UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA FELIPE ARAÚJO OSCAR FERNANDO LOPEZ VASQUEZ ROBERTO FÁBIO DE ASSUNÇÃO BASTOS PROPOSTA DE EXERCÍCIOS PLIOMÉTRICOS PARA REABILITAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES BELÉM 2010

FELIPE ARAÚJO OSCAR FERNANDO LOPEZ VASQUEZ ROBERTO FABIO DE ASSUNÇÃO BASTOS PROPOSTA DE EXERCÍCIOS PLIOMÉTRICOS PARA REABILITAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade da Amazônia para obtenção do grau de bacharel em fisioterapia. Orientador: Prof. Said Kalume Kalif. BELÉM 2010

FELIPE ARAÚJO OSCAR FERNANDO LOPEZ VASQUEZ ROBERTO FÁBIO DE ASSUNÇÃO BASTOS PROPOSTA DE EXERCÍCIOS PLIOMÉTRICOS PARA REABILITAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade da Amazônia para obtenção do grau de bacharel em fisioterapia. Orientador: Prof. Said Kalume Kalif. Banca examinadora Prof º. Said Kalume Kalif Orientador Banca Banca Apresentado em: / / Conceito: Belém-Pará 2010

RESUMO A pliometria é uma técnica de treinamento que utiliza a ativação do ciclo alongamentoencurtamento do músculo, que é exposto a uma grande quantidade de contração excêntrica (alongamento) continuada imediatamente por uma contração concêntrica (encurtamento), com o intuito de gerar a potenciação mecânica, elástica e reflexa do músculo. Este ciclo aumenta a força explosiva do músculo devido ao armazenamento de energia elástica na fase excêntrica e sua reutilização durante a contração concêntrica, além da ativação do reflexo miotático. Não há uma grande utilização da pliometria na reabilitação de membros inferiores, além de escassez de estudos na literatura especializada. O objetivo do estudo foi elaborar uma cartilha de proposta de exercícios pliométricos na reabilitação de membros inferiores, para que ocorra uma maior divulgação e utilização desta técnica na reabilitação, o estudo é do tipo qualitativo analítico descritivo no qual foi realizado através de revisão bibliográfica nas bibliotecas da Universidade da Amazônia- UNAMA, e na Universidade Estadual do Pará- UEPA, utilizando fontes bibliográficas e artigos científicos retirados de sites científicos. A cartilha apresenta 20 exercícios para os membros inferiores, constituída de linguagem simples e ilustrativa, além de uniformizar a linguagem para a realização dos exercícios pliométricos, ou seja, consta na cartilha todas as descrições para a efetuação dos exercícios. Portanto, concluí-se que o trabalho busca a divulgação e exemplificação para a execução de exercícios pliométricos para membros inferiores, porém a pesquisa não pode comprovar a eficácia dos exercícios, porque a cartilha não será aplicada e são pouco mencionados resultados desse tipo de trabalho na literatura o que motiva a investigação dos efeitos da cartilha em pesquisas futuras. Palavras- chave: Pliometria, Músculo, Contração.

RESUMEN La pliometria es una técnica de entrenamiento que utiliza la activación del ciclo estiramientoacortamiento, siendo expuesta a una gran cuantidad de contracción excéntrica (estiramiento) seguida mediatamente por una contracción concéntrica (acortamiento), con la meta de producir una potenciación mecánica, elástica e refleja de un músculo. Este ciclo aumenta la fuerza explosiva de un músculo debido su capacidad de almacenar energía elástica en la fase excéntrica y reutilizar esta energía en la fase de contracción concéntrica, además de activar el reflejo miotático. No hay una gran utilización de la pliometria para l rehabilitación de miembros inferiores, además de la escasez de estudios en la literatura especializada. El objetivo del estudio fue elaborar una cartilla de ejercicios pliométricos en la rehabilitación de miembros inferiores, para que haya una mayor divulgación y utilización de esta técnica de rehabilitación, este estudio es del tipo cualitativo analítico descriptivo la cual se a desenvolvió por medio de una revisión bibliográfica en las bibliotecas de la Universidad de la Amazonia- UNAMA, en la Universidad Estadual de Pará- UEPA e utilizando fuentes bibliográficas e artículos científicos retirados de sitios científicos. La cartilla contiene 20 ejercicios para miembros inferiores constituida de lenguaje simples e ilustrativa, además de uniformizar la lenguaje para la ejecución de estos ejercicios pliométricos, o sea, se encuentra en la cartilla todas las descripciones para la ejecución de los ejercicios. Luego se concluí que este estudio busca divulgar e ejemplificar como ejecutar los ejercicios pliométricos para miembros inferiores, pero este estudio no puede comprobar su eficacia, ya que la carilla no será aplicada y son poco mencionados los resultados con ese tipo de estudio en la literatura, lo que motiva la investigación de los efectos de la cartilla en pesquisas futuras. Palabras- Clave: Pliometria, Músculo e Contracción

