FJP) Variável renda do Índice de Condições de Vida (FJP) Taxa de pressão populacional Percentual de Domicílios sem Água Tratada Percentual de Domicílios sem Esgoto Sanitário Percentual de esgoto despejado em corpos d água sem tratamento Toneladas de lixo ano per capta Número de veículos por área urbana Percentual de domicílios em áreas de risco Emissões de poluentes hídricos por valores máximos de emissão permitido pela legislação Emissões de poluentes atmosféricos por valores máximos de emissão permitido pela legislação Consumo de carvão por área efetivamente ocupada Percentual do território da unidade ocupado por atividades Redução da pressão por mineradoras mineração (ou atividades Infrações registradas no órgão ambiental por licenças extrativas) concedidas pelo órgão ambiental Redução da pressão da Índice de pressão antrópica agropecuária (Sawyer, 1997)(1) agropecuária e silvicultura Proporção área ocupada por silvicultura e área com vegetação nativa Políticas públicas Índice de políticas públicas ambientais locais (Braga, 2001) Índice de Governança Urbana (Habitat UNCHS) Índice de capacidade fiscal local (em construção, elaboração própria) Gestão ambiental industrial Índice de responsabilidade ambiental empresarial (Braga, 1997)* Intervenção da sociedade Índice de intervenção ambiental da sociedade civil (Braga, civil 1997)* Para o cálculo de cada um dos indicadores é necessário padronizar as variáveis de forma a torná-las comparáveis e permitir sua agregação. Isto é feito através de conversão pelo método z-score. A utilização de um modelo de análise multivariada para a padronização das variáveis não é viável no contexto de nossa pesquisa, pois esta exige um alto número de observações fortemente relacionadas. O método z-score, embora 6

simples, possibilita a conversão de todos as variáveis a uma escala numérica única, ao mesmo tempo em que elimina distorções causadas por valores extremos. Uma segunda padronização necessária é a espacial. Os indicadores de qualidade da água, o indicador de responsabilidade ambiental empresarial e parte das variáveis de pressão industrial, são pontuais. As demais variáveis são municipais. Para o primeiro teste do índice foi realizada uma compatibilização espacial simples: i) para o indicador de responsabilidade ambiental empresarial e para as variáveis de pressão industrial procedeu-se uma correlação indústria município sede; ii) para o índice de qualidade da água, dado que em sua construção cada ponto foi escolhido por sua capacidade de sintetizar a qualidade ambiental de sua bacia de drenagem - isto é, foi escolhido por ser o ponto de leitura do funil representado pela bacia hidrográfica; a cada município foram atribuídos os valores do ponto representativo da micro-bacia na qual se encontra a concentração urbana e as principais atividades impactantes. Está previsto, em futuro aperfeiçoamento metodológico, a criação de modelos de espacialização que permitam trazer os valores dos pontos para a escala municipal, e vice-versa, de forma mais refinada. O valor dos indicadores é obtido através de ponderação simples das variáveis; os índices temáticos são obtidos por ponderação simples dos indicadores. O valor final do índice, compreendido entre zero e cem, por sua vez, é obtido através da ponderação simples dos quatro índices temáticos. Embora a ponderação simples seja objeto de debate, o estabelecimento de pesos diferentes a cada variável ou indicador não é viável dado a ausência de consenso científico sobre a contribuição relativa dos diferentes fatores para a obtenção de sustentabilidade (ESI, 2002). Índice de Sustentabilidade Local: teste para os municípios do entorno do Parque Estadual do Rio Doce A região A Bacia do Rio Doce apresenta numerosas possibilidades para a análise e o estudo de questões relacionadas a sustentabilidade, dada a riqueza de suas características. Nela localiza-se uma importante área preservada do bioma de Mata Atlântica, o Parque Estadual 7

