Etnobotânica da Terra de Miranda

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Transcrição:

Etnobotânica da Terra de Miranda 2 anos de atividades do Projeto Cultibos, Yerbas i Saberes

Título: Etnobotânica da Terra de Miranda. 2 anos de atividades do projeto Cultibos, Yerbas i Saberes. Coordenação: Ana Maria Carvalho Textos: Aida Reis Ana Maria Barata Ana Maria Carvalho António Bárbolo Alves Carlos Aguiar Filomena Rocha Joaquim Morgado Jorge Jacoto Lourenço Luís Mendonça de Carvalho Margarida Telo Ramos Violeta Rolim Lopes Design: Atilano Suarez Serviços de Imagem do Instituto Politécnico de Bragança Fotografias: Ana Maria Carvalho, Atilano Suarez, Margarida T. Ramos Editores: FRAUGA Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote Instituto Politécnico de Bragança Impressão: Publidigi Dezembro 2012 Tiragem: 2000 exemplares Depósito legal: 353269/12 ISBN: 978-989-20-3462-1 Projeto Cultibos, yerbas i saberes: biodiversidade, sustentabilidade e dinâmica em Tierras de Miranda NORTE-09-0230-FEDER-000064 Promotores Parceiros Cofinanciadores União Europeia Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional

Considera-se Património Cultural Imaterial as práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões bem como os instrumentos, objetos, artefatos e espaços culturais que lhes estão associados que as comunidades, os grupos e, sendo o caso, os indivíduos, desenvolveram e perpetuaram em interação com o seu ambiente natural. Esses sistemas cognitivos exprimem-se através da língua, das tradições orais, da ligação ao meio, das memórias, da espiritualidade e das visões do mundo e traduzem- se por um conjunto complexo de valores e crenças, cerimónias, práticas e organizações sociais, instituições. Estas expressões e práticas são tão diversas e variadas quanto os contextos socioculturais e ecológicos e com frequência subjazem a outros âmbitos do Património Cultural Imaterial. O domínio dos conhecimentos e as práticas relacionadas com a natureza e o universo compreende elementos numerosos como os conhecimentos ecológicos tradicionais, os saberes autóctones, etnobiologia, etnobotânica, etnozoologia, farmacopeias e medicinas tradicionais, rituais, tradições gastronómicas, crenças, ciências esotéricas, ritos iniciáticos, adivinhações, cosmologias, cosmogonias, xamanismo, ritos de possessão, organizações sociais, festividades, ou ainda artes visuais e do espetáculo. Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial (UNESCO, 2003). 5

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Nota prévia A FRAUGA Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote, é uma associação de desenvolvimento local, constituída em 1996, que teve a sua génese nas reflexões de um grupo de pessoas sobre as perspetivas de desenvolvimento para a freguesia. Neste sentido, foi elaborado um primeiro documento intitulado Plano de Desenvolvimento Integrado de Picote que, nessa altura, foi apresentado às restantes instituições locais. Este Plano, que representou a necessidade e o anseio sentido por muitos picoteses em pensarem o futuro da Aldeia, serviu de mote à constituição da FRAUGA, tentando, por via da participação, concretizar as ideias plasmadas no referido Plano. Uma das primeiras atividades desenvolvidas, mesmo antes de se constituir como Associação, foi a colocação de placas toponímicas em mirandês, projeto que, na altura, teve um enorme impacto social e mediático, fazendo com que Picote fosse a primeira aldeia do concelho de Miranda do Douro com a toponímia bilingue. Com a constituição formal da FRAUGA, em 18 de dezembro de 1996, a associação, em parceria com algumas entidades públicas e privadas, e a participação e envolvimento da população local, tem vindo a concretizar muitos dos projetos constantes do Plano inicial. A associação FRAUGA é uma instituição sem fins lucrativos, que desenvolve as suas atividades em regime de voluntariado, sendo as suas fontes de financiamento resultantes dos projetos de que é promotora e das parcerias, publicas e privadas, que vai promovendo à escala local, regional, nacional e internacional, com as mais diversas instituições. No cumprimento dos objetivos constantes dos seus estatutos, a FRAUGA, tem orientado a sua atividade para a preservação do património cultural, natural e paisagístico local, com vista à promoção equilibrada da qualidade de vida da população. 7