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1: Salto com agachamento... 28.Ilustração 2: Batidas de Tornozelo... 28 Ilustração 3: Saltos de um lado para o outro... 29 Ilustração 4: Skipping com a mesma perna... 29 Ilustração 5: Skipping alternando as pernas... 30 Ilustração 6: Saltos e passos contínuos... 30 Ilustração 7: Hops verticais... 31 Ilustração 8: Saltos alternando as pernas... 31 Ilustração 9:Salto com uma perna... 32 Ilustração 10:Extensão do quadril... 32.Ilustração 11: Salto em distância... 33 Ilustração 12: Salto em pé e alcance... 33 Ilustração 13: Saltos laterais usando plataforma... 34 Ilustração 14: Salto com as duas pernas, pulando degraus... 34 Ilustração 15: Saltos em profundidade... 35 Ilustração 16: Saltos com obstáculos... 35 Ilustração 17: Salto com joelhos flexionados... 36 Ilustração 18: Salto tesoura... 36 Ilustração 19: Saltos em plataforma... 37 Ilustração 20: Saltos reativos sobre barreiras... 37

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAE- Ciclo alongamento-encurtamento. CC- Componente Contrátil. CES- Componente elástico em Série. CEP- Componente elástico em Paralelo. I- Intensidade. M- Movimento. OTGs- Órgãos Tendinosos de Golgi. PI- Posicionamento Inicial. R- Repetições. UEPA- Universidade Estadual do Pará. UNAMA- Universidade da Amazônia.

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 9 2. OBJETIVOS... 11 2.1. OBJETIVO GERAL... 11 2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO... 11 3. REFERENCIAL TEÓRICO... 12 3.1. HISTÓRICO... 12 3.2. FISIOLOGIA PLIOMÉTRICA... 12 3.3. FUNDAMENTOS DA PLIOMETRIA... 16 3.4. CONSIDERAÇÕES EM REABILITAÇÃO... 17 3.5. EXAME BÁSICO PRÉ-TREINAMENTO... 20 3.6. AQUECIMENTO, ALONGAMENTO E FLEXIBILIDADE... 21 3.7. DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA E IMPLEMENTAÇÃO... 22 4. MÉTODOS... 25 4.1. TIPO DE ESTUDO... 25 4.2. LOCAL DA PESQUISA... 25 4.3. ASPECTOS ÉTICOS... 25 4.4. RISCOS E BENEFICIOS... 25 5. RESULTADO... 27 6. DISCUSSÃO... 39 7. CONCLUSÃO... 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 42 APÊNDICE A... 44 ANEXO A... 59