do Rio Doce. Submetida a um intenso e rápido processo de urbanização, possui importante centros urbanos e uma região metropolitana, o Vale do Aço. Dentre as atividades econômicas desenvolvidas na bacia destacam-se: i) siderurgia com o maior parque siderúrgico do país; ii) mineração de pequena e grande escala; iii) indústria de celulose; iv) reflorestamento empresarial principalmente com a monocultura de eucaliptos; v) forte presença da pecuária diversificada em pequenas e grandes propriedades e de complexos agro-industriais. Assim, a bacia do Rio Doce é um verdadeiro mosaico de problemas ambientais, pois concentra numa área relativamente pequena um conjunto significativo de atividades econômicas altamente impactantes. Esse cenário é ainda agravado pelo processo de urbanização rápido e não planejado. O Parque Estadual do Rio Doce, além de ser uma das maiores reservas de Mata Atlântica do Brasil, abriga a maior floresta tropical de Minas em seus 35.976 ha e apresenta alta diversidade biológica que vem sendo objeto de estudos e pesquisas de campo (PAULA et al.). A presença de atividades impactantes no entorno, em especial a monocultura de eucalipto, compromete a manutenção da biodiversidade do parque, pois segundo GUERRA 7 tais culturas (...) são incapazes de manter os componentes da diversidade biológica original por sua homogeneidade biológica e estrutural, pela baixa disponibilidade de fontes de alimentação para a fauna, além dos possíveis efeitos aleopáticos que inibem a colonização do sub-bosque por espécies da flora nativa. A intensividade das atividades econômicas ali presentes e as alterações das características originais das comunidades de Mata Atlântica por elas induzidas, tornamna uma região privilegiada para a análise aqui proposta, tanto no que diz respeito à influência do Parque sobre os municípios, quanto ao impacto das atividades econômicas e urbanas dos municípios sobre o Parque. Os quatorze municípios compreendidos por esse teste fazem parte da região do entorno do PERD ou possuem influencia direto do ou sobre o mesmo, sendo eles: Belo Oriente, Bom Jesus do Galho, Caratinga, Coronel Fabriciano, Córrego Novo, Dionísio, Iapu, Ipaba, Ipatinga, João Monlevade, Marliéia, Mesquita, Santana do Paraíso e Timóteo. 7 GUERRA, 1995 in PAULA et al, 1997. 8

Mapa 1. Localização do Parque Estadual do Rio Doce e Municípios do Entorno MINAS GERAIS Bela Vista de Minas João Monlevade Nova Era Antônio Dias Rio Piracicaba Coronel Fabriciano Jaguaraçu Marliéria Mesquita Ipatinga Timóteo Belo Oriente Santana do Paraíso Córrego Novo Pingo d'água Bugre Ipaba Lagoa Santa Clara Iapu Vargem Alegre Entre- Folhas São João do Oriente! Bom Jesus do Galho Caratinga Piedade de Caratinga Santa Rita de Minas São Domingos do Prata Rio Doce 0 10 kilometers 20 LEGENDA Rio Lagoa Fonte: Elaboração própria a partir da Malha Municipal Digital do IBGE, 1996 e Hidrografia MG 1996 GEOMINAS PAULA, J. A.; et al. Biodiversidade, População e Economia: uma região Parque Estadual do Rio Doce de Mata Atlântica. Municípios não-estudados Belo Horizonte: UFMG/CEDEPLAR; ECMXC; PADCT/CIAM. Municípios em estudo Resultados preliminares Apresentamos aqui os resultados obtidos em teste realizado para os quatorze municípios para a primeira metade da década de 90. Os indicadores e índices temáticos ora construídos não se constituem ainda em uma aplicação completa da metodologia, já que algumas das variáveis e indicadores ainda não foram incorporados. Em especial, nesse primeiro momento, não foi ainda incluído índice temático de capacidade políticoinstitucional. Os indicadores e índices temáticos foram calculados a partir de variáveis convertidas para z-score. Portanto, para facilitar a comparação e análise dos resultados convertemos os scores obtidos para uma escala de 0 a 100, sendo zero o menor score observado e 100 o maior score observado para cada um dos índices temáticos. 9

