SUSCEPTIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS ISOLADAS EM CÃES COM OTITE EXTERNA



Documentos relacionados
Jorge Alberto S. Ferreira e Ane Elise B. Silva

Isolamento e identificação de bactérias do gênero Staphylococcus

Uso de antibióticos no tratamento das feridas. Dra Tâmea Pôssa

DIAGNÓSTICO CLÍNICO E LABORATORIAL DE OTITE EM CÃO: METODOLOGIA DE APRENDIZAGEM

Diagnóstico Microbiológico

PERFIL BACTERIOLÓGICO DAS MÃOS DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO CENTRO CIRÚRGICO E DO PÓS-OPERATÓRIO DO HOSPITAL GERAL DE PALMAS

DIAGNÓSTICO DE MICOSES EM PEQUENOS ANIMAIS DA CIDADE DE PELOTAS-RS E REGIÃO

Introdução. Comum Primária ou secundária Identificar causa base

INSTITUTO QUALITTAS DE PÓS GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA DERMATOLOGIA VETERINÁRIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA ADRIANA RORIZ SILVA DE CASTRO

AVALIAÇÃO CLÍNICA E MICROBIOLÓGICA DE ÚLCERAS VENOSAS DE PACIENTES ATENDIDOS EM SALAS DE CURATIVOS DE UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE GOIÂNIA (GO) *

Procedimentos Técnicos. NOME FUNÇÃO ASSINATURA DATA Dr. Renato de Lacerda Barra Filho Dr. Ivo Fernandes. Gerente da Qualidade Biomédico

Ano VII Número 12 Janeiro de 2009 Periódicos Semestral OTITE EXTERNA

FATORES PREDISPONENTES À OTITE EXTERNA EM CÃES ATENDIDOS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA (CEVET) DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA, DA UNICENTRO.

Como preparar. Meios comerciais devem ser hidratados. Primeiramente devem ser pesados. Tansferir para um frasco

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Otite externa

INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO

Adriano de Lima Machado

HIPERADRENOCORTICISMO EM CÃES

ANEXO I RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO

GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS SETOR MICROBIOLOGIA

Perfil das infecções do trato urinário nos Campos Gerais: Uma revisão da literatura.

TRATAMENTO CONVENCIONAL ASSOCIADO À SUPLEMENTAÇÃO FITOTERÁPICA NA DERMATOFITOSE CANINA RELATO DE CASO CONRADO, N.S. 1

Guia Ourofino de limpeza dos ouvidos de cães e gatos. Seguindo estas dicas, você protege e ainda dá carinho ao seu amigo.

FOLHETO INFORMATIVO: INFORMAÇÃO PARA O UTILIZADOR

COCOS GRAM-POSITIVOS. Alfa Hemolítico. Beta Hemolítico. Gama Hemolítico

CURSO DE OTOLOGIA DE CARNÍVOROS DOMÉSTICOS

AVALIAÇÃO HIGIÊNICO-SANITÁRIA DOS RESTAURANTES SELF-SERVICES

ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE STREPTOCOCCUS SPP.

AVALIAÇÃO DA FREQÜÊNCIA E PERFIL DE SENSIBILIDADE DE MICRORGANISMOS ISOLADOS DE UROCULTURAS REALIZADAS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

BASTONETES GRAM NEGATIVOS NÃO FERMENTADORES DA GLICOSE. Microbiologia Prof. Thiago Marconi Cardoso

Noções Básicas na Prática Microbiológica. Microbiologia Clínica Prof. Thiago Marconi Cardoso

Flora bacteriana aeróbia em otites caninas. Aerobic bacterial flora of the canine otitis. Introdução

Resultados de 5 anos da Estratégia Multimodal, para melhoria da Higiene das Mãos. Elaine Pina Elena Noriega DGS/DQS/DGQ/PPCIRA

OTITE CRÔNICA. Margareth Balbi MV, MS

Unidade Universitária: CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE Curso: FARMÁCIA

ANEXO 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE ESCOLA DE MEDICINA E CIRURGIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Folheto informativo: Informação para o utilizador. Diprogenta 0,5 mg/g + 1 mg/g pomada Betametasona + Gentamicina

PRECAUÇÕES E ISOLAMENTOS. (Falhas na adesão ás práticas de prevenção)

PRECAUÇÕES FRENTE ÀS BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES.