9 1. INTRODUÇÃO Os exercícios pliométricos ativam o ciclo excêntrico-concêtrico do músculo, no qual o músculo é exposto a uma grande quantidade de contração excêntrica (alongamento) continuada imediatamente por uma contração concêntrica (encurtamento). Também são conhecidos como reação ciclo alongamento-contração ou reflexo miotático, podendo ser explicado de maneira fisiológica quando o músculo é alongado antes de ser contraído com mais qualidade e velocidade (BOMPA, 2004). A palavra pliometria é um termo composto derivado do grego plio que significa mais e metria que significa medir, ou seja, maior ou ter melhora (BOMPA, 2004, p.xiv). A reação ciclo alongamento-contração refere-se a uma parte natural da maioria dos movimentos. Quando se caminha, por exemplo, a cada vez em que um pé toca ao chão o grupo de músculo quadríceps faz uma reação pliométrica, passa primeiro por uma ação excêntrica, para em seguida passar por uma ação isométrica e finalmente por uma ação concêntrica (FLECK e KRAEMER, 1999). Embora as atividades pliométricas estejam presentes em nosso cotidiano através de atividades diárias como: andar, correr, arremessar, saltar e até mesmo em recreações infantis que envolvam obstáculos e são executadas em velocidade, estas são classificadas como ações pliométricas, diferente de um treinamento pliométrico no qual utiliza ações pliométricas numa modalidade separada de treinamento de acordo com uma metodologia definida (SIFF apud ZATSIORSKY, 2004). A pliometria é um método de treinamento de força com o objetivo de fazer medrar a potência explosiva em atletas. De forma simples, a combinação de velocidade e força resulta em potência. E há anos treinadores e atletas procuram elevar a potência para que seu desempenho melhorasse. Recentemente, especialistas em reabilitação introduziram técnicas para melhorar a potência de forma a aperfeiçoar resultados pós-cirúrgicos e pós-lesões (ANDREWS et al, 2005). A pliometria também é grandiosamente proveitosa de uma forma menos elevada na reabilitação de várias lesões. Além de aumentar o condicionamento, também aumenta e/ou facilita padrões motores funcionais, reflexos e de propriocepção, sendo todas necessárias para o encargo de recolocar um atleta ou paciente de volta à sua atividade funcional (ANDREWS et al, 2005).

10 Embora a pesquisa tenha se restringido aos exercícios pliométricos para membros inferiores, esses também podem ser executados para parte superior do corpo, sempre ambos como instrumentos de reabilitação para ganhar força, condicionamento e para prevenção de lesões (ANDREWS et al, 2005). Portanto a pesquisa está sendo ditada pela necessidade de conectar os profissionais que lidam com a reabilitação de membros inferiores com o alicerce fisiológico da pliometria e sobre as considerações para a implementação de um programa pliométrico. A pesquisa justifica-se pela necessidade de uma cartilha de exercícios pliométricos para membros inferiores que oriente os profissionais e os pacientes quanto à maneira correta, segura e eficaz para realizar os exercícios, facilitando a reabilitação e evitando possíveis lesões nos sistema osteomioartciular. A cartilha se propõe a esclarecer como serão realizados os exercícios de forma correta informando a posição inicial e final do paciente, sendo essencial a participação do fisioterapeuta para fornecer orientações durante a execução dos exercícios usados no processo de reabilitação. Mesmo a cartilha não sendo aplicada, espera-se difundir a idéia de que se pode auxiliar profissionais através de cartilhas que tragam orientações corretas sobre o assunto e quanto a sua utilização..o estudo tem como problema a responder: a elaboração da cartilha proposta servirá para preencher a escassez de exercícios pliométricos na reabilitação de membro inferior através de um instrumento educativo?

11 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Propor a elaboração de uma cartilha com exercícios pliométricos para a aplicação no processo de reabilitação do membro inferior. 2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO Divulgar a importância da pliometria na reabilitação dos membros inferiores; Propor uma serie de exercícios pliométricos para a fase final do tratamento para a reabilitação do membro inferior.

12 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. HISTÓRICO Segundo Bompa (2004, p. XIV) os pioneiros da pliometria são provavelmente os atletas do atletismo dos anos 1919, 1920 e 1930, os quais utilizavam o salto como parte do seu treinamento durante os longos invernos no norte e no leste Europeu. Apesar dos exercícios pliométricos não serem novos, seus benefícios atléticos só foram estudados nas ultimas três décadas. Alguns dos primeiros estudos foram executados por Verkhoshanski em 1967 e 1968, onde utilizou vários tipos de exercícios pliométricos para aumentar a potência explosiva dos atletas, descobrindo especialmente na velocidade de contração, melhoras em todo sistema neuromuscular (BOMPA, 2004). A expressão pliometria, antes conhecido apenas como treinamento de salto, foi introduzido nos Estados Unidos pelo treinador de corrida de longa distância Fred Wilt (WILT apud ALBERT, 2002). O desenvolvimento do termo é confuso provavelmente derivado do termo plio que vem da palavra grega plythein, que significa aumentar ou da raiz grega plio e metric que significa mais e medida respectivamente (VOIGHT e TIPPETT apud PRENTICE, 2002; DINTIMAN et al, 1999). O exercício pliométrico é definido como um movimento rápido e vigoroso, que inclui um pré-alongamento do músculo e a ativação do ciclo alongamento-encurtamento, com a finalidade de potencializar a contração concêntrica subseqüente do alongamento (VOIGHT e TIPPETT apud PRENTICE, 2002). Logo, o propósito dos exercícios pliométricos é aumentar a excitabilidade dos receptores neurológicos para melhorar a reatividade do sistema neuromuscular (WILK e REINOLD apud BANDY e SANDERS, 2003). 3.2. FISIOLOGIA PLIOMÉTRICA