Nos últimos anos tem desenvolvido diversas atividades de dinamização cultural, para além de prestar, graciosamente, apoio a instituições locais na preparação de projetos, que visam aproveitar recursos que contribuam para a qualificação da freguesia. A este propósito importa referir que a freguesia integra, desde há um ano, a esta parte, uma rede de aldeias turísticas, com a marca Aldeias de Portugal, para o que muito contribuiu o trabalho desenvolvido pela associação ao longo dos anos. Das várias ações e iniciativas desenvolvidas pela FRAUGA destacam-se pela sua importância, a defesa e promoção da Língua e Cultura Mirandesa, através da edição e apoio a várias publicações e encontros científicos, a recuperação e valorização do património natural e construído. Entre elas, existe uma que pretende ser o motor desta estratégia de desenvolvimento, o Centro de Interpretação do Ecomuseu TERRA MATER, que deverá ser o pólo dinamizador dos demais projetos. A criação do TERRA MATER Ecomuseu de la Tierra de Miranda, cuja filosofia assenta nos quatro elementos primordiais a água, a terra, o fogo e o ar propondo atividades de dinamização e de valorização relacionadas com estes elementos e com as práticas tradicionais desenvolvidas na região. Assim, cada elemento será o vetor de desenvolvimento no território de todas as potencialidades que lhe estão associadas, designadamente: 8 Centro de Recursos da Língua e Cultura Mirandesa; Campus Arqueológico, no Castro do Castelhar/Puio, em parceria a Rede Elétrica Nacional (REN) e com a Universidade do Porto; percursos pedestres; exposições temáticas, temporárias, sobre atividades tradicionais; conferências, seminários e ações de educação ambiental; Loja de Produtos da Terra. O Ecomuseu TERRA MATER, inserido na aldeia de Picote, tem como objeto o Homem e o seu meio envolvente e pretende ser um laboratório onde se ensaiam as relações entre o património material e imaterial da região, onde se trocam experiências e saberes, um espaço cultural aberto à intervenção da população local e ao intercâmbio com os visitantes à Terra de Miranda. É neste âmbito que se enquadra o projeto Cultibos, Yerbas i Saberes: biodiversidade, sustentabilidade e dinâmica em Terra de Miranda (NORTE 09-0230-FEDER-000064)

que teve início em janeiro de 2010, cofinanciado através de programas específicos e que, para efeitos do ON.2 termina em dezembro de 2012, prolongando-se as suas suas atividades até junho de 2013, graças ao apoio do Fundo EDP para a Biodiversidade. Este projeto, promovido pela FRAUGA, em parceria com o Instituto Politécnico de Bragança, teve como objetivos a conservação e valorização do património natural através da manutenção da biodiversidade e utilização sustentável dos recursos naturais, baseado na recolha etnobotânica efetuada, na Terra de Miranda, fundamentalmente, no concelho de Miranda do Douro, ao longo de dois anos e cujos resultados se apresentam nesta publicação. Com os resultados obtidos ao longo do projeto, que permitem recuperar e conservar património natural e cultural, considerando as várias componentes espécie, usos, práticas e saberes, pretende-se promover o uso sustentado dos recursos, sensibilizar e envolver as populações, as instituições e o público em geral nas ações de gestão e conservação da biodiversidade e fomentar espaços interculturais. Uma das formas de o fazer é através da criação de uma Loja de Produtos da Terra, onde se podem encontrar alguns dos produtos, usos e saberes que foi possível recolher ao longo deste projeto. Esta loja pretende complementar a oferta do Ecomuseu, promovendo os produtos e a economia local através da disponibilização aos visitantes, de uma amostra dos recursos endógenos da região, bem como dando a possibilidade de os degustar, apreciar e levar consigo, perpetuando a experiência da visita até ao destino dos visitantes. Foi a perceção da identidade deste território e das suas potencialidades que tem levado a FRAUGA a concretizar, desde a sua constituição, vários projetos e iniciativas que têm contribuído para a dinamização da aldeia e do seu território, através de um processo de conservação dinâmica do seu património cultural e natural, privilegiando o aproveitamento de recursos endógenos numa estratégia de desenvolvimento local sustentável, atenta aos interesses e à participação da comunidade, mas também à luta contra o esquecimento, a interioridade, o despovoamento e à manutenção da nossa identidade. Jorge Jacoto Lourenço Presidente da Direção da Frauga 9