Diagnóstico Diferencial de coco Gram positivos: Staphylococcus, Streptococcus e Enterococcus

XXXIII Congresso Médico da Paraíba. Dr. Marcus Sodré

AVALIAÇÃO CLÍNICA DOS CASOS DE OTITE EXTERNA EM CÃES ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS MENINGITES BACTERIANAS

PNEUMONIAS COMUNITÁRIAS

FACULDADE ASSIS GURGACZ JULIANA FONGARO IDENTIFICAÇÃO MICROBIANA DE UROCULTURA

BAYCUTEN N I) IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO. clotrimazol acetato de dexametasona

Otite Externa. Peggy E. Kelley e Alessandro Danesi

MAXIFLOX LATINOFARMA INDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS LTDA. Solução Oftálmica Estéril. cloridrato de ciprofloxacino 3,5 mg/ml

FACULDADE ASSIS GURGACZ CRISTIANE PERSEL

Carlos Alberto Dias Pinto. Vitória, 2014

CONDUTA NAS INFECÇÕES DE SÍTIO CIRURGICO. Quadro 1. Fatores de Risco para Infecções do Sitio Cirúrgico.CIRÚR Cirurgias Ginecológicas

Normas Adotadas no Laboratório de Microbiologia

Influência da técnica de peritoneostomia na recuperação dos pacientes

MORBIDADE FEBRIL PUERPERAL. Professora Marília da Glória Martins

Enfª Karin Bienemann

KIT NF. c/ óleo s/óleo Oxidação do açúcar. inalterado amarelo só na (Oxidativo)

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE MICRORGANISMOS EM CASCAS DE OVOS EXPOSTOS EM COMÉRCIO POPULAR NA REGIÃO DE GUARULHOS SP

Isolamento de microrganismos de cateter venoso central através do método de Maki e Sonicação

Otofoxin cloridrato de ciprofloxacino SOLUÇÃO OTOLÓGICA

PREVALÊNCIA MICROBIANA EM DIVERSAS AMOSTRAS CLÍNICAS OBTIDAS DE PACIENTES DO CTI DE UM HOSPITAL MILITAR

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA EM SERVIÇOS DE DIÁLISE

HANSENÍASE Diagnósticos e prescrições de enfermagem

Bactérias Multirresistentes: Como eu controlo?

Imunocromatografia e Dot-ELISA. Andréa Calado

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUA DESTILADA E OSMOSE REVERSA 1. Wendel da Silva Lopes 2, Andressa da Silva Lopes 3, Adriana Maria Patarroyo Vargas 4.

RELAÇÕES AMBIENTE-MICRORGANISMO

ESPOROTRICOSE REVISÃO DE LITERATURA Stella Fontes 1, Alessandra Sayegh Arreguy Silva 2, Clarisse Alvim Portilho 3. Introdução

AVALIAÇÃO DO DINHEIRO COMO UMA POSSÍVEL FONTE DE CONTAMINAÇÃO POR BACTÉRIAS PATOGÊNICAS

DERMATOFITOSE POR MICROSPORUM GYPSEUM EM FELINO: RELATO DE CASO FELINE DERMATOPHYTOSIS BY MICROSPORUM GYPSEUM: CASE REPORT

Antibioticoterapia NA UTI. Sammylle Gomes de Castro PERC

Anais do Conic-Semesp. Volume 1, Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN

RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO

BIAMOTIL-D ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA. Solução Oftálmica Estéril. cloridrato de ciprofloxacino (3,5 mg/g) dexametasona (1,0 mg/g)

AULA PRÁTICA N O 1. Microbiologia INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA, MICROSCOPIA E CÉLULAS MICROBIANAS EUCARIÓTICAS E PROCARIÓTICAS

RELATO DE CASO CLÍNICO: O TRATAMENTO DA CISTITE BACTERIANA RECIDIVANTE EM CÃO COM ESSENCIAS VIBRACIONAIS

HIPERPLASIA DA GLÂNDULA DA CAUDA FELINA Relato de Caso

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CURSO DE PÓS GRADUÇÃO QUALITTAS / UCB CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENFERMAGEM SAMANTHA CORREA VASQUES

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA OTITE EXTERNA EM PEQUENOS ANIMAIS

BOAS PRÁTICAS NA PRODUÇÃO LEITEIRA Revisão de Literatura

CAPÍTULO 7 : CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO COM INFECÇÃO

STAPHYLOCOCCUS AUREUS RESISTENTES (MARSA) ISOLADOS EM PSITACÍDEOS

INSTITUIÇÃO: ÁREA TEMÁTICA

BIAMOTIL-D ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA. Solução Oftálmica Estéril. cloridrato de ciprofloxacino (3,5 mg/g) dexametasona (1,0 mg/g)

B BRAUN. Askina Calgitrol Ag. Curativo de Alginato e Prata para Feridas. SHARING EXPERTISE