13 A grande parte das pesquisas fisiológicas iniciais relativas à pliometria foi descrita como uma ação muscular conhecida como ciclo alongamento encurtamento (CAE), que atualmente é à base da pliometria (ANDREWS et al, 2005). O uso da pliometria como método de treinamento é baseado principalmente em duas qualidades dinâmicas fundamentais do tecido muscular: a elasticidade e a contratilidade. Estas qualidades, juntamente com o controle neuromuscular, força e flexibilidade, dão ao tecido muscular ativo a capacidade de gerar mais força em um intervalo menor de tempo (ANDREWS et al, 2005). Para que a pliometria seja bem explicada é importante que se entenda a fisiologia muscular. Primeiramente serão explicados os modos de contração muscular, que são divididos em três. A primeira é a contração isométrica, também conhecida como contração estática, caracterizada por ser executada sem a alteração do comprimento muscular, já que a resistência é igual à força máxima que o músculo consegue gerar. O segundo tipo de contração é a isotônica que se caracteriza por não haver modificação na tensão máxima do músculo, sendo também conhecida como contração dinâmica por que ocorre alteração do comprimento muscular durante sua ação. Este tipo de contração pode ser agrupado em dois subtipos, as de contração isotônica positiva (concêntrica) onde ocorre o encurtamento dos sarcômeros do músculo agonista devido à força ser maior que a resistência, e a contração isotônica negativa (excêntrica) caracterizada pelo aumento do tamanho dos sarcômeros durante a ação do músculo, já que a força gerada pelo músculo é menor que a resistência. O terceiro tipo é a contração isocinética que possui um movimento constante sobre uma amplitude de movimento também constante (DANTAS, 2003). Outro ponto importante sobre a fisiologia muscular envolve o encurtamento das fibras do músculo durante a contração. Estas fibras são classificadas de acordo com a velocidade de contração e resistência à fadiga, sendo divididas em dois tipos de fibras, as de abalo lento (tipo I) que realizam movimentos com menor velocidade e maior resistência a fadiga e as fibras de abalo rápido (tipo II) que são capazes de gerar mais força, maior velocidade, porém com menor resistência a fadiga em relação às fibras do tipo I. Logo a quantidade de força necessária durante a fase excêntrica e a subseqüente fase concêntrica explosiva do exercício do CAE necessita do recrutamento das fibras do tipo II (BOMPA, 2004; ANDREWS et al, 2005). O CAE pode ser compreendido como um fenômeno em que o padrão natural de alongamento ou fase de contração excêntrica do músculo ativo produz a energia que é armazenada na junção musculotendinosa, para uso futuro em uma contração subseqüente de