Quadro 2. Resultados preliminares dos indicadores para a década de 1990 (nãoreescalonado) IQSA IQV Indicadores IRPA Municípios Qualidade de Água Qualidade da Habitação Condições de Vida Renda Redução Pressão Urbana da Redução Pressão Industrial Redução da da Pressão da Agropecuária e Silvicultura Belo Oriente 0,7450 0,7681-0,2780-0,3484-0,0471 0,8670 0,0457 Bom Jesus do Galho - -0,2648-1,0172-1,0418-0,0935-0,8662-0,5311 Caratinga - -0,3583-0,3193-0,3144-0,1027 0,4221-0,2691 Coronel Fabriciano -0,2600-0,4352 0,3598 1,0724 0,1572-0,6053 1,2171 Córrego Novo - 0,0030-0,4901-0,9059 0,1803-1,3185-0,1212 Dionísio - -0,2826-0,0664-0,5999 0,3290-2,2652 0,1207 Iapu - -0,0481-0,6636-0,5660 0,0067 0,8481-1,2364 Ipaba* 0,8450 - - - - - - Ipatinga -2,2050-0,4770 0,8482 1,4735-0,4996-0,2905 0,2556 João Monlevade -0,3800-0,9793 1,4950 1,1064 0,0875 0,5032 0,1833 Marliéria - -0,4168-0,7023-1,0146-0,4002 0,2284-0,0625 Mesquita - 0,5294-0,8629-0,4232 0,6920 0,8062-1,0631 Santana do Paraíso* 0,8450 - - - - - Timóteo -0,2600-0,7541 1,6967 1,5619-0,3094 0,6164 1,1707 Fonte: Elaboração própria segundo dados coletados. *Municípios criados após 1991. Quadro 3. Índices Temáticos Reescalonados (resultados preliminares) Década 1990 Municípios Índice de Qualidade Ambiental Local (IQAL) - reescalonado Índice de Qualidade do Índice de Qualidade de Sistema Ambiental - Vida - IQV IQSA Índice de Redução da Pressão Antrópica - IRPA Belo Oriente 95,75 51,06 81,41 Bom Jesus do Galho - 0,00 9,86 Caratinga - 27,58 56,66 Coronel Fabriciano 63,77 68,78 78,48 Córrego Novo - 19,28 16,89 Dionísio - 28,48 0,00 Iapu - 21,67 43,54 Ipaba * 100,00 - - Ipatinga 0,00 86,33 38,90 João Monlevade 59,84 81,72 78,63 Marliéria - 3,94 48,01 Mesquita - 32,46 68,35 Santana do Paraíso * 100,00 - - Timóteo 63,77 100,00 100,00 Fonte: Elaboração própria segundo dados coletados. *Municípios criados após 1991. 10

Os municípios de Ipaba e Santana do Paraíso não apresentam resultados referentes aos índices de qualidade de vida e de redução da pressão antrópica porque foram criados após 1991, não havendo portanto dados do Censo Demográfico de 1991 disponíveis para o cálculo desses indicadores. Observe-se também a ausência de dados referentes ao indicador de qualidade de água para alguns municípios. Os gráficos abaixo ilustram o comportamento individual dos índices temáticos obtidos até o momento. Gráfico 1. Resultado do Índice de Qualidade do Sistema Ambiental para os Municípios 100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 Belo Oriente Bom Jesus do Galho (1) Caratinga(1) Coronel Fabriciano Córrego Novo (1) Dionísio (1) Iapu (1) Ipaba * Ipatinga João Monlevade Marliéria (1) Mesquita (1) Santana do Paraíso * Timóteo Obs: * Municípios criados após 1991. (1) Municípios com dados indisponíveis. Índice de Qualidade do Sistema Ambiental - IQSA Em relação ao Índice de Qualidade do Sistema Ambiental IQSA verificamos que os melhores resultados são obtidos para os municípios de Ipaba e Santana do Paraíso, estando logo atrás o município de Belo Oriente. Como esse índice é formado pela combinação dos índices de qualidade de água em estações seca e chuvosa observados nos pontos amostrais presentes no rio, o melhor resultado obtido por esses três municípios é justificado por sua localização em relação ao curso dos Rios Piracicaba (sudoeste para nordeste do estado) e Doce (sul do estado para nordeste). Esses três pontos são posteriores ao efeito depurador do Parque Estadual do Rio Doce o que permite um melhor resultado em relação à qualidade da água em relação aos outros municípios, não obstante há ainda a presença de uma cachoeira Cachoeira Escura no 11