Meningite Bacteriana

XIV CURSO DE CAPACITAÇÃO E PREVENÇÃO EM CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR DA AECIHERJ CONCEITOS BÁSICOS E INTRODUÇÃO A INFECÇÃO HOSPITALAR

Humancare. Minha recomendação eficaz: Forros hospitalares da OWA. Coleção OWAlifetime

Palavras-chave: Antibióticos, Otopatias, Resistência bacteriana. Keywords: Antibiotics, Otopathies, Bacterial Resistance

ANÁLISE DA PRESENÇA DE COLIFORMES TOTAIS E FECAIS ÁGUA DO LAGO IGAPÓ DO MUNICÍPIO DE LONDRINA- PR

Neo Fresh. (carmelose sódica)

Ana Paula L. de Souza, Aluna do PPG Doenças Infecciosas e Parasitarias (ULBRA);

Professor Msc. Departamento de Informática,

Aula 11: Infecções e antibióticos

Hospital vinculado a fundação

DIAGNÓSTICO DE OSTEOMIELITE ASSOCIADA A ÚLCERAS POR PRESSÃO (UP)

Transcrição:

ISBN 978-85-61091-05-7 VI EPCC Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar 27 a 30 de outubro de 2009 SUSCEPTIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS ISOLADAS EM CÃES COM OTITE EXTERNA Veruska Martins da Rosa¹ ; Carlos Maia Bettini²; Louremi Bianchi Gualda de Souza² RESUMO: A otite externa é uma doença inflamatória aguda ou crônica do conduto auditivo. Os sinais clínicos são sacudidas da cabeça, prurido, dor, exsudação, mau cheiro. As causas podem ser resumidas em fatores predisponentes, primários e perpetuantes. A microbiota residente do ouvido externo canino normal é por Staphylococcus coagulase-positivos e coagulase-negativo. A identificação do agente causal da otopatia e o antibiograma contribuirão para a diminuição ou cura dos casos de OE, evitando o surgimento de bactérias resistentes. Foi realizada a análise da secreção auricular de 25 cães com otite externa bacteriana, atendidos no Hospital Veterinário do Cesumar. A partir das amostras, realizou-se a triagem do gênero do microorganismo através da Coloração de Gram, semeadura em Ágar Sangue (para a realização dos testes Catalase e Coagulase) e Ágar Mac-Conkey (para realização dos testes de Oxidase e Provas Bioquímicas). As placas semeadas foram incubadas em estufa bacteriológica em 37ºC por 24 horas. Posteriormente foi realizado o antibiograma (Ciprofloxacino, Eritromicina, Gentamicina, Neomicina e Tetraciclina). Os resultados mostram que a maioria dos microorganismos isolados é da flora normal do conduto auditivo (Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis) sendo um fator perpetuante de infecção. O antibiótico de maior sensibilidade foi uma quinolona que não é utilizado na terapêutica por não existir nas formulações comerciais. Portanto a manipulação do ciprofloxacino foi uma opção eficaz em 100% dos tratamentos realizados. Notaram-se algumas cepas bacterianas resistentes aos antibióticos que compõem medicações tópicas freqüentemente utilizadas na rotina clínica (neomicina, gentamicina). PALAVRAS-CHAVE: Antibiograma; Bactérias; Otite Externa INTRODUÇÃO A Otite Externa é uma doença inflamatória aguda ou crônica do conduto auditivo externo (ETTINGER E FELDMAN, 2004). Os sinais clínicos são sacudidas da cabeça, prurido, dor, exsudação, mau cheiro, eritema, estenose, edema, e ulceração do epitélio (MERCK, 2005). Quanto ao agente etiológico da OE, Medleau e Hnilica (2003) descreve que pode ser seborréica, parasitária, alérgica, bacteriana ou fúngica. As causas da OE podem ser resumidas em fatores predisponentes, primários e perpetuantes. Para Scott e Miller (1996), os fatores predisponentes, como alta temperatura, excesso de umidade, pêlos nas orelhas, aumentam o risco de desenvolver a doença por facilitar a inflamação, porém, por si mesmos não causam a otite. De acordo com Ettinger e Feldman (2004), os fatores primários, como hipersensibilidades, ectoparasitas, Seborréia, são afecções que iniciam o processo inflamatório nas orelhas normais podendo causar diretamente a OE.