14 encurtamento ou fase concêntrica do CAE, ou seja, a contração excêntrica armazena a energia elástica que pode ser utilizada para maximizar a quantidade de potência produzida durante a contração concêntrica daquele músculo ou grupo de músculos (ANDREWS et al, 2005). O comportamento muscular é freqüentemente representado por um modelo de três componentes. O componente contrátil (CC), composto pela actina e miosina, um componente elástico em série (CES), que se localiza em série com o CC e apresenta uma parte ativa, localizada na zona contrátil do músculo e uma parte passiva correspondente ao tendão (DESLANDES, 2003). E o componente elástico em paralelo (CEP), localizado em paralelo correspondendo ao sarcômero e as camadas musculares (endomisio, perimísio e epimisio). Sendo este responsável por manter as fibras unidas, e juntamente com o CES confere importante rigidez funcional para aperfeiçoar a transmissão de força de contração do músculo para o tendão e o osso (NORDIN E FRANKEL, 2003). Quando o músculo contrai concentricamente, a maior parte da força gerada é proveniente do CC, ou seja, da interação actina miosina onde pouca energia elástica é armazenada. Já na contração excêntrica o músculo é alongado e o CES também, sendo assim uma maior quantidade de energia é armazenada (DESLANDES, 2003). Logo quando ocorre uma contração excêntrica seguida de uma contração concêntrica, ou seja, ocorre o CAE, o músculo se alonga como uma mola, com esse alongamento, o CES também é estirado podendo colaborar com uma maior produção de força, que é resultante da soma da força gerada pelo CC e o estiramento do CES (VOIGHT e TIPPETT apud PRENTICE, 2002). Sendo assim acredita-se que ocorre um aumento significativo na produção de força muscular concêntrica quando imediatamente precedida por uma contração muscular excêntrica, devido à reutilização dessa energia elástica que foi armazenada pelo músculo (PRENTICE e VOIGHT, 2003). Apesar de o CAE ter sido estudado por diversos investigadores, existe um consenso geral de que vários fatores importantes da anatomia e fisiologia neuromuscular devem ser considerados como, os componentes elásticos seriados dos músculos e tendões, a propriocepção e a arquitetura musculotendinosa geral (ANDREWS et al, 2005). Sendo assim o controle muscular e a propriocepção possuem um papel fundamental na estabilidade articular dinâmica. Atualmente a propriocepção é definida como o aglomerado de informações aferentes originadas das articulações, músculos, tendões e outros tecidos projetados para o sistema nervoso central para processamento, influenciando as respostas reflexas e o controle motor voluntário. A propriocepção contribui para o controle da postura, estabilidade articular e diversas sensações conscientes. As informações proprioceptivas são

15 originarias dos receptores musculares e tendíneos denominados fuso muscular e órgãos tendinosos de Golgi (OTGs) (LAPHART apud LEPORACE et al, 2009). O binômio excêntrico-concêntrico do CAE estimula os proprioceptores do fuso muscular, OTGs e os receptores dos ligamentos para facilitar recrutamento das junções motoras necessárias para maximizar a energia concêntrica gerada durante a atividade pliometrica (ANDREWS et al, 2005). O movimento pliométrico é baseado no reflexo de contração das fibras musculares resultantes de um estímulo rápido (e então alongamento) dessas fibras. Fisiologicamente, quando ocorre um alongamento violento e excessivo, os receptores de alongamento geram impulsos nervosos proprioceptivos para serem enviados à medula espinhal e, por meio de uma ação reflexa, eles são recebidos novamente nos receptores, processo conhecido como reflexo de alongamento ou miotático. Através dessa ação reflexa, ocorre um efeito de freio aplicado evitando o alongamento das fibras musculares e, o mais importante em termos de pliometria, uma contração muscular com muita potencia é liberada (BOMPA, 2004). Sendo assim as informações sobre as alterações do comprimento e da força muscular originam-se de três mecanorreceptores localizados nos músculos. Dois desses sensores são receptores de estiramento, chamados de receptores de estiramento primários e secundários e são achados nos fusos musculares, e o terceiro receptor são os Órgãos Tendinosos de Golgi (OTGs) localizados no tendão muscular (COHEN, 2001). O fuso muscular é um receptor complexo localizado em paralelo com as fibras musculares extrafusais (esqueléticas) e apresentam tecido conjuntivo que circunda as fibras intrafusais, formando uma estrutura cápsular. Os fusos são inervados por fibras nervosas aferentes mielinizadas, que se inserem na capsula das fibras intrafusais e se enrolam ao redor delas. Existem tanto fibras aferentes primárias quanto secundárias e estas contribuem para a capacidade do fuso de detectar pequenas alterações de comprimento. Os fusos musculares são sensíveis a mudanças de velocidade, sendo inervados pelas fibras musculares do tipo Ia. Estas fibras nervosas aferentes levam o impulso diretamente à medula espinhal, onde são imediatamente conduzidos através de interneurônios até os neurônios motores alfa, que desencadeiam a contração muscular. Este processo é conhecido como reflexo de alongamento ou miotático, considerado o processo neuromuscular que simboliza a ação base da pliometria, o qual é a função principal dos fusos musculares (ANDREWS et al,2005; BOMPA, 2004). Apesar de o fuso muscular ser sensível ao alongamento, os OTGs proporcionam informações complementares para o Sistema Nervoso Central (SNC) sobre a atividade muscular, especificamente extensão e grau de tensão. Os OTGs são estruturas de colágeno