ponto referente ao município de Belo Oriente, a qual também exerce um efeito depurador nas águas do Rio, amenizando o impacto das atividades econômicas ali presentes. O pior resultado é observado para o município de Ipatinga, o que se justifica pela grande concentração industrial e urbana localizada no município e nas outras cidades da área metropolitana a montante do rio. Gráfico 2. Resultado do Índice de Qualidade de Vida para os Municípios 100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 Belo Oriente Bom Jesus do Galho Caratinga Coronel Fabriciano Córrego Novo Dionísio Iapu Ipaba * Ipatinga João Monlevade Marliéria Mesquita Santana do Paraíso * Timóteo Índice de Qualidade de Vida - IQV Obs: * Municípios criados após 1991 e que não fazem parte dessa análise pois possuem dados faltantes. Os melhores resultados em relação ao Índice de Qualidade de Vida IQV foram obtidos pelo município de Timóteo, seguido pelos municípios de Ipatinga e João Monlevade respectivamente. Os piores resultados foram percebidos nos municípios de Bom Jesus do Galho e Marliéria. A justificativa para esse resultado está principalmente na natureza desses municípios: os municípios de Timóteo, Ipatinga e João Monlevade apresentam um alto grau de urbanização e ainda são municípios-sede das principais indústrias siderúrgicas da região. A maior geração de renda em relação aos outros municípios permite que haja não só melhor infra-estrutura nos municípios, como também um melhor acesso a bens e serviços, o que afeta diretamente a qualidade de vida do cidadão. 12

Já os municípios de Bom Jesus do Galho e Marliéria são os que apresentam as menores taxas de urbanização, sediando atividades econômicas rurais de pequena escala e gerando rendas de menor grandeza. Como as principais variáveis medidas por esse indicador temático estão relacionadas à infra-estrutura urbana e renda, esses municípios apresentam resultados inferiores em relação a seus vizinhos. Gráfico 3: Resultado do Índice de Redução da Pressão Antrópica para os Municípios 100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 Timóteo Santana do Paraíso * Mesquita Marliéria João Monlevade Ipatinga Ipaba * Iapu Dionísio Córrego Novo Coronel Fabriciano Caratinga Bom Jesus do Galho Belo Oriente Índice de Redução da Pressão Antrópica - IRPA Obs: * Municípios criados após 1991 e que não fazem parte dessa análise pois possuem dados faltantes. Em relação ao Índice de Redução da Pressão Antrópica IRPA os melhores resultados foram alcançados pelos municípios de Timóteo, Belo Oriente, João Monlevade e Coronel Fabriciano respectivamente. Os piores resultados foram observados nos municípios de Dionísio e Bom Jesus do Galho. Nesse primeiro momento utilizamos três indicadores: redução da pressão urbana, redução da pressão industrial e redução da pressão de agropecuária e silvicultura. Em geral, algumas das variáveis utilizadas principalmente em relação à pressão urbana penalizam municípios com um grande percentual de população em área rurais, o que em parte explicaria os baixos resultados observados nos municípios de Dionísio e Bom Jesus do Galho e os bons resultados obtidos por Timóteo e João Monlevade. Porém, verifica-se que os municípios que apresentam atividades mais rurais exercem forte impacto antrópico via agropecuária e silvicultura. 13