Analisando Medleau e Hnilica (2003) temos que os fatores perpetuantes, como infecções bacterianas, otite média, tratamentos inadequados, impedem a resolução da OE e são responsáveis pela baixa resposta á terapia aplicada. A microbiota residente do ouvido externo canino normal é por cocos e bastonetes Gram-positivos e leveduras da espécie Malassezia pachydermatis em poucas quantidades (MERCK, 2005). Há um predomínio de Staphylococcus coagulase-positivos e coagulase-negativos (HARVEY E HARARI, 2004). Ocasionalmente podem ser reportados Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Proteus spp (ETTINGER e FELDMAN, 2004). Segundo SCOTT e MILLER (1996), em aproximadamente 30% dos casos de otite externa, mais de um microorganismo são isolados. Ettinger e Feldman (2004) analisam que a otite externa aguda está associada à Staphylococcus intermedius, porém à medida que evolui para otite crônica ou se há história de antibioticoterapia, aumenta a incidência das infecções por gram-negativas, com predomínio da Pseudomonas aeruginosa. Acredita-se que a identificação do agente causal da otopatia e antibiograma, irão contribuir para a diminuição ou até a cura dos casos de OE, evitando o surgimento de bactérias resistentes. MATERIAL E MÉTODOS A partir do ouvido externo lesionado, foi realizada a limpeza do pavilhão auricular com solução salina estéril (OPLUSTIL, 2004). Em seguida coletou-se amostra da secreção auricular, com o auxílio de swab estéril, para a realização dos exames bacteriológicos (HARVEY e HARARI, 2004). Segundo Oplustil (2004), a amostra coletada foi armazenada em caldo enriquecido BHI (Brain Heart Infusion) em tubo para transporte do material até o laboratório de microbiologia, onde foi incubada em estufa bacteriológica em 37ºC por 24 horas. Realizou-se a Coloração de Gram para identificação de bactérias gram-positivas e/ou gram-negativas (OPLUSTIL, 2004). De acordo com Uem (2000), para o crescimento in vitro das bactérias, foram semeadas uma alçada da amostra em Placas de Petri contendo Àgar-Sangue (Difco ) e outra alçada em placa de Àgar Mac-Conkey (Difco ), utilizando-se á Técnica de Esgotamento em Placa. Em seguida as placas inoculadas foram incubadas em estufa bacteriológica em 37ºC por 24 horas. Segundo Oplustil (2004), para a identificação de cocos gram-positivos foram realizados os testes da Catalase e Coagulase (plasma de coelho liofilizado da Newprov ), ambos á partir do Ágar-Sangue. A identificação de bacilos gram-negativos pertencentes á família enterobacteriácea, foi realizada á partir do Ágar Mac-Conkey (OPLUSTIL, 2004). Foram realizados os testes da Oxidase em tiras (Newprov ), Provas Bioquímicas usando os Mini Kits comerciais para Enterobacteriáceas e confirmados por Meio de Rugai com Lisina, ambos da Newprov e o Antibiograma conforme descrito acima (OPLUSTIL, 2004). De acordo com UEM (2000), para o antibiograma foi realizado as diluições necessárias para se obter a turvação igual á escala 0,5 de Mc Faland e em seguidas a suspensão foi inoculada em placas de Müeller Hinton. Foram utilizados seis discos de antibióticos da CEFAR (Ciprofloxacino, Eritromicina, Gentamicina, Neomicina e Tetraciclina), que foram distribuídos simetricamente na placa inoculada e depois