16 encapsuladas normalmente localizadas na junção músculotendinosa, sendo inervado pelas fibras nervosas que se enrolam ao redor dos feixes de colágeno (ANDREWS et al, 2005). Ao contrário da ação facilitadora do fuso muscular, os OTG exercem efeito inibitório sobre o músculo ao ajudá-lo com o reflexo de relaxamento, atuando como um artifício protetor, que evita o rompimento do músculo e/ou tendão sobre condições extremas (VOIGHT e TIPPETT apud PRENTICE, 2002; BOMPA, 2004). Os exercícios pliométricos trabalham nos mecanismos neurais complexos. Como resultado de qualquer treinamento pliométrico, ocorrem mudanças tanto musculares quanto neurais que facilitam e aumentam o desempenho de habilidades e movimentos mais rápidos e potentes, logo tanto o fuso muscular como OTG irão atuar nesse tipo de exercício, fornecendo a base proprioceptiva (BOMPA, 2004; WILK e REINOLD apud BRANDY e SANDERS, 2003). Quando ocorre uma contração muscular concêntrica, a atividade do fuso muscular é diminuída, devido ao encurtamento das fibras musculares adjacentes, e durante uma contração excêntrica o reflexo miotático produz mais tensão no músculo estirado, que quando atinge um patamar potencialmente deletério, os órgãos tendinosos de Golgi disparam. Percebe-se que os sistemas do fuso muscular e OTG são opostos, de modo que força crescente é produzida, onde as vias neurais descendentes do cérebro ajudam a equilibrar essas forças e controlar qual reflexo dominará (ROWINSKI apud PRENTICE, 2002). 3.3. FUNDAMENTOS DA PLIOMETRIA A pliometria é a forma de treinamento que procura combinar velocidade de movimento e força, utilizando os componentes neurofisiológicos descritos anteriormente, para gerar potência (VOIGHT e TIPPET apud PRENTICE, 2002). O fisioterapeuta tem que estar ciente em relação às fases do exercício pliométrico, para que se faça um trabalho eficaz de acordo com o programa de reabilitação do paciente, haja vista que todas as fases devem ser feitas corretamente, caso contrário o treinamento perde seu efeito. As fases da pliometria são divididas em três: fase excêntrica ou de preparação, fase de amortização e fase de resposta concêntrica. A fase excêntrica ocorre com os movimentos iniciais, nos quais os fusos musculares são estimulados e alongados durante a contração

17 excêntrica dos agonistas. É nesta fase que ocorre o armazenamento de energia elástica (ANDREWS et al, 2005). A fase de amortização inicia quando a contração excêntrica começa a diminuir a intensidade e termina com o início de uma força concêntrica, ou seja, ela é o intervalo eletromecânico entre as contrações excêntricas e concêntricas (VOIGHT e DRAOVITCH apud BANDY e SANDERS, 2003). Esta fase deve ser realizada o mais rápido possível, para que a energia elástica armazenada na fase anterior não tenha o risco de se dissipar em forma de calor no interior do músculo. O rápido alongamento (carga excêntrica) deve ser imediatamente seguido de uma acelerada contração concêntrica explosiva, para maximizar a força gerada (ANDREWS et al, 2005). Na fase de resposta concêntrica, se tem a somatória da fase de preparação e amortização. Esse é o estágio produtivo, devido à contração concêntrica estimulada (BANDY e SANDERS, 2003). 3.4. CONSIDERAÇÕES EM REABILITAÇÃO Os exercícios pliométricos são também valiosos no programa de reabilitação após lesões. Quando aplicados na reabilitação de membros inferiores, trazem bons resultados na facilitação da consciência articular, fortalecendo o tecido durante o processo de recuperação e aumentando a força e a potência específicas para a atividade ou esporte que o paciente realiza (PRENTICE, 2002). Ao se tratar de lesão, geralmente são os estabilizadores passivos - ligamentos, cápsulas articulares, meniscos e a artrocinemática das superfícies articulares - que são lesionados nos esportes e em atividades cotidianas que abrange movimentos rápidos e perturbações nos estabilizadores dinâmicos - músculos e controles neurais aliados aos movimentos) (ANDREWS et al,2005). Na reabilitação os exercícios pliométricos treinam o sistema neuromuscular, com o objetivo de aumentar a excitabilidade do sistema nervoso para readquirir o aumento da capacidade reativa do sistema neuromuscular (PRENTICE, 2002). Enfocando principalmente a modificação dos elementos neuromusculares dinâmicos, já que os estabilizadores passivos podem ser tratados por meio da Fisioterapia, pois o processo de cicatrização é mais passivo (ANDREWS et al,2005).