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Introdução Etnobotânica da Terra de Miranda resume as atividades desenvolvidas e os principais resultados obtidos durante o período de execução do Projeto Cultibos, yerbas i saberes: biodiversidade, sustentabilidade e dinâmica em Tierras de Miranda, promovido pela Associação FRAUGA e o Centro de Interpretação do Ecomuseu TER- RA MATER, em colaboração com a Escola Superior Agrária e o Centro de Investigação de Montanha do Instituto Politécnico de Bragança e cofinanciado pelo Programa ON2 e o Fundo EDP Biodiversidade. O Projeto Cultibos, yerbas i saberes teve como objetivo geral contribuir para a promoção, conservação, valorização e divulgação do património material e imaterial, num espaço protegido classificado, considerando a manutenção da biodiversidade, a utilização sustentável dos recursos e a dinamização e capacitação das populações rurais. Desenvolveu-se ao longo de dois anos em colaboração com a população da Terra de Miranda e com diversas entidades e instituições locais, regionais e nacionais. Implicou intenso trabalho de campo utilizando metodologias etnográficas e de inventário botânico que permitiram registar informação sobre plantas e usos e documentar um rico património cultural. Muitas foram as atividades de sensibilização, dinamização e de educação ambiental realizadas. Destacam-se as que envolveram crianças dos ATL e jovens das escolas da Terra de Miranda, os seniores das residências de terceira de idade de Picote e Miranda do Douro e muitos outros públicos que de forma intencional ou esporadicamente visitaram Picote e o TERRA MATER Ecomuseu de la Tierra de Miranda. Também foram importantes as inúmeras visitas que as três exposições temáticas e o ecomuseu receberam. Tal como, as ações e oficinas desenvolvidas com artesãos, população local e participantes das mais diversas origens e faixas etárias sobre aspetos particulares do uso tradicional das plantas. Reencontraram-se plantas e cultivos 11

antigos, ensaiaram-se usos e práticas e experimentaram-se sabores e vivências esquecidas na memória de muitos. O Seminário de Etnobotânica, realizado no âmbito das atividades previstas no projeto, foi um espaço de discussão sobre a importância do património natural e cultural como vetor da qualificação territorial, nomeadamente através do apoio à vivência e à promoção da visitação de espaços naturais, numa lógica de garantia do equilíbrio socioeconómico e discriminação positiva das comunidades integradas nas áreas protegidas. Por outro lado, o conjunto de resultados alcançado em dois anos de execução do projeto, consolida o valor desse património, a necessidade da sua gestão e conservação sustentada e identifica capacidades para gerar mecanismos e instrumentos de desenvolvimento local, recriando iniciativas e alternativas para a utilização dos recursos naturais e humanos. Importa salientar que a qualidade da informação e dos testemunhos recolhidos se deve à magnitude dos saberes acumulados ao longo de gerações, ao espírito de colaboração e de partilha sem limites, à disponibilidade e empenhamento de homens e mulheres da Terra de Miranda, que connosco percorreram este caminho. Para todos vai o nosso agradecimento! Ana Maria Carvalho Coordenadora Científica do Projeto Cultibos, yerbas i saberes 12

Etnobotânica da Terra de Miranda Cultibos, Yerbas i Saberes Etnobotânica da Terra de Miranda sintetiza os principais resultados alcançados em dois anos do Projeto Cultibos, yerbas i saberes: biodiversidade, sustentabilidade e dinâmica em Tierras de Miranda. Descreve as diferentes ações formativas e culturais realizadas, regista as intervenções apresentadas e as atividades de exterior efetuadas durante o Seminário de Etnobotânica de junho de 2012. Importa salientar que a qualidade da informação e dos testemunhos recolhidos durante o projeto se deve à magnitude dos saberes acumulados ao longo de gerações, ao espírito de colaboração e de partilha sem limites, à disponibilidade e empenhamento de homens e mulheres da Terra de Miranda, que connosco percorreram este caminho. A todos os que colaboraram o nosso agradecimento! Projeto Cultibos, yerbas i saberes: biodiversidade, sustentabilidade e dinâmica em Tierras de Miranda NORTE-09-0230-FEDER-000064