armazenados em estufa bacteriológica a 35-37ºC, por 24-48horas (UEM, 2000). Realizouse a leitura das placas medindo-se o diâmetro (mm) de cada halo de inibição formado em tornos dos discos, usando uma régua e fazendo o julgamento a olho nu. Os resultados obtidos foram interpretados conforme especificação da Tabela Padrão fornecida pelo fabricante dos discos de antimicrobianos. O antibiótico mais sensível para a otite bacteriana e demais tratamentos necessários, foram prescritos para o paciente pelo médico veterinário na forma magistral. Foram realizadas avaliações do conduto auditivo quinzenalmente durante o período do tratamento, para a verificação da involução da otite externa, sendo avaliados os sinais clínicos da doença através de exame clínico e otoscopia. RESULTADOS E DISCUSSÃO Do total de 29 amostras, 26 (90%) foram positivas para cultura bacteriana. Os sinais clínicos mais freqüentes foram: exsudação otológica (28%), eritema (27%), sinais de dor (24%), mau cheiro (16%), estenose do canal (5%), sendo estes sinais descritos na literatura (ETTINGER e FELDMAN, 2004; Merck, 2005). As raças mais freqüentes foram: Cocker Spaniel( 50%), Poodle e SRD(11%), Boxer, Fila, Mastim, Rottwailer e Teckel (4%). A avaliação clinica dos cães com otite externa demonstrou que 43% dos animais apresentavam o primeiro caso de otite externa e 57% apresentavam otites recorrentes. Estes resultados estão de acordo com o analisado por Ettinger e Feldman (2004), pois otite externa aguda está associada à Staphylococcus intermedius, porém à medida que evolui para otite crônica ou se há história de antibioticoterapia, aumenta a incidência das infecções por gram-negativas, com predomínio da Pseudomonas aeruginosa. O estudo microbiológico revelou o isolamento dos microorganismos envolvidos nas infecções otológicas, sendo que 50% dos animais possuíam infecção polimicrobiana, com associação de dois microorganismos: S.aureus e Pseudomonas spp. (62%), S.aureus e Proteus spp.(23%) e S.aureus e S. epidermidis(15%), semelhante ao relatado por SCOTT e MILLER (1996). Entretanto, 50% dos animais possuíam infecção monomicrobiana, sendo Staphylococcu coagulase-positivo (75%) e Staphylococcu coagulase- negativo (25%). Observou-se que a maioria dos agentes microbianos isolados é da flora normal do conduto auditivo. Os microorganismos isolados em amostras de exsudato ótico de cães com otite externa, atendidos no Hospital Veterinário do CESUMAR, no período de 09/2008 a 04/2009, são mostrados na Tabela 1. Tabela 1. Bactérias isoladas nas secreções auriculares de cães com otite externa. Bactérias Gram positivas Bactéria Gram negativa Staphylococcus aureus Proteus Staphylococcus epidermidis Pseudomonas aeruginosa Fonte: Hospital Veterinário do Cesumar O principal microorganismo isolado de cães com Otite Externa foi Staphylococcus aureus(54%), seguidos por Pseudomonas aeruginosa (20%), Staphylococcus epidermidis (18%) e Proteus (8%), sendo um fator perpetuante de infecção. Este resultado assemelha-se aos relatados por Biberstein(1994); Ettinger e Feldman(2004); Harvey e Harari (2004); Oliveira ( 2006); Silva (2001) (Figura 1).

Figura1. Percentual de bactérias isoladas no exudato de cães com otite externa No teste de sensibilidade in vitro aos antimicrobianos foram: antibiótico de maior sensibilidade foi a Ciprofloxacina (29%),uma quinolona que não é utilizado na terapêutica por não existir nas formulações comerciais, seguidas por Eritromicina (25%), Gentamicina (23%), Neomicina (22%), Tobramicina (20%) e Tetraciclina (4%). Notaram-se pontos de resistência bacteriana aos antibióticos que compõem medicações tópicas freqüentemente utilizadas na rotina da Clínica Veterinária (neomicina, gentamicina) (Figura 2). Figura 2- Perfil do antibiograma Quanto à sensibilidade dos microorganismos aos antibióticos, temos que Staphylococcus aureus e Pseudomonas spp. apresentaram maior sensibilidade à ciprofloxacina, enquanto Pseudomonas e Proteus apresentaram maior sensibilidade à gentamicina (Figura 3).

Figura 3- Perfil de sensibilidade das bactérias aos antimicrobianos CONCLUSÃO Nas otites externas em cães predominam bactérias do gênero Staphylococcus spp., Pseudomonas spp e Proteus spp. A identificação do agente causal da otite externa e antibiograma contribuirão para a cura dos casos estudados, evitando o surgimento de bactérias resistentes e infeções recidivantes. O uso da terapia específica adequada permitiu a diminuir a inflamação, o aumento do diâmetro do conduto auditivo, eliminou a infecção e eliminou o prurido e a dor, melhorando as condições de vida do animal. REFERÊNCIAS ETTINGER, Stephen J.; FELDMAN, Edward C. Tratado de medicina interna veterinária: moléstias do cão e do gato. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 2256p. HARVEY, Richard G.; HARARI Joseph. Doenças do ouvido em cães e gatos. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. 272 p. MEDLEAU, Linda; HNILICA, Keith A. Dermatologia de pequenos animais: atlas colorido e guia terapêutico. São Paulo: Roca, 2003. 353 p. MERCK VETERINARY MANUAL, THE. Otite Externa. Disponível em: http://www.merckvetmanual.com/mvm/index.jsp. Acesso em: 01 mar. 2008. OPLUSTIL, Carmen Paz. Procedimentos básicos em microbiologia clínica. 2. ed. São Paulo: Sarvier, 2004. 340p. SCOTT, D.; MILLER, W.,GRIFFIN, C. Müller & Kirk- dermatologia de pequenos animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996. 1130 p. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ. Departamento de Análises Clínicas. Microbiologia: manual de aulas práticas. Maringá, 2000, 136p.