18 Movimentos específicos de caráter preciso do ponto de vista biomecânico são à base do treinamento pliométrico, assim os músculos, tendões e ligamentos são fortalecidos de maneira funcional, o que é de grande importância para o paciente retomar a sua atividade (PRENTICE, 2002). Da mesma maneira que o treinamento pliométrico possui fatores benéficos ao desempenho motor, fisioterapeutas e executantes devem ser atentos para dois aspectos que podem limitar a sua prática: a fadiga muscular e o potencial de lesões (NETO et al, 2005). A fadiga é um fenômeno extremamente complicado, e pode ser dita como a perda da capacidade de desenvolver força ou incapacidade de sustentar o exercício satisfatoriamente. Na pliometria é o aumento nos tempos de contato nas fases excêntrica e concêntrica, ocasionando redução drástica na transferência de energia entre as fases, diminuição da estimulação neural do músculo e redução do desempenho muscular geral. A relação entre a suspensão aguda e tardia da função reflexa de alongamento no ciclo alongamentoencurtamento indica que há danos musculares imediato após o alojamento do mecanismo da fadiga (NETO et al, 2005). Alguns profissionais revelam preocupação em relação ao possível risco de lesão no treinamento pliométrico. Segundo alguns autores o risco de lesão com a pliometria é baixo, há porém, carência de estudos sobre o índice de lesões em pacientes realizando o uso da pliometria na reabilitação (ANDREWS et al,2005). Mas é preciso grande atenção para o excesso de exercícios sem um período correto de repouso, aplicação da pliometria no momento inicial do tratamento, pois são fatores que podem levar o paciente a reincidir ou obter novas lesões (ROSSI e BRANDALIZE, 2007). Estas ocorrem provenientes de forças exteriores que atuam nas articulações, transgredindo a integridade estrutural dos músculos, ossos e tecido conjuntivo, logo para prevenção é importante o paciente antes de praticar os exercícios pliométricos participar de um programa de treinamento de força que envolva tanta a musculatura dos membros, como estabilizadores da postura como abdominais e extensores da coluna (BOMPA, 2004). Essa preocupação com a aplicação da pliometria em membros inferiores é em relação a lesões nos pés, tornozelos, pernas, joelhos, quadris e região lombar, que estão associados à falta de controle devido ao excesso de fadiga que ocorre sempre ao final da atividade ou série de exercícios, progressão inadequada do treinamento, aquecimento inadequado, carga de trabalho excessiva, lastro insuficiente de prévio treinamento, calçados e pisos impróprios (NETO et al, 2005).