O município de Belo Oriente, sede da indústria de celulose CENIBRA, apresentou um bom resultado em relação à pressão industrial, o que se deve em grande parte à utilização de tecnologias de redução da poluição hídrica. O município de Ipatinga, por outro lado, apresenta resultado próximo ao esperado, tendo-se em vista a magnitude das atividades que sedia e de sua concentração urbana. No entanto, tais resultados poderão ser mais acurados à medida que incorporarmos no cálculo do índice todas as variáveis previstas. Gráfico 4: Resultado dos índices para os principais municípios 100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 Belo Oriente Coronel Fabriciano Ipatinga João Monlevade Timóteo IQSA IQV IRPA A comparação entre os cinco principais municípios da região aqueles que sediam as atividades mais impactantes da região mostra que, no geral, os melhores resultados são obtidos pelo município de Timóteo, enquanto os piores resultados são obtidos por Ipatinga. Referências Bibliográficas ACSERALD, H. Discursos da sustentabilidade urbana. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, Campinas, n.1, maio. 1999. BELO HORIZONTE. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. IQVU: Índice de Qualidade de Vida Urbana. Disponível em: (http://www.pbh.gov.br/smpl/iqvu/iqvu.htm) Acesso em 09/01/2002. 14

COMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES DG XI, DG XII & EUROSTAT. Practical steps towards the implementation of the Communication from the Commission to the Council and the European Parliament on Directions for the European Union on Environmental Indicators and Green National Accounting. (COM(94) 670 final) CORRÊA, Antônio José L. et al. Estrutura Espacial Intra-Urbana E Qualidade De Vida Na Região Metropolitana De Belém. Belém; 2000. (mimeo) ESI, 2002. 2002 Environmental Sustainability Index An Initiative of the Global Leaders of Tomorrow Environmental Task Force. ( In collaboration with: Yale Center for Environmental Law and Policy Yale University and Center for International Earth Science Information Network Columbia University) World Economic Forum - Annual Meeting, 2002. FJP & IPEA. Condições de vida nos municípios de Minas Gerais: 1970, 1980 e 1991. Belo Horizonte, 1996. GUERRA, Cláudio. Meio ambiente e trabalho no mundo do eucalipto.: 2ª edição, Belo Horizonte, SEGRAC, 1995. HERCULANO, S. A qualidade de vida e seus indicadores. In: Ambiente & Sociedade. Ano I, nº 2, 1º semestre/1998. ISLA, Mar. A review of the urban indicators experience and a proposal to overcome current situation. The application to the municipalities of the Barcelona province. (Paper to World Congress of Environmental and Resource Economists) Isola de San Giorgio, Venice, Italy: June 25-27, 1998. PAULA, João A. et al. Biodiversidade, População e Economia: Uma região de Mata Atlântica. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar; ECMXC; PADCT/CIAMB, 1997. RAMIERI, Emiliano & COGO, Valentina. Indicators of Sustainable Development for The City and The Lagoon of Venice. (Paper to World Congress of Environmental and Resource Economists) Isola de San Giorgio, Venice, Italy: June 25-27, 1998. SAWYER, Donald. Índice De Pressão Antrópica: Uma Proposta Metodológica. Brasília, 1997. (mimeo) SAWYER, Donald. Índice De Pressão Antrópica (Ipa). Brasília, 2000a. (Mimeo) 15

SAWYER, Donald. Índice De Pressão Antrópica (Ipa) Atualização Metodológica. Brasília, 2000b. (mimeo) SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. TAYLOR, Derek. Using Sustainability Indicators to Implement Local Agenda 21. (Paper to World Congress of Environmental and Resource Economists) Isola de San Giorgio, Venice, Italy: June 25-27, 1998. URBAN WORLD FORUM, 2002. Reports On Dialogues Ii - Sustainable Urbanization. Disponível em: (http://www.unchs.org/uf/aii.html). Acesso em 13/06/2002. 16