19 Também devem ser consideradas as estruturas do corpo e as medidas de gordura corpórea, a idade e especialmente as anormalidades estruturais e lesões anteriores. O peso do corpo atua como resistência a ser superada em exercícios pliométricos para parte inferior do corpo. Pacientes que possuem o peso do corpo elevado realizarão os exercícios contra uma força maior, portanto o volume de treinamento deverá ser menor em comparação com indivíduos mais leves (FLECK E KRAEMER, 1999). É essencial que uma avaliação e exames específicos sejam realizados na busca de anormalidades vertebrais, bem como problemas de joelhos, quadris e tornozelos, antes do uso da pliometria, por ser um fator importante e preocupante no treinamento para extremidade inferior (ANDREWS et al,2005). Quando a pliometria é aplicada na reabilitação em crianças, deve-se levar em conta idade, experiência, maturidade e limite de atenção da criança. As que não são atletas de competição podem executar muitas atividades habituais que não exigem um treinamento pliométrico agressivo, como movimentos divertidos, relacionados a jogos como atividades de amarelinha e saltos (BANDY e SANDERS, 2003). Já em atletas infantis bem treinados a pliometria é um dos modos de reabilitação que ajuda para o retorno completo à função (BANDY e SANDERS, 2003). Os exercícios de intensidade baixa a média são os mais ordenados para atletas mais jovens, por motivo de serem difíceis os mesmos, terem força e coordenação para suportar os treinos com segurança sem cometer lesões nas placas epifisárias dos ossos e nos tendões por uso excessivo (ANDREWS et al,2005). Portanto exercícios pliométricos de grande intensidade não são apropriados até que o esqueleto amadureça e os discos epifisiais se fechem nos atletas jovens (DANTAS et al, 2007). É de extrema importância a supervisão constante durante programas pliométricos usados com criança, e cada criança deve ser avaliada em termos de força, flexibilidade, equilíbrio e coordenação. Contudo nos idosos os exercícios pliométricos podem não ser a escolha ótima para reabilitação, pois abordam movimentos que exigem potência rápida e reatividade muscular rápida o que não é benéfico para o idoso (com exceção do atleta idoso) já que possui alterações relacionadas à idade no tecido muscular (BANDY e SANDERS, 2003). Tem sido prática comum prescrever exercícios de fortalecimento na tentativa de acelerar a recuperação de lesões musculares, bem como reduzir a recidiva dessas lesões após a volta do paciente a suas atividades rotineiras. Demonstrando-se que essa conduta é positiva no tratamento de lesões musculares a pliometria pode ser indicada com a finalidade de

20 desenvolver a força explosiva, principalmente nos membros inferiores, embora possa ser feito um trabalho pliométrico para membros superiores (COHEN e ABDALLA, 2003; DANTAS, 2003). Os programas de reabilitação que incluem exercícios pliométricos para extremidade inferior devem ser contra-indicados quando há inflamação aguda ou dor, patologias do pósoperatório imediato e instabilidades macroscopicamente evidentes e, principalmente, para indivíduos que não estavam envolvidos em um programa de treinamento de força (BANDY e SANDERS, 2003). 3.5. EXAME BÁSICO PRÉ-TREINAMENTO Antes de iniciar os exercícios pliométricos na reabilitação de membros inferiores é obrigação do fisioterapeuta efetuar um exame biomecânico superficial e uma série de testes funcionais para determinar a capacidade de um paciente iniciar um programa de pliometria (PRENTICE, 2002; ANDREWS et al,2005). A falta de força suficiente nas extremidades inferiores ocasionará o desaparecimento de estabilidade na aterrissagem e a elevação de estresse consumido pelos tecidos de sustentação devido às forças de grande choque. Por esses motivos a biomecânica do membro inferior deve ser normal, para ajudar no apoio estável e conseqüentemente na transmissão de força. É necessário o elemento de força apropriado da musculatura estabilizadora e indispensável à força muscular excêntrica, pois é um componente essencial para o treinamento pliométrico (PRENTICE, 2002; ANDREWS et al,2005). O fisioterapeuta tem de ser criativo na utilização de testes funcionais para permitir que o paciente comece a reabilitação com exercícios pliométricos, lembrando sempre que antes da pliometria ter início, é preciso iniciar um programa de treinamento de fortalecimento de maneira funcional e um treinamento de estabilidade em cadeia fechada (força excêntrica) para os membros inferiores (PRENTICE, 2002; ANDREWS et al,2005). Para verificar se o paciente está apto para o uso da pliometria, os testes de estabilidade estática e os testes de movimento dinâmico serão postos em prática no paciente sujeito a reabilitação. O primeiro determina a capacidade do indivíduo de estabilizar e controlar o corpo, através dos testes básicos de estabilidade: o apoio unipedal e os semi-agachamentos unipedais mantidos por trinta segundos. Para torna mais complexo o teste, é solicitado ao